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quinta-feira, janeiro 31, 2013

  Áudio Poema   

Arrastado para o Beco

poema e voz  - Luís Fabiano






Pérola do dia:

“ Um homem de atitude faz o que tem que ser feito, mesmo que isso implique, bem ou mal”.

Luís Fabiano


quarta-feira, janeiro 30, 2013




Navalhas Curtas: Velhos deseducados

A quem diga que com a idade vamos ficando melhores. Melhor porra nenhuma, não somos vinho, e além do mais, ainda usamos a idade como um escudo poderoso. Explico.

Chego à farmácia para comprar umas porcarias higiênicas. Então um senhor no balcão discutia, como uma ferocidade advinda de uma estupidez galopante.

-Eu quero “anciolina”... me dá a anciolina ai agora...
-Não senhor, o senhor quer dizer insulina...  E eu preciso que o senhor me de a receita... por favor...
-Tá errado... Mas que coisa... Ta na receita anciolina... E me dá ai ,que “tou” com pressa... que coisa...
-Eu preciso da receita senhor...

Eu assistia isso em off... Mas confesso que já detestei esse velho, pensei: sem duvida alguma ele não era vinho... Era vinagre e do pior... Azedo.

-Ta aqui a receita...  Mas que coisa mais burra... to dizendo que é anciolina...
-Senhor... Ta aqui... Escrito senhor... é insulina mesmo viu...
-Não é... Não é, é anciolina...

A atendente me olhou num olhar confessional, misto de dor, raiva e vontade de matar o velho desgraçado... Ela o ignorou e foi buscar a anciolina que era insulina. Então o velho vinagre, vira-se pra mim e diz:

-Tu és jovem, eu apertei algo no meu celular...que não sai da tela, não consigo tirar, nem ligar ou atender ao telefone... Tu entendes de telefone? Da uma olhada pra mim? Resolve...

O doce sabor de uma vingança, é sorvido na nossa patológica maneira de viver, somos assim pensei: era hora de equilibrar esse jogo. Sou assim... Fodo quem gosta de fuder com os outros e acho isso muito justo, foda-se velho:

-Não senhor, não entendo nadinha de celular... Inclusive nem tenho... Isso é uma invenção do diabo pra mim...
-Tá certo...tá certo

Ele ficou desacorçoado, com a resposta.
Fui atendido  e quando estava saindo na porta olhei para atendente que viu tudo isso em silencio. Ela fez um sorriso sarcástico... Eu também, éramos cúmplices  a vida se equilibra por estas pequenas merdas.
Então meu celular tocou e eu atendi. O velho ficou olhando com uma cara feia... Bingo.

Luís Fabiano.


Poesia Fotográfica 2013





terça-feira, janeiro 29, 2013



- Vidas Perfeitas -

Ele entrou sorridente
A filha dele também sorria
E as testemunhas florescendo agonia muda
Ele seguia sorrindo em seu terno alinhado
Num mundo sólido
Intocável, incomunicável e frio

Eu roía um pedaço de carne
Eu via como um peixe pelo lado de fora do aquário
Não gosto de mundos perfeitos
Em filas que se alinham, e dores que se acumulam
Somos assim...
Pagamos uns pelos, outros nas horas erradas
Sonatas errantes afiando destinos
Erguendo o véu de sombras

O sorriso agora parecia uma claque
Ele sorria... Diante da vida e da morte
Eu pensava coisas, o mundo vai acabar, filho da puta?
Ele sorria
Toda a merda vai voltar para dentro do teu cu, numa implosão retal?
Ele sorria
Faremos uma nona sinfonia, diante do corpo adoecido?
Sorriso

Como um tecido que não toca a pele
Como a alma que não toca o corpo
Como o vento que nos abraça
Como a distancia invisível que se chega a cada entardecer
Como você, pensando em todos que não conhece

Termino de roer meu pedaço de carne
Tenho vontade de ir embora
Quero ser o cara de dobra a esquina
Quero que anjos de vidro falem
Quero que um fio me salve
Devassando a mim
Como um espelho trincado
Desejo paz... A quem a paz foi roubada
Que emerja dos rodapés o carinho tênue de benditas esperanças
A ponto que afaga a costa.


Luís Fabiano.


segunda-feira, janeiro 28, 2013




Navalhadas Curtas: Um pentelho do Bem (eu achei...)

O chato nem sempre é aquele parasita que se apega a base dos pentelhos. Já tevê? Por vezes aquele chato é de fácil combatividade. Existe outra espécie, que embora não esteja nos pentelhos, supera em muito o outro.
Lembro de uma vez que tive chato, o primeiro, resolvi com um medicamento para piolhos genitais e claro depilei a região totalmente. Pau e saco ficaram carecas, lembravam uma pista de decolagem... ficou tão liso que dava para passar o globo ocular. Bons tempos.
Ontem porem no Pássaro Azul, tomávamos uma cerveja e ele se achegou. Disse eu de forma solta e algo embriagado para Alice:
-A melhor massa de modelar que existe, é alma humana... A melhor... (rindo)
Então o cara que estava sentando a mesa ao lado, se convidou automaticamente:
-Não pude deixar de ouvir a conversa de vocês, mas o que tu disseste da alma humana mesmo?
Olhei pra ele... Como quem diz: que porra é essa? Mas vá, estava educado ontem, não é sempre.
-Eu disse que a alma humana é a melhor massa de modelar que existe...
-É verdade - ele disse.
Achei que o assunto havia encerrado ali. Mas não, ele foi digamos assim, e inserindo nos assuntos subsequentes, numa prova de solidão e abandono. Foda-se, tantos estão sozinhos por ai, e a natureza ta cagando pra isso.
Então entramos em um papo alimentar, e Alice disse:
-Eu gosto muito de laranja do céu... é doce...
-Eu não gosto de nada que vem do céu - eu disse
O cara não se fez de rogado:
-Eu não pude deixar de escutar o assunto de vocês, mas o que tu não gostas, de nada que vem do céu mesmo?
-É... Laranja do céu... Eu prefiro abacaxi... gosto muito.(eu detesto abacaxi e todas as frutas do planeta Terra).
Disse olhando pra ele... Mas naturalmente não se deu conta. Eu não gosto de abacaxi. Não gosto que se metam nos meus assuntos... Eu não gostei deste cara, chato pra caralho. Além do mais, ele falava de Deus toda hora. Nada contra, mas muito Deus em boca de malandro é ruim.


Luís Fabiano.



    -  Pelotas Tatuada -     


A Tatuagem fica na parede da Rua Garibalde número 46.





domingo, janeiro 27, 2013




Navalhadas curtas: Amar é...

Puta que pariu, porque eu pergunto... porque caralho? Porque ela tinha que entrar por este lado? Foda-se.
Olhávamos televisão... Alguma coisa idiota qualquer, então:
-Tu farias uma loucura de amor por mim?
-Loucura de amor?
-É... Uma coisa inesperada e louca... por mim...
-Não. Acho loucura de amor, uma pagação de mico, é muito chato quem faz isso...
Não houve resposta alguma. Uma longa interrogação silenciosa ficou em suspenção, como uma guilhotina voadora, uma adaga impiedosa rasgando algo mudo.
Não falamos mais nada.

Luís Fabiano.




Navalhadas Curtas: Onde estão os peitos...

Todos sabemos que um arreto é coisa bem boa. É o prenuncio da foda, a introdução da sinfonia dos prazeres. Mas as vezes em tais circunstancias a coisa fica estranha. Tava naquelas, dentro do carro, e a mulher tinha muita idade. Tentávamos um romance de quinta categoria. Ninguém foderia ninguém ali. Não tenho como fugir de lado bizarro.

Bem, então minhas mãos foram em direção aos supostos peitos dela. Achei um pouco estranho que o hálito dela, tivesse cheiro de cola velha.
Ela estava bem vestida, eu nem tanto. Então lembrei que o cheiro de cola poderia ser da dentadura. Já tive experiências com dentaduras que saem do lugar... Lembro que uma vez uma dentadura ficou agarrada na cabeça do meu pau num boquete trágico... Foi horrível, mas engraçado... então meu pau tinha dentes.

Tentei tocar os peitos na altura normal... E nada. Fui descendo... Nada, desci mais um pouco nadinha. Porra onde estariam aqueles bicos? Eu já estava na linha da cintura... Então ela me olhou interrompendo o beijo e disse:

-Safadinho... quer pegar os “tetos” da vovó né...há, há, há...

Não sei o que foi aconteceu... Aquele hálito, mais o cheiro da saliva e bebida, atingiram meu nariz de uma maneira violenta... Provocando dentro de um enjoo explosivo. Só deu tempo de colocar a cabeça pra fora da janela... e vomitar a alma.

O que é a bebida.
A vovó ficou com nojo da situação... e saiu do carro... Sem dizer nada. Mas até agora eu estou pensando... onde estariam aquelas tetas??


Luís Fabiano.


sexta-feira, janeiro 25, 2013

Entrevista com Helio do Katangas Bar

         Fio da Navalha Vídeo             

Entrevista com Hélio do Katangas Bar

Com Helio não tem conversa fiada. O papo foi reto, falando diretamente sobre a vida, a origem do bar e a maneira com o ele administra as coisas por lá. Inclusive ele falou do novo slogan do Katangas 2013... que consta no final da entrevista. Fiquem a vontade, vale a pena.

Luis Fabiano.





quinta-feira, janeiro 24, 2013



Filetes de sangue

A porra da felicidade é algo muitíssimo relativo. O que te cai bem, talvez não sirva pra mim. A gloria ou desterro são quase uma mesma coisa. Uma espécie de pacto com o Diabo. Explico.
Há alguns anos atrás eu voltava para o Laranjal, mais especificamente no Barro Duro, numa noite de tempestade terrível, vento forte, a estrada estava complemente intransitável e a visibilidade era algo penoso.
Então o Chevette, escorregou saiu da estrada, e atropelou alguma coisa... Alguma coisa que não devia estar onde estava. O carro derrapou, eu me assustei... Então me dei conta que poderia ter sido uma criança?
Isso não seria nada bom. O carro para, apenas o som do motor, da chuva, das tormentas e uma agonia, que era uma sirene de ataque a bomba dentro de mim.
A coisa lá atrás do carro, berrava num choro contorcido... Criei coragem e desci... chuva me molhando...meus passos eram de chumbo. Quando finalmente chego até a vitima... Meu coração se sentiu aliviado, era um cão.
Não fico feliz de atropelar nada... Mas não existe duvidas que antes um cão que um ser humano... Meu coração se encheu de uma paz celestial, era apenas um cão.
Confesso que naquele instante, nem passou na minha cabeça ajuda-lo... Noutro dia passei no mesmo local pela manha... E surpreendentemente ele não estava mais ali... acho que sobreviveu.


Luís Fabiano.


quarta-feira, janeiro 23, 2013

- Momento Boa Música- 

  Elomar Figueira Mello - Incelença pro Amor Retirante 

Edição e legenda - Luís Fabiano



terça-feira, janeiro 22, 2013








Gota d’água

A rua sem saída
O beco escuro
A arma engatilhada
Uma doença terminal
Uma agulha um segundo antes de tocar a pele
Um isqueiro aceso
A lâmpada que se apaga
A última gota
O aceno final
O sim e o não
O grito antes da colisão
A rota errada
O que deu errado
O remédio tardio
A despedida
Lagrimas solitárias
O cão atropelado
Um balão de aniversario que o vento leva
A picada que matou Janis Joplin
A beira do abismo
A freada por um triz
Entrando no hospital vivo e saindo morto
O filho que não nasceu
A saudade sufocante
Um coração que não se apaixona
Uma cicatriz no rosto
O demônio tomando a tua alma
O pesadelo de olhos abertos
A flor esmagada
Você insatisfeita com tudo a tua volta
O poço ficando seco

Gotas d´agua
Chuva da alma
Orvalho do espirito
Seiva exprimida coração
O que faz transbordar, e o que te salva depois
O que se expurga polindo tuas asas de aço
Volta a boa trilha
Entre abraços e ternura
No fundo é isso que todos queremos
Ainda que por vias errada
Queremos que nossas gotas encontrem o mar.

Luís Fabiano.

  

segunda-feira, janeiro 21, 2013


    Pelotas Tatuada    


Local: Rua José do Patrocínio n-56 - Parede do Galpão do Rock





Homicida, carinhoso e taras descontroladas
Parte final.
  
É muito estranho, mas em locais onde você não espera, alguma espécie de devoção a coisa acontece naturalmente. A devoção dos pecadores ao pecado, dos viciados ao vicio, dos sanguinários para o sangue, dos vaidosos para consigo mesmo.

Gonzaguinha consegue fazer a gente escutar a musica... E aquilo vai calando fundo, como inegáveis furacões de nossa solidão, a zona silenciosa de nossos pensamentos.
Ela olhava Gonzaguinha, eu a observava... E aquelas pernas que muito embora finas, eram uma promessa... Uma sagrada promessa que lá em cima... acima daquelas joelhos, acima das coxas... Existia um “Everest vaginal” talvez algo melhor que isso... Lá em cima deveria haver algo mais lindo que uma buceta.

Um Grito de Alerta se encerra, e todos voltam ao normal. Tenho a impressão que sou um insensível, muitas vezes... Não me interessava Gonzaguinha... E sim as pernas daquela linda... Tenho vontade de falar com ela... Tenho vontade que ela me chupe, e não diga absolutamente nada... Tenho vontade que ela em trague e coloque a buceta na minha boca... Que eu lentamente beba sua seiva gostosa, seu mijo e nada mais faça importar... Que sentimentos e virtudes sejam esquecidos... Apenas nós, e a nossa mais real e profunda animalidade.

Gosto disso. Acho que muitas vezes, as merdas emocionais atrapalham tudo, principalmente porque não sabemos nos dar, e não entendemos muito bem como receber.
Lembro que uma vez, disse para uma ex: as emoções são trocas de favores. Ela não gostou muito disso. Mas época pareceu bem justo. Não me arrependo do que disse... Quando não se sabe dar... É isso mesmo... Quando você espera algo em troca... Bem... Isso já significa que tem um preço. Portanto... Foda-se. Por vezes sou especialista em ser filho da puta.

Ela ficou fumando o cigarro, e eu perdido em mim. Pensando se falava ou não. Explico porque dessa duvida. Creio que passei do tempo de contar historinhas para comer alguém. Não gosto mais disso. Gosto de fuder, de fuder bem... Incansavelmente por um tempo sem tempo, gosto que minha língua percorra sulcos e frestas úmidas, gosto do cheiro, do teu cheiro forte de amor, sovaco e urina, gosto do gosto ácido da tua xoxota, não lavada de um dia inteiro... Eu selvagem, brutal e grosso, e nestes momentos quero que a alma se foda... Quero que todos se fodam... E que todos possamos fuder, ao som de Ave Maria de Bach.

Finalmente ela voltou o olhar para o lado que eu estava. E ficamos nisso um tempo. O maldito bar começava a ficar barulhento... Pessoas vão chegando de madrugada. Chegando “cheradas”, fumadas, cheias de anfetamina, bêbadas mas felizes ao que parece. Finalmente sorri pra ela, ela também... Isso já é um sim. Ela no balcão e eu na mesa. Normalmente eu não levantaria da onde eu estava, ergueria o copo e apontaria o lugar vazio... Mas quebrei meu protocolo. A puta merecia.

-Oi... Tudo bom...
-Oi.. Sim, sim... tudo bom...
-Escuta aqui linda desconhecida, tem uma cadeira sobrando na minha mesa... Acho que lá... vais ficar melhor lá... E eu também.
-Hummm, um gentleman... Coisa rara nos dias de hoje...
-Às vezes... Sou normal...

Ela levantou e sentou-se a minha mesa. Precisamos muito pouco para nos sentirmos os caras. Creio que isso, é melhor que uma foda, ela sentada a minha mesa, a Monalisa da madrugada no Louvre de catástrofes. Minha noite sem pretensão alguma, brilhava possibilidades loucas. Mas é importante gozar com a própria pica. Pedi mais um copo pra moça, e deixei fluir a merda.

-Então... Moça... Sozinha, de madrugada... Vagando... É estranho isso né...
-Tu achas? Tu também estas sozinho aqui... Vagando... Isso é estranho...

Achei um pouco estranha a voz, liguei minhas antenas.

-É tens razão... (ergui as sobrancelhas em uma interrogação muda)
-Hum... Leona, muito prazer?
-Fabiano... Seu criado.. Até que Deus queira...
-Nome forte... Tu és forte?
-Há essa hora? Pouco provável, esta hora eu sou bêbado, essa hora não me preocupo com ser forte ou fraco...
-A noite é um perigo cara...  Eu sei o que estou dizendo...
-Nem sempre... A gente só se torna agressivo, quando é necessário... Mas comigo isso nunca acontece, eu sou o cara, que é um saco de pancadas sabe, um Mané, ta ligada?
-Sei, sei... meu ex-namorado era assim, esses são os piores. Ele quebrou meu braço, isso fez o amor acabar.
-Você mereceu?

Houve um silencio que era capaz de diluir ferro.

-Acho sim... É sim mereci...
-Tudo bem... Às vezes é preciso admitir... A violência acaba sendo uma consequência... As vezes não há maldade, sabe é apenas paixão insana, ninguém ta livre disso... Detesto pessoas passionais.
-Tu parece ser um cara inteligente...
-Tu és muito gostosa...
-Tu ta me deixando constrangida...
-Tuas pernas parecem uma promessa de felicidade...
-Tu não sabes com quem estas te metendo cara...
-Nem quero saber...
-Tu és maluco cara?
-Um maluco capaz de te fazer gozar muito...
-Pretencioso demais...

Aquilo era vertiginoso... Gosto disso. Era um papo, que nos levaria a um beco sem saída... Sem saída é as vezes a única solução. É a vitima da aranha, enrolada na teia, o cão atropelado no asfalto gritando em agonia terminal, a nota final de um sax, a virgindade rompida sem dor... A primeira tragada do cigarro.

-Não... É disposição...
-Não quero fuder contigo Fabiano.
-Tudo bem... A gente sempre tenta... Muitas vezes funciona, é sorte, como tudo na vida...

Então ela pegou a garrafa de cerveja e nos serviu mais um pouco... Antes porem, me olhou fixamente nos olhos, e introduziu o gargalo da garrafa na boca até onde pode... Simulando um boquete de vidro... Lembrei-me do filme garganta profunda... Uma obra de arte em capacidade de engolis pênis superdotados... Fiquei de pau duro na hora.

-Ei garota isso não se faz - eu disse.
-Gosto de provocar... E depois...
-Deixar na mão?
-É... Mas eu ainda to avaliando se vale a pena... Vou até o banheiro... Mijar agora.

Gosto de mulheres que falam assim. Ela levantou e puder ver aquela bunda se afastando, uma bela visão. Não entendo nada de amor... Mas acho que estava amando. Amanha pela manha iria passar. Mas nem tudo é assim. Era muito papo para nada. Raras mulheres são objetivas, raras se comportam de forma direta e em linha reta... Tudo precisa uma abreviatura introdutória, feita de conversa fiada elas tentam ver se você vale a pena pelo papo, mas o papo só serve pra enganar. Elas podem estar com vontade de fuder... Mas a buceta é como um cofre, e as besteiras que você diz pra ela é o segredo... Sendo decifrado. Comecei a rir sozinho, felizmente a grande maioria das pessoas não imagina o que penso sobre elas. Melhor assim.

Ela voltou e sentou e foi dizendo.
-Bem querido tenho que ir... A vida de uma garota de programa não é fácil...
-Bingo...
-Algum problema?
-Nenhum... Tranquilo, seguinte Leona, eu to indo também... Então tudo certo.
-Pra onde tu vais?
-Para casa, dormir o sono dos punheteiros...
-Sério? Bate punheta?
-Sempre... Como diria Woody Allen- “a masturbação, é fazer sexo com a melhor pessoa que pode existir, você mesmo...”
Risos. Paguei a conta e ela me deu uma carona até o meu ap.

Era um carro de mulherzinha mesmo... Extremamente limpo, perfumado quase uma igreja. Ela estaciona na frente do prédio e desliga o carro. Fica me olhando com aqueles olhos amendoados... E como a natureza faz o jogo certo, nos beijamos silenciosamente. Um beijo quase apaixonado, e minha mão percorrendo aquelas pernas, subindo lentamente pelo joelho. Puta fantástica. Subi por aquela coxa lisa até a virilha, tocando naquela xoxota por cima da calcinha... Uma micro calcinha. O Deus... Aquilo era ótimo. Existem coisas na vida que vale a pena morrer... Nos esquentamos um pouco mais, ela não se fez de rogada, pegou meu instrumento e colocou na boca, como a garrafa de vidro.

A madrugada estava tranquila, um taxista nos olha diretamente, talvez esteja batendo uma punheta diante do espetáculo gratuito. Não me importo com os outros. Ela sugou com veemência, e meus dedos passeavam naquela xoxota sem pelos e apertada. Ela sugava com tamanha habilidade, intercalando o movimento de introduzir na boca com a sucção exata, aquilo foi bom... Uma chupada rara.

Gozei, ela engoliu tudinho, como o demônio toma a tua alma, e o céu nos conduz ao paraíso... E um caldeirão das bruxas incendeia os campos elísios.
Sorri pra ela. Então ela limpa o cantinho da boca, e com um olhar estranho me diz:

-O que tu achou?
-Tu és realmente profissional Leona...
-Não to falando da chupada... Mas da minha xoxotinha? Gostou?
-Sim... Muito... Por quê?
-É porque estou operada faz dez meses hoje... Tu achas que ela ficou perfeita?
-Operada?
-Sim... o meu nome era Jorge... Hoje tô carteira de identidade como Leona...

Puta que pariu. Ela era mais mulher que muitas mulheres que comi... delicada e um pouco fresca é verdade... Mas muito bonita.

-Olha Leona... Tu estas ótima, se não tivesse me falado jamais saberia... Tua buceta ta perfeita.

Ela se emociona. As pessoas se emocionam com cada coisa.
A noite estava fantástica.

-Então Leona... Obrigado por tudo...
-Torno a te ver?
-Se você quiser, tudo bem.

Nos beijamos  e ela se foi. Sentei nos bancos do prédio. Olhei as estrelas... E o taxista parecia feliz... Carros não circulam as quase cinco da manha... Tudo parecia estar em prefeita ordem... Tive vontade de adormecer por ali, talvez para não deixar escapar o momento. Mas a vida não é assim.


Luís Fabiano.

domingo, janeiro 20, 2013


   Fio da Navalha - Teaser da Entrevista   

Helio do Katangas Bar






sexta-feira, janeiro 18, 2013


Pérola do dia:

“Quero mais é que caia uma chuva de caralho, para colocar meu cu na goteira”.








quinta-feira, janeiro 17, 2013





Sem dor e sem Esperança

Nutre em ti o que não se nutre
Dispensando as sombras tardias
Nos entardeceres sem nexo, sem sexo, sem gosto
Tempo que não se perde
Afagando tuas asas tolhidas ontem
Num zíper entre aberto
De lembranças sem fim
Manchas que se apagam em um criado mudo

Não...
Estende tua teia luminosa
Seiva e lagrima
Na ausência de todo o segundo querer
Ancora tuas verdades
No que brota naturalmente...
Em simples beijos
Em desejos gratuitos
Em belezas escondidas

Creio sim...
Que dentro de ti e de mim
Há quartos não visitados
Camas não dormidas
Chamas serenas que não se apagaram
Impecáveis vitrais coloridos feitos de teus sonhos
Casulo onde segredamos, o véu das dores desfeitas
O nó, sem nós

Sim...
Somos o fauno do labirinto tremulo
Lama querendo evaporar
Nestas vias  meio perdidas
Somos o que somos
Unhas, dentes e espirito
Ternura em desafio, num declive de angustia
Rompendo os elos da cegueira
Com o daninho fenecendo

Nem esperança
Nem dor.

Luís Fabiano



quarta-feira, janeiro 16, 2013



Homicida carinhoso e taras descontroladas...

O ser humano é capaz de coisas terríveis, é apenas preciso apertar os botões certos. As grades estavam diante de mim, uma forma inesperada de tudo, num desfecho brutal. Porra e isso agora? Minha perplexidade e assombro só não eram maiores que o fedor daquele lugar. A principio pensei estar sozinho, mas isso rapidamente se revelou um engano. No canto mais escuro, como chacais espreitando a presa, eles sorriam. 

Aquele sorriso eivado de maldade, o sorriso criminoso, dentes sujos, hálito pesado e alma de chumbo.
Então três deles vieram pra cima de mim... Não tinha para onde fugir, tudo me sobrava era morrer passivamente ou... Eu preferi o ou. Como é natural de minha personalidade, em momentos cruciais, me torno frio. Sim, busquei em minhas entranhas o pior que tenho. Minha merda, fúria e atrocidade desmedida. 

Certamente não conseguiria pegar os três, mas um, certamente um eu mataria... Como um animal que cresce dilacerando o espirito... Quando o primeiro cara encostou em mim falando: E então novato... Chega ai... Aqui temos uma lei... O cu mais novo sempre dá... (o cara colocando a mão em meu ombro).

Deixei a coisa naturalmente... ele me trouxe para perto de si...um outro cara segurou meus braços... E esse primeiro seguia me falando coisas que ignorei... o que vi  e o que apenas via era a sua jugular... Ele riu e eu pulei em sua garganta afundando meus dentes na carótida, apertei com toda a força que pude, eu ia arrancar a sua vida e não soltaria jamais, até o que o fim... Senti a pele dele rasgando... os borbotões de sague quente, o cheiro típico de sangue escorrendo... Os outros dois tentaram me tirar de cima dele... Mas nem Deus conseguiria isso... o sangue escorria forte...minha boca inundada dele... A gloria de uma fúria indomada como a sinfonia de Beethoven... eu o Fabiano vampiro, eu louco... Foda-se filho da puta... Aqui poço das piedades secou... queria me fuder... Eu te fodi primeiro... eu sentia orgulho.

Acordei tossindo... engasgado com o sangue...o corpo tenso, coração disparado... Eu estava vivo... e sentia ainda as impressões de ter matado alguém, você já sentiu isso? Aquele cara merecia. Sentei na cama pensando, estava suando e tinha sede. Você sabe quando algo esta dentro de ti... Algo que você é realmente capaz de fazer. Maldito sonho filho da puta. Eu seria capaz disso... Mas espero jamais ter de estar em uma situação destas. Inegavelmente lembrei-me de todas as pessoas que me perturbaram a vida, de todas as vezes pensei em fazer isso, com algumas ex-mulheres. Será que elas sabem do que escaparam? Comecei a rir de mim mesmo.

Agora com mais de quarenta anos, eu iria começar a cultivar pensamentos homicidas? É, foda-se.
Deveria parar de beber? Ou simplesmente beber o dobro? Vou jogar uma moeda para decidir isso. Olho o relógio, três da manhã. O sono já era. Vou até o banheiro dou uma boa mijada de rei. Vou na cozinha bebo um copo d’água gelada. Estou pelado na cozinha, e dou uma olhada para meu pau, ele esta flácido e não creio que iria se animar.
E a rua como estará?

É isso que digo, porque fui deitar cedo? Deitar cedo dá merda. Ter uma vida saudável é uma merda. Boa alimentação, exercícios corretos, nada de álcool, fumo ou drogas, procurar uma vida tranquila... Bem no meu entender estas pessoas já morreram, apenas não se deram conta. Acho que ainda não quero isso, não quero a vida do velho.

Vou ate o quarto abro a janela, a noite tá linda e seu fosse até o Pássaro azul, caminhando? É isso. Coloquei uma bermuda, uma camiseta e um tênis e fui. Sabe quando se esta disposto a tudo? Peguei uns trocados para bebida e o resto é o resto.
À noite esta realmente linda, quente, algumas pessoas circulam na rua, a Pelotas dorme e alguns de nós andamos por aí. Eu dentre os do bem, e os do mal. À noite dinheiro, à noite putas, à noite drogas, a noite ladrões e assassinos... Essa é à noite.

O Pássaro azul aberto. A catedral dos malditos. Que beleza, minha poesia sem final, sorrindo com dentes cariados. A atendente me enxerga e sorri, sorri pra ela também.
-Há essa hora... Rum ou cerveja Fabiano – Ela diz.
-Essa, hora é cerveja... A hora do aquecimento já passou.

Porra a vida é boa.
O bar estava mediamente cheio. Os bons clientes fieis de sempre. Moradores informais do Blue Bird. Me sentei a mesa que fica na rua. São aqueles momentos raros que você realmente não precisa de nada para ser feliz. Estar ali era abismo e céu, glória e desencanto, nada poderia ser melhor.
Nestes horários, vez por outra entra alguém pela porta, atrás de combustível, cerveja, cigarros, vodca essas coisas. Entram pegam suas coisas e saem felizes. Encontrar um bar aberto de madrugada é como ter um PS só pra você.

Fiquei mamando minha gelada e nada precisava acontecer. Resquícios do maldito pesadelo em mim... A cerveja com gosto de sangue. Sorri e lembrei: o maldito filho da puta teve o que mereceu. A atendente coloca um Gonzaguinha em DVD. Porra aquilo coroava o momento... Mas não por muito tempo.
Então um C3 prata para na frente do bar. Estou tranquilo na mesa, entregue a mim mesmo. Vidros escuros, silencioso, a porta se abre e desce uma mulher absolutamente linda. Sozinha... aquela hora... É estranho. 

Talvez não, afinal o gesto nobre pode vir até de lugares onde não esperamos...
Ela passa por mim com aquele vestidinho curto, em um tom floral rosado, salto alto, cabelos negros e passando dos ombros, seios soltos de um tamanho bom, bem maquiada e absolutamente leve. Tenho certeza que muitos dos que estavam lá, sentiram-se como um catarro cuspido a metros de distancia... Ela batia asas entre nós, um anjo voando entres os fudidos existenciais, nós os merdas cagados pelo demônio. 

Olhei bem pra ela... Nos olhos. Ela entrou comprou cigarros e sentou a beira do balcão, olhando Gonzaguinha.

Segue.

Luís Fabiano.



segunda-feira, janeiro 14, 2013




Navalhadas Curtas: Vazamento do amor

Ela me olhou, com muita indignação e disparou:

-Porra... Cara tu demoras uma vida para aparecer! Que merda é essa tchê? Tu pensa que sou teu brinquedo, que tu faz como bem quer... Não é assim não cara... não é mesmo...

Essa foi a recepção. Poucos me conhecem, não dou explicações. Faço tudo contrário, a ordem não me satisfaz. Fiquei olhando pra ela... Não tinha vontade de dizer nada, mas disse:

-Ei baby, relaxa... Ta tudo bem... eu to aqui não é?
-Tudo bem uma porra... Não quero assim... Ou tu apareces mais... Ou... Ou...
-Ou o que?
-Vou arrumar outro homem... Que me ame de verdade e que foda melhor que tu... Seu merda...

As vezes me dão a oportunidade gratuita... Eu aproveito.

-Por que não arruma? Eu te dou este conselho... Arruma outro, tens razão, eu sou um lixo... E não pretendo mudar, eu não mudo, eu morro...
-Não precisa nem entrar Fabiano, pode dando volta... Vaza e não me procura mais... tendeu? Nunca mais seu filho da puta.

A porta estourou na minha cara. Isso já aconteceu dezenas de vezes... A vida é uma surpresa, eu fui lá lhe dar um abraço e talvez um beijo.

Luís Fabiano.



Pérola do dia :

" Certo ou errado, bonito ou feio, alto ou baixo... e outras tantas merdas, tudo é apenas uma questão de angulo. No angulo justo, você torna o estuprador um santo".

Luís Fabiano.


  *  Pelotas Tatuada  *  




domingo, janeiro 13, 2013



Acidente

Tentava retornar em segurança pra casa
Por mais irônica que seja essa colocação...
O cara da moto vinha a alguns metros na frente
Um piscar de olhos
Ele não viu a seta do carro da frente
E atropelou com a cabeça a porta
Consegui desviar dele nos gritos do freio...
Um milagre, morte por um triz
Parei

Fazia tempos que não via um morto tão fresco
Para onde sua a alma vai agora?
Esse seria seu problema naquele momento
Ele perdeu o capacete, a jaqueta e o rosto estava voltado para o chão...
Em segundos o circo estava armado...
Nestas horas não sinto absolutamente nada
Policia, Samu, outros tantos curiosos inúteis
Então ele mexeu o pé...
Sobreviveu

Acordou gemendo muito
A cara estava esfacelada, num misto de sangue e poeira
Tudo lhe doía, e nada se podia fazer... Tentar acalma-lo
Ele clamava como um cão atropelado
E o meio da rua converteu-se em um ninho
Tudo é dor, dor e dor
Por favor... Faça parar... Para agora...
Alucinado pela vida
Entre borrões de sangue
Diante de uma plateia maldita
O macabro nos visita, nas dobras do desespero
Mas estar vivo já parece o melhor negocio de todos

Ele foi se acalmando aos poucos...
Queria a sua esposa, e eu disse:
-Acho que isso não é hora para o sexo amigo... O pessoal da samu ta aí...
Ele riu numa golfada se sangue...
Acho que estou ficando pior
Fazia tempos que não via um milagre
Removeram-no... Havia quebrado varias coisas
Parei diante do kadett
Olhei o céu...
A noite estava linda...
Linda demais para morrer...
Pisquei o olho para as estrelas
Acho que hoje, Ele não estava dormindo.
Meu coração se acendeu.

Luís Fabiano