Pesquisar este blog

domingo, maio 31, 2009

Última voz

Quando cheguei perto dela
Sorriso fácil, simpatia natural, perfeição recolhida, longe e diáfana, de longe sempre
Tudo é tão belo.
De simples perguntas, portas que se abrem ou fecham, por vezes revelando
Feridas não cicatrizadas, ocultas, dores abertas a espera do carinho do tempo, amado tempo.
Falava baixo, ciciando, como a não acordar demais agonias passivas,
mas impossível, a tessitura, pele fina das emoções é assim,
sensível a qualquer toque.
Então não mais resistindo, abriu o peito sem pudores,
a espera não de respostas, mas que sua voz encontrasse aprisco no ouvir de um coração.
Eu não tenho coração eu o sei, nem tão pouco dor
ou mesmo demasiada alegria, o que tenho
É o fiel de balança, a eterna tentativa de equilibrar, fio de navalha, arame de equilibrista,
Rompendo o silencio ela diz:
Queria tanto, mas meu querer não é tudo,
Da abundancia de meu amor, amor sem ecos,
Pudesse fertilizar minhas entranhas, sim,
E do deserto que por vezes me sinto, tornar-me arvores frondosa,
Sombra e alimento.
Estranho, mas de meu útero seco e flácidos seios, a nascente de meus olhos, lagrimas quase sem fim, dizer que entendo?
Não.
Mas aceito.
Misto em mim, recalque e revolta surda, quando vejo barbáries de mães mercenárias, cretinas que desconhecem um querer vazio.
Chorava agora.
Choro de recém nascido, abracei-a como a querer pega-la no colo,queria enche-la de esperança, alguma esperança,curativo, consolo anestesia que fosse...
Beijei sua testa carinhosamente, olhei firmemente nos seus olhos, e disse: você já é mãe,
Você já é mãe.

Paz profunda.
Luis Fabiano.

No meio do mês conversei com uma senhora que teve todas as suas tentativas de ser mãe frustradas, fiz uma espécie de entrevista com ela, e como um algoz que me senti, fui insuflando ela falar, provocando sua dor por vezes sendo “realista ao extremo”,não havia maldade por vezes se precisa ser um pouco mal naturalmente para se ver ou perceber uma certa verdade.
Com este poema encerro os textos sobre o mês das mães,nem todas as mães merecem homenagens, mas algumas sim...

sexta-feira, maio 29, 2009

A historia de Vladimir( O Vlad, para os íntimos.)

Não pense em contos vampirescos pelo titulo acima, a idéia não é essa, mas tudo tem um inicio, e ontem eu compre a magnífica obra de Nelson Rodrigues – Elas Gostam de Apanhar, um verdadeiro achado, em primeira instancia as pessoas não entendem bem o titulo, e os afoitos de plantão já saem julgando com quatro pedras, a mim pobre leitor e a Nelson Rodrigues, e ambos somos inocentes, o titulo é chocante mas não fala o tempo todo de homens batendo em mulheres e coisas do gênero , é algo mais sutil que mero espancamento de mão fechada( isso se vê todo dia, que chega a ser banalizado),mas é um mergulho no sofrimento que mulheres e homens se expõe em função de suas obtusas emoções, quer chamemo-las de amor, paixão,ódio,amizade, a questão é que nenhuma de tais emoções é por assim dizer perfeita” e isso leva a naturais de problemas que podem ser contornados ou não, é claro, se valer a pena!
Mas parece que uma coisa termina por atrair a outra, aconteceu que encontrei um amigo hoje que não via a muito tempo, coisa de parceria de quartel, o Vlad(Vladimir), conversa vai e conversa vem, claro terminamos de falar de mulheres, e então historia surgiu, eu tinha tempo e instiguei-o a contar a bizarrice de seu passado,ele sorriu com cara de malicia e vomitou tranquilamente a sua bílis negra, como eu gosto de uma boa historia ali fiquei, disse Vlad:
-Bem nestes tempos ai me envolvi com uma mulher casada, eu não sou muito destas coisas, afinal sacanear alguém é foda, mas nos trabalhávamos no mesmo lugar,e você sabe quando mulher dá bola, vacila mesmo,qualquer homem sempre chega junto, afinal as vezes não passa de uma transa e deu passa rápido, por outro lado eu era casado também, e ai já viu o que começa errado, lógico é difícil de acertar, mas foi. Começamos a sair, tudo umas mil maravilhas, ela um mulherão, ela era muito alta (disse isso rindo...), mas paixão de inicio é sempre paixão de inicio, é o primeiro trago de uma bebida, é a perda da virgindade,o primeiro gozo,e a primeira vez de tudo é sempre diferente, assim começamos a ter um caso, o que antes era uma vez por semana virou três dias, depois cinco e por fim nos apaixonamos, lembro como se fosse hoje, creio que a pior merda que fiz na minha vida, mas azar, começamos a fazer planos de ficar juntos, casar, viver a vida para sempre e todas essas “besteiras” que acompanham relações de todas as pessoas. Ela se separou de um cara totalmente apático, sempre ausente em tudo, realmente tudo (isso explicava a traição dela...), e eu de uma mulher de era apaixonada por mim,mas maluca de ciúmes, assim procedemos.
Claro que no meio desse caminho teve disse me disse, as pessoas sabiam de nosso caso, imos pra longe, mas alguém sempre via, bem vida de amante não é fácil, você sabe NE?
Eu sorri e disse que sim, afinal para santo nunca servi, e Vlad segue:
- Casamos, quer dizer passamos a morar juntos e essas coisas, foi tudo com grande dificuldade, mas era o que queríamos, ao menos que pensávamos que queríamos, tínhamos grana, você sabe eu trabalho em uma multinacional e ela um arquiteta de renome, tudo tinha que dar certo, a gente sempre faz o possível para que tudo dee certo, eu fiz, mas eu sou de um temperamento difícil você sabe ( sim eu sabia, no quartel ele era um tipo violento, sempre envolvido em briga , teve diversas detenções por causa disso, gostava de boxe e fazia os outros de vitima, um sparre), então fomos morar juntos.
Os primeiro anos uma beleza, mas logo veio o enfado, com cinco anos de relação, comecei a sair com outras, e a beber mais, e creio que isso foi o aditivo para o fim, ela me enchia o saco com razão as vezes, mas com cinco anos, nem sexo com ela era interessante, acabei dando a idéia de - repente colocar outra mulher na jogada sexual, mas ai não rolou, por fim começaram as intermináveis brigas, todos os dias, um verdadeiro inferno em casa, bem ,tudo foi ficando pior, possivelmente por culpa minha também, e isso foi até um dia que discutimos um pouco mais forte, e ela me deu um tapa na cara, é claro deu tudo errado, perdi a cabeça e ai engrosse pesado com ela, bom ai já era tarde demais acabei machucando-a no braço e com aquilo foi o fim!
Perguntei a ele se arrependia da situação ?
-Não, de forma alguma, pelas coisas que ela me disse, pela maneira que tudo aconteceu, não teria volta,ela mereceu, eu a quebraria novamente!(disse com orgulho)
Na verdade eu não concordava com Vlad, mas considerando seu temperamento, e a situação, a passionalidade,e a violência verbal, realmente não haveria outro caminho.
Ele rindo, ainda lembrava, que imaginava que ela fosse prestar queixa, mas nada, a cumplicidade na violência existia, em outras palavras ela sabia que havia merecido, apenas nos separamos e tudo ficou assim.
Ele seguiu dizendo:
-Eu já estou com outra, realmente não sei se vai durar, mas estou com a ela a dois anos então isso deve ser um bom sinal, e tem mais, ela é muito brava, se eu marcar quem apanha sou eu.. gargalhou ao dizer isso.
Eu me sentia inebriado com aquela pérola de viver tão real, tanta paixão acumulada, um Marques de Sade inconsciente, em agonia com suas paixões vulcânicas, em uma gangorra de amor e ódio, medo e culpa, sacrifício e redenção, tudo em busca do prazer inatingível da alma, olhava para Vlad, e embora sua risada fosse sonora, havia algo que se exprimia dentro de si que não era assim tão feliz.
E eu com o Nelson Rodrigues na mão, Elas Gostam de Apanhar, ali estava justamente na vida real, egresso da paginas, pois essa idolatria da dor, é latente no humano, tentamos encontrar felicidade sem nesga, mas isso em termos relativos a nossa vida aqui é impossível.
Me despedi de Vlad, ele sorriu e se foi, e também me fui.

Paz profunda, aos que sabem interpretar.

Luis Fabiano.


Pérola do dia:


"Todo corno(a), merece o chife que ganha."


Fabiano.

quinta-feira, maio 28, 2009


Red Hill Mining Town - Na cidade da Colina Vermelha

U2 - Album Joshua Tree

De Pai para Filho
O sangue corre escasso
Nossos rostos gelados (ainda) contra o vento
A cicatriz é aberta
A mina de carvão quebrou
As linhas são longas
E não há nenhum retorno
Pelas mãos do aço
E um coração de pedra
Nosso dia de operário veio e passou
E você nos deixa esperando
Na Cidade da Colina Vermelha
Enquanto as luzes se apagam
Eu estou esperando
Você é tudo aquilo que estou esperando
Eu estou esperando
Você é tudo aquilo que estou esperando

O vidro está cortado
A garrafa seca
Nosso amor corre frio
Nas cavernas da noite
Nós fomos feridos pelo medo
Feridos em dúvida
Eu posso me perder
Eu estou esperando
Você é tudo aquilo que estou esperando

E nós queimamos a terra
Colocamos fogo no céu
Abaixe-se para alcançar o que está no alto
Um elo está perdido
A cadeia desfeita
Agora nós esperamos o dia todo
Pela chegada da noite
E ela vem
E ela vem
Como uma caçadora (criança)
Eu estou esperando
Você é tudo aquilo que estou esperando
Eu estou esperando
Você é tudo aquilo que estou esperando
Nós vemos o amor lentamente se revelar
Nosso amor, tem visto dias melhores
Eu estou esperando
Você é tudo aquilo que estou esperando
Eu estou esperando
Você é tudo aquilo que estou esperando
Veja as luzes se apagarem na
Cidade da Colina Vermelha
Veja as luzes se apagarem na Cidade da Colina Vermelha

É impossivel ouvir esta musica e ficar indiferente, U2 em tempos de musica de protesto,mas um forte apelo emocional, como a dizer que as batalhas só serão vãs se vãos forem os móveis de uma luta, de qualquer luta, e a árdua esperança rendida e sacrificada, e a luz que leva a todos de volta, a esperança da Cidade da Colina Vermelha, U2 é transcendente.

Com vocês U2:
Em dois Ap,
lembranças do 302

Dizem que as casas são ou deveriam ser um santuário, lugar de onde as pessoas saem e a eles retornam, ou deveriam, nestes tempos bicudos de violência galopante onde a dúvida de vida e morte é cada vez mais intensa bem, se antes nada sabíamos de nossas certezas, atualmente menos ainda. Estou derivando já de inicio desculpem-me, meus utópicos pensamentos dançando um flamenco no meu cérebro, mas voltando, existem casas e casas, lares e lares, quanto ao santuário, bem alguns são bem profanos, mas a intimidade da casa deve ser de alguma forma preservada, o que lá acontece, lá deve permanecer, como um confessionário?
Não precisa ser tanto, lembrei-me de um amigo ou ex-amigo (realmente ainda não sei...) que sempre me falava da vizinha do 302, ele tem razão, a vizinha do 302 dele é algo estupendo, para não me aprofundar na excitante descrição da mesma, ela é a típica mulher do imaginário masculino, isso diz tudo, ele sempre me falava com extremo carinho da mesma, sua mulher sorria inocente,talvez imaginando que aquilo não fosse verdade?Homens inteligentes falam a verdade na frente das mulheres,dando uma inflexão de brincadeira e entre risadas, mas elas não acreditam. Bem, elas jamais entenderiam isso, alias diga-se passagem. nenhuma mulher entende isso,falo dessa sutil diferença,deixemos para lá...
Mas a conversa avança, eu acabo nos dias atuais fazendo um link com a vizinha do 302ª do meu prédio é claro, realmente, se ele a conhecesse como eu a conheci, nossa, a vizinha dele deixaria de ter o brilho de “deusa”, uma mulher muito linda, movida por fútil interesse de casos extemporâneos feitos de total desimportancia e consumismo carnal barato(isso não quer dizer que paguei...), aliás terreno ideal para conhecer as pessoas, se passar disso (falo por mim, e absolutamente de mim em particular...)creio que existe uma fatalidade inexorável ao desastre, prazer, Fabiano de Nostradamus!
A vizinha do 302ª é um sonho.
Mas toda historia que se preza tem seu revés, a vizinha do 302ª é maravilhosa, indescritível para o papel, personagem de texto completo, com todos os achaques de uma personagem pornográfica e gostosa, mas ela não é nada disso, é a típica mulher “moderna”, mas é preciso contar o outro lado, literalmente de prédio, sim, agora estou falando da vizinha do 302b,bem, por estes dias acabei por entender melhor a obra, a Bela e Fera, tudo fez sentido e ficou límpido feito água cristalina.A referida vizinha, é a antítese da outra, coisas da cabala Divina, se a vizinha do 302ª inspirava ardentes paixões e desejos irrefreáveis, a do 302b dava-nos vontade de fazer um arakiri,e aqui não estou falando tão somente de beleza física, que é um valor extremamente relativo, falo de elegância,de postura de sensualidade muda, de cheiros, sim falo quase do indizível.
Tudo poderia ficar assim em mera abordagem a distancia, mas confesso que meu desejo pelo bizarro me leva a coisas estranhas as vezes, querer beijar aquela de dentes em desalinho e sujos, sentir o cheiro acre de suas partes baixas, prazer e autopunição?
Que nada, pura diversão, se tem uma coisa que aprendi com minha experiência sexual,é que as feias trepam melhor(muito melhor), a belas ficam em um mundo todo solitário da insegurança, da beleza, elas e a beleza que a consome,lésbicas de si mesmas diria Nelson Rodrigues, mas as feias tem somente o corpo(não estou falando de qualidades da alma...este é outro assunto delicado, pois meu desejo não é ver a alma de ninguém...estou dizendo as pessoas que conheço, por favor, vistam uma máscara para falar comigo...),sim então naturalmente as feias se esforçam bem mais,compensação da natureza? Talvez, a verdade que a gordinha do 302b com seus aproximados 130 quilos me chamou a atenção, imaginei ela arfando em gemidos de prazer, e eu ali, me movimentando em sua gelatinosa barriga a procura do ponto G ou outro ponto qualquer do alfabeto!
Sonhei com aquela boca fétida, gritando palavrões e outras obscenidades, quando próxima de um gozo intenso repleto das maiores misérias humanas, e então, a suavidade quase celestial da elegante do 302ª, tão limpa, tão seca, um sexo feito de suavidade quase de poesia e angelitude, já pensaram , um cortejo de anjos fazendo sexo em uma orgia sem fim...
Para alguém de paladar tão extenso como o meu, cada uma tem sua beleza em especial, é estranho, mas por vezes temos sede de beleza e doutras precisamos do circo dos horrores, os motivos variam ao infinito, mas a verdade é, quando o homem tem sede e fome, por vezes bebe das águas pútridas e se alimenta de dejetos, não há nada demais nisso.


Paz e serenidade
Luis Fabiano.

Pérola do Dia:

"Quanto á "opção", não sei se ela existe. A meu ver,nunca optamos tão pouco. Somos pré-fabricados. É difícil para o homem moderno ousar um movimento próprio. Nossa vida é a soma de idéias feitas, de frases feitas,de sentimentos feitos, de atos feitos, de ódios feitos, de angústia feia."

Nelson Rodrigues - O Reacionário




quarta-feira, maio 27, 2009


As pessoas em minha vida estão divididas em dois grupos curiosos: raras flores e inúmeras plantas carnívoras, qual delas você é ?”

Fabiano.

terça-feira, maio 26, 2009

A voz e o silêncio

Sempre gostei de um dia, era uma vez, contos da carochinha mas historias, boas ou ruins mas historias,elas sempre dão a dimensão do entendimento alheio.
Uma vez nestes dias de tempo sem tempo, a voz e o silencio esbarraram um no outro, a e voz foi logo pedindo desculpas pois, vinha apressada, corria para todos os lados afim de chegar, a voz contou os últimos acontecimentos de sua vida, de tantos problemas que lhe atormentavam a vida, a voz sentia-se a vontade, como se tivesse em um divã,em dado momento a voz nada mais tinha a dizer, então deu-se conta de si mesma e o silencio não havia dito absoltamente nada!
Estranhamente a voz sentiu-se ofendida, como podia, ela estava ali atuando e explicando coisas de toda a sua vida, seus problemas, seus afazeres, e o silencio nada, eram apenas dois olhos com um brilho diamantino na quietude. Aquela voz então, agora vociferava impropérios, na ânsia de ferir o silencio, puni-lo por sua indiferença e egoísmo, então a voz disse todas as ofensas que lembrou-se, gastando uma energia imensa nesse ato ficando exaurida e claro rouca.
Hora feliz e surpresa, depois ofendida e por fim cansada e rouca a voz, não sabia o que mais dizer, agora caíra em si e com isso um arrependimento vinha assaltá-la, como a dizer em linguagem inexpressa o que em meio a sua logorréia desmesurada, perdera-se , e aqueles olhos?Aqueles olhos...
Então agora a voz ainda articulou pedidos de desculpas, dizeres de lamento, numa tentativa de fazer parar a dor de sua consciência, agora falava baixo e tranqüilo com humildade, a rouquidão ficou mais intensa a tal pondo que a voz foi desaparecendo e tudo foi ficando apenas silencio, no silencio tudo ficou imenso e preenchido.
Agora a voz feita de silêncio, pode ver que seus olhos estavam brilhando, mas nada mais havia a ser dito, abraçada pelo silencio a voz se fez,

A Voz do Silêncio.

Paz sempre.
Luis Fabiano.

segunda-feira, maio 25, 2009

Tesouro invisível

Quando em pleno vôo, a caminho das estrelas
Percebemos que em nós algo falta,
algo sem nome,
sem forma
Sem sentindo agora...falta que oprime e angustia...
Bater asas, o mais forte possível,e
viver a beleza que nossa razão aspira a longos haustos,
Valor misterioso e velado de tudo que nos cerca,
que passa perto de nós, então em voz muda,
olhos sem brilho, engolido na indiferença de nosso afoito viver.
Perdemos então, e nos perdemos mais,
sombra entre sombras em nós...
Então como animalzinho olvidado em floresta hostil,
tudo fica tão diferente, em meio as indiferenças de nosso viver
E onde antes sonhos de estrelas, converte-se em esperança fugidia
A se encontrar, num bailar de luz e sombra,
valor perdido e renascimento.
O que se perde, renasce...
acorda em nós a essência verdadeira de nosso viver,
como um abraço perdido...
Tudo ganha novo entendimento, reveste-se nova beleza,
e talvez aos nossos olhos ganha novo viver,
da pedra bruta e indiferente,
diamante nu,
do rosto feito de fria indiferença,
doce encantador sorriso que cativa,
de tudo que então que não tinha sentido algum,
rio que corre para os braços mar, doce e amado mar.
Então não mais perdido...agora...
Tudo é novo, novamente, flores a espera do beijo da primavera,
E nossas mãos que ganham o éter vago a procura...e o encontro.
E como se nunca tivéssemos encontrado, virgindade da intenção,
Meu querer quer apenas teu querer,
Me abraça agora então...
Eu estou aqui novamente, eu estou aqui novamente.

Paz profunda a todos.
Luis Fabiano.

Sem Mentira
Fábio Góes

Eu já fingi ser muito melhor
Eu já aprendi ser pior
Mas sem mentira
Eu já fingi muito melhor
Eu já aprendi ser pior

Mas sem mentira
Só de viver no seu mar
De merecer seu olhar
Seu beijo todo dia
E as noites cada vez mais limpas

Quando eu me vi no seu cais.

Cantor paulista de voz rouca e uma poesia derivada do Radiohead, melancolico e sereno, musica para quem gosta de sentir, realmente não foi atoa que ele fez a trilha do segundo episódio de Alice, marcadamente triste e com um imenso sabor do que se perde, e se acha, uma espécie de renascimento, porque o reencontrado sempre tem novo sabor, uma nova visão.
Paz profunda a todos.

Com vocês Fabio Góes-Cd - O Sol Escuro

sábado, maio 23, 2009



Segredos de Família
Não sei se por inspiração de Nelson Rodrigues que tenho lido ultimamente,mas suas obras são monumentos da hipocrisia humana, um tiro de sal na nossa estupidez diária, estupidez feita de medos, preconceitos e outras coisas indescritíveis...mas todas verdadeiras, e com todos os achaques que a verdade aceita, que é aquele “horror” que as pessoas encenam performaticamente, com palavras tão repletas de nove horas, mas o que é realmente intragável, fica em silencio tumular, mortos ou pseudamente mortos!!
Assim é melhor.
Nós sabemos que segredos existem de todo tipo e forma, se por um lado isso é bom, que assim seja pois, ajuda a manter uma certa aparência de distinção que as pessoas tem o vício de carregar, talvez por vaidade, orgulho e claro natural discrição, o contraponto desta idéia é aquilo que por vezes vaza em nossa vida, e por ser algo vazado “natural”, expõe as chagas de uma família inteira por vezes, coisas que gostaríamos de ocultar eternamente, é realmente, Nelson tem razão quando diz que toda família respeitável, tem em seu bojo uma certa hipocrisia: um pai bêbado, uma filha lésbica, um tio veado, uma tia adultera, uma vó cleptomaníaca, um respeitável pai de família com amante, uma mãe viciada em drogas, um filho ladrão, um primo que adora a cheirar as calcinhas sujas do banheiro dos outros, primas assanhadas atiradas que se “expõe” aos primos excitados, e os abortos de família?
Que mãe e pai ajudam com a grana a matar o futuro rebento, e os desvios de grana ? Desvios de toda sorte, desvios de conduta ?
Que fique claro, não estou atirando pedras, longe de mim, pois afinal tenho em vida meu pecados imensos, e quem não tiver que atire a primeira pedra? A idéia não é essa, é expor que na verdade pelo simples fato de sermos humanos demais, toda a aparência é uma mentira, pois em algum momento, absolutamente natural pisaremos na bola e faremos merda,mas nem por isso nos tornamos pessoas piores ou melhores, de alguma forma pagamos a nossa consciência , a vida ou alguém, toda a situação desagradável, é sempre as nossas custas, bem alguém deve pagar por algo, sempre!
Mas tais segredos são singulares, conheço varias famílias, feliz ou infelizmente, e dei-me conta que a intimidade é algo deplorável, de fato, em verdade conhecer as pessoas intimamente é um passo profundo para a decepção(ao menos para quem cria alguma expectativa), pois o outro como você, tem lá seus defeitos e alguns são insuportáveis, mas tudo isso passa como uma beleza superficial, se não conhecer as pessoas mais intimamente! Realmente é desagradável, e aqui cito a mim mesmo, intimamente não sou uma boa pessoa para se conhecer, o melhor é ficar nas brandas aparências, nos sorrisos fáceis,nas gentis cortesias dos distanciamento polido, que nos dá um ar respeitador e quase um aspecto de perfeição ideal.
Tenho feito assim, sempre que vou conhecer alguém, peço a pessoa que vista uma máscara elegante que a torne uma “irrealidade”, pois a realidade é enfadonha e previsível demais, áspera e seca, como uma vagina na terceira idade( ao menos as que não tomam reposição de hormônios ...), quem suporta doses cavalares de realidade dia após dia e ainda manter, harmonia, respeito, tesão e amor ?
É claro que não, a realidade não é isso mesmo, mas mantemos a aparência, porque se não se instauraria o caos social, segredinhos,mas não contem a ninguém...eu considero um herói um homem ou mulher que transam com o mesmo tesão depois de vinte anos de relação, é o mesmo tesão do inicio ?Por favor...talvez os mais afoitos venham com a justificativa da poesia do amor, bem ai talvez, se for um amor sem condições, sem imposições, sem...bem talvez, mas também sei que isso representa uma parte muito pequena da realidade, pequena mesmo! Agulhas em um palheiro humano!
Posso dizer com toda a certeza, para todos os homens casados que perguntei, TODOS, e foram dez, com tempos diversos de relação mas não baixava de 5 anos, todos foram unanimes em dizer que trairiam se tivessem a certeza absoluta que não seriam descobertos, alguns até confessaram que trairam, com 17 anos de casamento ? Bom...mas é claro isso é segredo, as esposas deles nunca e jamais irão ficar sabendo, como disse a aparência é o melhor negocio, é mais digamos, belo de se ver, a realidade é cruel demais, mas deixe eu falar de uma exceção total as regras, um amigo meu casado a vinte anos, me contou que foi atender uma advogada em sua casa,para ver problemas elétricos em sua casa, e do nada a dita advogada apareceu completamente nua, e segundo ele com os seios mais lindos que ele já viu na vida, naturais e rijos, ela esfregou o seio nu próximo de sua boca...e adivinhem...é isso, ele resistiu., se afastou dela e disse a muito custo que era casado...tremulo
Eu disse para ele:
-Cara, tu virou estatística...
Ele admitiu depois que na verdade ficou com medo daquela erótica aparição, mas que a advogada era absolutamente linda, corpo esculpido na ginástica. Mas a historia teve um desdobre interessante, ele realmente virou estatística.Ao chegar em casa a esposa pergunta por onde ele esteve, e o que esteve fazendo? Ele fala que esteve atendendo uma senhora assim ,assim, que se insinuou para ele( não contou que ela estava sem roupa para não chocar a mulher, afinal qual mulher iria acreditar numa historia dessas?...), a tal advogada telefonou para casa dele dizendo que deixou um perdeu um brinco e perguntou para esposa dele se não havia caído na camisa dele ou dentro da calça..etc.. ?Mas como ele falou a “verdade”, não deu nada...mas uma coisa é a verdade para esposa a outra é a verdade para com os amigos...bem segredo, não conte a ninguém.
Os segredos são a base da família, mantenha-os e tudo ficará sempre bem.

Uma gozada.

Fabiano.

"Quando vier a primavera, se eu já estiver morta, as flores florirão da mesma maneira e as árvores não serão menos verdes que na primavera passada. A realidade não precisa de mim. Sinto uma alegria enorme ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma... Gosto que tudo seja real e que tudo seja verdadeiro; e gosto porque assim seria mesmo se eu não gostasse...
O que for, quando for, é que será o que é."


Uma Borboleta.

sexta-feira, maio 22, 2009




Pérola do dia:

" Uma mulher não tem o poder de transformar um homem. Nunca. Uma mulher não faz um homem, jamais. Se algum dia um homem ficar melhor, foi porque ele quis. Você nunca mudará nada em ninguém."


Vanessa de Oliveira - 100 Segredos De Uma Garota de Programa.








quinta-feira, maio 21, 2009



Então Quando...

É, então quando?
Em mim vozes se calam, deixando o murmúrio dos rios e a caricia dos ventos
Quando tempestades se abrandam, e não mais assuntam minha alma, abrindo espaços
Infinitos na finitude de meu coração apequenado...
Quando, aqueles que ouvem,compreenderão a diferença de um rugido, e da voz anjo que como uma mão que afaga quando tudo sopra dores em nosso tumultuoso navegar...
Ainda ontem pensava, nos resvalos da trajetória, e vi descortinarem-se certezas, e minha
Ânsia aspira a beleza,e talvez sejam sonhos de algo bom que carrego em mim, como ventre em flor, magia da natureza, tocando o que ainda é inocente em nós...
Então quando...
Não sei dizer, pois o que fala em mim, não cala em ti, e mesmo que falemos um com o outro... é nos silêncios, que nos entendemos, no quando, o tudo cede, deixando em nós a indescritível sensação, viajante em nau a deriva...quando em vez...um olhar de esperança...
Quando...
Os portais de nossa alma se abrirem, e no segredo que em fragmentos entendemos, conseguirmos descortinar os mistérios do universo, pedaços de razão, adocicadas emoções, carinho ao éter.
Não é pergunta, nem tão pouco resposta é um simples observar e neste ver, todas as respostas se encontram, mesmo quando...

Paz e luz em teu caminho.
Fabiano.

Pérola do dia:


“ Quando fui perguntado o que achava sobre a educação sexual , respondi enfaticamente para não deixar nenhuma duvida:
-Quem deveria ministrar educação sexual, são os veterinários, a porcos, galinhas, cabras, cães, vacas...
O ser humano deve ser educado para amar, o homem se tornou um completo animal quando separou o sexo do amor.”
Nelson Rodrigues - O Reacionário

quarta-feira, maio 20, 2009



Pérola do dia:


"Eu comeria a Susan Boyle..."

Fabiano.


terça-feira, maio 19, 2009



Dança das epidemias

Tem coisas que é preciso saber disfarçar,e outras é preciso escancarar mesmo porque a credibilidade sempre é tosca e limitada na mentalidade do “povo”,é que falta a habilidade de pensar em relação ao que é veiculado nos órgãos de impressa(não tenho nada contra a impressa, é um mal necessário...), diga-se de passagem que muito do que é dito,escrito, falado é mentira lisa, muitas vezes notícia requentada como se diz nas rodas de redação!
Quem me disso isso foi um ex-jornalista que dizia que a pouquíssimo tempo as coisas eram exatamente assim, bem não mudou nada apenas ficaram mais tecnológicos e a rapidez que a noticia chega é estupenda, de resto as noticias de um jornal de trinta anos atrás, ainda são as mesmas noticias de um jornal de hoje, então eu penso, ler para que ?
Violências, escândalos, pilantragem política, corrupção,”destaques “ positivos ou não, mudam os personagens (e alguns nomes não mudam, são os mesmo e serão os mesmo sempre...)mas a bem da verdade tudo é absolutamente igual, idêntico sem alterações. Mas é preciso que tais órgãos de impressa façam dinheiro, e esse é o ponto, é em cima do vil metal que o mundo gira e consequentemente temos a catástrofe é o carro chefe, porque bondade, felicidade, paz harmonia, tranqüilidade, serenidade, quietude e outras qualidades latentes do ser humano, não vendem nada, não dão dinheiro, então precisamos e vivenciamos este tropismo da tragédia coletiva a caminho da insanidade!
Donos de jornais e emissoras tem uma linha de trabalho, e esta sempre é “política”notem a linha de conduta é política, e não uma Linha voltada para a verdade, tanto é que se vocês olharem cinco emissoras dando a mesma noticia, notaram graves diferenças na informação, esse é o toque político da coisa! A verdade fica relevada a segundo plano ou mesmo descartada...
Mas tudo isso é para dizer que temos uma nova epidemia no ar do mundo, uma epidemia que não existe, menos grave que doenças respiratórias, menos importante que outras tantas desgraças que ocorrem cotidianamente no mundo, e que fazem mais vitimas que a tal da gripe suína. Pois bem, mas a patologia do momento é a gripe suína, que não passa de uma gripe mais forte, no entanto os órgãos de impressa, criaram a epidemia mais forte dos últimos tempos, então um certo caos começou, pessoas que nem estavam próximas a áreas de risco, comprando mascaras, se auto-medicando,morrendo de medo de apertar a mão dos amigos que chegaram de viagem, e outras tantas besteiras, fantasmas criados para vender jornal.
Mas não se preocupem, isto é apenas mais uma moda, exatamente como funciona a moda das passarelas, tivemos tantas, a vaca louca, a gripe aviária e agora gripe suína, mas não se preocupem, isto é uma moda feita para criar o terror, e com isso encher os bolsos dos espertos a custa do credito de otários que não pensam, sim o povo é otário(estou incluso...), estes tais modismos criam a natureza de tudo que nos cerca, não me refiro apenas a noticias, mas a maneira como as interpretamos, como exemplo é possível citar a crise que se abateu no mundo inteiro,e penso, como o ser humano é volátil em termos de intenção, se mil pessoas dizem que há uma crise, esta não existe, no entanto se um bilhão de pessoas dizem que há uma crise esta se instaura no mundo todo, mesmo que não exista.
Este é o ponto, não falando de negação da realidade porque isso nos dias atuais é praticamente impossível, falo de alteração da mesma,e neste aspecto a impressa não ajuda em nada, porque divulgam os escândalos ?
Besteira, não vou citar muitos exemplos da inutilidade: vamos começar pela lei Maria da Penha, tanto alarde,tanta firula mas a realidade é, a biofarmaceutica talvez receberá uma indenização mais ou menos 60 mil reais,por danos matérias e morais(ela esta atualmente paraplégica), seu marido já esta solto mesmo depois de duas tentativas de assassinato(um tiro e choque elétrico...), Maria esta pobre, vivendo com uma pensão miserável do governo...preciso dizer mais?Essa é a realidade. Bom o outro caso de cegueira coletiva e esquecimento total do povo, é nosso amigo Fernando Collor que, mesmo depois de ser enxotado da presidência da republica, ai esta ele novamente no cenário político e trabalhando e feliz e claro vitorioso, eu o respeito por isso, ele venceu o sistema!!!
A conexão de tudo isso é justamente a desimportancia das noticias, elas não são novidade, elas lembram o lixo que é a maioria dos seres humanos, evidenciada nas noticias destaques de cada dia, tornando tudo que ocorre tão banal, porque é cotidiano, doença banal, crime banal, violência banal, valores humanos banais, tudo fica mesmo recipiente.
Assim tudo ficara exatamente como esta, e daqui a trinta anos ainda estaremos lendo as mesmas noticias...
Cuidado com o espirro do porquinho aí...cuche cuche!!

Fabiano.


Pérola do Dia:


“O doutor, a vida é um carrossel o senhor sabe, e um cavalinho só é pouco.”
Majestade - Carandiru

segunda-feira, maio 18, 2009

O Ridículo Original

É inescapável mas todos temos em nós este “estigma” que pode ser genético,adquirido, por ignorância ou por auto-imposição de ordem diversa,mas naturalmente advêm de um profundo inconformismo e inconformismo nem sempre é uma coisa positiva, variáveis de contexto a parte, eventualmente caímos neste ridículo original de intensidades diferentes ou seja, uns são mais performáticos e burlescos, e outros mais contidos, discretos manifestando-se em escala inferior, quase imperceptíveis as vezes, ficando apenas nas consciências lugar oculto e não investigável.
Assim temos em caso extremos algumas manifestações que são superlativos de uma realidade, possível e diminuta: a bailarina obesa que sonha dar aqueles passinhos suaves de ave alada, e por desastre de na sua insistência, termina por derrubar o bailarino principal, em um vôo para ser pega por ele; em sua mente, ela tem certeza absoluta que é uma bailarina leve como uma pluma; temos o anão que é jogador de basquete,( não estou falando de mini basquete para anões...) ele sonha ser um Magic Johnson, muito embora não consiga arremessar a bola na sexta profissional, ele tem uma profunda identificação com o basquete profissional, e seu sonho é ser da liga profissional, sonho é sonho; a mulher esteticamente horrível, que deseja ser top model, ela tem certeza absoluta que é linda(aqui conceito de beleza que tomaremos, é o padrão atualmente adotado pela ditadura da estética que exclui 90% das mulheres...), ela tem certeza que será descoberta por alguma destas revistas de moda, e figurara na capa das mesmas, muito embora a realidade seja em verdade um pesadelo pessoal, ao olhar-se no espelho, nesta gama de manifestações temos umas subdivisões que se segue, a trivial de muitas mulheres e homens, que se sentem absolutamente “lindos”, bem a realidade é dura demais e a mente humana é ludibria a sí mesma; mas nossa lista segue avante, e temos o gago que queria ser locutor de radio, com a certeza absoluta que tem a entonação perfeita, com apenas um pequeno detalhe que não ira transparecer em sua locução extraordinária; o mal humorado de plantão, quem não conhece um? Sim ele esta sempre com um humor irascível, nunca em momento algum, consegue ver e perceber um aspecto tranqüilo da vida, torna-se um ridículo pois vê até nas manifestações mais belas do ser humano, um algo venenoso, a fera prestes atacar; temos a classe dos desajeitados de plantão, são aquelas pessoas que em tudo que fazem são plenamente desajeitados, acidentados, aquela pessoa que você sabe se tocar em determinada coisa, vai dar em desastre (e aqui eu assumo o meu ridículo original, em atividades domesticas,não fui feito para isso, e Freud explique isso...)mas não intencional, é um desastre natural, as pessoas chamam de desatenção eu chamo de catástrofe natural; mas claro que o patético humano tem outras facetas, o exagerado emocional de toda sorte, ridículos; os ciumentos de plantão, aqueles que tem ciúmes da mãe,da amiga( bem dependendo da amiga, as vezes vale a pena investir,as amigas são sempre boas amantes...), dos animais, dos objetos. o ciúmes patológico que não deixa de ser absolutamente ridículo; mas temos a antítese, aquela pessoa absolutamente “gentil”, tão gentil que chega a ser chato, pois tudo é tão educadinho, o mundo esta “acabando”, e a pessoa fica com aquele aspecto de paisagem de sol poente, quando se precisa em verdade de ação imediata, é aquele sofrendo um ataque cardíaco e a pessoa fica perguntando, se ta tudo bem, ta tudo bem ?
E coisas da intimidade sexual?
Tem coisas que acontecem e são ridículas intimamente, mas talvez ai possamos atribuir aos alcoólicos ou um tentativa de ser mais “sexual”, sensual possível, é o homem que tira a roupa e fica olhando-se no espelho , admirando a si mesmo enquanto a mulher nua aguarda aquela apreciação, a mulher” striper” amadora em casa, que se enreda ao tirar a calcinha e cai no chão transformando a noite de amor, a uma ida ao hospital, o cara que se acha o maximo na cama, e na hora H, da aquela broxada homérica; a mulher diz que é “super liberal” e na hora H, tudo não passa de um papai e mamãe, totalmente sem graça; diga-se de passagem que alguém “banca” que é o cara, que faz e acontece,o fato que não será assim de forma alguma, quando algo precisa propaganda demasiada...é isso...
Não existe maldade em minha colocações, é o aspecto divertido da realidade existencial, é o que se faz em diminuto, que em um momento ou outro caímos em nosso ridículo original, e diga-se de passagem, todos caímos neste ridículo original ainda que seja uma vez em uma vida inteira...Uma vez em uma vida inteira...

Paz e sobriedade

Fabiano.

sexta-feira, maio 15, 2009


Pérola do dia:


“Quando duas mentiras se encontram, a verdade é apenas um acessório.”

Fabiano.

quinta-feira, maio 14, 2009


Pérola do Dia:


"Naquele momento,descobri que não se deve adiar uma palavra,um sorriso, um olhar, uma carícia.E como me doía não ter dito a ele tudo, não ter feito confições extremas.Eu percebia,ali, que nós olhamos tão pouco as pessoas amadas.Quantas palavras calei com pudor de ser meigo,vergonha de parecer piegas? Agora mesmo eu não chorava como queria."


Nelson Rodrigues.

quarta-feira, maio 13, 2009

Délivrance, ou parir mesmo...

Bem sei que existem assuntos que homens não devem dar opinião, talvez por lhe faltar os órgãos sensórios e anexos para isso, mas quando cavuco minha memória infalivelmente, lembro-me de situações que tive a boa oportunidade de vivenciar, de ouvir e mesmo presenciar.Talvez minha inspiração advenha por ser o mês das mamães, eu termino por lembrar-me de boas mães e mães ordinárias,a vida é assim mesmo, gostamos de pensar ou imaginar que as mulheres grávidas, que todas as mulheres acham a maternidade “o ponto alto de sua vida”, bem o quadro não é tão poético assim, considerando-se as situações diversas que a mãe passa, desde a mudança psicológica, carência, sensibilidade, mudanças físicas, incômodos diversos de sono, comida etc...e no meio deste caminho ainda a jornada tripla de trabalho? Poesia, bem fica muito belo aos poetas disse-me uma grávida estes dias...
Mas no final todos choram e todos se emocionam e tudo vira alegria ao berrar do rebento, se bem que agora o ritual do nascimento tem quase uma coreografia repleta de desnecessidades, visando o “conforto” da mulher, que pode ganhar seu filho anestesiada , lendo uma revista de sua preferência, sem dor alguma, ela quase não se dá conta, que a criança nasceu, não precisa fazer nada, não participa de nada, dá a luz como uma francesa indo ao shopping, usando a ultima moda! Modernidades que na Europa começam a ser questionadas, mas não irei entrar por esse caminho, afinal eu não “pari” nenhum filho.
Na época eu trabalhava no hospital (diga-se de passagem que tive uma gama de empregos, o que me permitiu ver varias facetas das pessoas, eu agradeço a isso...), eu era um simples digitador, totalmente desimportante, mas adorador de enfermeiras , (fantasia de todo homem de bem...), o que era muito agradável, pois onde eu ficava podia observá-las indo e vindo em seus uniformes alvos, era muito bom, ao menos naqueles dias difíceis de meu viver.
Tudo ia como sempre, meu cotidiano era enfadonho, mas é o que se espera da vida, que ela seja enfadonha e com alguns raros momentos de alteração, se bem lembro minha vida era extremamente enfadonha, uma mesmice, mas tudo é quebrado por momentos, e aquele dia eu fui trabalhar como sempre, cheguei em meu trabalho, tomei o típico chimarrão com os colegas, falamos algumas asneiras e em fim fomos a faina, era isso e nada porem...uns pequenos gemidos começaram no ar , eu sentado em frente ao computador, imaginando que talvez fosse alguma criança que passava mal, o escritório ficava bem abaixo da pediatria, então eventualmente um choro ou outro era natural e esperado.
Os gemidos foram ganhando ares mais intensos, e percebi que tratava-se de uma mulher adulta, bem pensei comigo, “alguém deve estar, chulapando a mocréia “, disse isso de mim para comigo mesmo, até que começaram a surgir os colegas de trabalho que também curiosos pensavam:
- Nossa, ela ta gemendo muito, isso deve estar ótimo...que transa maravilhosa...e risinhos...
Todos nos entreolhamos com aquele olhar que é um misto de desejo, reprovação e admiração, coisa complexa de dizer, mas sempre que as pessoas vêem, ou escutam alguém transando pensam algo assim, é natural os moralistas reprovam, os libertinos adoram e os indecisos sorriem amarelo em cima do muro! Mas a verdade que todos pensamos em sacanagem, é claro, e aquela dama agora não mais gemia alto, ela berrava, gritava, urrava em um frenesi maravilhoso a mentes férteis, confessei que nunca nenhuma mulher gemera tanto comigo ( homens gostam que mulheres berrem, faz eles se sentirem uns “puro sangue”, mas elas não são muito adeptas a isso, mesmo em tempos “modernos”, as mulheres são muito travadas sexualmente...), por fim não resistirmos e fomos até o andar onde acontecia o espetáculo, lá nos deparamos com algumas pessoas na porta da sala de partos, todas pensando a mesma coisa.
Por fim, sai um auxiliar de enfermagem lá de dentro, com um breve sorriso na face, dizendo para nós:
-Se ela grita assim ganhando filho, imagina fazendo...
Todos rimos, sim aqueles gritos excitantes, sexuais, apelativos eram de uma parturiente, em trabalho de parto, bem, com tal noticia muitos ficaram aborrecidos, pois esperavam ver uma cena digna de Rocco,o ator pornô que garante que comeu mais de mil e quinhentas mulheres, um recorde admirável, todos riram, mas porem eu comigo mesmo pensei em minha mente libertina, a Pregnofilia( desejos sexuais por mulheres grávidas)despertou em mim, claro os gemidos de dor daquela mulher aliados ao prazer, tornavam o momento realmente belo, entre os berros dela a inspiração de gemidos de prazer e vice-versa,adorei a idéia!
O auxiliar disse que o medico já estava olhando para ela com cara de tesão, pois afinal aqueles gritos que deveriam ser de dor eram a manifestação de um gozo pleno, uma gozada daquelas raras mesmo...embora claro, fosse algo muito cenográfico!
Depois disso tudo, não tinha muito a dizer, ela ganhou a criança em um gozo sem fim, e creio eu todos foram felizes para sempre ?

Realmente não sei, mas essa é outra historia...

Paz a todos.
Fabiano.

Minha pérola:

“O ser humano é o único ser que a um tempo é um completo idiota, e a outro tempo é capaz de sublimidades sem fim.Comprovo sempre isto, com todas as pessoas quem convivo.”

Fabiano.

terça-feira, maio 12, 2009



Now we are free (tradução)
Enya



Agora Nós Estamos Livres



Liberdade Poderosa
Libertadora da alma
seja livre
Ande comigo
Através dos campos dourados
Tão adoráveis


Adoráveis
Nós lamentamos nossos pecados
Mas nós tecemos nosso próprio destino
E sob o meu rosto
Eu permaneço frágil
Sob meu rosto
eu sorrio
Mesmo sozinho/ amedrontado
Sob Meu rosto eu estarei
Esperando


Corra comigo agora soldado de Roma
Corra e brinque nos campos com os pôneis
Corra comigo agora soldado de Roma
Corra e brinque nos campos com os pôneis
Corra comigo agora soldado de Roma
Corra e brinque nos campos com os pôneis
Corra comigo agora soldado de Roma
Corra e brinque nos campos com os pôneis

Liberdade Poderosa

Libertadora da alma
Descanse agora
E imagine
descansando em paz no final
É adorável esse lugar
É adorável, ninguém pode acreditar ou entender
Como vim de tão longe somente pela família
Minha família
eu deveria estar lá com eles quando o mundo desabou
Mas agora eles descansam comigo
Eu nunca esquecerei
Como senti aquele momento
Eu me libertarei


A trilha sonora de Gladiador é fantástica, e essa musica em especial é belíssima, pois é profundamente evocativa,faz pensar em algum momento, um descanso que advêm a nós, um descanso digno de um guerreiro fatigado, sim a recompensa daqueles que se lançam as batalhas existenciais(que fique claro que não estou falando de morte...), falo de um sentimento nobre que enriquece a existência pelo simples fato sentir e saber que fez de alguma forma o melhor.
Como um estar quite com a vida ,e um agradecimento Divino.
Existem belezas que são transcendentes, mas nem sempre são percebidas ou entendidas.

Paz profunda a todos.
Luis Fabiano.


Enya:

http://www.youtube.com/watch?v=Owg-NaUoHHo

segunda-feira, maio 11, 2009


Caso de uma mãe, mãe de um caso...

Repita uma mentira uma vez, e ela não terá efeito algum na vida ordinária das pessoas, será apenas mais uma mentira bem ou mal contata, mas no entanto, repita-a um milhão de vezes e ela se tornará uma verdade, por se tornar algo vulgar, ordinário,aceitável, comum mesmo ainda que vá contra a “comportamentos socialmente aceitáveis”. Em nome destas diversas verdades, muitas coisas foram aceitas sem que o “cardume” questionasse o porque, apenas por que “cria-se“ a justificativa e quase tudo, para não dizer tudo torna-se licito.
Neste aspecto então percebemos que não podemos julgar a nada ou quem quer que seja porque sempre nos falta a percepção integral do que se passa na mente,emoção,alma e fatores ambientais que em algumas vezes nos levam a fazer algo, todos olham o resultado final e nada mais: e sabem porque olhamos apenas o resultado final? Porque é fácil, e tudo se limita a isso.
Joana era uma mulher especial, dessas pessoas que dizemos vulgarmente que são boas pessoas, pois havia em si aquela sinceridade despretensiosa de querer o bem alheio, sentimentos belos raros é verdade, fora a isso era de uma beleza natural simples mas suas virtudes corporais eram equilibradas, uma bela morena de longos cabelos negros ligeiramente encaracolados e olhos esmeraldinos, Joana era uma bela paisagem de ficar observando, perder-se em seus olhos era só um inicio. Joana conheceu Getulio e como este estava separado da sua mulher, acabaram tento uma relação que era sem pretensão alguma no inicio, mas com a convivência acabaram aproximando demasiadamente e com isso a fatal convivência porem, Getulio tinha dois filhos um menino e uma menina, a menina com dezesseis anos e o rapaz com seus dezoito anos recém feitos, surpresas do destino a parte até aqui nada demais, Joana tinha naquele momentos seus trinta e dois anos enquanto Sr.Getulio já estava com seus quarenta e oito anos, para os padrões atuais ambos eram jovens.
Tudo corria bem, Joana estava agora sempre na casa de Getulio e os filhos de Getulio gostaram da idéia de seu pai estar com uma mulher tão legal, Joana era atenciosa e logo fazia tudo na casa de Getulio, cuidava da casa, da comida das roupas de Getulio e seus filhos era algo absolutamente natural para Joana em sua pura manifestação de gostar de Getulio.
Mas toda historia que se preza tem um porem, Getulio não era muito afeito a questões de cama (defeito muito grave nos dias de hoje, onde quase tudo é profundamente apelativo carnal, homens devem ser cavalos sexuais e as mulheres, fogosas em chama viva etc....) Getulio era um homem a moda antiga, ou seja egoísta, não pensava no prazer de Joana, sempre transava da mesma maneira, um típico e frio papai e mamãe sem preliminares no sábado a noite, e tudo acabava-se em menos de cinco minutos e ia dormir...Claro que o “amor” faz superar obstáculos difíceis, no entanto existem coisas que a sublimidade nos faz esquecer temporariamente, e adormece como se fora uma serpente guardada e enrodilhada em um dos escaninhos da mente, quieta e solitária.
Joana já havia conversado com Getulio,mas ele não dera atenção devida, dizia que iria caprichar na próxima,mas a próxima nunca aconteceu, Joana percebeu que Getulio era assim mesmo, e não iria mudar instantaneamente, nada é instantâneo, pensamentos fazem caminhos escusos em nossa intimidade, as vezes lento as vezes rápido...
Esse assunto sexo, Joana tinha dado por encerrado ao menos com seu marido, fizera opções de dar-se prazer solitário masturbando-se, prazer inocente, secreto, e tudo ficaria bem. Parte de Joana fizera a escolha da sublimação, da transcendência ,da catarse, belas palavras para resignação, aspectos humanos que mesmo a “bondade” não nos isentam, nada nos isenta, talvez nas mais refinadas manifestação de nossa consciência, talvez...talvez.
Então uma noite dessas qualquer, que surge a manifestação de pensamentos errantes, Joana levanta-se para ir ao banheiro despreocupadamente, no caminho depara-se com a porta do quarto de Alex, o filho de Getulio (o nome do rapaz era Alexander, mas a família o chamava de Alex...)a porta estava entre aberta permitindo-se ver o que acontecia lá dentro, Alex estava por assim dizer dando prazer a si mesmo, em uma masturbação forte, levando-se em conta a idade era perfeitamente normal, porem em primeiro momento Joana fica meio que espiando estática, não conseguia mexer-se por muitos motivos, ela que sempre tivera carinho maternal pelos filhos de Getulio, naquele instante a serpente adormecida desperta e ante aquele “espetáculo” se da conta que é uma mulher, com desejos, com vontades, em um momento crise de consciência, pensou em sair correndo e entrar no banheiro rapidamente, porem aquela visão lhe era tão intensa, boa e gostosa de sentir, sim de sentir...
O estranho que Joana não esqueceu nem por um instante que Alex era como se lhe fosse um filho,mas as convenções as vezes se quedam ante o desejo represado e outras tantas coisas, queria o olhar com um filho naquele momento, mas ela Joana sentia-se e queria ser “mulher”, a linguagem simbólica é totalmente incapaz de expressar em vivas cores o que se passa no coração, a voz empresta corpo as emoções, mas elas são como o espírito, como o éter e devem ganhar alturas ou infernos, e nós ali ficamos como seres a procura de nossa desdita ou de nossa felicidade, eterna balança de nosso viver.
Passado alguns instantes Joana ali ficou a observar e por fim esgueirou-se para o banheiro a cata de seu prazer...logicamente depois daquele dia nada seria exatamente como era, eis a vida, existem coisas que nos despertam e existem coisas que nos fazem adormecer, na manha seguinte Joana percebeu o olhar de Alex para ela, ficou em duvida: Será que ela a percebera o observando ? Em sua mente pensava que não, mas na verdade que Alex a consumia com os olhos, como disse, as boas formas de Joana chamariam a atenção de qualquer homem, ainda que ela fosse sua madrasta?Afinal madrasta não o pariu,vulcões prestes a entrar em erupção , eu queria dar um ar de sublimidade a isto, pois o amor faz por vezes estranhos caminhos, faz fronteiras onde por vezes nem imaginamos, isso as vezes acontece, mais freudiano impossível...
É uma historia que prefiro deixar sem final, escolha seu final de acordo com seu estado de espírito, em alguns momentos você perceberá uma historia impudica repleta de voracidade sexual, doutras entendera o aspecto emocional daquela mãe-madrasta, incapaz de sublimar um intenso desejo contido em função de sua carência, as vezes você verá alguém imoral que expõe as baixezas humanas como a celebrar alguma santificação...todas versões tem a sua verdade, Joana mesmo sendo alguém especial, e uma boa pessoa, apenas tinha falhas como eu ou você...e você sabe muito bem, que existem momentos que nem amor, emoção ou virtude são capazes de conter nossa avalanche...

Paz profunda a todos, e todas as mães.

Fabiano.

“ A calma duradoura é um estado elevado de consciência em que o corpo e a mente tornam-se especialmente flexíveis, receptivos e prestativos.Uma agudeza de espírito, ou sagacidade especial, também é um estado elevado de consciência no qual a capacidade de analise atingiu um grau imensamente avançado.Portanto, a calma duradoura é observadora por natureza, enquanto a sagacidade é analítica por natureza.”

Dalai-Lama

sábado, maio 09, 2009


Do antes, e do Depois

Antes, um pensamento errante a procura do éter,
Depois, um denso existir com belezas e contrariedades,
abraço de luz e sombra, vida e morte...
Antes, queria tanto,
mas suas asas eram estreitas,
e tanto por vezes é feito de tantos nadas, depois,
Queria ser uma ausência,
um silencio entre uivos e gemidos da torpeza humana
Antes, um olhar frio repleto de funestas certezas,
olhar da fera e da besta, depois,
lagrima, placidez e carinho, da fera afago,
da besta adormecer serenamente.
Antes, o mundo era um lugar pequeno,asfixiante em agonia de viver,
depois, minha finitude abriu-me o infinito,
e da agonia,
um abraço sem dor,recém nascido ganhando um novo mundo.
Antes,a razão suprema com garras de aço,
esmagando as emoções sem dor ou sentimento,
depois,um coração estreitando em si pensamento e recebendo da razão doce entendimento, equilíbrio de ser e não ser, asas de um pequeno anjo bom.
Antes fogo que consumia a tudo e a todos em si mesmo,
depois, brisa suave em dia causticante,
mãos de fadas arrancando a aridez de meu viver.
Antes um urro primitivo e selvagem na floresta negra,
misto de medo e prazer, manifestação de meus, e teus inícios, depois, voz do silencio e musica das esferas.
Antes o ontem um passado repleto de ecos,
fantasmas macabros que dançavam em mim sussurrando coisas inaudíveis,
depois, o meu hoje, embalado por sonhos,
carregado de esperanças, de olhar fito na aurora, na aurora...
Antes, esquizofrênicas emoções que beijavam a bi-polaridade,
hoje, hoje eu ainda não sei...
O hoje é feito do agora, e agora já passou...

Paz profunda a todos.
Fabiano.

sexta-feira, maio 08, 2009


“ Só se ama verdadeiramente quando se está disposto a morrer pelo objeto de amor, bem, dizer que se está disposto é fácil, mas quantos de nós morreríamos por alguém ? ”
Milan Kundera - A Insustentável Leveza do Ser.

quinta-feira, maio 07, 2009



Diamonds and Rust (Tradução)
Joan Baez
Composição: Joan Baez


Diamantes E Ferrugem



Bem, eu serei condenada
Lá vem o seu fantasma novamente
Mas isso não é incomum
É apenas porque a lua está cheia
E aconteceu de você decidir ligar
E aqui eu me sento
Mão no telefone
Escutando uma voz que conheço
Um par de anos luz atrás
Encaminhando direto para uma queda

Como eu me lembro dos seus olhos,eram mais Azuis do que ovos de robin
Minha poesia era ruim você disse
De onde ligando?
Uma cabine no meio-oeste
Dez anos atrás
Você comprou abotoaduras
Você me trouxe algo
Ambos sabemos o que as memórias podem trazer
Elas trazem diamantes e ferrugem

Bem, você estourou na cena
Sempre uma lenda
Um fenômeno sujo
O vagabundo original
Você se perdeu nos meus braços
E neles ficou
Temporariamente perdido no mar
A Madonna foi sua de graça
Sim, a garota na metade da concha
Manteria você ileso

Agora eu vejo você se levantando
Com as folhas marrons caindo ao redor
E neve em seu cabelo
Agora você está sorrindo na janela
Daquele rico hotel
Sobre Washington Square
Nossa respiração sai como nuvens brancas
Mingles e inclinações no ar
Falando estritamente para mim
Poderíamos ter morrido antes e agora

Agora está me dizendo
Que não é nostálgico
Então me dê outra palavra para isso
Você que era tão bom com as palavras
E em deixar as coisas vagas
Porque eu preciso de um pouco desta vaguidade agora
Tudo volta muito claramente
Sim, eu te amei querido
E se você me oferece diamantes e ferrugem
Eu já paguei.

Hoje não tem interpretação alguma desta bela obra de Joan Baez, como humanos displicentes idolatremos o estético e nada mais, como se a transcendência estivesse a um passo de realizar-se pela mais esdrúxula futilidade, esqueçam a qualidade da letra e atenham-se a sonoridade, a sutileza e a voz desta mulher, a beleza por vezes vai além de nossos débeis condicionamentos feitos de passado.

Fabiano.

Em 1975, quase todos eramos melhores, com vcs Joan Baez.


Pérola do dia:

“É da natureza de um homem mentir e enganar as pessoas, até os amigos, faz parte da amizade perdoar e tentar entender.Sem ela resta apenas a inevitável solidão, mas diante da descoberta que seu amigo é um “monstro”, fica a terrível pergunta: Como?
Mandrake.

quarta-feira, maio 06, 2009

Ama-se apenas com um peito...

As vezes a vida se torna transcendente, supera em muito a modorra existencial e nos dá mostra profunda de nossa dimensão desconhecida, dos paraísos existentes em nossa intimidade que por “aceitarmos”o convencional limítrofe, nos faz não ir muito longe em termos de realizações plenas, verdadeiras e solidas. Isso é comprovado na pratica de viver, acredite-se um miserável e você se torna um, acredite que é capaz ir além e você irá, porem somos apegados demais as nossas amarras, olhamos para elas com ar de idolatria, e eventualmente quando surge alguém que supera a seu modo, esta amalgama condicionante de viver, reagimos com admiração ou mediocridade, manifestações previsíveis do ser humano, e queiramos ou não todos somos previsíveis!
Dulce sempre fora muito vaidosa, mesmo quando casou mantinha aquela vaidade exagerada tipificada pela futilidade vã que as pessoa adoram se tornar manifestações vulgares, Dulce não era diferente, sem duvidas que era absolutamente linda, uma mulher que por sua beleza natural chamaria atenção onde quer que chegasse, mas isso não bastava, nunca basta, ela queria sempre possuir a ultima grife, a ultima marca, a mais cara, a melhor ,ser a primeira etc...não julgo nada, mas tais coisas não qualificam ninguém a mestrado de humanidade, apenas torna a aparência exuberante,visualmente interessante, enche os olhos, Dulce enchia o olhar de muitos e muitas.Porem a vida da voltas e um belo dia descobriu um nódulo considerável no seio direito, tomava o seu banho de essências especiais de perfumes raros e quando sem querer tocou no seio uma dor aguda veio, e na hora sua expressão mudara, sentia que algo ruim acontecia em suas entranhas.
No dia seguinte foi ao medico, e imediatamente começaram os exames para detectar a natureza do caroço em seu seio,radiografias, ultra-som e por fim a biópsia, era preciso tirar fragmentos daquilo e levar ao laboratório, sim era preciso.Dulce naquele momento sentia-se estranha, era como se as pessoas olhassem para uma miserável, como se o brilho de viver tivesse se apagado, estranhamente sofrera um baque, sentia-se menos mulher naquele momento, ela que sempre fora arrogante vivendo um mundo de vaidade plena e vazia, agora apenas queria apenas estar tranqüila e saudável talvez ( é estranho como nossos pontos de vista mudam quando estamos do outro lado da cerca, uma mudança milagrosa? Nada disso, simplesmente nos damos conta de nossa frágil finitude...golpe profundo no ego).
Na data marcada, Dulce estava lá com sua mãe para fazer o fatídico exame, tudo transcorreu tranqüilo, o medico olhou para pedaço do nódulo e preferiu não dizer nada quando Dulce perguntou, se limitou a dizer que deveria ser encaminhado para o laboratório, dois dias depois Dulce e seu marido foram buscar o resultado, ela pediu para que ele abrisse, ele o fez, e as noticias não eram nada agradáveis, carcinoma maligno em fase inicial, aquilo foi pior que uma facada em seu peito, levou o resultado ao medico que marcou a cirurgia imediatamente para então quatro dias depois. Dulce sentia-se acabada, por um breve momento pensava na pessoa fútil que havia sido até ali,vivendo de menosprezar as pessoas,humilhá-las com sua grife de ultima moda, trocaria tudo aquilo pelo seio saudável, tudo...
Dias depois cirurgia feita, Dulce recuperava-se em casa, aquele seio tivera que infelizmente ser removido por que suas células já estavam alteradas de forma grave, Dulce começara o tratamento rapidamente para então combater aquela doença, a estética agora já não era tão importante ,fora avisada das conseqüências do tratamento, perda dos cabelos e etc...a vida é fatal, Dulce embora com toda a tristeza da alma, aceitara sua condição, mas queria viver agora, queria muito estar viva...
O tempo passa, um ano depois desse ocorrido Dulce esta bem, mais tranqüila e o seio ainda não havia sido reconstituído pela plástica, mas estava feliz, as coisas estavam voltando a normalidade e surpreendentemente estava grávida, a cirurgia iria esperar a sua gravidez, Dulce nem de longe lembrava aquela mulher fútil de outrora, tinha o olhar sereno e quase maternal agora, não poderia haver maior felicidade, naquele momento ela sentia-se outra mulher e o filho iria coroar, esta mudança a duras penas que eventualmente sofremos.
Quando Marcelo nasceu a festa não poderia maior, ele era lindo e perfeito, todos felizes, e até uma das amigas de Dulce estava com ela e se ofereceu para amamentar Marcelo, pois ela estava amamentando, porem Dulce olhou para amiga e com um doce sorriso, e disse:
-Eu agradeço, mas mesmo com um único seio eu vou amamentá-lo, não quero perder mais nada em minha vida,e este momento é belo demais para me preocupar com dois seios, obrigada.
Olhou ternamente para Marcelo, e ali diante de todos amou aquele filho como nunca havia amado a si mesma.
A vida faz uma volta imensa por vezes para nos demonstrar coisas simples e belas, passamos por maus pedaços, isso de alguma forma nos alquimisa e ficamos a altura de vivenciar coisas mais belas da vida.

Paz
Luis Fabiano.

Pérola do dia:


"Não sei se vocês repararam, mas isto é raro na criatura humana.Temos uma bondade frivola,distraída,relapsa, fazendo as contas friamente, somos bons de quinze a vinte minutos por dia."


Nelson Rodrigues.

terça-feira, maio 05, 2009



A espera

Existem coisas que acontecem em nossa vida que parecem seguir por assim dizer um determinismo oculto, como se quiséssemos que algo acontecesse mas simplesmente não ocorre, e ai ficamos a nos questionar o estaria errado?Onde erramos? A bem da verdade nosso querer não é onipotente, somos simples almas, em um planetinha perdido nos confins do universo tentando apenas sobreviver e apenas isso, reduzir o ser humano a sua verdadeira dimensão é ter noção profunda de nossa irrelevância ,nada mais.
Tereza descobriu isso naquela fatídica manhã quando fora pegar o exame de gravidez, sua vida tomaria outro rumo fatalmente, tentaria evitar “aquilo”é certo, como tentou ao sair com aquele maldito papel entre os dedos, numa reação previsível de ansiedade e raiva, foi procurar o “pai” daquele que seria seu rebento, claro queria uma solução afinal 27 anos e ela ia ser mãe? Deus me livre dizia, sentia ojeriza de sí...
A algumas noites anteriores a isso... Tereza entregara-se a Pedro de forma bruta e apaixonada, ambos estavam bêbados e a responsabilidade fora para os ares, foda-se o resto pensavam, estavam altos demais para decidir seja lá o que for, os sentidos aguçados e o prazer chamava, e era preciso não escutar mais nada, nada, nada, bem agora tudo ia mudar...por que as coisas são assim ou mudam por nossa vontade própria ou pelos terremotos que a natureza nos presenteia em plena vida por vezes nos obrigando a mudança de comportamento, para melhor, para pior...
Naquele momento Pedro não tinha nada a dizer, estava irritado com aquela vagabunda que iria ser mãe de um filho seu, foi digamos sutil dizendo:
-Seguinte Tereza, tira essa merda, afinal ainda é apenas um bola se sangue mesmo, não tem corpo, não se mexe e nem é uma pessoa mesmo ainda, aquela foda tava boa mas isso? Não.
Pedro era de uma profunda ignorância, entendia apenas de tijolos e argamassa, transar com Tereza foi um golpe de “sorte”, encontraram-se em uma festa e aquele dia Tereza estava com muito tesão e era de um temperamento inconseqüente quando meio alta, bem deu no que deu...Pedro deu uma grana e disparou:
-Bem, te vira não quero saber de filho, tira essa porra e deu, fim de historia.
Sua cara fechada deixava claro que ambos haviam feito merda e agora era preciso resolver, era preciso resolver de algum jeito.
Tereza saiu dali e foi falar com umas amigas que já eram experimentadas nisso, em técnicas de aborto e tal, ela conseguiu umas tais pílulas e correu para casa pois iria tomar e segundo os efeitos corretos teria um sangramento horrível e tudo terminaria em um mar de sangue e paz afinal!
Esse era o esperado, porem não foi nada assim, ela tomou o remédio e como pílula de açúcar foi totalmente sem efeito, nada, ficara bem e tranqüila.
Havia raiva, dela mesma, do futuro pai e claro daquela criança maldita que lhe começava a dar enjôos, a mexer-se como um peixe dentro de si, aquilo era horrível.
Perguntei a Tereza como ela se sentia grávida?
Ela foi muito fria e tranqüila ao dizer que estar grávida é uma merda, que algumas mulheres poetizam isso, mas que de longe até poderia ser, seu corpo estava ficando horrível, tinha enjôos homéricos, uma fome que não cessava, aquilo na barriga dela mexia-se de um lado para outro,não há poesia nisso, é chato demais, para dormir é outro transtorno, meus seios estão enormes e cheios de leite, e sexo ? Bem ai não pode ser mais sexo tem que ser amorzinho” gostoso, porque não posso fazer todas as posições ou mesmo rolar um sadomaso, tudo deve ser devagar...bem, onde esta a poesia?
O drama seguia, agora começava a travar uma guerra silenciosa, o tempo havia passado e agora Tereza não sabia mais se queira tirar aquela criança, pois é assim, mesmo quando se é um ser humano desprezível, não se consegue ser absolutamente desprezível, algo em nós nos chama a uma espécie de manifestação do bem que alguns chamarão de presença Divina, mas a verdade que Tereza questionava sua consciência se devia matar aquela criança...ali começava a nascer uma mãe, e então como se fora um parto ao contrario o filho em seu ventre começava a gerar um ser humano melhor e havia uma simbiose de mãe que tornava-se filha, e filho que tornava-se mãe.
Foi um momento ela teve aquele instante de lucidez e logo mórbidos pensamentos poluíam a sua mente novamente, pensava nas dificuldades, seria uma mãe solteira, a questão financeira, os impedimentos que sua vida sofreria, as mutilações, problemas, problemas, problemas, mas estranhamente seguiu em frente,até aquele momento não tinha ido a nenhum medico, começou a ir, a cuidar-se um pouco, aquela criança eventualmente mexia-se dentro de si, agora já cogitava em um nome.
Tereza estava começando a aceitar a idéia, embora com surtos eventuais de raiva por aquela situação não era de forma alguma o que planejara para sua vida,mas a vida muda e nos mudamos com ela, então quando começaram a chegar os presentes para o seu futuro filho, amigas presenteavam com roupinhas de criança, aquilo era tocante e novos pensamentos bons invadiam sua mente e tudo se renovava. Por fim já estava uma mãe pronta, tinha pensado nos nomes e agora estar grávida ate tinha sentido para ela, sentia-se melhor, uma pessoa melhor.
Naquela noite dormiu feliz, mas estranho seu filho não se mexera como antes...
Tereza acordou com um dor no baixo abdômen e com um sangramento descomunal, estava sozinha em casa, a solidão tem dessas coisas, ela chamou o taxi, foi auxiliada por estranhos até chegar o hospital, foi atendida de emergência, mas era tarde demais.
Ela foi sedada para ficar mais tranqüila, quando acordou horas mais tarde um medico educado em tom melancólico lhe daria a noticia trágica, houve um problema,e Tereza perdera seu filho em um aborto espontâneo, fizemos uma cesariana para remover o feto.
Quando Tereza acordou definitivamente a sua vida havia mudado novamente, não era mais mãe, e ela agora queria ser, tocava a barriga vazia, onde estava aquele carinho quentinho que sentia ?Não mais.
Quando saiu do hospital e voltou para sua casa, sentia um vazio profundo pegou as roupinhas que seriam de seu filho,sim era um menino, chamar-se-ia...as lagrimas vieram e os olhos ficaram marejados um soluço rasgou o silencio, e como dores do parto as avessas Tereza nascia para ser uma outra mulher.
A emoção é um redemoinho, nos traga, engole e fatalmente nos transforma.

Carinhosamente as mães anônimas.

Luis Fabiano.