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sábado, fevereiro 28, 2009


Átis ,a perda de Jurema...


“Fatigado,hasteei a bandeira do cinismo ,do ardil.Cansara de ser verdadeiro num planeta que prescinde de verdade preferindo,mil vezes,o devaneio,o artifício ,os efeitos especiais.Quando mais mentira ,melhor.Oceanos de enormes e encrespadas quimeras,pois a verdade,no frigir do ovos, é letal.

Assim, portanto.vagueava por uma Pelotas, rútila e avoenga;uma Prindesa-Medusa ás ilusões do passado.As pessoas a minha volta eram monstros marinhos boiando num mar fedorento.Para fugir a tão fodida realidade, eu me trancava no quarto do hotel para ler, fumar e socar punheta de olho no pôster da top model da época, Rose di Primo.Invariavelmente mergulhava num sono pré-natal, sem sonhos, sem pesadelos.Destrancava-me apenas para biscatear um pouco atrás de grana e para comer alguma coisa e pagar o aluguel da minha toca.Logo porem voltava ao exílio.”


O Homem que brigava com Deus - Manoel Magalhães.

sexta-feira, fevereiro 27, 2009



Sordidez

Sempre tive uma profunda admiração pelos tipos sórdidos da vida, seres que em um pré-julgamento, são os berços de todas as podridões da alma humana, o que não quer dizer que minha contradição seja paradigma sob o qual seja o padrão de meu viver, se assim fosse eu vestiria a camisa da canalhice com orgulho em pessoa, e seria muito autentico neste sentido.
De alguma forma temos um tropismo para o “mal” por assim dizer, a única diferença que vejo isso claramente e você possivelmente esconda sob uma burca, feita de convicções cujo o cunho castrador o deixa em uma certa segurança relativa do mal que o mundo tem, eu respeito isso, mas observemos nossa atitude pessoal, ante um simples filme, novela,seriado etc... a historia não existe sem o vilão, e o tal é por assim dizer agraciado pela natureza, possui beleza, riqueza, poder, coisas jamais ambicionadas pelo “bem”, isso não é um pouco estranho??
Torna-se evidente que coisas boas, pessoas boas, mães de família zelosas, mulheres ou homens respeitáveis, fiéis, filhos tranqüilos, pessoas cuja a primeira manifestação seja pensar no próximo ( bem isso já bem raro por natureza portanto não precisa aprofundamento, exceções são auto-implicáveis...) patrões maravilhosos para seu comandados, políticos honestos( este ainda não nasceu...), pessoas beatas repletas de religiosidade, e toda a abordagem que de alguma forma enalteça o bem de alguém ou um povo, bem, estas coisas não dão boas historias, alias não dão historia nenhuma, tanto é, que o que vende em termos de impressa, é a desgraça de toda sorte.
Pessoas maravilhosas não tem graça alguma, pessoas boas são vistas como tolas, todos admiram é verdade, mas para ser como exemplo e um mundo caótico jamais, aliás neste nosso mundo temos uma pratica curiosa de matar as pessoas que são boas, apenas para citar, Jesus, Sócrates, Martin Luther King etc...é bem verdade que não sabemos os nomes de seus algozes, mas por outro lado estes atingiram o êxito deixando bem nítido nosso posicionamento em relação o que ainda pensamos sobre o bem!
Infelizmente o ”mal”, representa a nós mesmos ,personificado em qualquer um, em qualquer bode expiatório, isso explica em parte nossa combatividade quando pegamos por exemplo criminosos grosseiros, ele é o nosso bode, como que se extirpando o criminoso matássemos o mal em nós, lamento dizer, o desejo hostil de desarraigar o mal em nós, nos torna algo piores(por outro lado não há escolha, é nossa natureza, copia rascunhada da natureza de todas as coisas vivas...), porque aplicamos a exata medida sob nossas fragilidades morais, éticas e os cambau...e ai precisaremos de psicólogos, psiquiatras para extinguir o que é por natureza simples, rios de culpas, se percebermos a ignorância que nos cerca, origem real do mal, do “diabo” e de tantas outras coisas sombrias que desconhecemos de nós mesmos.
Será que conseguimos perdoar-nos facilmente de nossos “pecadilhos” mais graves? Ou vemos também a imensa necessária autopunição para que possamos satisfazer o Demiurgo ou nossa consciência culpada,mutilada, grande questão essa.
A verdade amigo(a) não existe nenhum mal lá fora, nossa falta de auto-cultura nos dá a impressão que a culpa é alheia, para ocultar em vaidade, orgulho e algum egoísmo nossa profunda e inescapável burrice e mediocridade!!
Mas não importa, falo não como partidário do mal, ou mesmo amante do bem, falo de algo que esteja além disso no dizer Nietzschiano, pois existe um fatal equilíbrio nesta dualidade, mantemos tal equilíbrio por nossa inocência,e nosso mundo conspira para a perpetuação do dito mal, sinceramente não me importo, assim sei que terei historias relevantes de canalhas eternos, de prostitutas exuberantes, esposos infiéis e toda esta gama de personagens que produzem boas historias, respeito mais meus inocentes personagens, feitos da ralé humana repleta de originalidade e carregada de emoção sórdida por vezes, que mães exemplares, esposas maravilhosas,maridos eternamente carinhosos, coisas que não combinam com uma boa história e muito menos com o mundo em que vivemos.

Luís Fabiano.

A paz que for possível.


Coisas do dia:

"Encontre um sentindo em seu viver, e o transforme em seu objetivo de vida."


Carl Gustav Jung

quinta-feira, fevereiro 26, 2009


De mim ontem,
de agora o hoje...


Ontem nossos olhares não se tocaram mais
O tempo imenso na voragem de si mesmo, nos consumiu com brandura,

dos deslizes de nossa ignorância...de um tempo que não se tem.
Nossas vozes, foram dando espaços e o que antes era algaravia funesta, f

oi se tornando quietude, voz da alma.Mãos que afagavam a face, agora tocam em um espaço vazio e leve, como a sondar o éter...
Sabia que em dado instante me apartaria de tuas caricias,

e no fogo que carcome desejos, engole também parte de mim e de ti, não sei
como sentir, do descompasso de meu
coração a certeza que em a solidão de cada um de nós,
um sussurro, um gemido, uma exortação não entendida ...
Foste embora e eu fui também, levamos conosco

o que jamais ansiamos,mas em minha fragilidade,
quiçá única talvez, o desespero da dor, a romper
com minha inocência e apego, de minhas entranhas, surge um novo Eu.
Sumiste em branca neve na similitude de

ti mesma, sem adeus ou palavras, um aceno
e nunca mais, dei-me conta assim do tempo que não se tem, uma voz, um silêncio, um nada e já foi...
De mim ontem e de ti hoje, tenho em mim

a sublimidade de tua intenção e tens de mim
o aspirar, o aroma que o vento sempre trás.
Nos despedimos assim, mesmo sem querer...

Paz profunda a todos.

Luís Fabiano.

"Não existe um problema que não ofereça uma dádiva para você.
Você procura os problemas porque precisa das dádivas por eles oferecidas."

Richard Back - Ilusões

O Portão
Roberto Carlos
Composição: Roberto Carlos / Erasmo Carlos


Eu cheguei em frente ao portão
Meu cachorro me sorriu latindo
Minhas malas coloquei no chão
Eu voltei!...

Tudo estava igual
Como era antes
Quase nada se modificou
Acho que só eu mesmo mudei
E voltei!...

Eu voltei!
Agora prá ficar
Porque aqui!
Aqui é meu lugar
Eu voltei pr'as coisas
Que eu deixeiEu voltei!...

Fui abrindo a porta devagar
Mas deixei a luz
Entrar primeiro
Todo meu passado iluminei
E entrei!...

Meu retrato ainda na parede
Meio amarelado pelo tempo
Como a perguntar
Por onde andei?
E eu falei!...

Onde andei!
Não deu para ficar
Porque aqui!
Aqui é meu lugar
Eu voltei!
Pr'as coisas que eu deixei
Eu voltei!...

Sem saber depois de tanto tempo
Se havia alguém a minha espera
Passos indecisos caminhei
E parei!...

Quando vi que dois braços abertos
Me abraçaram como antigamente
Tanto quis dizer e não falei
E chorei!...

Eu voltei!
Agora prá ficar
Porque aqui!
Aqui é o meu lugar
Eu voltei!
Pr'as coisas que eu deixei
Eu voltei!..

Eu parei em frente ao portão
Meu cachorro me sorriu latindo!

É preciso voltar às vezes, de tantos fragmentos,pedaços que deixamos na estrada longa do existir, as vezes por necessidades, doutras por falta de escolha, sabemos que não se remonta o passado,jamais, mas da forma que for, e se assim se fizer necessário, faça o breve retorno.
O pensamento vaga e encontra o seu pouso e alguma paz. Voe até o passado, retenha o melhor dele em sua alma e volte, pois as asas de nosso existir desejam ganhar as alturas e não há tempo a perder...não há tempo a perder...
Toda paz em teu caminho.

Luis Fabiano.

Roberto Carlos:




quarta-feira, fevereiro 25, 2009


“Os mágicos ao meu ver, operam milagres com as mãos, lançando-nos a um mundo não convencional ,inusitado, ao inconsciente, enfim.Quem fica indiferente a presença de uma mágico, na expectativa da ilusão , quando adentra o circulo do sobrenatural do picadeiro?A misteriosa força que se nos apresenta antes e depois da prestidigitação,é, creio, atavismo. Reminiscência de um mundo encantando, perdido na voragem do tempo.Não há como negarmos o fascínio da vara de condão, através da qual nada é impossível.
No momento em que me apaixonei daquela criatura, a tal varinha zunia a sua mão. O mundo aristotélico-tomista, a cada movimento do bastão, dilacerava-se.Coelhos emergiam de cartolas,lenços transformavam-se em flores, cachorros de pano punham-se a ladrar.Uma loucura!Não satisfeito com o que apresentara, o xamã largou a varinha , sacando do bolso do colete um baralho.Jogou as cartas para cima, pronunciando ininteligíveis palavras mágicas.As cartas transformaram-se em borboletas.Inacreditável!! Lembrei-me do meu tempo de guri...”

O Homem que Brigava com Deus - Manoel Magalhães.

segunda-feira, fevereiro 23, 2009


Vendedor de Certezas

O mundo se torna cada vez menor graças a fatores tecnológicos, tudo que ocorre no mundo é praticamente instantâneo para todos, o que nos faz pensar nas limitações que nos cercam e graças a isso intentamos a ambicionar mais e querer cada vez mais, mas a ambição requer alguns pré-requisitos para que possa se realizar, o principal deles: condições, talvez financeiras, talvez intelectuais,,talvez físicas, talvez sexuais...talvez...? De minha parte não tenho ambição alguma, tudo que desejo é absolutamente nada, o que tenho, é sempre o último segundo, o último sorriso ou a última dor a última lágrima, essa é minha riqueza maior, de alguma forma me sinto em paz assim, quase como um Zen a observar o crescimento das pedras. Em meus delirantes pensamentos na praia, sentado ao sol tentando talvez “pegar” uma cor, uma vez que sou de uma palidez “ européia ”(detalhe, sou negro...e não vou explicar a razão da piada, porque uma piada explicada já não tem graça na sua essência ...então apenas ria...), e como sempre para observar pessoas, é meu maior “fetiche”, pois de alguma forma as pessoas trazem explicitas suas características, seus medos, suas falhas,suas fraturas...esse é o material humano sobre qual me debruço,a vaca sagrada de onde sai o alimento dos textos. A praia é uma espécie de aquário gigante,observando diálogos alheios cheguei a uma espécie de conclusão, se bem que não gosto de conclusões, pois nos da a impressão de uma solução final isso não é lá muito inteligente: todos estão a procura de certezas, todos querem garantias plenas, que as coisas aconteceram como devem ou como presumem, talvez isso seja certo, mas jamais deve ser absoluto. Me diga que certezas você pode me oferecer? Ou que certezas podes dar a alguém que admiras por exemplo? Amor eterno? Fidelidade eterna? Amizade eterna? Verdade eterna?Quanto tempo é o eterno? Lamento amigo não há eternidade da maneira como imaginamos. Não há garantias, a eternidade cabe em um segundo cúbico. Não há certezas de praticamente nada, mas existem boas mentiras. Mentimos uns para os outros, e criamos a convicção de que é verdade e dessas forma eternizamos qualquer coisa, falo de amor e relacionamentos também, porque de alguma forma essa é a dinâmica das pessoas, e talvez a ideoplastia melhor idealizada pelas pessoas, onde a convicção é melhor alicerçada, damos forma ao pensamento mais imbecil ou a emoção mais nobre, sem que ela em si constitua verdade única a vezes uma opção, uma verdade em um milhão delas, então entendemos que o preço da convicção é o quanto nós investimos na ganga de idéias/emoções, que nos dispomos a granjear ou que presumimos que valha a pena. Nosso orgulho é grande demais, as vezes para nos apercebermos que nosso investimentos é em nada, mas ai já foi tempo, emoção e muito desgaste de todas as ordens ! É bom não pensar nisso, isso eu também sei, realmente não pense a fundo, pois tais pensamentos levam a profunda convicção de sua solidão – Mas agora quero anunciar-lhes o meu produto: Eu vendo certezas, em todos os tamanhos, formas, cores e intensidades, o preço é em conta e você pode levar a sua certeza para casa e fazer o que quiser com ela, não é uma beleza? Tenho a certeza perfeita para o tamanho de seu bolso, ou qualquer outra parte do seu corpo...venha, certezas, certezas, certezas...eu tenho todas elas, quem quer? Quem quer a maior novidade do mercado a famosa, CERTEZA ABSOLUTA!! Eu tenho essa também...venha... Leia o manual e faça um bom uso, você pode introduzir minhas certezas onde quiser, você pode colocar a certeza, em seu coração, em sua alma em seu rabo ou seja onde quiser,eu ofereço garantia total. Venha estou aguardando você!!! PROMOÇÃO POR TEMPO LIMITADO –COMPRE DUAS CERTEZAS E VOCÊ GANHA UMA DE BRINDE!


Paz e luz em teu caminho.
Luis Fabiano.

“ A certeza é uma apreciação congelada,

em um mar de probabilidades.”

Luís Fabiano.

sexta-feira, fevereiro 20, 2009


Átis, em um dos seus belos momentos:

"Num impulso, segurei-lhe as mãos envolto num tempo interino,sobrecarregado de promessas,suspiros.Uma sensação pre-adamica,levando á minha alma a um sossego nunca antes experimentado.Tomamos cervej, um navegando no silêncio do outro.Um barulho,de repente arrancou-nos do imobilismo.Era o atendente do restaurante empilhando as cadeiras sobre as mesas, convidando-nos a sair.Jurema pagou a cerveja e, meio sonâmbulos, saimos do mercado.Deixe-me conduzir como que agarrado a um asteróide, percorrendo vazios nunca imaginados. Tinhamos a impressão de que nunca imaginados.Tinhamos a impressão de que uma esfera resistente, a tudo, inclusive a consciência, nos cercava, espécie de redoma a nos proteger das imundicies do mundo. Pouco depois , rolavamos numa cama, entregues ao mais doido amor, numa simbiose de cheiros seminais dilantando os poros arrancando de nossas bocas gritos incessantes de prazer."

Extraído da obra: O Homem Que Brigava com Deus. - Manoel Magalhães.

quinta-feira, fevereiro 19, 2009



Um canalha:Dois Olhares...

Todos temos uma historia, muitas vezes a historia é marcada por situações complexas, doutras por simplicidades, com o perpassar do tempo vamos entendendo que nada, e nenhuma circunstancia é de todo absoluto, por vezes por dentro de um ato vil existem particularidades que não são vis, estranho pensar assim e por assim dizer quase justifica tudo... Por vezes e muitas vezes, o ente humano tem comportamento bestial, e isso não é novidade alguma, no entanto raramente conseguimos um bom discernimento capaz de separar o joio do trigo, ficamos envolvidos mais pela revolta, e isso não deixa de ser uma forma de estupidez, pessoas revoltadas são estúpidas, apenas não se dão conta disso, porque para isso é preciso pensar...quem envolvido e passional, consegue pensar? Nelson é um grande amigo, pessoa respeitada e de bons princípios (em primeiro momento, todos tempos bons princípios, não temos é em verdade bons finais...), casado a um bom tempo,prefiro não mencionar tempo porque isso é sempre relativo, bom pai, bom trabalhador, bom amigo, (reunia tantas qualidades em uma pessoa só, que dava a impressão de quase não ser humano de verdade...), nada trai a qualidade de uma pessoa, que não seja seus excessos, em uma conversa informal entre “lubrificantes” da mente e nacos de carne tostada, o papo fluiu, comentávamos sobre as relações que tivemos ao longo da vida, afirmando as longas “cagadas” que fizemos na vida, e talvez hoje a pálida vontade de acertar, remediar...entre risos...ai Nelson disparou: -Sabes, eu tenho outra mulher a mais ou menos uns quinze anos...e te digo que não sinto culpa alguma a respeito disso - Eu sorri, porque nada disso é choque para mim, não defendo e nem tão pouco acuso, sabemos as fragilidades de cada um...- Ele seguiu em tom de confissão, e eu um padre bêbado em meu confessionário: -Pois é, quando a minha filha mais nova nasceu, minha esposa morreu por assim dizer na intimidade(tinha nada haver com o fato de ela ter ficado horrível...ela perdeu o tesão...), é não queria mais transar...em primeiro momento tentei relevar, achando que era um processo passageiro, mas o tempo revelou que ela não tinha muito interesse por sexo...bem antes ela não transava como uma louca,nunca me surpreendeu na cama,era o básico papai e mamãe, em nosso casamento tudo era mais ou menos regulado, uma transa uma vez por semana...em dias diferentes.. e não passava disso e acabou, te confesso que eu queria mais, muito mais, fiz o que pude, estimulei, conversei, convidei para sair, jantar, roupas novas, flores, carinhos, sex shop etc..e nada, dei-me conta que ela não era muito dada a sexo mesmo, que eu poderia fazer? Fiquei por assim dizer “contido” e com o saco intumescido, até uma vez ou outra dei uma “mãozinha”, e revivi a minha juventude, sabes como é, no banho, esvazia o saco, mas não é a mesma coisa. Eu ria e concordava afinal não se pode comparar sexo com masturbação (embora algumas masturbações sejam melhores que algumas parceiras sexuais, minha experiência me ensinou isso, as vezes a tua melhor parceira é a tua mão...)era o mesmo que comparar uma volta em fusca e uma volta em uma Ferrari, não há comparação. Então Nelson tomou mais um gole na cerveja, e segui sua dramática historia. -É claro que não andava procurando mulher por aí, nunca considerei a traição uma coisa legal, mas toda regra tem exceção, um dia abri os olhos para a Marilda, minha secretária, uma bela mulher separada, do alto dos seus trinta e cinco anos, morena cabelos longos, seios meio flácidos, mas com belas pernas, um dia ficamos conversando no escritório e nem vimos a tempo passar, foi bom conversar com ela, e conversamos mais vezes, até que tornou-se um hábito,do hábito a amizade, e da amizade para cama, mas estranho que ambos não tínhamos a intenção da traição, mas era bom papo, bebidas e carência, sim ambos estávamos carentes e famintos, não me refiro apenas a sexo, mas de atenção, de carinho, de olhar, de falar e de ser ouvido, esse foi o nosso afrodisíaco. Ela tinha qualidades espetaculares, mas por outro lado pensava, minha esposa era uma mulher que tinha outras tantas qualidades raras, apenas não era afeita a sexo (existem mulheres e homens que são apáticos neste aspecto, cada um tem seus motivos, tento respeitar, mas qual a solução objetiva para tal problema?), elas se completavam a distancia, cada uma em seu mundo, como se houvessem sido separadas no nascimento...Não sei se é justo, mas não estou disposto a abrir mão de nenhuma, este triangulo informal torna a minha vida feliz, torna a vida de minha secretária feliz, e torna a vida de minha família feliz. Questionei Nelson: Mas Nelson, a esposa oficial sabe disso tudo? Nelson, olhou para cima como se buscasse inspiração das estrelas, tomou mais um gole de cerveja sorriu sem graça e disse: Sabe de forma informal, ela aceitou a outra, porque eu digo sempre, que vou falar com Marilda, que vou beber com a Marilda, ela apenas diz: A sim...tá bom, bom passeio. Fica claro que ela sabe, mas tal assunto é como um tumulo egípcio,um tabu fechado a sete chaves, nunca tocamos, todos temos noção da ilusão que vivemos, e o quanto ela é doce, e além do mais, como diz o bom filosofo: Não deixemos que a verdade atrapalhe uma boa historia. Nelson era um bígamo assumido, e embora não fosse a coisa ideal e perfeita que todos de alguma forma idealizamos para nossa vida, ele sentia-se feliz e creio que no final isso que é importante, a família estava feliz porque o pai e o esposo estavam ali presentes, Marilda estava feliz porque não mais estava sozinha, tinha os braços e os carinhos de Nelson, e Nelson estava feliz porque tinha o respeito de ambas, a fidelidade de ambas, o carinho de ambas, a alma de uma e o corpo da outra. Isto soa quase como um conto de fadas moderno, plefinificado de felicidade, bem, mas quem diz que a felicidade anda em linha reta? Gostaríamos que assim fosse, mas...circunstancias tão especiais sempre nos levam a compensar o que no falta ao corpo e na alma. Abrimos mais uma cerveja...e trocamos de assunto.


Luís Fabiano.
Paz e luz em teu caminho.

“ Cada passo que se dá a frente, é como ponte que consome a sí mesma, estendida sobre um abismo, jamais conseguimos voltar, o ontem não existe mais.”


Luís Fabiano.

quarta-feira, fevereiro 18, 2009


"E no tédio que me assalta e toma, Sinto enfiarem-me na alma, instintos de chacal
E compreendo Nero, incendiando Roma."


Vicente de Carvalho - O poeta do Mar.

terça-feira, fevereiro 17, 2009


Sociedade Alternativa
Raul Seixas

Todo homem tem direito
de pensar o que quiser
Todo homem tem direito
de amar a quem quiser
Todo homem tem direito
de viver como quiser
Todo homem tem direito
de morrer quando quiser

Direito de viver
viajar sem passarporte
Direito de pensar
de dizer e de escrever
Direito de viver pela sua própria lei
Direito de pensar de dizer e de escrever
Direito de amar,
Como e com quem ele quiser

A lei do forte
Essa é a nossa lei e a alegria do mundo
Faz o que tu queres ah de ser tudo da lei
Fazes isso e nenhum outro dirá não
Pois não existe Deus se nao o homem
Todo o homem tem o direito de viver a não ser pela sua própria lei
Da maneira que ele quer viver
De trabalhar como quiser e quando quiser
De brincar como quiser

Todo homem tem direito de descansar como quiser
De morrer como quiser
O homem tem direito de amar como ele quiser
De beber o que ele quiser
De viver aonde quiser
De mover-se pela face do planeta livremente sem passaportes
Porque o planeta é dele, o planeta é nosso.
O homem tem direito de pensar o que ele quiser, de escrever o que ele quiser.
De desenhar, de pintar, de cantar, de compor o que ele quiser
Todo homem tem o direito de vestir-se da maneira que ele quiser
O homem tem o direito de amar como ele quiser, tomai vossa sede de amor, como quiseres e com quem quiseres
Há de ser tudo da lei
E o homem tem direito de matar todos aqueles que contrariarem a esses direitos
O amor é a lei, mas amor sob vontade
Os escravos servirão
Viva a sociedade alternativa
Viva Viva

Logicamente sobre a musica não existe nada a comentar, apenas uma pequena colocação no sentido de entendermos, que é sempre preciso flexionar o que se vê, se escuta e o que se sente, nada de passionalidades advindas de nossa equivocada maneira de tornar tudo tão pessoal, as regras existem para nos dar uma breve noção de "normalidade" mas ela não é jamais deve ser absoluta, não devemos esquecer que ela tambem cria "normóticos", seres tão condicionados a ela, que deixaram de ter vida, beleza e expontaneidade.
Viva a Sociedade Alternativa.

Paz e luz em teu caminho.

http://www.youtube.com/watch?v=c9-L6cGZqeo




segunda-feira, fevereiro 16, 2009


Reclina agora...


Encosta agora tua cabeça em mim...e deixa dizer-te algo...

Que meu coração vá ao encontro do teu onde quer que estejas...

Gostaria tanto que assim fosse, que tua tenra fragilidade, viés de minha densidade e dureza

Sim gostaria, porque em verdade nunca vi teus olhos

e nem toquei tua face macia e pequena, não vi teus tombos ou dores,

nem nunca sequei uma lagrima tua, tudo que vi de ti, foi o teu não existir...silêncio que parte...

Nem sempre é assim...eu o sei...

Queria que por mais sutil que fosse, dar-te aprisco, segurança e carinhos,

talvez falar-te algo...ou apenas te acalentar em silêncio...

voz da alma, exortação de sabedoria.

O tempo não volta, e o que em nossa ação se fez...se fez,

pedra arremessada, flores dadas...

Na estranheza que nos cerca, nem tudo é entendido,

nem tudo é aceito, e nem todas as coisas nós sabemos...

Não procuro consolo isso é verdadeiro,

mas penso ainda em como dar-te um pouco do meu melhor...

ausculto o espaço infinito, e as estrelas acariciam meus olhos...

puxa...onde estás?

Sei que estas em mim, no pulsar das batidas de meu coração,

estas nos ventos da primavera, a levar vida a todos que como eu também gostariam tanto...

Sei que minha profunda ignorância me cega,

sei que queremos sempre a exata perfeição de nosso “mundinho”,sei tanto...

mas como fazer calar a voz de um carinho não feito?

De um abraço não dado? Um beijo dado no nada ?

Não sei...

Só sei que queria que agora, por breve que fosse, dizer-te...

Encosta tua cabeça em mim e deixa-me te afagar...

Secarei tuas lagrimas, cuidarei de teus machucados, e sorrirei contigo...


Paz e luz em teu caminho.

Luís Fabiano.


ps: a todos aqueles que por um motivo qualquer não puderam estar...que se arrependeram das farpas trocadas...que negligenciaram uma boa palavra...que jamais perdoaram...que estão na hora derradeira...que esperam o bem amado(a) chegar...que se perderam...encontraram...

Paz a todos.

domingo, fevereiro 15, 2009


Um aquário de sensações


Gosto de observar a natureza, talvez na aspiração de tirar-lhe bons exemplos que palidamente explique algumas das manifestações mais primitivas do seres humanos, quando estou com bom animo, lembro-me da teoria da evolução, onde as mediocridades de hoje, transforman-se em virtude amanha talvez, realmente isso seria belo e significativo se fosse de todo verdade e inquestionável! Mas não é assim, tenho dito que o humano é infimamente mais complexo, o que significa que em primeiro momento, a primeira vista, os comportamentos ditos “estranhos”,bizarros ou que não concordamos segundo nossos padrões, não tem uma explicação plausível e que traduza uma segurança plena ao entendimento, gostaríamos que a o ente humano fosse uma caixinha matematicamente perfeita e limpinha? É claro que tudo em nossa sociedade trabalha equivocadamente para isso, nos tornar caixinha milimétricas,padronizadas, e com alguma organização, permintam-me rir diante de tal fato, absolutamente nada é como deveria ser, as coisas são mais ou menos,uma emulação do que se espera delas. Gosto de observar pode-se dizer que sou um voyeur que aprecia toda as pessoas como se observa um aquário, um imenso e gigantesco aquário, não julgo, não deprecio, não elogio, e nem endeuso, todos são absolutamente comuns e mais ou menos ordinários, não existe ninguém “especial” o fundo do ente humano é igual aqui e em marte! Assim sendo desconfio de quase tudo e isso inclui a minha pessoa, ao lado de belezas singulares é absolutamente certo que existem sombras densas, ao lado de vastas planícies existiram abismos ou montanhas e isso nos dá ainda que de forma grandiosa uma noção da profunda tentativa de equilíbrio em tudo que nos cerca, mas esta noção é claro que não é absoluta, existem coisas, momentos e situações que equilíbrio nada tem haver, ou seja um caos perene que nos leva a uma espécie de “nada”, sim o nada é subjacente a grande maioria das questões que nos carece compreensão:grandes dores por exemplo,o entendimento da dor é possível, mas é preciso que ela seja por assim dizer limitada dentro da sua abordagem profunda, e é exatamente ai que o “consolo” trabalha, limitando e redimensionando o tamanho de nossa dor seja ela qual for, um consolo, uma bengala emocional, uma corda lançada no abismo nos leve para céu? O consolo é seu, escolha no leque dentro das afinidades pessoais, sim talvez um amor seja tal consolo, talvez um breve momento de prazer íntimo seja tal consolo, talvez a entrega religiosa em forma de súbito seja um consolo, talvez ante o desterro da possibilidade de morrer nos leve a uma conversão de emergência, e depois bem depois nada muda...continuamos a ser os mesmos ridículos de sempre,simples, limitados e rasteiros... Como disse observo as pessoas, e compreendo que a dor seja ela qual for é apenas um mecanismo para nos fazer entender algo que nem sempre está exposto em chagas abertas de nossa alma,quase nunca é assim...pensava nisto ao observar a “mole” humana num evento de carnaval, o esforço de alguns para parecerem felizes, a espontaneidade outros em apenas ouvir a musica, o desespero de outros para sobreviver e todos ali sacodindo-se ao som dos batuques que como um grande coração levava todos a uma espécie de frenesi, sem problemas, sem tristezas, apenas o “treme terra”, o surdo, a conversão de todos... Em minha mente...borboletas...silencio...e abstraimento...talvez mais para o curiosidade, mas existe uma espécie de borboleta chamada de Mariposa da Morte ou como é chamada em inglês (Death’s Head Hawkmoth), embora algo tão delicado como uma borboleta possui encantos as avessas, ela tem uma caveira em suas costas e quando irritada produz um som estridente e assustador, é estranho pensar que algo inocente é capaz de ser assim assustador, mas assim o é, depois de sair de uma vida rastejante ela converte-se em algo que assusta mais...e ai voltamos onde a serpente morde a próprio rabo, existiram dores insípidas, alegrias funestas, mortes sem sentido, belezas más, fadas ordinárias e outras tantas. Eu sempre me pergunto diante de alguém, seja quem for: estou vendo eu a verdade em relação a esta pessoa ou estou vendo apenas o que ela deseja que seja visto ? Bem vindo a mistério de cada um...olhe para o abismo e talvez ele olhe de volta para você.

Paz e luz em teu caminho.
Luis Fabiano.

sábado, fevereiro 14, 2009


Entre minhas sombras...

e minha luz...



Gostaria de tocar sutilmente tua beleza

Extrair dela musica serena e nada mais, como

pudesse ter de ti apenas aroma de tua alma

Mas em mim e em ti, braços e mãos

e pele se tocam, e como que se perdesse nos labirintos de uma vaga de desejos,

por triste felicidade, o espesso absorve o sutil de nossas ambições silenciosas.

Como rios que encontram,

mas jamais se tocam, jamais se perdem

apenas se fundem...

Mas em mim tantas impurezas existem, e em ti adultera procedência,

faz sucumbir o diáfano das aspirações mais nobres que hora temos,

belas e puras...

Hoje entendi enfim, ante tantas dores

e em meio a selvageria do existir, que o que não é tocado, jamais deverá ser tocado, pois a beleza permanecerá incólume

ao fim se pura for, ouço nos silêncio que segue a tua fala,

não são os olhos é verdade,

mas apenas o éter o olhar,

não são os sorrisos e nem tão pouco as lagrimas,

mas o que toca a tua alma, minha alma, nossa musica...

Sei que não há ,quem compreenda assim, tal simplicidade,

gostamos de profanar o sagrado, por simples displicência de viver

e uma malévola inocência...

Talvez quisesse ser como o vento,

e carinhosamente tocar como brisa teus cabelos...

ou como a luz perene e tranqüila do luar,

tocar teu corpo desnudo mas, sem maculá-lo, mas me perceberias?

Eu te perceberia?

Nos perceberiamos?

Ficaríamos na ponte,

limiar da transcendência da brutal paixão e da doce e tranqüila caricia do éter...

da luz...do silencio...e infinitos carinhos, fragmentos da alma...

Gostaria de tocar sutilmente tua beleza e nada mais...e nada mais.


Paz e luz em teu caminho.

Luís Fabiano.


“Entramos numa casa velha com cheiro de urina.Um bando de insone circulava pelo ambiente semi-escurecido, verdadeiros rebotalhos arrastando suas respectivas torpezas, misturados aos bacanas recendendo a perfume Frances . Um circo. Sentamo-nos numa mesa de canto.
-Que lugar é esse? - Indaguei de olho num corcunda sentado na mesa ao lado.
-A parada é a seguinte. Isso aqui é um lugar mágico, paisano! Devolveu Charles perspegando uma gargalhada. A mesa do corcunda achegou-se uma mulher com metado do rosto destruído. Para piorar a situação, caminha com a ajuda de uma muleta. Arriou-se na cadeira, pegando das garras do corcunda. Ele nos olhou com triunfo no olhar,autentica cintilação de campeão, orgulhoso de possuir aquela mulher.
Corri os olhos pelo amplo salão , me surpreendendo com o numero de aleijados ocupando as mesas. Deformidade de todo jeito e feitio, como se todos os monstros da cidade resolvessem fazer ponto naquele casarão de aspecto sórdido.Na extremidade do salão havia uma cortina que ia de parede a parede.Os bem-educados ocupavam um lugar especial,ás proximidades de uma cortina vinho.Sorriam e cochichavam entre si.
-Atras daquela cortina - observou Charles - tem um pequeno palco ...O teatrinho vai acontecer ali.
-Imagino que tipo de teatro, Charles.
-Não imagine nada, paisano.O que rola aqui vai além da sua pobre imaginação.
Nabo podre era o que se respirava naquela espelunca.Vagueava o olhar de monstro em monstro, me indagando que o inferno era aquilo.Um lugar pavoroso, pior que injeção letal na veia.Charles estava iluminado, um dervixe em estado de profunda transcendência, rompendo com o paradigma da dualidade, bem acima de qualquer tentativa de explicar o inexplicável.
-Estou chapado – gemeu ele quase as lágrimas.
Ao cabo de dez minutos a cortina correu, descortinando uma cama, sobre a qual havia um homem e uma mulher.Ambos paraplégicos.
-Deus! Que coisa deprimente - eu disse, retesando na cadeira.
-Deixa de ser vacilão, paisano! Você nunca viu uma trepada de aleijados?
Fiz que não.
-Vai ver hoje, paisano,uma foda angelical - ciciou Charles lambendo-se.
O casal se mexia como se fossem insetos.Dois escorpiões brancos disformes - ou seriam dois polvos aleijados? A mulher tomou a iniciativa.Abocanhou o cacete do cara, um negocio enorme e torto.O publico delirava.Quem tinha pés batia pés.Quem tinha mãos batia mãos. Os cegos imaginavam.Os surdos intuíam.Os bem sucedidos em estado de hipnose, deliciando-se ante aquela performance sexual, que os excitava mais que as luminosas vitrines dos shoppings.Apos incrível e sofrido malabarismo, o cara pode enfiar a língua na xoxota escancarada da mulher .Língua não...Uma cobra vermelha e gotejante, que entrava e saia da caverna da aleijada, a qual uivava revirando os olhos.
-Que trepada, paisano?! De cinema! Gritava Charles soqueando o meu ombro.
-Coisa deprimente! - eu berrei meio aos gritos de entusiasmo da platéia.
-Você é um hipócrita! Sentenciou Charles de olhos numa mulher sem nariz, que enterrava as mãos entre as pernas numa acintosa masturbação.
-Paisano?! Ela esta querendo coisa comigo! Não é uma tetéia?
-Tetéia o caralho! – respondi me erguendo.
-Vou me mandar Charles!Não tenho mais estomago para isso.
-Você não viu o melhor da festa.Tem um cara aí que enfia a perna torta nas xotas de irmãs siamesas!
-Não me interessa!- gritei me dirigindo a saída.Várias mãos tentaram me aprisionar,mas resoluto, fui em frente em direção a porta.
-Quem você pensa que é? – berrou uma velha sem os dois braços, acomodada numa cadeira de rodas.Olhei-a rapidamente , tentando chegar o mais rapidamente a saída.
-Você pode caminhar, correr,passear por ai...Mas não pode evitar sua alma aleijada! Gritou raivosamente.Por fim ganhei a rua disparando pela calçada aos tropeções.

Extraído da obra - VAMPIROS - Manoel Magalhães

sexta-feira, fevereiro 13, 2009


Alegria das Entranhas

Sempre gostei de pensar na vida como uma espécie de musica, boa musica, péssima musica e musicas que simplesmente não dizem nada, isso é verdade, existem pessoas que não tem nada a dizer, creio eu que isso é absolutamente necessário para a manutenção da harmonia de existir, soa quase como poesia concreta.

Vez por outra encontramos estes personagens por ai, curiosas criaturas que tem uma estranha maneira de sentir-se feliz, o mundo é amplo e o limite é advindo de nossa pobreza de paradigma, o que você imaginar que é ficção na vida tenha certeza, a realidade é imensamente mais abundante e criativa, isso é uma beleza sem duvida, mas as bizarrices que aprecio tanto surgem...

O nome dela era Ana Carolina, mas como toda Ana Carolina se transforma em Carol, muito simpática, bela, inteligente, uma moça de aproximadamente vinte e seis primaveras, morena de cabelo platinado, alta, magra enfim modelo ideal segundo padrões atuais de tipo físico, segundo algumas pessoa que conheço, só tal fato por si só garante a felicidade para qualquer um, sinceramente não entrarei neste mérito porque se assim for os Etíopes devem ser muito felizes, é talvez o sejam quando olhamos pela televisão lá...tão longe onde estão..

Carol era excelente pessoa somente um detalhe em sua vida que me levou a vir até aqui traçar tais linhas, não obstante tantas qualidades reunidas em um ser humano algo lhe era marcante,(...vocês sabem quando alguém possui muitas qualidades em demasia, é claro que a contraparte disso é sem duvida muito profunda, em outras palavras e com menos eufemismo, eu creio sinceramente com toda as veras de minha alma, que todas as pessoas em algum momento ou em vários momentos são autenticamente “filho da puta”, é certo, sempre que olho alguém “clean” demais, Jesus Cristo..pode aguardar, tenham a certeza não existe ninguém isento...ninguém será salvo...sempre preferi as pessoas que tem suas estranhezas bem expostas numa espécie de autenticidade,chaga aberta...doe mas é verdadeira, tal qual os bêbados, os drogados, os cornos etc..), Carol era assim explicita, tinha um tropismo para a tão chamada Dor de Barriga!

Sim, ela adorava ter uma diarréia, um rotavírus algo que fizesse a tripa velha trabalhar, e claro locupletar o sanitário, ainda que fosse apenas uma “aguinha”, lá estava ela feliz e contente a sentar-se no trono, era estranho, eu quando tenho uma dor de barriga acho profundamente desagradável, e não é com alegria no coração que me sento no sanitário para “descarregar”... Respeito a opinião de cada um, acho mesmo que se você sente prazer em ficar por exemplo cheirando o sovaco ou coisa semelhante, tudo bem( lembrei da grandiosa Obra de Pedro Juan Gutierrez, Trilogia Suja em Havana, onde o protagonista adorava masturbar-se cheirando o próprio sovaco, dizia ele “... era sexo cheiroso e seguro...”, creio mesmo que, se todos conhecessem a intimidade profunda de cada um, não apertaríamos as mãos uns dos outros...), cada ser humano com suas únicas características.

Logicamente que na primeira oportunidade, eu perguntei para ela quando ela, quando comentou a felicidade que estava sentindo, pois parecia que ia ter uma dorzinha de barriga, talvez até uma cólicazinha:

-Carol, me diga porque tanta felicidade pela dor ?

Ela sorrindo, já indo em direção ao banheiro:

-É claro, diarréia, dor de barriga, e etc...tudo isso emagrece! Viva, oba...

Ela entrou no banheiro e um silencio ficou no ar...apenas o som do bom ar ?


Paz e luz em teu caminho.

Fabiano.

quinta-feira, fevereiro 12, 2009



“ Teresa era uma mulher monumental .Parecia o Everest inchado de esperma.Os olhos azuis cravados no rosto de uma lua cheia,recoberto com tinta e pó de arroz,eram cruéis .O nariz qualquer coisa de estranho,comprido,narinas dilatadas, terrivelmente furiosas.Dizer o quê de sua boca e da língua? Apenas que eram remanescentes de antediluviana época , mais a qual foram concebidos.Sua casa era a coisa mais estranha que vi.As paredes eram toda pintadas de roxo, e sobre os móveis enormes falos e vaginas escancaradas. Pendia do teto um lustre cujo o emaranhado de fios de prata lembravam pentelhos enredados. Quatro ou cinco gatos brancos ronronavam pela casa, enfiando-se debaixo dos moveis. A um canto grande tevê de plasma ligada na novela das oito.
-Não posso demorar muito - ela disse ajoelhando-se na minha frente, tratando de abrir a braguilha da minha calça.
-Cadê o resto? – ela perguntou.
-Só trouxe isso - respondi raivoso.
-Para mim tudo bem – ela disse antes de começar a trabalhar.
Senti-me como se tivesse sido inteiramente deglutido por Teresa Língua Grande. Um Jonas despedaçando-se no estomago de uma gigantesca baleia, que gemia e se sacudia como velha e desconjuntada locomotiva.Aos poucos, porem , fui relaxando, me sentindo em condições de cantar Nisi Dominus em latim.Logo estava agarrando a cabeça de Teresa, pressionando-a contra mim, me considerando um menino nadando numa piscina de chocolate,imaginando que a podridão do mundo se desintegrava .Rios e rios de porcaria despencando num abismo, livrando a terra do excesso de merda.Por esse rio não escova tão-só a matéria carcomida...Montanhas de asneiras...Vales inteiros de insignificâncias...
Melhor que a higiênica e necessária praga de gafanhotos...Longa vida a Santa Teresa da Língua Grande ! Amém!


Vampiros - Manoel Magalhães.

Ps: O links abaixo é somente para quem aprecia atributos, apreciem com moderação...
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Regaço

Jornada longa e algo aflitiva... Devaneios de hora sombra, hora luzes
Pudesse com mais simplicidade, fazer brilhar em mim cálidas lembranças silenciosas e por breves instantes apenas respirar...
Dos bons e dos maus momentos, dualidade de existir e eterna contenda a entender-se...

Não quero dar voz ,ao que por vezes não entendemos nem aos gritos...

Quero sussurros, tal qual intuição que faz misterioso caminho em nossa alma,
Jornada longa e algo feliz...
Não é como largo sorriso vazio que minha alma procura a tua, e nem como mãos em forma de garras feitas de egoísmo que desejo a ti...nada desejo, voa livre...

Quero antes sim, tal qual o peregrino, ganhes os espaços infinitos e comungues com o melhor de ti e lá, no espaço imenso...que descerres os olhos tão fixos em carcomidas idéias, é teu silencio que quer falar...ouve-o.

Mas se nada disso ainda possível for, as vezes não o é...somos assim,hora nos alimentamos das sombras e da fealdade...hora o mais puro manjar, néctar da nobreza.
Vem, faz de meu disforme corpo descanso pra tua alma, que meus braços sejam o aprisco seguro onde repousarás tua dor e tua chaga, que meus ombros possam ser tua segurança, e que meu peito seja suficientemente grande para te abrigar nele...
Não digas nada, apenas...apenas..reclina, tal como oração silenciosa, repousa...

Neste instante não nem cobranças, nem desavenças, apenas um peregrino que encontra outro...somos tantos e temos a vaga impressão de estar só...ainda não aprendemos a nos ver...


Paz e luz em teu caminho.
Luís Fabiano.