Pesquisar este blog

quarta-feira, março 31, 2010

Pérola do dia:

“ Creio no ser humano pequenino, individual, desnudo, impaciente, ignorante, torturado e terno que, afinal de contas, somos todos nós.”

Pedro Juan Gutierrez – Entrevista para o JB.

terça-feira, março 30, 2010


Abrindo Covas.

Vez por outra o passado vem a tona. Mas não me sinto perturbado por isso, nem pretendo justificar nada. Não preciso justificar nada. Também nunca peço explicações. Uma conhecida me questiona em plena rua, se tudo que escrevo é verdade? Agora tornou-se apenas conhecida. Sorri pra ela.
É aquele momento que você avalia se a pessoa merece a verdade ou não? Um jogo irônico e muito pessoal. Deixei em aberto, apenas sorri. Ela deduziu qualquer coisa sozinha. Gosto disso, pensem o que quiserem, inventem uma merda de verdade qualquer, creiam piamente, e a verdade te salvará, seja ou não verdade.
Queria saber a respeito de uma narrativa que fiz, se tudo aconteceu exatamente assim? Foi verdade? Foi assim mesmo? Porque se foi, tudo não passou de uma mentira. Passaria a me odiar se eu confirmasse. Sugeri amigavelmente que entrasse na fila.
Na época, tivemos um caso curto,mas muito bom, boas trepadas e amor a curto prazo. E agora a encontrei na rua, fomos ao um café, queria discutir o texto que lhe perturbava, agora depois tantos anos? Que porra é essa? Queria detalhes, queria tudo. Não respondi. Mas perguntei:
- O que isso ira mudar agora? Esta casada, com filhos, uma família estruturada...não perca seu tempo comigo porque eu não valho muito!
Ambos sorrimos, afinal as pessoas adoram o que não vale muito.Olhou-me:
-Mas isso é importante...
-Não é, o importante é o que se vive hoje. O passado sepulta-se fundo no tempo, é totalmente ilusório. Agora, se ficar abrindo todas as covas de tua vida, prepare-se por que nunca cheira bem? Você já mexeu em corpo morto em putrefação? Eu já. O cheiro custa a sair das mãos.
Fez uma cara de asco. Destas pessoas que sentem nojo facilmente. Não sinto nojo de nada. Aquele papo era uma perda de tempo. Não iríamos transar ou coisa parecida, ladainha emocional barata, justamente o que detesto. Não me irritei.Verdade demais faz mal as pessoas.
Ela fica parada olhando-me. Dou-lhe um abraço, digo tchau. Não tem mais nada a dizer. Saí caminhando do café. Penso comigo: as pessoas gostam de estragar suas vidas, ela estava bem, feliz, com filhos uma vida boa. Pra que remexer na merda? Uma batedeira de merda?
Quando se vive algo bom, vive-se tranquilamente, não dê atenção ao pequeno demônio que fica no teu ombro esquerdo. As pessoas escutam demais esse filho da puta!
As ruas do Porto são tranqüilas, silenciosas, boas para pensar solitário, próximo a água, é bom sentir o vento fresco, fico entregue ao meu vazio. Gosto de ir lá, ás vezes fumo um charuto olhando o São Gonçalo. Não sinto falta de nada.
Não queria acordar nada em mim, apenas ficar assim, solitário em paz. Ironicamente penso: acho que eu não casaria nem comigo mesmo. Começo a rir. É verdade, fico apenas sentindo aquela paz momentânea de algo simples.
Lembrei de Lúcia e seu vestido decotado, peitos grandes, tentando espremer verdades de mim, estaria apaixonada ainda? Não interessa mais, lembrei de nossa última transa, após uma das tantas brigas que tivemos, a briga final. Escandalosa, aos berros, objetos jogados, não reagi, nunca reajo. Não grito, não bato, quando as coisas tomam este caminho é porque não valem a pena.
Naquela noite de reconciliação,Lúcia era outra mulher, gozou muito, mijou em mim e dizia em gemidos que me amava. Sempre amam. Tomei com desejo seu mijo, a primeira e última vez. Era uma pervertida, fez tudo que gosto no último dia, mas agora era tarde demais, ela poderia ter abusado muito mais. Perdeu tempo.
Meu tempo estava acabando, parei de pensar isso, era hora de voltar para o trabalho, sepultar pensamentos mortos novamente, deixá-los lá na eternidade, como se nunca tivessem existido.
Fiquei em paz.

Luis Fabiano.
A paz as vezes é um cadáver,cremado.

Pérola do dia:

“ A raça humana exagera
em tudo: seus heróis, seus inimigos, sua importância. ”

Charles Bukowski

segunda-feira, março 29, 2010


Falso Romance

Acho que ninguém gosta das tragédias da vida. Mas as vezes não se tem opção, a não ser nadar em rio de merda fresca e macia.Respirando profundamente e engolindo um pouco, um mar de delicias?
Pensava isso enquanto passava pela principal praça de minha cidade. Um chafariz de nereidas, cuspindo água pelos orifícios, enquanto outras nereidas, não sei se mais, ou menos ordinárias que o chafariz, ao menos estão vivas. Disputando clientes no tapa as vezes,são brutais. Putinhas de rua. Olha-las me dá pena.Tentando sobreviver.
Secas como galhos retorcidos , famintas, catando velhotes dispostos a gastar vinte reias para uma quase trepada! Será que esse será meu fim?
Talvez, nunca se sabe. Fiquei pensando apenas, já comi putas assim, melhoradas, ajeitadas, não cobravam vinte reais, um pouco mais o meu teto era cem reais, por uma hora de amor, carinho e uma gozada que me deixasse ao lado de Deus.
Sempre são historias tristes as delas. Filhos, cafetões, clientes filhos da puta que não pagam e ainda espancam. Entendo como ossos do oficio. A vida de ninguém é um mar de rosas.
Minhas saídas solitárias a noite servem pra isso. Ver o que a sombra esconde, ás vezes acontece que escuto historinhas que elas me contam. Nunca contam nada feliz, mesmo as que tem alma de puta.
Francisca naquele dia estava abatida demais. Um cliente havia dado umas porradas e comera seu cú como um cavalo, gozou e a jogou pra fora do carro em movimento. Algumas lagrimas ela:
-Tinha um carro maneiro, parecia educado, me disse que dava o que eu queria, teria de ser anal.
-Claro, sem problemas.
Ele me leva para um local escuro, foi me dando medo, mas já era tarde, quando se quer ganhar uma grana,é preciso arriscar, maior o risco, maior a grana. Mas eu me fudi.
Não continha as lagrimas, chorava fungava o muco.
Nos tornamos amigos, ao mesmo tempo que tínhamos um negócio, eu cliente, Fran a prestadora. Era muito boa no que fazia, mas definitivamente não dava pra aquilo.Era humana demais. Para fazer certas atividades na vida, é preciso endurecer. Ela era muito emocional, mole, parecia frágil. É natural que os lobos a espreita a devorassem. Eu não era um lobo. E naquela noite fatídica, não seria nada mal com ela.
Levei ao pronto socorro, estava machucada, o cara era uma sadista, tinha uma mão boa, a porrada acertou em cheio o olho,um grande hematoma. Fran toca em suas partes intimas, tem sangue muito vermelho, digo pra ela relaxar.
Ela é atendida, fico na porta do ps poderia ter ido embora,mas não sei, minha noite esta vazia, fiquei olhando a rua. Duas horas depois a Fran sai, com alguns curativos e mancava de uma perna. Sorri pra ela:
-E ai, quanto sai este corpinho assim, meio remendado ? Tem que ser baratinho...
Sorriu surpresa, achava que eu tinha ido embora. Na verdade eu me admirei comigo mesmo, não sou de gestos de compaixão, ao contrário, sou de uma crueldade silenciosa e elegante.
Nos abraçamos, ela diz:
-Esta é a ultima noite, a partir de hoje larguei essa vida.
-Mil é uma noites não?
Me comovi, parecia uma alma fatigada, uma ave que bateu asas em direção errada, queria paz agora.Disse:
-Então princesa, para onde tu vai?
-Vou pra minha casa, quero apenas minha casa.
Sorrimos em uma cumplicidade silenciosa. A deixei em casa. E nunca mais tornei a vê-la, não tinha como esquecer aquela noite. Uma alma se salvou do inferno. Mesmo sendo apenas uma amiga que eu comia, queria que ela tivesse encontrado a felicidade, acho que encontrou. Nunca mais a vi nas ruas.
Estranho sentir saudade dela. Tudo isso não passava de um flash mental, olhando putas decrépitas morrendo lentamente, afloram meus melhores pensamentos.Talvez nada esteja tão perdido assim.Senti vontade de abraçar alguém, não tinha ninguém para abraçar, então apenas segui caminhando.O entardecer na praça me faz bem.

Luis Fabiano.
A paz as vezes é só começar de novo.

Pérola do dia:


“Quando não entender algo, fique observando apenas.O subconsciente arruma um sentido qualquer,isso vale pra tudo. É assim que qualquer merda nos tempos atuais tem um significado por mais absurdo que pareça.”

Fabiano.

Tu vês, eu não.

Querem tanto em palavras,
O que só em silêncio entende.
Coração mudo,
Voz calada.
Uma voz leva consigo,o som,nada mais.
E a mais das vezes,
ocos e vaporosos,
Sons enganadores.
Nada diz,
nada sente,
nada entende.
Querem atos,
mas não tem importância
Que sejam falsos,
como ilusões
do deserto.
Não importa.
Poucos se importam.
Respiram o passado,
sem presente
Remoem o que foram,
na ânsia de ainda ser.
Impossível explicar.
Nem tento,
uma ignorância sofisticada,
informada.
Labirinto de vivencias e dores.
Um corpo e uma alma macerados.
Olham-me desconfiados,
desejam ver garras, onde ?
O agudo de caninos.
Mas não.
Não é por força miserável que
recebem tal honra.
Indiferença de meu egoísmo,
é só.
Hoje me calo,
deixo o que abunda em mim
Ser, o pior e o melhor.
A mim não importa.
A desconfiança de algo a espreita...
Sempre a algo a espreita.

Luis Fabiano.
O que se vê hoje, é a sombra do que ainda não se vê.

Trecho...”

“-Você é o primeiro homem carinhoso da minha vida.
-Eu carinhoso?
-Nunca me escreveram poema para mim.nem me deram flores,nem...nada de nada.
-Não acredito.
-Pois nem o pai do meu filho.E ficamos casados e moramos juntos três anos.Nada.Me punha de costas.Me metia na boceta e no cu.Costurando.Era disso que ele gostava.Gozava em dois minutos e partia pra outra.Ahhh,vou dizer uma coisa:são uns animais.
-Mas foram felizes.
-É,mas não era delicado igual você,que trepa devagarinho,com carinho,mija na minha cara,me bate com chicote, me cospe na boca.
-Você gosta tanto do chicote?
-Você sabe bater papi.É uma delicia.Você sabe o que faz.
Fico olhando para ela em silencio.Gosto muito dela,amo muito.Me lembro do inicio daquele poema e lhe digo ao ouvido:
-Eu sou um vampiro que te chupa o sangue.
-É muito bonito.Continue.
-Não lembro.
-Você que escreveu.
-Esqueço tudo que escrevo.
-É um poema louco. Meu chino,tenha cuidado, porque se continuar escrevendo assim vai ficar louco de pedra.
-Já pirei uma vez.Não seria de estranhar que acontecesse de novo.”

Animal Tropical - Pedro Juan Gutierrez

domingo, março 28, 2010


Aniversário, amargos anos.

Sou um tipo completamente anti-social, com muito orgulho. Tudo que fiz em minha vida em se tratando de atividades sociais, foi absolutamente a contra gosto. Nunca gostei verdadeiramente, mas enganava bem, ás vezes é preciso, é bonito e um pouco educado. Mas a verdade não é nada disso .Nunca é assim.
Minha vó paterna fez aniversario.Neste dia já acordei de mau humor, encontrar parentes que não via a muito tempo, é mais transtornante. O pior não é vê-los, mas aturar a conversa que não tem conversa.
Se você não tem nada pra me dizer, fique em silêncio, ele é de ouro. Mas as pessoas precisam falar, e falar, e falar! Porra. Não seria um dia fácil.
Quando chegamos na festa, uma vó que não via a muitos anos, que estava completando noventa e três anos. Quando fomos cumprimentá-la, ela me olha e pergunta a minha mãe:
-Quem é esse daí?
Todos sorriem complacentes como um hímen, ante o não reconhecimento de minha vó. Não a culpo, o tempo foi generoso com ela, muita idade, mas a memória esta afetada, na verdade bom para ela e para todos.
Sobre certos aspectos o Alzheimer não parece ser tão mal assim. Não lembrar de todas as merdas feitas em vida, as tristezas avassaladoras e outras coisas que aprisionam a alma em infernos dantescos .Não discuto.
Alguém diz: “ Esse é o Fabiano vó, é seu neto...” Ela sorria,naturalmente não entende de quem se trata. Mas tudo bem. Meu humor não se altera,não queria estar lá de forma alguma.Fui por medo das pessoas.
Nos sentamos, então uma sucessão de cumprimentos de minhas tias que não poucas. Me diziam coisas:
-Nossa quanto tempo, como tu estas isso e aquilo...eu te peguei no colo...
Um dos meus tios disse isso:”te peguei no colo...” Respondi para ele:”Tenta pegar agora...” Todos sorriram, acharam que era uma piada.
Eu sorria amarelo. Mas o papo não continuava, por muitos motivos, o principal porque não se tem historia alguma nada.,Passei da idade de inventar papos sociais para agradar. Eu não agrado. Meus parentes ficavam me olhando estranho,como se fosse uma espécie de animal, isso foi agradável. Ficávamos todos nos olhando e nada acontecia. Esse desconforto me agrada,a eles não.Queriam saber novidades, em minha vida não gosto de novidades, prefiro o comum.
Minha mãe tentava contemporizar tudo, me explicando que aquela parenta era isso e aquilo,era filho não sei de quem. Porra, poderia ser filho do capeta que não iria fazer diferença alguma.
Então veio a hora da foto. Um dos meus primos desconhecidos era o fotografo oficial. Estava excessivamente animando, possivelmente a maquina era nova ou algo assim. Queria que todos sorrissem com plena satisfação. Dizia aquelas merdas que as pessoas dizem quando vão tirar fotos:”Façam X, digam azeite, olha o passarinho, digam giz..” E outras coisas que não lembro, cara muito chato.Não preciso dizer que não sorri.Não tinha motivo algum para rir.
Sentei-me novamente. Em um ato de desespero tentava achar alguma coisa interessante em alguém, para escrever posteriormente quem sabe. Mas ninguém era interessante, nada é interessante.
A alternativa era beber, a bebida ajuda muito nestes casos, em alguns casos me torna até educado, dançarino e gentil. Mas não, melhor não. Não queria sair daquele estado, queria me irritar ao limite, queria sentir a ojeriza que estava sentindo. Certamente isso provocaria o desgaste final.Gosto assim.
Não quero tornar a vê-los, certamente não irei vê-los novamente. Tem dias que é melhor ficar na cama, na companhia de um bom livro e longos tempos em silêncio, isso me preenche tanto que é quase introcável, por alguém.

Luis Fabiano.
A paz, em anos luz de distância.

sábado, março 27, 2010

O show do George Michael em Londres é sensacional. Um show que era para ser a despedida dele das grandes turnês. Mas ele está muito bem, a voz está ótima e a presença de palco é algo.
Fica a dica, o show é uma comemoração as musicas que tanto fizeram sucesso. O cara é bom. Eis aí apenas uma pequena amostra de uma das musicas que gosto muito.


Luis Fabiano

Uma Esquina Diferente (A Different Corner)
George Michael

Eu diria que o amor é uma coisa mágica
Eu diria que o amor nos poupa da dor
De estar aqui
De estar aqui

Eu te prometeria toda minha vida
Mas te perder me cortaria como um punhal
Então eu não me atrevo
Não, não me atrevo

Porque eu nunca estive perto
Em todos esses anos
Você é a única que pára minhas lágrimas
E eu tenho tanto medo

Tenho tanto medo
Me leve de volta no tempo
Para talvez esquecer
E dobrar uma esquina diferente
Onde nunca nos conheceríamos
Você se importaria?

Eu não entendo
Para você é uma brisa
Pouco a pouco
Você me deixou de joelhos
Não se importa?

Não, eu nunca cheguei perto
Em todos esses anos
Você é a única que pára minhas lágrimas
Tenho tanto medo

Desse amor
E tudo o que eu tenho
É esse medo de ser usado
Deveria voltar e ficar sozinho e confuso
Se eu pudesse, eu voltaria, eu juro.

sexta-feira, março 26, 2010

Mãe Xiná



Mãe Xiná.

Tudo começa em nós, nos braços da miséria. No inicio de qualquer coisa em nossas vidas, é sempre assim, tateante, algo incerto até pegarmos o jeito, aí cumprimos nosso destino, seja no que for. As vezes dá certo.

Biologicamente começamos entre porra e óvulos, vamos recriando a escala evolucionaria, até tentar ser humano, a maioria não consegue, emula.
Mas não quero filosofar nestas colocações vazias. Nada disso. Sem devaneios, aqui são entranhas, fétidas repletas de merda, intestinos de braços abertos, como um amor vulgar.


Assim eu gosto, me sinto mais eu, algo frio como aço, respiro fundo, espanto pensamentos bonzinhos, chega disso.
Acabo me lembrando de uma época que estive a procura de ajuda espiritual. Não gosto de lembrar disso, prefiro a putaria de minha vida. Pensando bem não estava tão perdido assim, apenas relaxei, não queria nada de nada. Nem estudar, nem trabalhar, nem pensar ou tão pouco trepar, não queria nada. Era confortável. Fazia uma meditação, havia serenidade de espírito. Não era um desespero, o desespero era dos que me rodeavam.


Nesta época tinha alguns amigos, que ficaram preocupados demais comigo. Tiveram a genial idéia de me levar em uma mãe de santo. Nunca acreditei nelas, nem em nada assim, com todo respeito, mas cada um na sua.
Na minha visão não passavam de médiuns, normais, que em algum momento se acharam supra-paranormais, e o resto era previsível e parafernália. Foi assim que conheci Rute.


Ela se chamava de Mãe Xiná. Percebam que o nome já deixava a desejar. Foi exatamente essa a impressão que tinha. A contra gosto fui na consulta, entre búzios, cartas, santos,ciganos, defumações e outras coisas desconhecidas para mim, ela fungava, tossia, balançava a cabeça como se tivesse recebendo um santo.

Eu olhando aquilo tudo, feito pra impressionar, em alguns momentos quis rir. Mãe Xiná, parecia a Clara Nunes, uma bela morena cabelos crespos e longos, vestia branco, tinha colares e mais colares de miçangas no pescoço:

-Humm, o sinhô, tá carregado, zi fio!
-Hâ?
-Precisa fazê uns descarregos! Pegá,essas erva,e passá no corpo todo...hummm
-Sei.
-O trabalho vai custá cento e quarenta real !
-Então deixa, eu nem trabalho, não tenho essa grana,nem nada.

Ela muda o semblante imediatamente, agora já parece mais humana. Não tava gostando daquele assunto. Que merda, que eu vi fazer aqui? Parecia que os santos me olhavam desconfiados, tinha uma imagem de Exu no chão, assustador, aquele cheiro forte de perfume desconhecido. Me sentia claustrofóbico.
Mas algo havia acontecido, mãe Xiná tinha simpatizado comigo. Quando “desincorporou”, notei que tinha um sorriso de safada. O decote do vestido branco,mostrou uns peitos generosos.Porra a consulta estava melhorando.

Pensei comigo: acho que de santa ela não tem é nada, esse corpo é puro pecado. Estávamos nos dirigindo para porta, então perguntei:

-Quanto tu não esta ajudando as pessoas que fazes?
-Depende, sempre tem muito trabalho. Faço o que os espíritos me dizem.
-Acho que tu não entendeu. Tu gosta de sair, bater um papo essas coisas...
Sorriu aquele sorriso safado. Entendi tudo.
Paguei a consulta, vinte reais, quando estava saindo, posso te ligar?
-Sim, claro.

Mãe Xiná, era meio coroa, mas com toda certeza dava um caldo. Sempre gostei de tais experiências. Eu que andava tão sem vontade de nada, aquela consulta parecia que tava fazendo efeito. Não sei se foram os santos, a possibilidade de comer a mãe de santo. No outro dia liguei pra ela. Ela aceitou o convite, fomos parar em um boteco vagabundo que tinha na vila. Tomamos uma cerveja, um papo besta, mas um clima estava no ar.Não precisou muito, realmente ela tinha alma de vadia. Gostei disso. Terminamos a cerveja e ela dispara:

-Vamos lá pra casa?
-Claro.

O álcool me deixa mais sensível, o pau sobe rápido .Quando entramos em sua casa, na sala dos santos, nos abraçamos, beijos molhados, mãos exploradoras. Na mesa dos búzios Mãe Xiná, levanta o vestido e mostra-me seu sexo, molhada, peluda, algo raro, adorei. Os búzios começam a cair no chão, ela geme,chora, fala coisas que não compreendo. Daqui a pouco olho para ela, esta com os brancos dos olhos apenas a mostra. Fiquei sabendo depois que é a Pomba Gira tal de tal...

-Que porra é essa ?

Digo que esta tudo bem, ela quer que eu a possua,ali mesmo. Suas unhas cravam no meu braço. Uma dor forte,corre sangue,suportável. Fico com receio de mim, não queria tornar-me agressivo,já aconteceu umas três vezes,perco o controle.Machuco sem querer.A sala fica uma bagunça , roupas no chão, búzios, colares,santos derrubados. No auge da trepada Mãe Xiná, diz que eu precisava de um santo. A coisa só piorava.

Num gesto rápido, ela pega o primeiro santo que estava na estante, até hoje não sei que santo era. Me empurra, enfiava a cabeça do pobre santo buceta a dentro, aos berros, queria dor, amor e obscenidades. Ela fez um espetáculo para mim. Era uma possessão demoníaca, a linda Blair da vila(o exorcista). Adorei.

Na verdade fiquei impressionado ,o santo entrava pelo menos uns vinte e cinco centímetros para dentro dela. Ela gozava como uma cadela, berrava. Por fim, aquilo acabou como começou, muito rápido.
Ela parecia que havia saído do transe. Me olhou como se nunca tivesse me visto. Eu pergunto:

-Que houve?Tudo bem ?
-É ela, a culpa é dela.Sempre que me toma, fica louca,faz o que quer comigo.Salve minha mãe...
-Ela quem ?
-Esquece, não vou dizer o nome dela, ela volta. Ela gostou de ti, e é assim, se ela quer,ela pega. Saravá...
-Sei, achei que era você que tinha gostado...
-Gostei também, mas agora sei que foi por causa dela.

Aquele foi o papo mais estranho de minha vida. Mas tudo bem. Olhei para o santo agora sobre a mesa, sua cabeça, e auréola estavam meladas dela. Pisquei pra ele disse: “santo de sorte hein meu? Filho da puta...ta todo gozado.”

Me despedi dela, aquele lugar não era bom.Quando estava saindo, Rute ou mãe Xiná me diz em tom de confissão:

-Tu não acredita em nada né?
-Não, creio apenas na foda que acabamos de dar.Muito boa.
-Tu precisa tirar as energias ruins que cercam,vem aqui outro dia, eu te ajudo.

Nunca mais voltei lá. Talvez as tais energias ruins me acompanhem até hoje, chame de energia o que quiser, diabos em si quem não os tem?
Estes dias lendo os classificados do jornal, fiquei sabendo que Mãe Xiná, ainda é viva, e segue seu trabalho por aqui, porra será que vou lá fazer um descarrego??
Luis Fabiano.
A paz não mora fora,vem de si mesmo.



quinta-feira, março 25, 2010


Pérola do dia:

“ Todo e qualquer julgamento, eivado de passionalidade é injusto em sua essência.Porque ficamos tempo demais olhando para o próprio umbigo.A verdade tanto faz,já condenamos.”

Fabiano.

quarta-feira, março 24, 2010

Wander é talento puro, cru e marginal. Exatamente como gosto, ele se diz um brega amador. Mescla punk rock com uma letra ás vezes quase romântica. Mas sua vida é rock in roll total, hora a voz é suave,doutras rouca.
O mantra das possibilidades é exatamente isso que é, temos muitas possibilidades, mas escolhemos sempre as mesmas, então tédio e ranço a prestação.
Bem vindo a Wander.

Mantra Das Possibilidades
Wander Wildner

Minha vontade é ser bonito
Mas eu não consigo

Eu sempre volto atrás
Eu sempre volto atrás
Eu sempre volto atrás

Sonho em ter cabelo comprido
Mas eu não consigo

Eu sempre corto mais
Eu sempre corto mais
Eu sempre corto mais

Meu desejo é estar contigo
Mas eu não consigo

Eu sempre fico em paz
Eu sempre fico em paz
Eu sempre fico em paz

Navalhadas Curtas: Maria perneta.

O destino as vezes no prega peças.Se você não acha que seja o destino,vamos usar um termo Junguiano:sincronicidade, soa melhor? Foda-se.
Foi ao correio postar uma encomenda, pego a senha e aguardo minha vez.Quando sou chamado tenho susto.Lá esta Maria perneta.Chamavam-na assim por causa que ela tem uma perna um pouco mais curta que outra.Sem problemas.Mas logo lembrei que a alguns anos atrás tivemos um momento entre o bizarro e o intimo.Foi gostoso,mas meio estranho.
Quando chego ao seu guichê, me reconhece, saúda, quer um abraço, beijos e o caralho, e o pessoal aguardando ser chamado. Então me apresentou as colegas ao lado, fiquei algo constrangido,elas também ficaram, Maria perneta fala alto demais.Mantive a educação.
Mas não poderia me furtar da memória.Lembrei que sua perna mais curta era algo dura,fixa não dobrava, quase um Alien.
Quando transamos,que foi apenas uma vez, uma das pernas abria, tivemos que fazer uma ginástica para encaixar tudo.Durante o orgasmo ela, e a tal perna mais curta, mexiam-se involuntariamente, como se tivesse vida própria, ela gozava aos gritos que mais parecia uivos de uma loba no cio.
Comecei a rir, sozinho.
Ela me pergunta por que? Sorrio digo:”Nada não, pensamentos apenas.” Então me diz que se mudou,me dá o endereço , convida-me para jantar qualquer dia destes na casa dela.
Só fiquei pensando, qual seria o prato a ser servido??


Luis Fabiano.



Puteiro na boca do inferno.

Existem lugares que é melhor nem tomar conhecimento que existem. Mas a maldita mania de conhecer, aventurar, acaba nos convencendo o contrário. Damos um foda-se a vida e largamos nas mãos do Criador, seja o que ele quiser!
Eu mais dois colegas, fomos fazer um curso de final de semana na pequena cidade de Quarai, uma cidadezinha do interior do Rio Grande do Sul, longe pra caramba, mas que fazer?Era preciso ir. Chegamos lá a noite, as pessoas nos olhavam com alguma estranheza, éramos forasteiros.
Eu, Ari e o Reno. Os três patetas, juntos era claro que isso não poderia dar boa coisa. Reno tem uns chiliques estranhos, movimentos involuntários de braços mãos e pescoço, algo parecido com turete, cada dia faz um movimento diferente. Evolui. Ari, sem comentários, um bebedor da pior estirpe, toma o que tiver, boêmio e pronto como uma dinamite acesa. Eu, não vou comentar a respeito de mim, tento me controlar, ser lógico e mais ou menos sensato. Mas quem me conhece de perto, sabe que sou um caixa de surpresas, tomo decisões que não precisam ter motivos anteriores. Sem dramas de consciência. Deixem pra lá.
Quando chegamos no hotel, Reno bem humorado,debochado, foi perguntando:
-Isso aqui é o melhor hotel que vocês tem aqui? Bah... é horrível.
Olhei para ele algo indignado, Ari achou engraçado, aquilo não era bom. A atendente ,sorriu patética dizendo:”Sim senhor, sejam bem vindos”.Reno:”É parece que vai ser aqui mesmo.”
Subimos para o quarto, eram nove hora da noite, riamos alto. Não ficamos muito no quarto, fomos para noite, ver o que acontecia lá em uma sexta feira. Uma cidade pacata, não acontecia nada demais. Fomos parar em um bar boliche e festa,tudo junto. Ali começou crime. Wisky e energético, vodka e Ari começou botar as mangas de fora.
Se enturmou rápido, acabei conhecendo uma mulher chamada Sheila, não parecia nada com as Sheilas lindas que o nome sugere. O contrário, sou do tipo que não reclama de uma dádiva,ficamos de papinho besta.
Eu tava meio cansado, viagem longa. Sheila queria que eu falasse de minha cidade entre outras coisas. Ela estava bem vestida de preto, cabelo bem arranjado, tinha bons peitos, um autentica Raimunda. Percebi que lhe faltavam-lhe dois dentes laterais. Tive vontade de perguntar como eles caíram,espontaneamente? Será que levou uma porrada boa? Que teria feito.
Quando olho para o meio da festa Ari, esta em um empurra-empurra, que merda será aquela? Briga, em duas horas estando na cidade, estávamos envolvidos em uma briga. Fomos colocados porta a fora, entre xingamentos e empurrões. Se meteu com uma mulher que tinha dono.Era melhor ir dormir. Fomos.
Chegamos atrasados no curso. Começamos mal. Cara de bêbados, dor de cabeça. Mas enfim o dia passou como foi possível,suportável. Quando saímos, perguntamos para o ministrante do curso, onde ficam os puteiros da cidade? Uma cidade se revela pela qualidade de seus puteiros. Nos informou. A noite foi certo e direto.
Quando chegamos no local,o aspecto deixa muito a desejar. Beira de estrada, alguns caminhões parados na frente, putas gastas na frente nos recepcionaram. Eram envelhecidas, algum dia foram bonitas.Quando entramos no estabelecimento. Uma gorda semi nua dança no pole dance,um ferro sujo,palco de cimento cru, ela balançando as gorduras feliz, peitos enormes e um fio dental perdido em um labirinto de banhas.Onde estaria enfiado aquele fio dental? Achei engraçado, parecia uma lesma gigante que havia criado pernas e braços, e dançava sorridente com dentes amarelos.
Ari, pegou uma cerveja no balcão, uma merda de cerveja quente que parecia mijo.Já tomei mijos mais agradáveis. As pessoas nos olhavam desconfiadas, estávamos vestidos demais para o local, forasteiros que vieram roubar as putas do local.Os caminhoneiro,nos encaravam cara fechada. Nosso momento de celebridade.Pensei comigo:”puta que pariu, nos estamos fudidos aqui.”Procurava a porta de saída com o olhar.
Ari foi atacado por um puta que lhe roçava os peitos murchos na esperança que ele se animasse.Se animou.Ele sorriu e pegou nos bicos dela.Uma musica sertaneja alta em um auto falante que roncava. Reno, apenas balançava a cabeça involuntariamente, dando mostras de estar nervoso com seu carro la fora ou algo assim. Eu queria sair correndo.
Mas Ari resolveu trepar gostoso, preço era módico, vinte reais até gozar.Satisfação garantida do cliente.
Quando Ari chega no local que supostamente seria o quarto, tinha apenas um colchão muito sujo, de tudo que vocês possam imaginar, um espermatozóide não viveria ali nem um segundo.Tiram a roupa, carinhos, um beijo a puta só sabe dizer:”a camisinha, a camisinha” OK.
Ele coloca a camisinha, a trepação começa, ele goza em alguns minutos, da-se conta que a camisinha sumira. Como assim? Bate-lhe o pavor, a puta sorri tolamente, um pau a mais um pau a menos gozado já era. Ari se apavora, o local não tem chuveiro,pia nada.Que merda.
Sai correndo la de dentro,fechado a braguilha gritando:
-Vamos embora agora, pessoal preciso ir embora agora, já...
Me apavorei, que houve?
-A porra da camisinha rasgou...preciso lavar o pau.
Saímos correndo, chegamos no quarto do hotel, Ari entra no chuveiro de roupa e tudo, vai tirando La embaixo.Riamos muito eu e Reno, Ari era o único casado, estava com medo de pegar alguma coisa, qualquer coisa.
Esfregava o pau como se fosse arrancá-lo, entre xingamentos:
-Mas que merda, filho da puta, parece que tem dente, tinha que rasgar aquela porra...
Ficou meia hora embaixo do chuveiro, a porta aberta expondo a cabeça do pau embaixo d’água,queria limpar o era impossível de limpar, a alma talvez.Quase arrancou a pele. Se a Vânia sua esposa desconfiasse, ou pegasse uma gonorréia?
Depois de muito rir, tentei acamá-lo. Que voltasse a cidade,não transasse com sua esposa por uns três ou quatro dias, falasse com o Dr tal que é amigo nosso.Tudo ficaria bem.
Aquela noite não podia ser pior. Eu e Reno consolando Ari, em quarto de hotel barato. Era pra sentir depressão, mas fui dormir. Começava a sentir saudade de minha cidade.Da minha normalidade.

Luis Fabiano.

Trecho...”

“Subo as escadas pouco a pouco.Estou morto de tanto rum.Aí caralho,agora me lembro,que não comi nada!No sétimo andar,bato na porta de Glória.Varias vezes,Por fim ouço alguém vindo e perguntando:”Quem é?”.”Pedro Juan”.Abren a porta.É a mãe de Glória.Pergunto:”E Gloria?”.A velha bloqueia a porta e me diz,hesitante,um pouco nervosa.
-Ela não sabia que você vinha hoje...são três da manhã.
-E daí?
-Bom ,é que...
-Me deixe passar.
-Não, é que...
-Me deixe passar.Ela esta com alguém no quarto.
-Fale baixo que vai acordá-la.E você sabe como ela é.
-Não falo baixo porra nenhuma!Me deixe passar.
Nesse atropelo,Gloria sai do quarto,meio dormindo:
-Que zona é essa?
-Zona porra nenhuma.É sua mãe que não me deixa passar.
Atras de Gloria sai um homem do quarto.De cueca.Quando o vejo me gela o sangue.É branco,de baixa estatura,e peludo como um urso.Deve ter a minha idade.Talvez um pouco mais. Fico sem saber o que dizer.Paralisado.É como se todo o prédio caísse em cima da minha cabeça.Dou meia volta e continuo subindo a estada ate a cobertura.A porta se fecha atrás de mim.
Me sinto o sujeito mais cachorro e humilhado do mundo.Abro a porta com os olhos rasos água.Quem é idiota a ponto de se apaixonar por uma puta?Um homem de minha idade tem de agir com mais prudências.Pensar um pouco mais.Quando porra vou aprender a não me apaixonar?Me joguei na cama sem tirar os sapatos, repetindo para mim mesmo:”É preciso manter a distancia, Pedro Juan,é preciso manter a distancia.”

Animal Tropical - Pedro Juan Gutierrez.

terça-feira, março 23, 2010

Dica de filme:Queime Depois de Ler (Burn After Reading)

Realmente a inteligência é relativa. O filme trata de suposições errôneas,dramáticas,ironicamente mal interpretadas, que ao final não significam nada.As vezes o grande problema do ser humano é não saber pensar.Quando se trata de agencias de segurança,onde pressupõe-se que o pensamento é inteligente,conciso e lógico.As vezes não é nada disso.É impossível respeitar algumas coisas.Lembrem-se do World Trate Center.Tantas informações e inúteis posturas.Os irmãos Coen, tratam disso de forma sarcástica,feliz ou infelizmente arranham a verdade. Curtam sem compromisso.



Telefone ao consolo.

Não gosto de longas conversas por telefone. Aliás, não gosto muito de telefone, talvez por meu espírito prático, falo o que é necessário e fim. Nada de saudades sem fim,dramas intermináveis, noticias repletas de detalhes. O silencio, dizem que é de ouro.
Dia destes telefonou uma amiga minha, destas que não entram em contato por muito tempo. Quando fala, quer externar toda a saudade acumulada em milhões de anos. Sou educado, apenas escuto.Não senti saudade alguma.
Lembro que ela falava comigo a uns dois anos atrás.Lembro tudo,minha memória tem me ajudado nos últimos dias,lembro detalhes de detalhes.Não sei se é bom,mas é útil.Quando conversamos,eu sempre tinha uma entonação ríspida.Não me perguntem por que,mas ela é aquele tipo de pessoa que adora receber uma colocação em tom paternal, com conotação patriarcal!
Sou assim, lei da natureza, quando gritam, falo muito baixo, quando me dão socos, permaneço imóvel, no caso de Monica, quando fica queixando-se interminavelmente, agrido com gosto, ela gosta de pancadas. Chicote na bunda, palmadas e uma jeba grande com amor.
Aprendi que algumas pessoas adoram ser maltratadas, tudo que posso fazer é atendê-las. Percebi que aquela conversa seria interminável e chata:
-Nossa Fabiano, quanto tempo NE?
-É, nem tanto, afinal não considero dois anos muito tempo...
-Mentira, é um monte de tempo. Mas eu sempre lembro de nossos papos bons.
Começo a rir sarcástico.
-Eu esqueci quase todos.
-Porque?
-Pelo que me lembre, tu estavas sempre te queixando, isso é muito chato. Detesto choradeira sem fim.
-É eu sei. Mas agora mudei muito.
-Sim.
-Mas infelizmente, o Tiago foi embora...
-Quem?
-O meu marido/namorado, tava com ele a um bom tempo, mas acabou. To sozinha novamente.Porque acontece isso...
-Antes só que mal acompanhada.
-É, mas não sei ficar sozinha, to me sentindo mal com isso, triste e depressiva, preciso ter alguém.
-Lamento. Quer dizer, não lamento nada, tu és chata pra caralho! O tal de Tiago que não conheço é um herói. E tu burra demais,sempre a mesma merda...
Um silêncio sepulcral no telefone, ouço alguma coisa que parece uma fungada de nariz. Agora estou sem paciência.Que porra. As pessoas cada dia mais, parecem peixes em um aquário.Só consigo pensar isso. Monica queria que alguém sentisse pena dela.
Tem dias que não estou com disposição pra piedade,bondade e estas idéias se super humanidade. Estou mais seco que o Atacama.
-Tu sempre me faz chorar, sempre fala assim, tu não tem sentimentos, nunca teve.
-Tens razão, mas que fazer, tu gosta assim. Um é o sadista, o outro masoquista, uma delicia.
Aquilo não tinha nada haver com nada, mas a idéia parecia gostosa, sensual, erótica. Como um bom canalha profissional, ás vezes gosto de provocar. Pergunto que ela estava vestindo? Do outro lado da linha, Monica funga o muco, parecia sentir uma dor, daquelas que calam fundo.Tinha sensibilidade para entender isso. Logo gostei da idéia. Afinal a dor excita. Eu já havia falado tantas barbaridades para ela, que mais uma não faria diferença.
-Um vestido, pouco acima dos joelhos.
-Hummm
-Eu amo o Tiago.(lagrimas roucas...)
-Acredito, amanhã passa, quantas pessoas já amaste na tua vida?
Tinha que dar um jeito daquela ligação se tornar uma coisa útil.Toco de leve no meu pau.
-Acho que umas três pessoas.
-E ainda não aprendeu? As vezes amor é condução,as vezes é carinho e as vezes é apenas deixar rolar, sem preocupações. Qual a cor da tua calcinha?
-Eu to sofrendo, tu não percebeu?
-Mas imagino que estejas sofrendo, de calcinha? Não ?
Silêncio.
Vi que aquilo não ia para lugar algum.Uma mulher dolorida demais fica assexuada,geralmente emagrece e nunca goza. Pensei tudo isso, achei melhor ir cagar, minha barriga manifestava alguma coisa assim. Disse para Monica que precisava ir ao banheiro.
Ela desliga o telefone, mais triste que quando ligou, enquanto eu me sento no trono, para reinar soberano, no reino da merda.
Porra, porque Monica me liga?É sempre a mesma lenga-lenga.

Luis Fabiano.
A paz é um telefone mudo.

segunda-feira, março 22, 2010

Saudade

Existem dias que amanheço saudoso.
Ás vezes nem sei de que.
Olho-me no espelho,
no fundo dos olhos
Quem?
Não sei.
Consulto as diversas tragédias passadas,presentes
de meu viver,
tento re-acordar
feridas que hoje são cicatrizes esquecidas.
Quase desaperbecidas de minha alma.
Elas não sangram mais.
Nem doem e nem nada...
São lembranças,
testemunhas de meu pior e melhor.
Espada e algodão.
A imagem do espelho não mente.
Lembro de discussões afiadas que tive, repletas
De gritos, passionalidade e pouco sentido?
Será isso?
Ou seria os longos silêncios desconfortáveis, em
Uma noite que parecia não ter fim?E tantas lagrimas depois.
Não sei.
Poderia ser apenas murmúrios de meus traumas diversos.
Melancolia
Do tempo que passa...É.
Paro de pensar em explicações,
afinal nenhuma delas
Aliviará a minha saudade.
Respiro fundo,
meu pensar toma outros rumos. E o que antes eram
Gritos de agonia e dor,
converte-se em um coro de querubins,
De vozes que se vão apagando, doce e suavemente.
Assim me sinto bem,
o coração serena.
Como um carinho tecido de amor.
Me abandono a isso.
Não é preciso mais nada.
A saudade me faz bem.
Como pensamentos
Que vasculham o universo, a vida a procura,
Para só então encontrar paz.
Em uma doce imagem perdida...
Mas hoje, e apenas hoje,
eu estou com saudade.

Luis Fabiano.
A paz,é um pedaço de saudade,um porto seguro do coração.


Trecho...”

“Procurei Gloria três dias consecutivos. A mãe me enrolava e dizia: ”Foi cuidar de um assunto.Volta logo”.Eu sabia que estava perdida por aí, com algum macho.No quarto dia apareceu um pouquinho assustada.Pulou no meu pescoço,aos beijos,mas eu vi que estava tremendo:
-Aí,papi,enfim voltou!
-Papi porra nenhuma. Cheguei faz quatro dias e você perdida por aí.Onde estava?
-Ai papi,faz seis meses que a gente não se vê.É assim que me recebe?Não seja grosso.
Agarrei Gloria,dei-lhe uns beijos, cheirei suas axilas e automaticamente esqueci a bronca.Fomos para a cama e foi a trepada mais doce e bonita do mundo.Meto bem fundo e ela me diz:
-Vai me arrebentar os ovários, vagabundo ,mete mais,mete.Mas que duro! Isso sim é um pau.Isso sim! Me faz gozar, vagabundo!Vai ser meu macho a vida inteira.
É preciso ser um touro e um artista para conseguir que ela goze. Sabe todos os truques das putas para entusiasmar o cliente e que o sujeito pague primeiro,tenha seu orgasmo rápido e deixe a pista livre para a próxima aterrissagem.E ela fresquinha feito um pé de alface.Mas em três anos já conheço sua manhas.Sei o que fazer.Acabamos duas horas depois.Abri uma garrafa de um rum envelhecido.Dois copos.On the rocks.Gosto de vê-la assim:mulata cor de canela,nua,magra como um espaguete,bebendo rum,fumando.Suas mãos e pés descuidados e um pouco estragados de tanto trabalhar, esfregar e limpar.É uma vagabunda vulgar e grosseira.Que eu adoro.Penso em tudo isso tomando golinhos de rum e fumando um bom charuto.Pus um cassete de boleros.
Ficamos em silêncio,extenuados,descansando.Alguém canta:

Sé que mientes AL besar,
Que mientes al decir:te quiero.
Miénteme uma eternidad
Que hace tu maldad feliz.
Y qué más dá?
Si La vida ES uma mentira.
Mienteme más
Que me hace tu maldad feliz?”

Animal Tropical - Pedro Juan Gutierrez

sábado, março 20, 2010


Navalhadas curtas: Luluzinha.

É fantasia sexual de todos os homens transar com duas mulheres ao mesmo tempo. Principalmente vê-las transando entre elas, quem não gosta? Considero absolutamente normal e plausível.Nenhuma de minhas namoradas topou isso, mas faria com gosto.
Este era o tema de uma conversa informal com uma amiga minha. Atualmente ela tem um caso com uma lésbica, mas ela considera-se bi. Vejam como o mundo é simples.
Falávamos abertamente, sem sutileza, afirmei que deve ser uma bela cena de ver, duas mulheres se dando prazer. Ela riu cara de sacana, disse:
-É prazer apenas, eu curto, ela também, então temos um bom entendimento,nos gostamos muito.
-Sei, mas não deixa de ser uma bela cena.
Riu, disse que ás vezes achava engraçado.
-Porque?
-Ela é primeira lésbica que pego, não tive muitas experiências, não sei se é assim mesmo. Mas ela se comporta como se tivesse um pau.
-O que?
-É, ela simula que tem um pau imenso, grande (na verdade são os dedos...) durante a transa diz que vai me engravidar...que vai gozar no fundo...
Comecei a rir, agora meio descontrolado e incrédulo.
Como assim, ela quer te engravidar na hora do ato? Com o pau imaginário?!Porra imaginária? Jesus...
-Isso, diz que é meu macho, que vai ser pai de nosso filho...
-Pára com isso, tu estas me tirando.
-Claro que não, ela se pira na transa, fala um monte de coisas assim, eu entro no clima, acho que é a fantasia dela, gosta de ser um machinho, fala grosso.
-Bom, se ela te engravidar tu me avisa, ok?
Risadas...

Luis Fabiano.

sexta-feira, março 19, 2010

Raul Seixas:

Saudosismo as vezes é bom. A última entrevista com Raul Seixas para o Jô Soares, vale muito a pena. Simplesmente hilário, as colocações malucas dele fazem falta, em um mundo onde a Sociedade Alternativa não deu certo. Para aliviar para o final de semana. Grande saudade.
Vale a pena:




Navalhadas Curtas: Corpo de puta, alma doente.

Dizem que o habito não faz o monge. Pode até não fazer, mas engana bem, no mundo que vivemos isso é suficiente.Não é preciso muita verdade, basta parecer verdade.
Tenho pensamentos ordinários toda vez que vejo minha vizinha.
Ela tem todo o perfil de prostituta, o que me agrada muito. Mas não é. Todos os achaques, a roupa, a maquiagem pesada, o palavreado chulo, o jeito escandaloso de gritar pela janela e claro os comentários fofoqueiros das velhas puritanas de meu prédio.Não gosto de puritanas,elas foram,são ou serão futuras putas.
Porem era só, aparência.
Nunca vejo ninguém com ela, senta-se a pracinha do prédio, toma chimarrão sozinha e fuma vários cigarros. Olhei-a bem. Tem um bom corpo, seios grandes, tem por volta de trinta e trinta e cinco anos, cabelos negros, compridos, é bonita.
Um dia nos encontramos no elevador, me cumprimentou, elogiou o meu perfume. Agradeci apenas, não fiz um olhar feroz para seu decote generoso. Não sei, ela não me soava nada, nem tão pouco parecia o que falavam dela. Se era puta, era paraguaia.
Ás vezes percebo o interior das pessoas, ela me parecia triste com um sorriso lindo, plastificado. Talvez eu estivesse enganado, afinal existem putas que não parecem putas, são esposas, tristezas que não são e amores que parecem ser. Esqueci a vizinha de nome ignorado para mim.
Ontem encontrei as velhas fofoqueiras de meu prédio, estavam afiando a língua, afinal a vizinha estava doente e fora hospitalizada, a mãe viera pegar algumas coisas no apartamento, dizia que estava em depressão profunda, que tentara matar-se...afinal nada é o que é.

Luis Fabiano.

quinta-feira, março 18, 2010


Não era, mas parecia.

Quando se tem uma idade relativamente jovem, existe o direito adquirido de fazer merda. A titulo de experiência da vida, talvez. As vezes dá certo, não dá nada.
Fui para o quartel com dezoito anos de idade, não posso dizer que foi a melhor experiência da minha vida, mas tentei divertir-me dentro do que era possível.Sempre fui assim.
A vida é assim, você precisa divertir-se com o que faz, mesmo que tudo não passe de um imenso balde de merda. Sorria e invente alguma coisa.Criatividade. Não se abata, se tudo realmente for ruim, aceite e vá mudando. Tente comer a merda.No inicio é ruim, mas depois pegamos o jeito.
Nunca gostei de receber ordens. Ainda não gosto muito, mas faz faço tranquilo. Na época que prestei o serviço militar obrigatório, tinha uma impressão inflexível do exército e os militares.Todos cem por cento corretos,justos e etc...Porem quando você entra lá dentro, percebe que as coisas não são exatamente assim.
Tudo tem seu lado flexível, nada dentro dos grandes centros de poder é exatamente como a imagem vendida do que é.Existe um ideal em tudo,mas no fundo ele é besta.Não falto com o respeito,mas é apenas uma constatação.Todos sabem,mas a educação e hipocrisia dizem que é melhor negar.
O ser humano não é feito para essa retidão linear,mas as pessoas emulam que a vida “real” seja assim,perfeitinha. Gostamos de um cinismo elegante. Também gosto.
Quando entrava alguma mulher no aquartelamento, eu sentia o cheiro de longe, aquele cheiro diferenciava-se daquele meio repleto de testosterona e suor. Nesta idade com o calor, fediamos muito. Mas aquele cheiro feminino mudava tudo, ficava procurando de onde vinha, quem era, que fazia ali.O cheiro ótimo,mas não sei se era perfume ou feromônio.
Ao final da tarde saímos,tínhamos ordens de voltar para casa, não ficar circulando com a fardados por aí.Papo furado.Íamos ao centro da cidade,as vezes tomávamos algumas cervejas, depois, era fatal, o puteiro da Tia Preta.
Ali o soldo de um soldado raso, ia todo, ao sabor de bucetas variadas. Ás vezes não comia ninguém, nem precisava, gostava de vê-las, vinham roçando o corpo em nós, pegando no pau por cima da calça, colocando os peitos para fora, realmente isso homem gosta. Adoro putas. Não sei se elas eram felizes, mas ficavam quando chegávamos, regulávamos de idade, bebíamos alguma coisa, muita musica sertaneja alta, sala semi-escura, beijos e gemidos.
Tinha um colega que até tinha caderno na casa. Pagava no final do mês, deixava toda a grana lá. Tentava ser econômico, não me apaixonar por elas. Mas o Milton apaixonou-se, sofria por Penélope. Ninguém de nós podia tocar nela. Dizia-nos, que iria casar-se com ela, era a mulher da sua vida. Eu não dizia nada. Pensava, algumas mulheres nos pegam pela buceta, outras...
Acho que nunca tive a mulher da minha vida. Mas puta ia ser difícil, não julgo a profissão. Acho que não iria acostumar-me sabendo que a mulher amada, trepa com dez caras por dia.
Na verdade não sei, sentindo na pele, talvez se meu coração batesse mais forte, eu aceitaria, afinal sentimento é uma coisa e sexo profissional é outra. Sentimento é alma, sexo, um pau e uma buceta com grana”molhadinha” no meio. Bela mistura, gostosa. E adeus.
Então acabava a farra, voltava para casa, na madrugada, meio bêbado e leve. Mente repleta de imagens agradáveis. Dormia assim umas três horas.
Pronto para acordar ás cinco horas da manhã, receber mais ordens. Acaba que torna-se fácil. Recebia algumas ordens banais, não cumpria a metade, tinha tempo para pensar besteiras. Talvez na casa da Tia Preta, aquele pequeno inferninho convertido em pedaço de céu. Com o tempo lá dentro as coisas foram ficando cada mais fáceis, chegávamos pela manhã, fazia uma ginástica e depois era ficar se esgueirando sem nada pra fazer.Logicamente a vagabundagem, inspira ideias débeis,diabólicas. Resolvíamos “brincar” de boxe, lutas informais, Tirávamos a parte superior da farda (gandola), e a porrada comia.Era muito bom, ficamos todos com hematomas, no rosto e as vezes tinha um sangramento.Mas nada que as putinhas de Tia Preta não curassem.

Luis Fabiano.
A paz nos braços de uma puta. (gostaria de morrer assim)


Navalhadas Curtas: Olha o passaralho!

Ás vezes as pessoas me contam coisas absurdas. Gosto de escutar o que dizem, afinal é bom saber que não sou um louco solitário,escuto com gosto a bizarrice.
Cássio era um jovem relativamente normal, aparentemente, porem tinha fascinação pelo próprio membro, adorava o como se fosse uma espécie de deus. Vivia tratando da jéba com cremes hidratantes, quando havia oportunidade, até se bronzeava na região.
Gostava de exibir-se, sempre falava sobre o pau.Coisas o quanto fica duro, os cremes que deixam a pele macia, a super limpeza que fazia.
Sempre quanto tinha uma oportunidade lá estava o pau de Cássio.O pau vinha antes de Cássio.Sinceramente eu comecei a achar que ele não gostava do pau, mas do rabo, muita frescura em homem não é bom sinal.Eu achava muito tratamento e pouco uso.Cássio nunca falava em mulher,das bucetas que havia comido, essas coisas.Muita massagem e pouco jogo.
Não comentei nada. Afinal cada um faz o quer, e seja feliz como for. Foi neste assunto que me contou:
-Tchê, precisava tirar uma foto da minha ferramenta.
-Sei.
Conheces alguém que possa fazer isso para mim?
-Nem me olha, mas se tua mãe tirar a roupa tranqüilo, gosto da mãe dos outros...
-Vou ter que ver isso.
Falou aquilo balançando a cabeça, como se fosse a coisa mais importante do mundo. Pensei: esse cara tem cada uma.Esqueci aquele assunto absurdo.
Rosana, mãe de Cássio estava chegando em casa, então o filho a chama no quarto.Depara-se com o filho completamente pelado, de pau duro e uma câmera na mão:
-Mãe tira uma foto pra mim ?

Luis Fabiano.
Trecho...

“-Gosto muito de você, Pedro.
Nos acariciamos em silencio.O cacete me sobe de imediato e aperto-o em sua cocha,mas não quero trepar.É como uma onda de calor entre nós dois.O amor,o silencio e a paz.
De tarde, trouxe umas sacolas com vasos de flores e um grande frasco de fertilizante. Ficamos trabalhando um bom tempo e renovamos as que já existiam.Nos sentamos depois e comento com ela aquela praia de nudismo que fica bem perto.
-Não peça mais.Não quero ir.
-Tem vergonha?
-Tenho,claro.
-Ah,titi,me faça a vontade.Só nos restam mais alguns dias juntos.Dentro de uma semana vamos nos separar.E ninguém sabe.Talvez eu nunca mais volte a Suécia.
Ela fica lacrimosa.Ás vezes,Pedrito o manipulador dispara e estoura o filhadaputômetro.Faço-lhe uns carinhos aqui e ali.Uns beijinhos e ela me diz:
-Não sei onde é.
-Ligue para a sua amiga lésbica e pergunte.
-Lésbica?Como você sabe?
-Porque dá para ver de longe.
-Oh,as aparências...
-As vezes enganam.E as vezes não.Gosto de lésbicas.Me sinto muito bem com elas.Quando era mocinho tive dois ou três romances com lésbicas...ah eram superlésbicas,como se fossem machinhos.
-Oh por favor basta.Não me conte mais nada.Como você pode gostar de uma mulher que parece um homem, que age como um homem?
-Pareciam machinho, mas não eram machinhos.Sempre me pediam que as sodomizasse. Adoravam a sodomia. Eu ainda gosto dessas lésbicas tão masculinas. Igual os travestis.Me divirto com...
-Oh, basta por favor.Não quero saber mais nada.Você é um...um..."


Animal Tropical - Pedro Juan Gutierrez.

quarta-feira, março 17, 2010


Manhãs de agonia.

Sempre trabalhei muito.Desde que me conheço por gente.Ter a própria grana desde cedo era bom negocio.Comprava as minha merdas.Nunca dei trabalho.Trabalhava pelo dinheiro apenas pelo dinheiro.Nada de dom, vocação e essas porras todas que as pessoas imaginam que tem ou precisam ter.
Nada disso.É “prostituição” mesmo, fazer algum trabalho e receber o dinheiro no final do mês, pagar as contas, esperar o próximo mês. Muito bom isso.
Quando chegava o final de semana, deveria-se descansar. Mas não companheiro. Naquela época eu estava no meu terceiro casamento informal, nada de papéis, rituais ou filhos, nada disso. Coisa simples, mais fácil, não gosto de complicações.
Sábado pela manhã, que se espera de um casal relativamente novo? Acordar lentamente, fazer alguns carinhos, sentir o pau subir gostoso, mais beijos, um toque suave nas tetas, fazer amor suave, lentamente e bem molhado.
Gosto muito disso, trepar pela manhã, estou mais descansado.Tive algumas mulheres que não gostavam de trepar pela manhã.OK. Eu gostava.
Rita também não gostava. Acordava relativamente cedo no sábado.Porra, no sábado? Aquilo silenciosamente me transtornava. Sou de transtornos silenciosos, prefiro não falar, não gosto de encher o saco de ninguém. Varias vezes tentei impedi-la de levantar, puxava-a para cama, lambia gostoso sua buceta amanhecida, uma delicia o cheiro e o gosto da manhã. Mas Rita, levanta-se, dizia que iria fazer xixi, já era. Me fudi. Uma boa punheta matinal.Tudo certo,me resolvia sozinho.
O meu sábado apenas estava começando. Tentava dormir novamente depois de uma gozada nos lençóis alvos. Era impossível, ela vestia-se de faxineira, começava a limpar a casa toda, não fazia muito barulho, mas o suficiente para acabar com minha paz. Queria que eu a compreendesse, a casa estava imunda da semana, as roupas sujas, precisam ser lavadas. Me irritava profundamente.
Tomava meu café, procurava algum lugar da casa para tentar ler, ou ficar pensando nada. Gosto muito disso, nada na cabeça.Impossível. Então Rita vinha com aquela conversinha:
-Você pode ajudar com as roupas?
-Não.
-Mas o que custa?
-Custa que não tenho saco, atividades de casa, não é para mim. Não faço atividade de casa. Detesto.Você quer, pago uma diarista, cinqüenta pila, ela te ajuda...
-Esquece.
-Já esqueci.
Então em poucos instantes, Rita vinha com a vassoura,aspirador, tirar minha paz emulada.
-Dá licença...
As vezes era a gota d’água.Levanta-me, colocava algo nos pés e saia a caminhar por ai. A esmo, procurava algum lugar para o meu ócio. Tentava não pensar naquela maldita manhã. Era difícil. Rita não trepava pela manhã, tinha crises de limpeza aguda as oito e trinta e dois. Poderia relaxar mais, ser menos histérica. Tentei varias vezes fazê-la esquecer, a vida não deve ser levada tão a sério, ainda mais pela manhã de sábado. Mas era sua mania. Trabalhava sábado inteiro em casa.
Eu voltava perto da hora do almoço.A casa estava uma bagunça, tinha mania com a poeira que acumula debaixo de todos os móveis,onde ninguém olha,atrás deles.
Eu olhava aquilo, não tinha nada no seu lugar, tinha a impressão que estava no Vietnã.Nem sabia o dizer ou pensar. Almoçávamos qualquer coisa, ela seguia sua luta. Completamente louca.Não tinha o que fazer, todas minhas tentativas foram em vão.A tarde eu tinha sempre alguma atividade profissional ou religiosa e tudo certo.
Quando chegava em casa, tudo limpo.Impecável, brilhando, e uma Rita destruída. Queria carinhos, queria descansar, queria tudo ao mesmo tempo, mas não tinha energia para nada disso. Por isso digo que as pessoas são previsíveis. Rita reclamava que estava cansada, mas tínhamos um aniversário a noite, um parente de merda que não conhecia, nunca tinha me visto, mas havia me convidado?Quanta gentileza.Ótimo ser simpático com quem não se conhece.
Eu aceitava algo contrariado. Íamos ao aniversário. Mantinha-me educado, tomava bastante cerveja e tudo ficava mais fácil, suportar as pessoas quando se esta bêbado é muito tranqüilo.
Porque todos tem cara de imbecis.E você um imbecil bêbado.Irmãos.
Quando voltamos para casa, eu bêbado ela meio alegre, a foda era algo impossível.Dormíamos roncando grotescamente.
Domingo amanhecia, mas ai estávamos de ressaca, meu pau estava duro, Rita com dor de cabeça.
O domingo estava apenas começando, ao menos não tinha limpeza.

Luis Fabiano.
Manhã é sempre o amanhã.
Trecho...

“Faz três dias que não faço a barba,nem tomo banho.Me cheiro,mas continuo igual.Preciso sentir meus cheiros,mas aqui é difícil.Suo pouco e o ar é seco.Impossível ter cheiros fortes.Quando sinto o cheiro do meu suor forte,acre,é quando me ponho selvagem.Aqui estou amolecendo.No passo em que estou indo vou afrouxar pouco a pouco.E isso é foda.Gosto de ser o tronco do carvalho,o chicote, a espada do diabo,culhões,pau!
Caminho um pouco pelo Bosque enquanto penso isso tudo.Como as pessoa conseguem viver tão entediadas ?Tento me acalmar. Volto.
Agneta trabalha loucamente:limpa com o aspirador,lava a roupa e a cada quinze minutos desce ao porão.Sobe e desce a roupa.Leva as almofadas para frente do edifício e bate.Tudo ao mesmo tempo.”

Animal Tropical - Pedro Juan Gutierrez

terça-feira, março 16, 2010


Corda de André.

Quando não existe mais nenhuma opção possível, tirar a própria vida é a ultima porta, certamente sempre se abre. Isso de certa forma sempre soa como um consolo, se realmente nada funcionar, nada der certo, nada for bom, nada... você tem a chance de encontrar-se com o demônio em algum lugar qualquer do inferno!
Lembro que André sempre tivera um fraco pelo morte. Como algo que o atraia, cresceu em um meio espírita ,entendia da imortalidade da alma, espíritos deixam os corpos na terra e vão ao encontro dos seus próprios valores, bons ou ruins.
Isso invés de estimular-lhe a vida, deu-lhe inspiração as avessas. Morrer é uma saída, seja lá para onde que for, mas é uma saída.
Cresceu um adolescente normal, não fez nada de diferente que fazem os adolescentes, rebeldias,idiotices, namoro e algum esporte, essa era a sua vida.Tornou-se um adulto dentro dos padrões normais, o que se espera de um adulto, previsivelmente, formou-se na faculdade, arrumou trabalho ,casou-se, teve um filho.
A vida estava pronta e resolvida para André.
Mas aquilo na cabeça, ao fundo, pensava: Se um dia tiver algum problema, realmente grave, me mato, rápido e tudo resolvido.
Mais que crer em Deus, ele acreditava na morte para salvá-lo na hora H! Pensando bem, eu até o entendo, é o poder de decisão na tua mão, e não na mão de outrem, seja quem for.
Quando pensava isso,André sorria orgulhoso. Ficava tranquilo e em paz. Mais de uma vez ensaiou como procederia para morrer rápida e eficientemente.
Pensava em comprar algum veneno , ter a mão a dose exata, cogitou em uma arma de fogo de grosso calibre e com silenciador, respirar gases venenosos na garagem.
Porem a técnica que mais o fascinava era forca! Colocava aquela corda numa das armações de madeira da garagem, fazia o nó típico, ficava vendo-a balançar no ar, tinha algo de romântico naquilo.Namorava com a morte. Chegou a sonhar com seu corpo se debatendo no ar, as perninhas agitando-se na convulsão final, os olhos esgazeados e o ultimo suspiro! Acordou assombrado tentando respirar, por fim sentiu satisfação, sorriu.
Estranhamente a família nem imaginava que se passava na cabeça de André, as coisas são mais ou menos assim, nunca imaginamos profundamente o que se passa a razão de cada um, as pessoas são um imenso mistério.
O que irão fazer na hora H ?
Geralmente a pressão muda tudo, as coisas caminham para extremos fatais.
André sentia-se normal, não considerava uma patologia psicológica, era otimista demais para isso, entendia como um coringa do baralho da vida. Talvez não acontecesse nada em sua vida que o levasse a isso, tudo fica num imenso pensamento perdido entre tantos que temos. Quem nunca pensou em algum momento, em dar cabo de si? Normal,relaxe.
Mesmo grandes heróis, tiveram esta titubeada. André sentia-se relaxado, aquilo era um salvo conduto a mão literalmente.
Esta historia teve final feliz, afinal, não aconteceu absolutamente nada na vida de André, que o levasse a este destino trágico, poderia não ser assim. Falamos sobre isso abertamente, me pergunta se acho maluquice.
Não, não acho. Acho normal.
Que ele faz, é uma espécie de jogo para consigo mesmo, jogo digno no meu entender. Lendo a respeito de samurais, bem, um samurai que cai em desonra, precisa reparar tal desonra isso é com a própria vida!
A desonra pode ser muitas coisas, ser vencido pelo inimigo é uma delas.
Aos que entendem a arte da guerra, sabem exatamente que estou falando. Um samurai não cogita em perder nunca, a coisa mais importante que tem, é sua honra, o resto vem tudo abaixo disso.
O Seppuku ou harakiri são práticas dignas, que não condizem com nossa cultura, chamamos isso de covardia por não enfrentar a “realidade”. Falei tudo isso a André, regado a um whisky péssimo, mas o pensamento era bom. Disse no final:
-Não tem diferença, enquanto alguns rezam, tu queres morrer, no final vai dar tudo no mesmo.Vai te fudê Andre.

Luis Fabiano.
A paz, é a quietude de uma katana.

Pérola do Dia:


" O amor é uma espécie de preconceito. A gente ama o que precisa, ama o que faz sentir bem, ama o que é conveniente. Como pode dizer que ama uma pessoa quando há dez mil outras no mundo que você amaria mais se conhecesse? Mas a gente nunca conhece. "

Charles Bukowski
Seguindo em minha fase espanhola,ardorosa e intensa, na voz suave e quase dolorida de Luis Miguel, falando de amores perdidos,reencontrados as vezes.
Sentimentos tão grandes e ínfimos, doem além. Essa é a beleza, sofrimento por algo digno, que valha a pena na vida.A dor torna-se uma honra.


El Reloj
Luis Miguel.

Relógio não marque as horas
Porque vou enlouquecer
Ela se vai para sempre
Quando amanhecer outra vez

Sobra-nos apenas esta noite
Para viver nosso amor
E seu, tic-tac, me recorda
Minha irremediável dor

Relógio, detém teu caminho
Porque a minha vida se extingue
Ela é a estrela
Que ilumina o meu ser
E sem seu amor, não sou nada

Segura o tempo em tuas mãos
Faça desta noite perpétua
Para que nunca se vás de mim
Para que nunca amanheça


segunda-feira, março 15, 2010


Prostituta animal.

Eu contava na época com quinze anos, muita disposição e pouca ocupação. Estudar não era meu forte,aliás nunca gostei, tinha um certo desprezo pelos professores. Não os achava capacitados a me ensinar nada, nada que os livros não pudessem. Gostava de ler.Era péssimo aluno, que me lembre, não sentava-me para estudar nunca,se tinha alguma prova, tudo era uma grande surpresa para mim, eu chegava em aula, era dia de prova.
Foda-se, tirava seis e estava aprovado. Foi assim que completei o fundamental e o segundo grau. Nem sem como se chama hoje. Um nome novo para a mesma merda.
Gostava de meu tempo de ociosidade, ficava na rua com alguns amigos, inventando o que fazer.Não tinha grana, morávamos em subúrbio.Na aparte da manha ,ia a escola e tarde, nas praças ou na casa dos amigos,jogando alguma coisa.
Lembro do Edson, um amigo que morava ao lado de minha casa. Tinha uma mãe histérica,gritava muito,fiasquenta e mimava demais Edson, que já dava mostras de ser um veadinho potencial.
Não tenho preconceitos, tínhamos todos a mesma idade, e pouco sabíamos do destino. Um dia fui a casa dele, jogar botões, era a diversão do momento. Surpreendi-me com a Tia Maria completamente nua. Fazia muito calor.
Achei muito estranho, minha mãe não andava pelada na frente de meus colegas!
Tia Maria andava, claro que gostei, mesmo ela sendo meio velha e viúva, tinha um vasto pelo na vagina, preto e denso, a bunda bem mole,e as tetas caídas, muito branca.
Naquele dia pedi para ir ao banheiro na casa de Edson. Gozei muito nas paredes daquele banheiro.Foi muito bom.Me inspirou varias punhetas.
Mais tarde a vizinhança comentava que Tia Maria era uma tremenda puta, não acreditei nisso, para mim era ela maluca mesmo, cada um na sua, se gosta de andar pelada em casa, tudo bem, ande, faça o que quiser. Me inspirou boas punhetas,estava agradecido. Sempre gostei da mãe dos outros.Até hoje gosto.
Tinha outros amigos, nesta época eu já não gostava de esporte nenhum, achava que esporte era muito chato, preferi ficar fumando escondido o cigarro do sucesso.Ficar falando merda,lendo. Tinha ainda uma competição de cuspe, nunca fui muito bom nisso, um amigo chamado Sapo era o campeão, tinha um catarro pesado, lançava com maestria. Tudo isso era muito bom. Quando descobrimos um esporte melhor.Que nos deu muita alegria.
Tinha um campo perto de onde morávamos, alguém que não sabíamos quem era colocava todo dia uma vaquinha lá, todas as manhãs e recolhia a noite.
Vaca nova, muito charmosa para uma vaca. Parecia que algo nos chamava, foi então que Cleber o mais velho, tinha dezessete anos, teve a genial idéia, comer a vaquinha. E não era assada, nada disso, puro prazer.Tínhamos energia demais, tempo demais, porra demais. Ele foi o primeiro, éramos o público, sexo ao vivo, Cleber gozou em menos de um minuto. A Mimosa nem se mexeu, parecia que não sentia nada, como algumas mulheres. Talvez nem se dado conta que alguém bombeava sua buceta pequena e rosada. Uma delicia. Fazíamos a fila, éramos seis,inundávamos ela de porra.
Aquilo tornou-se um vício. Eu era carinhoso com ela, gostava de tocar na buceta grande, bem rosada, como se fizesse carinhos, depois metia devagar, bem gostoso e ficava naquele brinquedo lentamente, não queria gozar rápido, devagar é melhor.
Mimosa foi uma de minhas professoras. Os outros tinham pressa, queriam descarregar a porra rápido, não sabiam nada.
Como muito homens que não sabem dar prazer a uma mulher.
Não sabe que as damas são primeiro, elas devem gozar duas ou três vezes antes. Meu pai dizia sempre dizia isso. Não goze rápido, vai deixar a mulher na vontade, vá devagar, explore os lábios vaginais, o clitóris e cú com um dedo, devagar e lentamente. Sempre gostei deste esporte.
Toda tarde era esse nossa ocupação entre outras coisas, estávamos sempre com pau duro, pronto para alegria de Mimosa. Lembro que quando ia tomar banho, estava com cheiro de vaca, uma mistura de merda, mijo e suor. Foi nesta época que cheiro passou a ser algo muito importante para mim.
Adoro cheiro das axilas femininas, ao natural, sem desodorante ou depilação excessiva, ao natural. Mas essas são cada vez mais raras. É tudo limpo demais, cheirando a perfume.Que fazer.As vezes perco o tesão.
Nossa brincadeira durou muito tempo, quase um ano pelo que me lembro. Um dia Mimosa desapareceu, fomos á tarde fazer nosso sexo gostoso, e cadê a Mimosa? Nunca mais. Sem adeus, sem uma carta de despedida, nada. O que ficou foi apenas um pequeno monte de bosta fresca, que foi secando com o tempo, até virar adubo.
Aquilo foi uma regressão em nossa vida, voltar a punheta, mas fazer o que?
As vezes é preciso,até hoje é agradável,auto-prazer sem compromisso,sem nada importante.


Luis Fabiano.
A paz as vezes é pequeno monte de bosta.

sábado, março 13, 2010

Navalhadas Curtas:O cheiro não é bom,mas é verdade.



Navalhadas Curtas:O cheiro não é bom,mas é verdade.

Uma roda de amigos, o papo não poderia ser outro: mulheres. Bom assunto, a hora de contar vantagem, dizer quantas foram comidas ou não foram, nem sempre se dá sorte. Me mantive na minha, não como ninguém, nunca. Gosto de bucetas discretas. Onde existem comedores demais é melhor não ser ninguém.
Então Chico, abre a graxeira como se tivesse em um confessionário do demônio:

-O que me incomoda, nem é comer ou deixar de comer, sabem que sou casado, tento ser mais ou menos fiel.
Gargalhadas.
-Vai te fudê Chico, fiel é o caralho. Ele seguiu apesar dos deboches:
-É a Denise, não gosta de intimidades no banheiro. Não gosta que a veja fazendo xixi ou cocô.

Mais risadas.
Qual é Chico tais afim de apreciar o cheiro da merda dela? Ou tomar o mijo?Gargalhadas totais.

-Até poderia ser, não me importo com isso, acho frescura. Se eu lambo o cú e a buceta dela, ver ela cagando ou mijando é o de menos.Não acham?
-Chico pára com isso, desencana disso cara. Se ela não quer que vejas a merda dela, deu, fica tranqüilo respeita. Ou dá a real pra ela:Olha amor hoje quando fores cagar, me chama porque quero ver!

Todos rimos, mas eu entendia Chico. Aquilo era uma fronteira para ele, uma fronteira feita de merda e mijo, mas era. Sinceramente também não gosto de frescuras, peide, arrote,cague ou mije, não sinto nojo, acho até uma espécie de entrega total.De corpo, alma e dejetos.

Chico disse que chegaria em casa e conversaria com Denise, só Deus sabe que merda vai dar...


Luis Fabiano.

sexta-feira, março 12, 2010

Para aliviar a semana:

A Terça Insana, a Irmã Selma é bárbara, tem um humor sensacional, e se você não rir, ela vai rezar por você, e vai acontecer, sempre acontece.
Curtam e bom final de semana.



Julia e Martinha





Julia e Martinha.

Algumas histórias são verdadeiramente repulsivas. Não é um julgamento, apenas uma constatação. Nada de hipocrisia, moralismo barato,mas existem fatos que as vezes nos revoltam.

Não é meu caso, não me sinto revoltado, impressionado ou provocado com nada.
Já entendi que vindo do ser humano, tudo é possível e esperado. Uma gangorra interminável de bem e mal, luz e sombra.Parece poesia mas não é.
Julia estava grávida quando a conheci. Era uma destas putas vulgares de rua, aos vinte e dois anos, seu corpo é uma depósito de porra, era bonitinha, sempre sorridente e parecia feliz naquela vida.Talvez fosse, dizia para quem quisesse ouvir: antes ser puta, que empregada, eu ganho mais e com menos força. Gargalhava vulgar.


Gostava disso nela, não tinha nada na cabeça, nem precisava.A boca era ótima. Aprendera uma técnica de chupar, que permitia que o pau fosse até a garganta sem afogar-se, era uma especialista.Mas falando, puta que pariu, terrível.


Um dia apareceu grávida. Naturalmente não sabia quem era o pai, não se desesperou e imitando sua mãe dizia bravamente:


-Não preciso de homem para me manter, se precisar trepo com trinta por dia e nada vai faltar.

Corajosa ou burra eu nem sei o que pensar. Mas nestes aspectos de coisas tão femininas, acho que homem não deve opinar, afinal homem não fica grávido. Aborto era uma opção. Julia achou que deveria ter o filho sem pai mesmo.

Aquele filho ou filha era feito da mistura de todas as porras que gozavam abundantemente em sua buceta. Eu esperava que nascesse um pequeno monstro, com garras, olhos arregalados e em vez de chorar, rugiria como uma besta. Coisas da minha cabeça, mas era essa a impressão.


Julia trepou até o ultimo dia de gestação, realizando a fantasia dos homens que adoram trepar com grávidas.Trepar com gravida é ótimo. É uma aventura agradável, que deve ser feita com cuidado. Mas os tipos que saiam com Julia queriam gozar rapidamente, alguns apenas encostavam o membro na vagina molhada e gozavam. Ela sentia-se poderosa,muito mulher, mulher maravilha, acariciava a pesada barriga, esperava o próximo.


Ela me contou que alguns clientes queriam fazer de conta de eram o pai da criança, ficavam falando com aquela barriga enorme, como se o filho fosse deles. Ela concordava com aquele teatrinho todo, contando que os cinqüenta reais viesse para seu bolso.


Dizia:

-Por este dinheiro podem falar com minhas tetas, minha barriga, minha buceta e até com o dedão dos meus pés. 

Ria muito.
Diante disso, eu a achava uma mulher de fibra, ao mesmo tola, cheguei a conclusão que a fibra de um ser humano tem muito de sua obstinação e tolice, talvez converta-se em uma espécie de fé.


Naquela manhã, após trepar com um cliente gordo, a bolsa estourou, enchendo o quarto com aquele cheiro tão especifico e forte. O cliente até vomitou. Algumas colegas a colocaram no taxi, e foi para o hospital, sozinha. 


Ganhou Martinha nos corredores de um pronto atendimento de um hospital publico.
Estava feliz, Martinha era linda, sentiu-se mãe e coruja, não tinha quase nada para vesti-la. As enfermeiras ajudaram como foi possível, no dia seguinte estava em casa, naquele cortiço fétido a esgoto que chamava de lar.

Por uns dias sentiu uma espécie de paz, dando o seio para Martinha, quase não sentia-se vagabunda e ordinária das ruas de Pelotas. Teve um breve momento de paz.

Até mesmo a mãe de Julia, avó de Martinha apareceu, queria reconciliar-se com a filha e ver a neta, ela talvez representasse outra fase na vida da filha. Olhou para Julia com ternura de mãe que erra, para mãe nova:


-Filha, vamos esquecer o passado,chega de ficar brigando, entendo a vida que escolheu, vou tentar respeitar, porque te amo muito. Senti tua falta, tanto. Te quero perto de mim e tua filha também.

Julia, rememorava os acontecimentos que causaram este afastamento. Quando sua mãe descobriu que era puta profissional, a colocou porta fora. A família nunca teve muito dinheiro, mas eram honestos como gostavam de dizer.Principalmente o pai.Preferiria ver a filha morta que puta.

Eu até entendo,afinal ter uma filha puta não é o plano de nenhuma mãe ou pai.
Se quer sempre o “melhor”, que sejam melhores que nós. Mas nem sempre é assim, é nestas horas que o amor mostra sua face bela ou converte-se em sombra.


Ao final, Julia e sua mãe abraçam-se, choram juntas, queriam enterrar o passado. Como enterrado já estava seu pai.
Julia seguiu sua vida, Martinha foi crescendo em meio a prostituição da mãe,como a fatalidade das fatalidades.Mesmo Julia não querendo a filha seguisse seus tortuosos passos,muito cedo ela deu mostra que, aquele que saí aos seus não degenera!


Naturalmente Julia tentou tudo, bateu, colocou de castigo, tirou coisas que gostava, colocou em uma escola rígida e nada. Aquilo parecia um inflexível destino.Que merda, é disso que falo, por vezes é repulsivo, inescapável mesmo.


Quando Martinha completou dezoito anos, quis dizer adeus a mãe, disse que iria ganhar a vida,que não queria mais depender da mãe e todas as coisas que Julia havia dito a sua mãe um dia.
Porém, Julia agiu diferente, abraçou a filha, disse que poderia ficar, ser puta com ela e ficariam juntas e felizes, se essa era sua vontade, ela não reprovaria.


Martinha ficou surpresa com a reação da mãe, e claro ficou, amava a mãe.
Foi assim que Julia começou dar instruções profissionais de como a filha deveria agir, que tipo de clientes pegar, como sugar um pau até a garganta e essas coisas que se passam de mãe para filha.



Agora Julia já estava velha,a idade havia chegado , já não chamava atenção dos homens, sua buceta parecia uma lixa de tão áspera e seca, os seios caídos ao extremo , não lembravam nada que haviam sido.
Sentia-se feliz de ver a filha tão linda, vendendo o corpo bonito e ganhando muito dinheiro, mais do que ela já ganhou na vida, sentia-se tão orgulhosa como se Martinha houvesse se formado em medicina, advocacia ou administração, o mesmo orgulho de quem prospera na vida.


Agora já podia morrer, a filha estava encaminhada.
Realmente não sei de Julia morreu, possivelmente sim, nunca mais vi sua filha, cada um segue seu destino, sabe-sela onde esta?


Mas em minha memória ainda vejo o sorriso fácil e vulgar de Julia, querendo fuder com todos os homens ao mesmo tempo, ganhar muito dinheiro, seu sorriso fácil era tão verdadeiro, prefiro lembrar dela assim.
Prefiro as boas memórias.



Luis Fabiano.
A paz é uma puta que cobra um preço muito alto, puta de luxo.