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sexta-feira, agosto 20, 2010

Manchas e um poodle


Manchas e um poodle.

A mente por vezes é uma enorme catapulta. Você pensa em algo, imediatamente é lançado pra lá. Com toda a pose e achaques. Com as bênçãos de Deus ou as maldições do diabo. Tudo isso fez sentido quando eu olhei um punhado de merda seca, entre as roupas dela. Longa historia.
Eu dirigia devagar, gosto de andar devagar e pensando. Lá estava eu indo atender mais uma cliente. Não quero entrar nos detalhes de minhas clientes. Mas, mais de noventa por cento dos meus clientes são mulheres. Dei-me conta disso estes dias. Sou muito lento para perceber as coisas.
Não sei se significa alguma coisa. Mas mesmo que eu não toque em todas, me sinto bem próximo. Gosto de mulheres. Todos os tipos, expressões e formas. Não tenho preconceitos.
Cem por cento delas está só, ou pelo menos não tem marido. São separadas, possuem namorados esporádicos, uma trepada ou outra, mas nada sério.
Todas frequentam falidas páginas de relacionamento. Algumas tem um desespero quase incontido. Como uma incontinência urinaria. Outras realmente piraram a muito. Solidão demais eu acho. Nada pior que uma buceta lagrimosa, a espera de seu pau encantado que nunca vem. É o que mais tem.
Fui lembrando de características semelhantes entre elas. Todas possuem animais de estimação. Cães ou gatos. Costumam trata-los melhor que de crianças abandonadas ou mendigos do inferno. Falam como se os bichos fossem bebês.
Tive muitas surpresas ao atendê-las. Uma vez, uma me esperou de robe em cetim rosado. Não tinha nada por baixo. A garrafa de vinho já tinha passado da metade. Ela queria, eu fiquei afim, sou sensível. Não arrumei o computador, mas sujamos a sala dela de vinho e porra. Boa cliente, ainda pagou.
Deixo os pensamentos inúteis para trás. Chego á casa da cliente. Um bom apartamento no centro da cidade. Ela fazia o mesmo perfil. A idade estava chegando, a queda hormonal fatal, começava a aplicar-lhe os primeiros golpes.
Os olhos opacos, as peles sem viço, uma planta cuja a raiz vai secando. Ela poderia resolver isso facilmente. Mas parecia não querer. Um pouco deprimida. Ficou um pouco jogada depois que o marido a trocou por uma de vinte. Clássico perfil imbecil masculino.
Lembrei de Lucrécia, uma amiga. Hoje com quase setenta anos. Eventualmente ainda nos pegamos, ela gosta de sexo e faz muito bem. E nada de xoxota com textura de lixa. É melada, muito melada, uma moça de vinte anos. Geme como uma égua no cio enquanto suas carnes balançam ao som da batida de minhas bolas.
Toco a campainha.
-Oi Fabiano, tudo bom ? Vai entrando...
-Tudo tranquilo.
Entrei e ela me levou ao seu quarto, onde estava o computador. Falou dos problemas que estava apresentando. O quarto estava bagunçado. Roupas atiradas na cama. Disse pra mim não reparar aquilo. Realmente não reparo. Falou pra mim ficar bem a vontade(ela não sabe o que esta dizendo), pois iria para o banho. Fiquei.
O concerto foi relativamente rápido. Porem não pude deixar de notar uma calcinha usada sobre a cama. Azulzinha e sujinha, com detalhes em renda e pequena, muito pequena.
Arrastado pela curiosidade e instintos animais, a peguei da cama. Coloquei direto no meu nariz. Um cheiro forte, acre, denso maravilhoso. Senti-me transportado ao céu. Abri a pequena peça, ela estava manchada. Um pouquinho de merda seca, e algo amarelado na parte frontal. Mijo ou gozo.
No quarto pequeno poodle, me olhava curioso. Apenas levantava as orelhas mas não fazia nada. Se fosse um pitbull? Coloquei a peça onde estava. A cliente surge enrolada em uma toalha de banho.
Porque ela fez isso? Disse que havia esquecido de mim, e se desculpa. Tudo bem. Pra mim é normal todos me esquecem, mais rápido que um jato de mijo.
Ela pega a roupa e vai para outro quarto vestir-se. Quando volta dá-se conta da calcinha suja e tenta recolhe-la com descrição. Mas meu olhar é fatal. Ela sorri sem graça. E pede desculpas. Digo:
-Tudo bem, acontece, fique a vontade.
-Quanto é?
Pensei em dizer: é sessenta e mais a essa calcinha suja aí. Mas fiquei só no sessenta mesmo. Hoje eu fiquei só no sessenta. Acho que eu deveria ter gozado naquela calcinha.
Luís Fabiano.

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