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segunda-feira, abril 30, 2007

A real mácula

Sabe-se que os leões o então aqui considerado “rei” das selvas tem mais aparente reputação que qualquer outra coisa, que então pode-se entender por vaidade mesmo e orgulho leonino, quem faz o trabalho nobre na família dos leões é a leoa, ela caça, ela alimenta os filhotes, e eventualmente ajuda o então rei a defender o seu território, no entanto a falta de juba na leoa a deixa sem fama ou propaganda, apagada sua dignidade brilha e ofusca, sem juba.
Embora “humanos”, nossa selvageria é desleal pois é chancelada pela inteligência, somos leões sem juba, em verdade todos queremos ser reis, mas tudo nos ofende profundamente, agride como se nossos sentimentos fossem os mais importantes do mundo, em mundo feito de nosso umbigo, bem as vezes até o são nobres, mas esquecemos de um pequeno detalhe, os sentimentos alheios, na dimensão real das relações os outros tem o direito de manifestar seus pensamentos e emoções sejam eles quais forem, sem que isso nos ofenda, sem que a verdade seja entendida passionalmente e doentia, e por assim dizer nos exponha, não temos este entendimento,e tudo se transforma em borrão emocional, onde nosso orgulho e vaidade saem muito arranhados.
E neste instante percebemos onde reside a real mácula, ela existe na nossa ignorância, na nossa não tolerância pessoal, no nosso desrespeito a nós mesmo imaginando um culpado por nossas dores, um culpado que não olha-se no espelho, quem é o culpado afinal?
Sou eu?
É ele ?
O que te ofende, és mesmo tu colocas na boca dos outros, o que te ofende é tua limitação, a tua inflexibilidade, a dureza de tuas emoções ou mesmo a falta de nobreza delas, isto te macula, isto te faz buscar um fantasma perdido para então aliviar tua consciência, sim existe um culpado gostamos disso, contanto que não sejamos nós.
Na verdade amigo(a) não existe culpado algum, o que ocorre é filho da tua vivencia, a manifestação de como entendes a vida e onde depositas tuas as vezes fulgazes esperanças, não existe culpa. Se tudo terminou em desastre, tudo bem, faltou-nos algo, mas nada será como era antes, jamais, não tente reconstruir a tua infância ela não volta jamais.
A macula é mancha em tecido alvo, mas quem é este tecido? Quem o teceu?
Se você imaginou-se assim, cuidado, você deve olhar-se mais de perto, ainda não vistes as frinchas de ti mesmo, talvez a maior mácula de todas, pecado original.
E então o Leão ergueu sua cabeça balançou de forma imponente e grave a sua juba, olhou para os lados com ar de desdém e tornou a dormir como se nada tivesse acontecido, e fez-se silencio na floresta novamente.

Tenhamos todos uma boa semana
Paz na nossa alma.

Fraternalmente
Fabiano.
Aroma

... o progresso significa superprodução, significa a necessidade conseguir as novidades eternas, significa rivalidade , significa guerra.E o progresso mecânico significa mais especialização e padronização de trabalho, significa uma queda da iniciativa, significa despersonalizados , feitos para o mundo, significa a atrofia das faculdades criadoras , significa mais intelectualismo, e um apagar progressivo de todos os elementos vitais e fundamentais da natureza humana ,significa tédio e agitação, significa enfim uma espécie de loucura individual que não pode ter outro resultado senão a revolução social.
-Mas somente por sua própria destruição.Quando a humanidade for destruída, está claro que não haverá mais problemas.Mas isto me parece triste.
A raiz do mal esta na psicologia individual; de maneira que é por aí, pela psicologia individual, que seria preciso começar.O primeiro passo seria fazer que as pessoas vivesse de uma maneira dupla, em dois compartimentos. Num dos compartimentos, como trabalhadores industrializados, no outro, como seres humanos. Como idiotas, como maquinas, durante oito horas dentro das 24;e como verdadeiros seres humanos o resto do tempo.
-Elas já na fazem isto?
-Esta claro que não. Os homens vivem como idiotas, como maquinas , todo tempo, tanto nas horas de trabalho como nas horas de folga. Como idiotas e como maquinas, mas imaginando que vivem como seres humanos civilizados, mesmo como deuses. O primeiro passo a dar é faze-los reconhecer que eles são idiotas e maquinas durante as hora de trabalho.”Sendo a nossa civilização o que é”, eis o que será preciso dizer-lhes,”vocês devem passar oito horas das 24 como uma espécie de intermediário entre um imbecil e uma maquina de coser.É muito desagradável,eu sei.É humilhante, é repugnante.Ma aí está...Você tem de fazer isso; de outra maneira, todas a estrutura do mundo se fará em pedaços e nós morreremos de fome.Eis por que é preciso que façam esse trabalho bestamente e mecanicamente; e que passem as horas de lazer como homens e mulheres verdadeiros e completos.Não misturem as duas vidas;mantenham os compartimentos bem estanques entre elas.O importa acima de tudo e é a vida autenticamente humana das horas de folga.O resto não passa de uma necessidade sórdida que é preciso satisfazer.E não esqueçam nunca que ela é efetivamente sórdida e - a não ser por permitir que vocês se alimentem e conservem intacta a sociedade - absolutamente sem importância, sem a menor relação com a verdadeira vida humana.Não se deixem enganar pelos patifes cheios de unção que falam da santidade do trabalho e dos serviço cristão que os homens de negócios prestam aos seus semelhantes.Tudo isso são mentiras.O trabalho de vocês não passa de uma tarefa repugnante e desagradável, mas que infelizmente é necessário por causa da loucura de nossos antepassados.Eles acumularam uma montanha de lixo, e é preciso que vocês fiquem a trabalhar dia e noite com suas pás procurando remover o monturo , de medo que o fedor dele os envenene e mate;é preciso que vocês trabalhem para respirar, maldizendo a memória daqueles insensatos que lhes deixaram todo esse trabalho ignóbil por fazer.Mas não procurem entregar-se-lhe de coração, fingindo que esse sujo trabalho mecânico é uma necessidade nobre.Não é verdade; e o único resultado que vocês obterão dizendo isso e crendo nisso será abaixar a nossa humanidade ao nível dessa necessidade infecta.Se vocês acreditam nos negócios, na política como serviço e na santidade do trabalho, vocês se transformarão simplesmente em idiotas mecanizados durante 24 horas,das 24 horas que tem um dia.
Reconheçam que é um trabalho infecto, tapem o nariz, dediquem-se a ele durante oito horas e depois concentrem-se em si mesmos para ser, nas horas de folga,entes humanos verdadeiros.Seres humanos verdadeiros e completos.Não leitores de jornais nem amadores de jazz, nem maníacos por televisão.Os industriais que fornecem ás massas divertimentos padronizados e fabricados em série fazem o possível para torna-los,nas horas de lazer, os mesmos imbecis mecânicos que vocês são durante as horas de trabalho.Mas não permitam isso.É preciso fazerem o esforço necessário para serem humanos.É preciso convencer a todos que de a magnífica civilização não passa dum mau cheiro, e de que a vida verdadeira, a que significa alguma coisa,não pode ser vivida senão fora dela.Será preciso muito, muito tempo para que uma vida decente e o cheiro social se possam conciliar.Talvez sejam mesmo inconciliáveis.É o que ainda está para se ver...Seja como for, por ora é necessário atacar as imundícies de rijo, suportar o cheiro estoicamente ,e, nos intervalos, tratar de levar uma vida verdadeiramente humana."

O contraponto - Aldous Huxley.

sexta-feira, abril 27, 2007

Satisfações carnais, percepções emocionais

“...e então ela entrou no quarto acompanhado dele que estava nervoso, em primeiro momento havia ansiedade em seus gestos, ela muito decidida praticamente ditava a maneira como aquela dita noite de “prazer” iria ocorrer, calma e segura tirava a roupa lentamente, dando ênfase em cada gesto, provocante é certo, por outro lado ele não sabia muito bem a que prazeres estaria se permitindo ou exposto, normalmente iria correr para junto de seu corpo, arrancaria suas vestes e em um ato único invadiria suas carnes fresca em seco em uma mistura de dor e prazer, sim excitação havia, mas sem preliminares e ela certamente cobraria os préstimos do prazer, afinal tudo tem um preço ao menos significativo, depois do prazer a dura cobrança que enrubesce o valor das moedas, mas prazeres assim são, o prazer desapegado é tão raro e mitológico quanto um unicórnio, são prazeres vazios que não preenchem a alma, não fazem brilhar as emoções e nem o olhar, uma boa troca talvez e tudo termina no vazio, por mais que demore o ato em si, sempre é rápido. Ela agora insiua-se, mas suas botas pretas faz com que ele não se mexa, fique na defensiva, um boxeador fragilizado em seu córner e a luta nem começou, ela nua e de botas negras, ele a deseja, mas poderá ao satisfazer os imediatos instintos afagar-lhe a alma? Alma, que alma?A tal da alma certamente já saiu pelo jato do esperma, ou talvez pelos orgasmos múltiplos dela, entre gritos, gemidos e líquidos o que ficará depois?Julgar? Claro que não, você sabe muito bem que existem coisas que não precisam ser julgadas por sua limitação elas nos encerram em si mesmas e acabou, nada mais.
Mas as emoções...sim as emoções, de - repente ele começa a chorar, agora lembrara de sua amada, aquela a quem seu coração elegeu, não como poderia ele, não era indigno, em seu interior a guerra do instinto buscando as formas sedosas da mulher de botas negras, quanto o relicário de suas mais belas emoções e experiências da mulher que lhe conquistou a alma, os pensamentos e o carinho, puxa que saudade dela, que ela estaria fazendo agora?A moça de botas negras agora expunha seu sexo próximo a sua boca, e o monte de vênus ali tão perto ao olfato, mas seus pensamentos estavam longe dali, sua esposa não era bela é verdade, mas que saudade de seu sorriso doce, como que em surto levanta-se, afasta a dama de botas negras e sai em desabalada carreira, queria agora o regaço de sua amada, e a achou, e ficou em paz.
Esta é uma guerra perdida amigos,como a ficção deste texto,os gritantes e destoantes instintos subjugam a razão, acorrenta as emoções e só as liberta depois de satisfeito para então o auto-flagelo começar através de uma sessão auto-maosquista, de dor e as vezes algum arrependimento,não limite no seu pensamento o texto simples prazeres eróticos, são todos os prazeres que te chama, e faz tu perderes o melhor de ti, lenta e gradualmente.
Cuidado com ela, ela agora esta de botas negras e possui um chicote em suas mãos.

Um excelente final de semana.

Fabiano.

quinta-feira, abril 26, 2007

"As distancias não existem para recordação, somente o esquecimento
é um abismo que nem a voz, nem o olho
podem atravessar, tua tristeza
te enobrece."

desconhecido
De mim para ti

Me dê licença de ir me achegando, agora me assento tranqüilo, tenho uma historia para contar, primeiramente me desculpe, embora estranho pareça isto a ti, sabes muito bem que nunca nos vimos é verdade, o que eu considero algo infeliz, mas com tudo não iria te ver inerte e sem vida, morto, me neguei a isso. Como me neguei e negligencie a tantas outras coisas, mas que ao final justificaram-se no meu coração e disso não existe culpa alguma, agi com frieza e rigidez necessária seguindo minha natureza objetiva e característica de minha personalidade.
Sou ótimo em executar.
De tantas tentativas de ver-te que em nada deram, e o furtar das causas tristes e diversas que então envolviam as circunstancias, este encontro ficou adiado, possivelmente, permanentemente, pois por agora não acredito em muitas coisas e em pessoa alguma, meu rio de emoções secou e me trouxe paz, mas fique tranqüilo, não creio por mera opção minha, as pessoas a minha volta em nada me inspiram porque certamente suas vidas, rasas e vazias em nada estão inspiradas, paixão nobre lhes falta e ninguém tem culpa disto, mas isto também não é problema, afinal cada humano tem seu aroma peculiar, num mundo próprio de fronteiras limitadas.
Mas aqui falo de significado, como pode sem forma, sem imagem estabelecida e nem cor estares vívido(a) em mim, a prova mais bela que para o amor existe um caminho sem caminho, ele é o autentico significado da permuta sincera e desinteressada, ao que vem ao encontro ou parte, ou simplesmente nunca se viu, o significado que transcende formas e fala a alma.
Como pode eu sem ter nuca te visto nutrir carinho por ti?Fizeste a tua trajetória curta, rápida como um relâmpago que de um segundo para o outro deixa marcas eternas. Sabe gostaria de ter me sentado a mesa e conversado contigo, talvez nutrir as tuas expectativas, tentar te fazer muito melhor que eu, porque afinal tudo deve buscar a sublimidade, o refinamento e a beleza, te falaria sobre esperanças e onde e quando te-las, iria destruir com as tuas possíveis ilusões e te daria de presente a verdade, fosse ela o que fosse, hora suave, hora dura e fria. Sabe, iria alimentar a tua mentalidade com a essência daquilo que aprendi o melhor, se é que aprendia alguma coisa, mas te daria os instrumentos necessários para entenderes a dor e as vezes não senti-la por usar de inteligência, seria simples e franco contigo, e daria da minha verdade mais bela para ti, coisa que certamente não dou ao mundo, porque o mundo não deseja verdades, deseja meu cinismo homeopático e claro com um leve sorriso que emoldura ações.
Com teu corpo morto entendi muitas coisas, que embora não nutra ansiedade ou perceptivas em relação a nada, certamente se tu estivesses aqui eu continuaria a ser feliz exatamente como sou, cada despedida é um adeus permanente, é um talvez e até nunca mais, como saber? Não temos esta percepção, somos lentos no pensar e sentir, e cremos na infinitude de nossas emoções.
Mas por agora chega, vou me indo, deixemos isto tudo para onde está, e sigamos nossa estrada, cada um no seu caminho, sem passado ou futuro, apenas este momento, o único real de nossas vidas, para ti eu deixo meu eterno carinho, minhas melhores energias e meu amor, segue agora em busca do infinito, alcança as estrelas, e dorme nas constelações, em meu coração serás sempre este significado mais belo e profundo, muito obrigado por tudo.


Isto que foi narrado acima é uma longa historia,se
algum dia vocês quiserem
conhece-la mais a fundo,
falem comigo pessoalmente
que com todo prazer detalharei.

Meu fraternal e triplíce abraço.
Fabiano

quarta-feira, abril 25, 2007

“ Quando os sentidos adormecem, que o belo em ti se revela, e quando eles falam a tua fealdade entra em cena.”

Fabiano
A beleza em Sí.

Não presto atenção em quase nada que me falam, pois vozes dizem muito pouco, ou melhor, elas servem para ocultar a real dimensão do que se deseja expressar, um disfarce pequeno que mais serve para aparência estética, que muitas vezes não fala a alma, letras que o vento leva, ocas e vazias, quando me dizes seja o que for não te escuto, sinto o que não dizes, mas que o teu silencio grita.
Falo de alma, pois poucas pessoas sabem basicamente o que vem a ser isso, a grande maioria pensa nela com um objeto, algo que irá se defrontar quando a morte achegar-se e der seu derradeiro beijo, ledo engano.
A alma é a vida real de todas as coisas animadas e inanimadas, é o que faz amares e por vezes odiares, é o que deveria animar todos os atos de tua vida, sentindo, apreendendo e buscando a si mesmo, na única satisfação possível do ato livre e desprendido.
Não desejo belezas pueris, beleza que a poeira e o tempo podem conspurcar, distorcer e murchar, quero beleza vívida e inerente, beleza que se engrandece a luz do tempo, que torna atos chulos em sentimentos nobres, embora o caminho escarpado para este seja longínquo, lacerante e cheio de dor.
É claro que não falo de beleza objetiva, esta a quem o mundo se vende, o que vejo em ti não é isso com toda certeza, mas antes sim a sutileza, o refinamento o aroma do que há de melhor em ti, é a isso que busco e nada mais.
Desejo que esta beleza aflore em ti e volite, e que ela seja tão sublime, tão inegável que por sua própria natureza, tu não suportes a mediocridade tanto em ti, da tua vida como daqueles que te cercam, que te seja impossível negar a mais profunda e absoluta verdade, como um surtar as avessas, que sopra a sua própria direção para longe e só,e esta para a imensidão de augustos pensamentos e emoções.
Quero embriaguez desta beleza e nada mais.
Mas infelizmente ninguém pode me dar tal jóia, e talvez nem eu a tenha, a depuração é dolorosa e ninguém quer ver morrer aquilo que sempre acreditou, aquilo que passou a vida endeusando, o mito da perfeição ilusória, o totem da sua própria ignorância, assim como um ideal que falece de fome e sede gradativamente.
Mas não se culpe por favor, é apenas uma condição de energia e direcionamento, raras pessoas se interessam por isso embora suas palavras digam o contrário, mas pessoas gostam do que fala mais alto aos seus sentidos objetivos rápidos e primitivos, seus interesses a que não julgo, cada um de nós se alimenta do que pode e necessita, é impossível a um beija-flor alimentar-se de carne pútrida, sua contextura pede o néctar das flores, mas do que você se alimenta mesmo?Desculpe, não deu para resistir.
Mas tudo certo, me sua fealdade mesmo afinal quanto a isso nada pode ser feito, é tudo sem muito sentido profundo e o que você pode fazer afinal?Fique tranqüilo você já aceitou.

Fraternal respeito a todos, belos e feios, dignos e indignos.

Fabiano.

terça-feira, abril 24, 2007

Meu coração não tem morada

Muito antes de um cântico de tristezas, um clamor longínquo de dores ou um murmúrio solitário da perda irreparável, nada disso,não existe morada ou pouso para meu coração, não há descanso,solitário ele voa hora por um deserto hora por um oceano interminável. Sem encontrar paradouro, hora claudica de fome e sede e na ânsia de viver se alimenta hora do pior e hora do melhor.
O tempo passa e o coração que dantes era feito de fibras leves, suaves e luminoso, foi se tornando denso, foi se apagando, ficando pesado e duro, seco. Hoje não voa mais, caminha lentamente e ainda não tem onde reclinar-se. Em sua memória o lamento daquilo que foi e que na esteira do destino jamais tornará a ser, dilapidado pela vida, marcado a fogo pelo sofrimento e descrença, algo humano de experiência dramática, doída, repleta de lágrimas.
Por vezes ele adormece, e sonha, sonha com um lugar paradisíaco, onde sente-se em casa e ali feliz está, consternado ele nunca sentiu-se em casa, sempre fora um estranho olhado de revés, extremamente não compreendido, mas sonhava, e nos sonhos era feliz por ligeiro instante, nos sonhos declinava a cabeça em colo amigo, no regaço da amada(o) e por fim descansar por encontrar repouso e doce morada.
Mas era sonho apenas, este descanso é ilusório, a bem da verdade, esse colo amigo é feito de espinhos, o carinho é feito de frias e esqueléticas mãos, que mais ferem que consolam.
E ele então segue só.
Certa feita até acreditou que poderia descansar, sim o coração iludi-se facilmente, ele é feito de puro desejo, quer criar mundos, buscar as estrelas, mas tão logo começara a crer entendeu que para viver o amor, a paz e alcançar as amadas estrelas é necessário mais que desejar.
Em frangalhos, ele apenas deseja viver, não deseja mais nada, já não crê em mais nada, pois crer é esperar, é iludir-se, quer apenas sobreviver e só, eis a autentica miséria, origem de todos os dissabores humanos.
Hoje estou assim, falo de minha essência profunda, já não creio em ti, já não creio em nobres sentimentos e nem acho que possas preencher o insustentabilidade de minha alma, tudo acaba rápido em uma dimensão pueril, cova rasa para um coração praticamente morto.
Não deixe seu coração ficar assim, frio e ressecado, alimente outrossim a esperança, luminosidade da alma, o carinho mel do espírito, o sagrado que diviniza a existência, vá em frente e boa sorte.
Vou eu agora voltando a estrada, agradeço este curto instante que me foi breve descanso, mas é tarde, é preciso ir, ainda não tenho onde reclinar a cabeça e sonhar.Ainda não tenho morada.

Fabiano.
"O meu coração, pássaro do deserto, revoa no céu dos teus olhos. Teus olhos são o berço da manhã, o reino das estrelas e a profundeza onde as minhas canções se perdem. Deixa que eu mergulhe neste céu imenso e solitário. Deixa que eu penetre as tuas nuvens e abra minhas asas em teu sol."

R.Tagore

segunda-feira, abril 23, 2007

A face bestial

Dizem que os olhos são o espelho da alma, então certamente o rosto é o corpo do coração, longe de reparar estética que é algo frívolo, medíocre, frio e totalmente incoerente, geneticamente gostamos do que é belo pois traduz na nossa tosca percepção a abundancia, mas tudo não passa de um ledo auto-engano,triste, tomamos esta observação como absoluta, travando uma luta para não ser o essencialmente a nossa alma o é.
Olho os olhos de entes humanos, meus irmãos e percebo o opaco de sua retina, o aspecto bovino de ver, perceber e sentir a vida, a ausência de si mesmo, de sua paixão, compelidos pelo dito ritmo cotidiano, macerados pelas inúmeras insatisfações, desejando que as fronteiras objetivas aplaque o abismo existente na subjetividade do seu coração, enquanto assim se percebe a vida a fatalidade do erro nos permeará.
Caminhando e sofrendo, ferindo-se e deixando se ferir e algumas vezes poucas é claro entendendo tudo isso, essencialmente apenas alguns porquês, vamos baixando nossa fronte para solo, bovinamente, hora sentindo o açoite ferrenho a nos lembrar da estrada, nossos olhos fixos no pasto suculento e tudo não passa de pasto, triste e pobre ruminante.
Limitados, nossas respostas são esperadas e óbvias, mas ser diferente é apartar-se do rebanho, é torna-se a arredio, e as pessoas não gostam do diferente,não aprovam, porque isso as remete a individualidade e esta a solidão, a solidão de estar consigo próprio, contar consigo próprio descobrir-se a si próprio, bem e afinal quem vai querer olhar no espelho e descobrir-se uma bovino?
Um bovino com acessórios?
E os convido a volitar nas raias do pensamento, tente alçar o grande vôo, esqueça por um momento o campo verdejante e a tua fome medíocre, não, não tenho direito de te pedir para fazer isso,pois certamente você passaria mal, a aquele a quem as quantidades falam mais alto não se satisfaz com as doses infitesimais de qualidade, e fazemos esta troca de valores para suprimir algo que nos falta, a sutil inteligência.
Podemos transmitir inteligência a alguém?
Não, porque isto são aptidões individuais, como um jogo de azar que um dia se ganha e a maioria se perde, cada vez que dialogo com alguém isso me vem a mente, que esta pessoa deseja do fundo da sua alma, e a resposta é a mais fútil possível acompanhada de um sorriso bovino, e neste instante em mim misturam-se uma amálgama de emoções, que são hora pena, hora repulsa, hora compaixão, hora a mais pura maldade, hora sou doce, hora mais amargo que o fel, não poderia ser diferente, a verdade tem sua característica e preço.
Agora de volta ao campo, é hora de vocês retornarem o campo verde chama...

Fraternal tríplice abraço.
Boa semana a todos.

Fabiano.
"Pitagoras disse que a mais divina arte è a arte de curar , e se a arte de curar è a mais divina , deve ocupar-se com a alma tanto quanto o corpo ; pois nenhuma criatura pode ser saudavel enquanto sua natureza superior estiver enferma."

APOLONIO DE TIANA

sexta-feira, abril 20, 2007

Estátuas Feitas de Cocô

Não, não estou debochando da arte, longe disto respeito arte e artistas de todas as manifestações artísticas, afinal a inspiração e a beleza devem nortear nossas almas, ao menos as almas sedentas de refinamento e doce sensibilidade, mas aviso isso é para poucos, não basta escrever-se e dizer, desejo sentir, perceber e entender, pois isso deriva do amadurecimentos e burilamento dos sentidos.
Mas existem obras e obras, pensamentos e pensamentos, e os artistas da vida cotidiana, a qual você é partícipe fazem suas obras, mas infelizmente nossa matéria prima é fétida, desejamos criar a beleza, o amor, a partir de nossa própria matéria prima, a que deriva de nosso intestino, nossa obra acabada, e concluída fede!
Exaltamos nossas estatuas feitas de fezes, como a mais bela e ultima obra da vida, e a beleza de nossa vida?!
Será que você entende isso?
Não, não entende, sou radical demais, certamente você esta pensando isso, a minha vida não é feita de fezes, imagina?!Nunca inadmissível. Assim como você não tem mau cheiro nunca, em nenhum lugar do corpo, o banho é só demonstração de vaidade, e o perfume é detalhe desimportante.
Ao acabada obra, esta morreu esta sem vida, perfeita talvez, mas morta, ao pensar em nossas vidas, ao considerarmos o topo final de tudo, o ápice, seja trabalho, no emocional, e todas as satisfações que ditas alcançadas nos premiariam com a eterna felicidade.
Certamente hoje és feliz, se não és, certamente te falta algo que vem de fora, o que geralmente é fútil demais e assim vais construído tuas obras, e o odor vai ficando mais forte. Onde está o erro? A matéria prima meu caro, usamos nossa identificação com o mundo e esperamos que esta identificação nos propicie a satisfação, mas satisfação meu caro é algo morto, a vida e o presente ali já se foram, não estão mais.
Se não tiveres algo que mobilize tua paixão mais linda, o teu amor mais sublime e desinteressado, teu doce carinho e eterna gratidão, em um mesmo tempo tudo em teu coração, dessa matéria prima surge o alento verdadeiro da vida e onde a arte de viver mostra sua grandiosidade nos conquistando e inspirando a vida, colocando matéria mais sublime para construirmos a paz, a harmonia e felicidade.

Que a paz esteja contigo hoje e sempre.
Meu melhor aroma para você.

Fabiano.
"Nossas concepções, limitadas à estreita área de nossas experiências, tentam acomodar-se, se não a um fim, pelo menos a um começo do tempo e espaço; mas nenhum destes existe em realidade, pois em tal caso o tempo não seria eterno, nem infinito o espaço."

Ísis Sem Véu I, 184

quinta-feira, abril 19, 2007

Inteligência

Certo dia,entraram em um restaurante um leão e um lebre.
O gerente ficou boquiaberto;ninguém do restaurante podia acreditar
nos próprios olhos e baixou um pesado silencio no ambiente.
Havia muitas pessoas comendo, conversando, fofocando, e
todas ficaram completamente quietas.
O que estava acontecendo?O gerente correu para os fregueses
que entraram e conseguiu gaguejar para a lebre:”O que deseja,Senhor?”
A lebre pediu café.
E o gerente perguntou:”E o que seu amigo gostaria?”
A lebre riu e disse:”Você acha que,se ele estivesse com fome, eu estaria aqui?
Ele não está com fome;senão,teria feito seu desjejum e eu já era!”
Podemos ficar juntos somente quanto ele não esta com fome.”

Osho.
Coração de um espinho

Dos caminhos que a vida nos leva, a nobreza e a profundidade é o mais raro de ser garimpado, ouro existencial, pois existe satisfação de todos, o básico nos chama fala mais aos nossos sentidos doentios, não desejamos planar ou pairar acima da mesquinharia e mediocridade asfixiante, somos parte integrantes dela e a ela prestamos nossas homenagens a cada minuto de vida, na vã imaginação que ela te retribuirá com satisfação eterna.

Lamento, se você espera plena satisfação daquilo que a vida tem de mais raso não podemos fazer nada, existe um longo caminho a percorrer, caminho feito de discernimento e aprendizado.
Os sagrados valores da vida não são dados de presente, não são conseguidos facilmente, é com dor e muitas lagrimas, e inúmeras “mortes” que se chega a esta apreciação, falo de dor mas não qualquer dor, pois existem dores medíocres, pequenas, dores de vaidades não satisfeitas, orgulhos machucados, num profundo equivoco de nossa aparente importância, a dor que vem de fora que os outros causam em você ou que você mesmo faz isso, é um espelho de nossa inabilidade de viver.
A chave é, percepção e sensibilidade acuradas, refinadas, balsamizadas por um conhecimento de si, e principalmente de suas limitações, em busca do esgarçar dos sentidos profundos, uma guerra sem guerreiros, sem armas, mas com dor certamente.
Mas porque falo tanto de dor?
Não sou sadomasoquista, não existe muito prazer nisso, falo porque a dor é real, somente ela é real, ela é o elo de ligação entre todos, não compartilhamos nossa felicidade, mas nossa dor é certo, ela vaza pelas fibras de nosso coração, espelha-se em nosso semblante, e torna o um mundo uma imensa solidão.Você e sua dor.
Dizem que sou desagradável, amargurado e seco, não desminto nada disso sou mesmo contraponto e jamais serei diferente, se para ser agradável é preciso proceder como toda humanidade procede fraudulenta e polidamente educada ou correta, lamento, perdes teu precioso tempo.Se para ser agradável teremos de falar sobre o teu chulé, os teus gases, teu mau hálito,e todos os odores fétidos que te cercam, esqueça, peço que subas em andaime para falar comigo, porque o raso não me satisfaz, nunca me satisfez.
A beleza de nobres sentimentos encontra-se protegida pelos espinhos da personalidade, pois tudo que é de grande valor neste mundo e mesmo no mundo objetivo, encontra-se guardado, protegido e a poucos é dado. Em se tratando de humano o que abunda é vulgar.

Hoje deixo a você o fraternal
abraço de um cactus, com apenas uma flor.

Fabiano.
A bem da verdade vos digo, que de mil salva-se apenas um.”

Eclesiastes

terça-feira, abril 17, 2007

Respostas Rasas

Houve um tempo em que era menino, acreditem eu já fui criança, e certamente fui inocente muito embora não tenha recordação disso, creio que nenhum de nós tem, do tempo que fazia as coisas por fazer, sem que subjacentemente houve algum interesse pessoal,mesquinho,comezinho, com o tempo vamos perdendo este desapego todo, e gradualmente vamos nos convertendo em culpados herdados, associando a tudo isso o monturo de fragilidades,condicionamentos, medos e o principal a ignorância , perdendo gradualmente a ciência de saber o que se é realmente, se confundindo com o meio para termos a esplendorosa capacidade de nos tornarmos iguais a todos!Razão porque exceções são raras.
Com o tempo fui compreendendo um pouco ou quase nada do gênero humano, e entendi que ele busca o infinito por meios finitos, deseja a satisfação plena com o mínimo de esforço, deseja que seu imaginário se converta em realidade magicamente mas sem a noção mínima que isso longe e muito longe está de dar-nos paz,harmonia ou felicidade. Deseja a cura das chagas, mas não o remédio,infelizmente e a duras penas aprendemos, a dor é nossa mais leal companheira amiga e de certa forma esta sempre a nossa espera, dor nossa, dor dos nossos, dor de vida e dor de morte.
O tempo passa, e minha alma se molda na plasticidade do tempo, sem anseios, nem desejos, apenas na aspiração pelo sublime que poucos querem ou compartilham, me desculpe, mas certamente você não deseja isso, ou talvez não tenha a mínima noção do que estou falando, tudo certo não é preciso entender tudo na vida, alias grande parte de nós passa a vida inteira sem entender, afinal tantos por quês ?
Mas hoje dentro da simplicidade de minha alma e dos poucos sentimentos que tenho, te digo, desejo te encontrar, mas encontrar o melhor de ti, o sublime em ti, o sutil da tua alma, quero te ver, mas quero o perfume que talvez possas me dar, quero beber no profundo do teu Ser, não me venha com o raso, rasteiro o rente, não, não quero isso, talvez só o que tenhas seja isso para me oferecer, mas não lamente por mim a tua miséria, mas por você ainda não ter descoberto que o Fulgor está em você, que resplendor e luminosidade habita em você, mas preferes por ignorância, má vontade ou mesmo imaturidade da alma a letal segurança das águas rasas de teu Ser, pois o profundo agora é perigoso demais.
Não me dês o raso por favor, pois eu não aceito, se é só o que podes me ofertar, te peço, esqueça, me esqueça porque certamente conviver comigo não te fará bem, conviver comigo vai te causar mal estar e náuseas, não poderás encher minha taça,não poderei encher a tua, não poderás alimentar o fogo da vida que há em mim,nem eu em ti, não poderei te enriquecer a vida e nem minha.
Agora, fica tranqüilo(a) segue teu caminho,mas lembre-se,não esqueças de Ti mesmo, acorda Ele em ti. Ele sorri para ti agora, não o ignores.

Aos buscadores cujas almas são
mourejadoras fiéis em busca das estrelas.
meu carinho,meu respeito.

Cordialmente.
Fabiano.
"A borboleta só se tornou o que é, porque certamente aprendeu a arte de rastejar."

Fabiano.

A outra



A outra

O inicio de fato era um paraíso, míticos Adão e Eva, tudo transcorria com certa naturalidade havia carinho, respeito, gentileza e carinho, como era absolutamente comum o procedimento de relacionamentos. Nada havia de realmente diferente, do que se espera de um relacionamento comum. No fundo isso é a ambição de todas as pessoas, terem alguém para compartilhar suas vidas, sonhos e desgraças, apenas o comum e igual a si, não há romance nisso.

Bem, isto foi até um certo dia em que Inglória acordou, brava, irritada e extremamente aborrecida. João o marido, não entendeu nada, ele começava naquele dia a conhecer a Inglória, mas ao deitar-se a noite ela não estava assim, ele deitara-se com Glória aquela noite, fizeram sexo como sempre, e ela estava carinhosa, doce e gentil como sempre, mas o que acontecera ?

Que mistério a noite trouxe, para vida de ambos? 
Sabemos que quando a noite cai, obscurece nosso entendimento, pouco pode ser feito. As luzes artificiais escondem a visão de tudo, que deveria ser entendido ao meio dia. João aturdido não sabendo mais como lidar com sua amada esposa, já quase ex-esposa, final ela estava com uma tmp, associada ao inferno astral astrológico, certamente um intestino preso, insuportável.

Ao deitarem-se a noite, eis que Glória volta, amada, doce, feliz e tranqüila. Sim havia saudade e amaram-se loucamente novamente, mas pela manhã...Inglória furiosa voltara. Percebeu agora João que se casara não com uma mulher, mas sim com duas, era um bígamo, Glória afinal tinha dupla personalidade, e era ciumenta em função disso, hora era Glória, hora era Inglória, como lidar um anjo e um demônio num mesmo corpo?

Era impossível, quando nossas terríveis personalidades se manifestam não somos nós, é o obsceno, o lamentável e o grotesco entram em cena,e o desbragar do funesto espetáculo, espelho disforme de desconcertantes manifestações.

Para mim e sinceramente, não desejo saber de Glórias e nem de Inglórias, o nome que tenha, aprendi comigo mesmo que nas Inglórias nos convertemos e nas Glórias nos esbaldamos, na Inglória você acaba sabendo de que é feito,de fibra, de aço e de água, na Glória é o efêmero, quase utópico, sonhos feitos de vapor e vazio, fácil.

Mas afinal meu camarada, quem quer algo um pouco mais difícil? Quem quer fazer Yoga para entender o outro(a),ou o próximo?Queremos parto sem corte, sem dor?Lágrimas sem água?Felicidade gratuita.Isso que queremos, algo que necessite o doar da tua alma, o preço torna-se insuportável.

Sabem qual é o preço?
Descubram, afinal o bolso é de vocês.

Fraternal respeito, e olho na Glória.


Luis Fabiano.

quarta-feira, abril 11, 2007

"A beleza de uma semente, é morrer, para que viva o melhor de si."

Fabiano.
Simplicidade Desgarrada

Como é natural de se esperar a grande maioria de nós segue um caminho óbvio e convencional, sim falo de vida, falo de experiência existencial tentativa errante de algo seguro e inabalável, caminho de pedras e sem ventos, mas a existência se traduz não por esta abordagem “simplória”, mas subjacentemente as complexidades são hercúleas, complexidades advindas de nosso desejo errôneo de acertar. Ordem ao aparente caos.No meio deste caminho algo fugidio escapuli e perdemos para muito tempo a possibilidade viva e real de sermos e sentirmos a real felicidade.Quanto maior a vontade menor a probabilidade.
Confundimos simplorismo com simplicidade, como geralmente confundimos tudo que é nobre na vida com aquilo que é pecaminoso, deplorável, nosso discernimento é equivocado e manipulável pelos nossos mesquinhos interesses, cativo de nossas complexidades baratas tornando um borrão existencial.
Pudéssemos ser tranqüilos e simples como os riachos que sabem a sua direção para o mar, o grande oceano, pudéssemos não perturbar o natural equilíbrio de tudo que existe, mas isso é pedir muito, é pedir que abras mão da fatal engrenagem que polariza tua vida, te massacra e tu a reverencias , é pedir que abras mão das simples teias que ardilosamente teces para então proclamar que isso tua vida, teia feita de pegajoso medo, de grudento orgulho, teia feita das viscosidades de sentimentos, o que há de mais grosseiro neles. De fato a vida é mesmo muito simples. Complexo mesmo és tu. Onde em ti tudo te mexe, agride e modifica. Será que nos damos conta de nós mesmos desta imagem feita, construída de si, repleta de distorções?Ou o espelho está embaçado?Sujo? Simplicidade é ver as manifestações da vida e interagir inteligentemente com elas, permeando e sendo permeado se assim for.
Não duvides, as coisas são essencialmente simples, o que torna complexo é a imposição da ignorância no sentindo contrário da razão, levando ao condicionamento e ao conformismo de ser limitado.
Aprenda a escutar o murmurar dos rios, o sussurro dos suaves ventos, aprenda a sentir pulsar das pedras e o gracejo doce dos insetos e o mais importante aprenda a perceber a sutileza que existe em ti, a voz mais baixa e serena que cala na tua alma e sonha acalentar teus devaneios, Ele está ali e em todas outras coisas, Ele está aqui.

Uma boa semana a todos, sejam
suaves como um
bater de asas de uma borboleta.

Fraternalmente
Fabiano.
É fácil falar com clareza quando não se vai dizer toda a verdade.
(Rabindranath Tagore, dramaturgo, poeta e filósofo indiano)
Dizeres de medo

Não temas nada em primeiro momento, não temas as doenças, a violência, não temas o quarto escuro, não temas a morte e nem a mim, tudo pode te acontecer a qualquer momento, não temas.
Ante a probabilidade do solitário desterro, respire profundamente, o medo é nossa auto-confrontação de falhar, de ser desaprovado e muitas vezes de ver vazar as fissuras da vaidade.Mas fique bem tranqüilo, de perto, e bem de perto, existem inúmeras fissuras em você! No fundo o que você mais teme é ver-se, fragilizado, talvez caído, o enfrentamento do desconhecido, normal todos caem eventualmente. Mas isto é uma ironia amigo, você é desconhecido para si mesmo e por sua vez tem medo do desconhecido, talvez então você tenha medo somente de si mesmo?Já lhe ocorreu isso?
Se estás doente, se tranqüilize, o medo faz baixar as defesas do organismo, o medo piora tudo, mas se você pensar friamente, não há o que temer,a não ser você mesmo,a raiz do medo jaz na impossibilidade de controlar tudo na tua vida , não há controle possível, relaxe. Mas então você pensa, mas se alguém me atacar, me matar,me roubar, me violentar? Eu pergunto é esse seu desejo? Como tudo na vida isto também é uma possibilidade, mas o que rege nossas possibilidades é a lei das similitudes, apenas acontece ao homem ao que a ele se assemelha.
Cultive o único escudo possível contra tudo isso, é a harmonia na alma, coisa rara é certo, mas uma vez conquistada ninguém pode te subtrair, como as verdades mais profundas, que venham os terremotos, tsunamis, as pestes e você ainda está lá, sólido, firme como uma montanha, pois tuas convicções são o perfume que se faz evolar da tua alma.
Não tema por ti, não temas pelos outros, não temas pelos teus filhos, todos precisam ter suas experiências, isto é intransferível, neste ínterim o caminho é totalmente solitário, não, não há como sofrer uma dor alheia, podeis dar tudo de melhor de ti, do teu espírito ao próximo, e assim deve ser, mas é solitário que ele irá sentir e aprender.
Não temas mais nada amigo(a), a não ser a você mesmo, quanto teus maiores temores surgirem e aterrado você não se mover, lembre-se tudo que você pode fazer neste momento é dar o melhor de si mesmo, sua melhor inteligência, suas melhores emoções.
O medo é o excesso de respeito que temos por nossas falhas.

Meu mais corajoso respeito.
Fabiano.
A borboleta e o Tigre

Certa vez, a muito tempo atrás existia uma borboleta, linda, rara ,de cores e matizes nunca antes visto, uma pequena borboleta, magra, mas nossa borboleta estava triste, não conseguia voar, você não imagina que drama é para uma borboleta, não conseguir ir de flor em flor, levar, vida, levar fecundação, era uma borboleta de asas partidas e de coração enorme.
Mas nem tudo era tão ruim assim, algo curioso aconteceu em um certo momento, são aquelas coisas que tornam nossas vidas especiais e que passa a ter um vital sentido.Neste dia em especial a borboleta conheceu um tigre, que estava trocando o pelo, tigre forte, determinado mas muito sensível, mas em sua sensibilidade sempre mantinha as garras a mostra, afinal era um tigre, e tigres você sabe bem são animais furtivos, práticos e objetivos.A borboleta e o tigre começaram a se entender muito bem e como sói poderia acontecer se apaixonaram, tornaram-se amantes, e passaram a viver um amor “impossível”, o tigre sempre que podia estava com a sua borboleta, e a colocava em seu dorso, as vezes no seu focinho, e todos os outros animais da floresta olhavam com admiração, uma borboleta que era carregada por um tigre, mas é incrível como os sublimes sentimentos e o refinamento encontram caminhos a onde as limitações humanas são fronteiras construídas de ignorância.Ali existia um verdadeiro amor, onde a comunhão de idéias sutis sublimadas pelas emoções verdadeiras, desinteressadas os tornavam os únicos e verdadeiros amantes.
Em seus diálogos, inspiração, beleza, refinada percepção, agudo mergulho de intensidades diversas, as vezes dor, mas o compartilhar essencial de tudo, bem as asas partidas da borboleta doíam, poderiam apenas viver de belezas, porque realmente sabe-se que nada há lá fora, a vida real reside em teu coração, mas o mundo ainda não é um lugar aprazível para compartilhar sabedoria, dignidade e serena beleza.
Em um dia de chuva na floresta, a borboleta precisou criar novas asas, precisava fortalecer-se, precisava encontrar algo que ainda não sabia muito bem, e era necessário partir, e partiu, o tigre por sua vez entendeu em sua postura felina e respirou profundamente, quando um sentimento é verdadeiramente nobre ele jamais é cativo de nada, nem de nós mesmos, ele é um tesouro tão raro que poucos entes humanos já o viram ou sentiram. A borboleta se foi, o tigre ficou, mas no coração do tigre o eterno agradecimento por tudo que viveu, aprendeu e compartilhou com a borboleta, em sua alma a borboleta jamais esquecida, jamais seria uma borboleta de asas partidas, seria sempre o verdadeiro e único amor de sua vida.

Dedicado com o melhor de mim, a todos os tigres e borboletas .

Fabiano.

segunda-feira, abril 09, 2007

A noite Escura da Alma.
Em uma noite escura
De amor em vivas ânsias inflamada
Oh! Ditosa ventura!Saí sem ser notada,
estando já minha casa sossegada.
Na escuridão, segura,
Pela secreta escada, disfarçada,
Oh! Ditosa ventura!
Na escuridão, velada,
estando já minha casa sossegada
Em noite tão ditosa,
E num segredo em que ninguém me via,
Nem eu olhava coisa alguma,
Sem outra luz nem guia
Além da que no coração me ardia.
Essa luz me guiava,
Com mais clareza que a do meio-dia
Aonde me esperava
Quem eu bem conhecia,
Em lugar onde ninguém aparecia.
Oh! noite, que me guiaste,
Oh! noite, amável mais do que a alvorada
Oh! noite, que juntaste
Amado com amada,
Amada no amado transformada!
Em meu peito florido
Que, inteiro, para ele só guardava,
Quedou-se adormecido,
E eu, terna o regalava,
E dos cedros o leque o refrescava.
Da ameia a brisa amena,
Quando eu os seus cabelos afagava,
Com sua mão serena
Em meu colo soprava,
E meus sentidos todos transportava.
Esquecida, quedei-me,
O rosto reclinado sobre o Amado;
Tudo cessou. Deixei-me,
Largando meu cuidado
Por entre as açucenas olvidado.
São João da Cruz.
"E então, sem nenhuma transição, me achei diante de crocodilos sagrados nos jardins do Palácio de Jaipur ;o guia hindu lhes atirava pedaços de carne, e as bestas tinham o interior das goelas quase branco, com se elas estivessem forradas de pele cor creme ligeiramente lustrosa.E é assim que o espírito funciona naturalmente.E temos ainda pretensões intelectuais!Bem, bem.Mas que achado para um romance!Um bom começo de livro, um inicio fantástico e estranho. Tudo será incrível, se pudermos tirar a crosta de banalidade evidente que os nossos hábitos põem nas coisas.Todo objeto, todo acontecimento contém em si uma infinidade de profundezas dentro de outras profundezas.Nada se parece, por menos que seja, com a sua aparência - ou antes, tudo se parece ao mesmo tempo com vários milhões de outras coisas."

Anotações de Philip.
Dor maior

Nenhuma é maior que a minha, que a tua, que a nossa, o segundo fugidio que torna tudo intenso e quase insuportável para alma, mas existem as dores perenes, as que vão te acompanhar vida fora, como um osso fraturado que vez por outra da sinal de vida lembrança suavemente aguda.
De minha parte também tenho minhas dores é certo, e sou grato a elas de coração, minha dor é o isolamento, uma ilha longe e distante de todas as outras, não existe elo possível, ponte ou mesmo barco que chegue a mim, ao menos em profundidade, sou um estrangeiro em terra natal e as vezes quase invisível.Tranqüilo, isto não me transtorna, mas me da uma dimensão da exata maneira onde cada um está, sabe, por mais que eu te ame, ou que tu me ames, o espaço é intrínseco onde estás, só ,ocupado por um e ninguém mais.
Teu caminho é só e isolado, ninguém caminhará por ti, existem coisas que cabem somente a ti fazer, e é sozinho que o farás.
Se me perguntas se meu isolamento dói, te respondo que sim, é um lamento pelo profundo, um anseio pela beleza, pela verdade, mas não qualquer verdade, qualquer verdade não me serve,não me satisfaz, não transborda meu cálice, desta taça ninguém pode beber comigo, é só que bebo, e todos os dias, agora, só.
Me dizem uns e a maioria, que tudo isto é besteira, frescura, a vida é mais prática e objetiva, com problemas ditos reais. A estes nada mais digo, aprendi que não vale a pena falar sobre subjetividades para quem as objetividades gritam grotescamente mais alto, perda de tempo. Ando mais calado é certo, o silencio é porque aqueles que comigo argumentam tem pés de barro, olhos de vidro, e punhos de seda. Que fazer, a alguém assim? Silêncio, não vou perturba-lo.
Isto é uma outra coisa, converso com muita gente, e com muita gente que não entende nada, então as vezes me sinto falando com alguma paisagem, decididamente isto cansa, me dá tédio e sono.Tive amigos de infância que comungavam com meus pensamentos, e idéias,e qual a minha não surpresa de ver que aqueles na idade “adulta” , que tinha pensamentos sutis e nobres se converteram, ou melhor se submeteram ao bel prazer ilusório, regozijando-se no lixo.Suas mentes encolheram, seus corações apequenenaram-se, converteram a nobreza e o refinamento em andrajos, em purulência fétida e comum, a tudo e a todos.Não lamento, afinal nada é absoluto, e tudo é exatamente o que é.Nada mais.
Então só, fico eu, talvez com alguns poucos que lêem estas páginas e que adoram me xingar,blasfemar. Obrigado, tua dor também é minha.
Mas antes de ir, deixe dizer algo que vai ao meu coração, saiba que um nível de compartilhamento, refinamento, ideológico, sutil e puro existe, eu o sei, eu o vivi. Portanto há esperança, a nau ainda navega a braços firmes e fortes e é meu desejo que assim o seja.

Um meu cordial carinho a todos.

Fabiano.
Tédio de ti.

Te confesso e não conte a ninguém por favor, não quero conhecer efetivamente ninguém, nem a ti, não quero saber a fundo nada a respeito de ninguém, não quero alta intimidade com ninguém, aliás, contrário quero cerimônia, quero conhecer todos de muito longe, muito longe mesmo, e a esta respeitável distancia ainda posso nutrir alguma fagulha admiração por você, mas por favor não se aproximem de mim!
Estou nauseado, cuidado.
Não me venha contar seus dramas, suas “lutas” inglórias,não desejo compartilhar nada, não venha falar das doenças que te amolam, e nem de teus problemas de família, não há nada de especial em ti e nem nestas situações, e nem em ninguém que te cerca, ainda que o carinho, amor e alguma paciência maternal ou paternal te digam isso.Nada.Todos gostariam de ser especiais isso é certo e ao mesmo denota uma total falta de inteligência, mas aí, esta palavra perderia completamente o sentido, ser especial, para mim alguém ser especial é ser extraordinário, como não conheço ninguém assim...
Faço um pedido a você, não me falar das tuas tristezas, das tuas fraquezas,dos teus abandonos, da esposa ou marido que te deixou, do amor que acabou, não me fale dos desentendimentos que te cercam, sejam no trabalho, no lar ou em qualquer lugar onde te encontres, o que vives hoje é total responsabilidade tua, hora da tua inteligência hora da falta dela, desta mistura passional que assola a todos.Tudo te fere, machuca ou dói,nobre sensibilidade?
Mais náusea.
Tudo isto é absolutamente comum e nada tem de muito profundo,o contrario aliás e a grande maioria das vezes ,muito raso, isto é tua vida, a tua maneira de conduzir, de entender, de aceitar o que a vida propõe, isto é infelizmente muito generalizado, o que hoje te fascina, amanhã é um abismo que te separa do teu novo objeto de desejo, o que hoje tens, não tem muita graça,é pálido e sem cor, sem brilho e sem emoção.
Não que prefira vida de ilusão, o contrário, por entender bem e em essência todas essas coisas, que quero distancia, de minha parte não quero que ninguém se aproxime de mim, e creio sinceramente que a minha miopia derive daí, não ver corretamente as coisas me deixa a distancia a salvo de ti, e te salva de mim.
É como se fosse uma alergia a mediocridade humana, a qual nem você e nem ninguém pode curar.
Que enjôo.
A distancia todos parecem cheirosos, belos, lindos e inteligentes, creio eu exatamente como a vida deveria ser, e não pense que o verniz social pode disfarçar isso, ou mesmo ter haveres ou alguma intelectualidade, tudo isso de longe é maravilhoso, mas de perto, por favor.
Meu estomago dói.
Não se aproxime de mim por favor, deixe que eu mantenha a boa apreciação que eu ainda tenho de você, do contrário estás fadado(a) ao meu desprezo, deixe eu permanecer com o que de longe é ótimo em você, e faça um favor a si mesmo, procure se observar de longe também, se isto for possível, não contamine-se consigo mesmo.
Essa náusea que não passa.

ps-Se você não entendeu o texto, irá pensar exatamente o seguinte,este cara esta traumatizado, revoltado, mal amado e aborrecido da vida e muito infeliz.Foi isso ou qualquer coisa semelhante a isto que pensou? Se foi lamento, fazes parte daqueles eu quero distancia, tua mentalidade ainda não te ajuda, e existe ainda muita carência em você.

Meu carinho fraternal e uma excelente semana a todos.
Fabiano.
"...você pode pensar que com duas hipotecas, os caras da cobrança atrás do meu carro, meu emprego em jogo e minha mulher ameaçado me deixar que eu pararia, em vez de continuar jogando pesado?
É uma doença Leon, diz a terapeuta.
Sim, cara, admitir que você tem um problema é o primeiro passo, diz um integrante do grupo de auto-ajuda para ex-jogadores.
Leon.Sim.Devo estar indo muito bem porque só tenho um grande problema.
Não se preocupe Leon, está tudo bem Leon, afirma outro integrante.
Palmas para Leon, do grupo todo.
Meu nome é Walter e sou novo no grupo.
Olá Walter.
Mas com certeza não sou novo nessas reuniões.Tenho freqüentado a dezoito anos.De fato,amigos,esta é minha 936 reunião consecutiva.
Ei cara muito bem, bom trabalho, afirmam integrantes do grupo.
“Muito bem”,esta certo.Em todo esse tempo, não fui nenhuma vez a pista ou a um cassino, ou apostei.Deus sabe.Nem um centavo.Então,sei de onde esta vindo o desejo .Leon, acredite em mim eu sei.Ouvi sua historia e tem muito haver com a minha.Mas preciso dizer que se aprendi alguma coisa, é que o jogo não é seu problema.
Não é? Diz Leon.
Nem chega perto.Não sei como dizer isso sem parecer um pouco rude,mas você é um otário, Leon.Como um carro ruim,há algo defeituoso em sua natureza.Em você.Em você.Em mim.Em todos nós nesta sala.Somos todos otários.Parecemos com todos os outros mas, o que nos faz diferentes, é o nosso defeito.A maioria dos jogadores, quando vão jogar,vão para ganhar.Quando nós vamos jogar é para perder, inconscientemente. Eu,nunca me sinto melhor ou mais vivo quando levam minhas fichas ou quando as trazem, e todos aqui sabem do que eu estou falando.Diabos,mesmo quando ganhamos, é só uma questão de tempo antes de devolvermos tudo.Mas quando perdemos,isso é outra historia, quando perdemos.Estou falando do tipo de perda que faz você se borrar.Sabem o que é, acabaram de ressuscitar , o pior pesadelo possível, o mais assustador deles pela vigésima vez e você está lá e de repente se dá conta: “Ei, ainda estou aqui.Ainda vivo.Ainda respiro.”Nós otários,nos aferramos o tempo todo de propósito porque precisamos constantemente lembrar que estamos vivos.Leon, o jogo não é seu problema.É essa droga de necessidade de sentir algo, para se convencer que você existe.Esse é o problema, diz isto sentando-se.
Ei, diz um dos integrantes, você é o cara que vejo na TV todo fim de semana, vendendo palpites de aposta?
Sim, e daí?
Esse cara vende palpites na TV.
Você leu o cartaz na entrada, amigo.Deixamos nosso trabalho na porta.Você expulsaria, um ex-barman alcoólatra de uma reunião dos AA?
Ah, deixe disso, diz um dos integrantes.
O que?Vai fazer isso? Isso é uma fraude.
Vamos embora, amigo se reconsiderar aqui está meu cartão, estamos acertando 80% na temporada.Guarde.Nunca se sabe quando virá a recaída.

Extraído do Filme, Tudo por dinheiro.
O personagem de Al Pacino.
Não duvide, para ser feliz é preciso ser inteligente.”

Fabiano.
A dama do Lixo

Certa feita chegou-se mim, linda tranqüila e transparecendo paz, havia naquele dia alegria em seus olhos, vestia-se muito bem, com aprumo e bom gosto, alías como sempre, havia o predomínio da razão e emoção na sua maneira de viver, de trajar e de conduzir sua vida, uma passionalidade que vinha de suas entranhas e ditava as normas de sua vida.Jamais poderia fugir disso, como poderá também, fugir da sua essência?Isso é constatável, não podemos fugir de nós mesmo, é uma corrida fadada ao fracasso, pois a consciência sempre vence, você pode anestesia-la, pode tentar engana-la, pode até mesmo adormece-la por um longo tempo, visto o mundo que aí está.
Piada de bêbados, bizarro é certo.
Mas naquela noite, ela tinha um sorriso da almas doces, uma mistura de carinho e leve sensualidade sofisticada, leve, uma pluma. Assim me deixou, fora as suas atividades noturnas, nas ditas diversões que o mundo proporcionam, falsas alegrias servidas de bandeja, na escuridão da noite onde nada é muito nítido, onde o artificialismo das luzes maquiam fealdades e belezas, alegrias e tristeza, dores e angustias, sorrisos e lagrimas.
A noite avança,a madrugada vem e com ela a inexpugnável verdade.
Encontrei-a na madrugada, com uma noite sem estrelas dentro de si, os cabelos desgrenhados, o olhar agora triste, perdido em colapso.O rosto traduzia o desespero e arrependimento, as roupas amassadas, os pés descalços, a beira de uma calçada, e lagrimas, nada a fazer, a tragédia da noite a havia engolido, entorpecida é certo, anestésicos animadores para tragicomédia, um palhaço solitário animando nada.
Era tempo de recomeçar, o amanhecer, não tardava e é bom que a luz não nos pegue longe de casa, os que saem a noite sabem o quanto é terrível um amanhecer na rua depois de uma noite em claro em entretenimentos baratos.
Um porto seguro, um lar, algum lugar o lugar mais tranqüilo e seguro que podemos estar na solidão de nossas profundas emoções, sejam elas uma catástrofe ou um idílio.
A noite chega novamente...

Fabiano.
"A sexta-feira santa, é a celebração da ignorância arrependida, meia culpa de almas em contra-senso consigo mesmas."

Fabiano.
A via sacra-chata !

Neste exato momento eu vi a algumas horas atrás, mais exatamente na Cohab Tablada, a famosa paixão de Cristo encenada na rua, meu Deus, creio que foi o maior exemplo de blasfêmia que já assisti, contraditório não? Mas não se engane. Pois bem, os atores se esforçando para representar o drama do calvário, isto eu acho nobre, afinal é arte e portanto tem sua beleza seu inspirador significado,merecendo meu respeito irrepreensível.
Mas lamento sinceramente, o povo, o público, por um momento eu tive a impressão de estar em Jerusalém na dantesca cena da Crucificação real, por ali estava o mesmo povo, onde o sofrimento de poucos se misturavam ao deboche da maioria, a mesma ironia e desrespeito pela dor alheia, o mesmo povo ignorante o mesmo povo que certamente o crucificaria novamente (é claro se ele fizesse alguns milagrezinhos talvez podemos conversar meu irmão), enquanto Jesus arrastava cenicamente sua cruz, risadas, maconha, gritaria de adultos e adolescentes, mulheres rebolando(nada contra o rebolado,mas meio fora de contexto),outros trazendo bebidas nas mãos e até bêbados(nada contra, mas onde é o bar mesmo?).Uma encenação feita para ninguém, não havia publico, havia um imenso vazio de presenças.O que esperar não?Afinal diversão para o povo e gratuita.
Lembrei-me de Cristo dizendo, não dai vossas pérolas aos porcos, sede prudentes como a serpentes, ali só haviam porcos em grande quantidade, o Mestre sem dúvida foi um homem insuperável, notável, compreendendo o que compreendia, fazendo o que fazia e ainda aturava esse povo?
Não é problema cultural pensaram os mais apressadinhos, é questão seleção, o povo gosta de carnaval e futebol ou qualquer coisa que seja semelhante a isto, para o povo as coisas ou são carnaval ou futebol, e se não é, nos damos um jeito para que até uma crucificação fiquei aí meio parecendo um carro alegórico, ou quem sabe um abre-alas, disso a grande maioria de nós entendemos, é quanto tudo vira samba que a orquestração de nossa vida se desafina e como sempre, já não reconhecemos mais nada, tudo vira um borrão, grotesco,disforme, uma obra erguida ao vulgar.

Fabiano, um elogio aos porcos.
A burra paixão

Naquele dia a cena era dantesca, um quadro dramático onde estão envolvidas as pessoalidades, a dor, o sangue, suor e sofrimento agudo, nosso personagem ao alto de uma cruz, pregado, massacrado, espinhado e cuspido, entre ladrões e bandidos, e sem dúvida a maior das dores da alma, a profunda ignorância , ignorância esta que transcende emoções nobres ou mesquinhas, assim morreu ali, como um cão, um verme o maior e desprezado amor o qual o mundo até hoje ainda não está habilitado a ter.
A paixão dele é ter amado e perdoado seus agressores, e não para salvar ninguém, porque é de bom senso nobre fazer isso, pois quando dois odeiam isto certamente não tem fim. Jamais esqueceremos aquele dia, aquele entardecer, pela nossa própria culpa de até hoje, ainda que nos lavemos nossa almas em orações ou mergulhemos no mar da Galiléia a dor persiste pois a mesma ignorância ainda está aqui, neste momento, te acompanha, agora talvez mais sofisticada, agora nossa agressão é algo disfarçada, irônica, mas a sua essência é idêntica.
Se ele estive entre nós agora certamente não o crucificaríamos, não, ele seria alvejado por um tiro a longa distancia, ou mesmo um carro bomba em um atentado terrorista,ou qualquer destas modernas mortes, pois passados mais de dois mil anos a sua Verdade ainda não foi compreendida em um milímetro, antes sim distorcida, modificada ao bel prazer de interesses egoísticos que no fundo são tão antigos como o próprio homem.
O conhecimento, a verdade do amais uns aos outros, amai a Deus sobre todas as coisas, é frio demais para fazer efeito em emoções que são tão primitivas, quentes e vibrantes no homem, em uma soma de ignorância, burrice e sofrimento.
Estais disposto a amar?Ainda que eu te bata, cuspa, urine,fira,chicotei, arraste teus filhos pelas ruas, te faça sofrer toda sorte de desgraças? Me amas agora? Vais me amar? Salvo raríssimas exceções.
Ainda não entendemos essencialmente nada, Jesus foi apenas um marco para mudar o nosso calendário, o Cristo ainda não nasceu efetivamente em nosso coração, ainda não entendemos o sentido de amar sem interesse, apenas por amor ao amor, desprendido, grande como o próprio Universo, não aprendemos que o próximo precisa de mim, que eu sou o herdeiro do Cosmo, que possuo uma beleza que transcende as estrelas, que Cristo vive em mim, que a Cruz esta vazia, o sepulcro foi abandonado, que Ele sorri para mim, e com carinho diz, vem, ergue-te e anda, abre teus olhos internos e me vê, eu estou em ti e em todos.


Dedicado a sexta-feira dita santa, onde bebemos vinho e comemos o peixe entre risadas, em nome de Sua morte e que na manhã seguinte Ele continuará morto.
Um fraternal abraço e cuidado com as espinhas.

Fabiano.

quarta-feira, abril 04, 2007

O enclausurado

Sempre se acreditou livre e liberto, no entanto tudo não passava de abstração, jamais e nem nunca pode fazer exatamente o que queria, mas tacitamente era conduzido pelos mecanismos de submissão criados pelo próprio homem para o próprio homem, se tem a nítida impressão que tudo está de certa forma em nosso controle e é sumamente importante que se pense assim.,nada há de errado com mundo tudo em perfeita ordem.Uma orquestração feita de ouvidos de mercador.
Não, não sou revolucionário em surto acreditando que tudo é uma conspiração, uma farsa ou fachada, não me entenda mal, você sabe muito bem ou deveria saber que para entender algo é necessário refletir e sobretudo flexionar a sombra do bom senso para darmos a dimensão exata de uma verdade.
Mas como dizer para alguém que nunca enxergou, olhe, isto é a luz?Ou isto é a cegueira?Ou isto é você?
Estás preso.Neste exato momento estás aprisionado a ferros, e por favor não pense nisso de forma objetiva, mas é subjetivamente que estás assim.Você percebe?As grades são nítidas?É claro que não, sabe quando você realmente percebe que está preso?É quando o mundo mostra a você a profunda inabilidade de lidar com os dissabores da vida, com a tragédia em si, com o caos cotidiano, com as tuas perdas e ganhos. O apego ao que somos ou deveríamos ser ou ao que fomos é uma dessas densas grades.Em nossa prisão quase tudo torna-se normal, até que nos atinja pessoalmente,mas aí já estamos em Alcatraz.Grades emocionais, grades intelectivas, grades psicológicas, grades idealísticas, grades absolutas, Divinas grades!?Os teus mesquinhos sentimentos, as vezes ciúmes, outra inveja, orgulho, egoísmo, grades.
E temos a pretensão de dizer que os outros estão errados?Os outros não estão errados, eles são tão ignorantes quanto você, nada mais. A ignorância leva a escravidão, e esta por sua vez a limitação de espaço, a limitação leva-nos ao desespero e é neste cenário que tomamos as nossas decisões, cenário de um prisioneiro.Cavar um túnel?Serrar as grades?Isto te torna livre?Ou isto te abstrai?
É necessário procurar a chave que abre as portas de nosso coração, de nossa mente, de nossa alma.Onde se encontra esta chave?Em mim ? Em Deus? No diabo?
Se encontra na essência do olhar do prisioneiro que olha o mundo, no que objetivamente ele não é. Mergulhe amigo, na tua essência,nas tuas verdadeiras e melhores emoções, na tua inocência, na beleza perene dentro de ti.
A liberdade te chama, ela deseja abraçar-te, deseja acariciar a tua fronte e te dar imperecível amor.É possível um mundo de liberdade, mas ela nasce em ti, e não no mundo, na coletividade, você se tornado melhor o mundo é outro para você, e isto é nossa prece, no mantra, nossa vida.


Meu respeito e carinho.

Fabiano, mais um enclausurado.

terça-feira, abril 03, 2007

O que morre ontem

Ontem se foi , passou, deixou em mim marcas que não se apagam jamais, marcas fundas que ontem ainda doíam, ontem morreu e levou parte de mim, daquilo que em si eu não era. Ontem já não diz tanto, ontem é um grito surdo que ecoa no vazio de minha alma, ontem drama, dor e laminas, mas hoje silencio e calma.
Ontem um brilho que ofuscou o melhor de mim, o hoje a realidade intrínseca daquilo que é, nem tão doce e nem muito amargo mas pouco de ambos. Hoje sorriu, mas ontem gargalhava estridente silvado de mísseis. Ontem embriaguez, verdade e mentira, hoje sobriedade e um deserto quente e frio, ontem minhas emoções mais tenras , minhas palavras mais duras, minha maldade doce, hoje o melhor de mim, alma e espírito transubstanciado, purificado, morto e vivo ao mesmo tempo.
Ontem tudo, abundancia, fartura, excesso de bem e letal, hoje sopro criador, mundo e estrelas vivas, intensas e sutis.Ontem corpo, lassidão,doença e raiva incontida, hoje corpo, dor, beleza e carinho.Ontem uma guerra emocional e passional, hoje silencio, quietude e armistício de almas.
Ontem tinhas o melhor e o pior em uma mesma taça, hoje o pior em mim morreu, sobrou o que é belo, simples e algo bom.
Ontem a lua, um mundo, hoje sem sonhos, pés firmes e cravados no solo e pensamentos que devassam o universo.
Mas ontem não importa mais, amanhã não existe nada, hoje sim neste segundo neste tão pequeno e atômico espaço, aqui encerra-se tudo que sou, perfume de minha alma e as vezes pestilência de meu espírito, tudo isso convive em mim em uníssono, as amarras foram partidas, liberdade enfim.

Fabiano.
Desejei fitar o teu rosto ansiosamente, Beleza Sutil e Divina, e despedacei, com mãos ansiosas, todos os véus que te cobriam.
Quando os meus olhos lograram encontrar tua face, não descobri o colorido que se perde no poente, mas fui surpreendido com a palidez do raio de luar, debruçados numa úmida folha de lótus.
Havia um nácar na pele, tão diáfano, que receei vê-lo diluir-se, queimado pela fogo de minha visão.
E agora, que sei possuir tua face a frescura da virtude, não cobiço possuir-te para mim, detendo tua jornada.
Ainda existe muito calor nos meus desejos, para ser aplacado.
Quando os vencer, nesse dia ,serás tu Musa Divina, quem , soprando tua flauta de cana verde, arrancará, com vento de musica, os panos de minha cegueira, e contemplarás os olhos que voltarão a brilhar.

Rabindranath Tagore

segunda-feira, abril 02, 2007

Só a dor é real

Não pense que é coisa de pessoa amargurada pela existência, repleta de culpa, mágoas, dores que ficaram para trás, nada traumas psicológicos ou psiquiátricos, não, nada disso, aos que gostam tanto de realidade que o mundo apresenta eis o que em essência a vida nos proporciona, a crua visão, não maldosa ou condicionada a elementos passados, se tua dor te transtorna agora, certamente ela não é passado, é real e seco presente.
Temos uma tendência patológica, sutil, e é a causa da nossa tragédia intima, que a capacidade de maquiar a verdade, ludibriarmos nós mesmos, afirmando psicoticamente que tudo está bem, que tudo está normal, ou então fazemos o processo de fuga, mas no fundo bem no fundo amigo, Dor.Você não tem suas dores?Se fores humano, certamente tens, certamente já martelaste o próprio dedo, ou rasgaste as dobras do coração ou ainda laceraste tua alma.
Os fugidios momentos de alegria que temos, breves, rápidos as vezes intensos e na grande maioria ilusórios, se vão, passam, mas nossa companheira real verdadeira de todos os dias é a dor. Não que isso seja uma imposição, mas sim puro resultado de nós mesmos, da maneira como vivemos ou como conduzimos a nossa vida. Questão de lógica e prática, alguém que não se conhece bem, não me refiro a manifestações exteriores, periféricas, é por isso mesmo um engodo, um auto-engano, sujeito a mudar de idéia, a qualquer momento a perder seus ideais no minuto seguinte, frágeis como cristais, suas raízes são superficiais demais, não há onde agarrar-se.E é nisso que a grande maioria de nós se agarra, ao frágil, ao simples porque isso nos distrai da realidade profunda, que gravar raízes profundas em si mesmo é doloroso, é mergulho solitário, asfixiante, desconforto de ver-se o que exatamente se é.E a grande maioria de nós não é a maior parte das vezes, o que se presume.
Dor, dor real.
Sou feliz e estou muito tranqüilo ao te dizer isto, vivo em certa paz relativa, entendo a paz como um estado de conquista, que não vem do espaço, mas do universo interno, visão e integração de nossa realidade última, beleza e sacrifício, dor de entender, alegria de viver.
Perda e ganho, peso e leveza, dicotomia de nossa vida, sem sacrifício? Nada. Fácil? Nada. De presente?Absolutamente nada, o respiro é a alegria esquiva, breve.Passou.
Mas talvez a tua vida seja diferente de tudo isso, sabes muito bem que nada é absoluto e tudo é um continuo vir a ser, talvez você tenha escolhido olhar a paisagem, lá fora, tudo é mais interessante lá, dá mais entretenimento lá, vá lá...eles estão te esperando.
Talvez você prefira algo mais poético, e docinho.

Fabiano.
"...- Pobre velho! – Comentou Philip quando se viram, ele e a mulher , a distancia de não serem ouvidos. – A respeito de que poderiam eles estar conversando? São velhos demais para falar de amor - velhos e bons demais. Demasiadamente ricos para falar de dinheiro.Demasiadamente intelectuais para falar das outras pessoas e demasiadamente eremitas para conhecer pessoas de quem possam falar.Tímidos demais para falar de si mesmos, demasiadamente inexperientes para falar da vida ou mesmo da literatura.Que resta, pois, aos pobres velho como assunto de palestra?
Nada - a não ser Deus.
-E , do modo como as coisas vão - disse Elinor -, tu estará exatamente como eles daqui a dez anos."

Aldous Huxley. - O contraponto