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terça-feira, abril 24, 2007

Meu coração não tem morada

Muito antes de um cântico de tristezas, um clamor longínquo de dores ou um murmúrio solitário da perda irreparável, nada disso,não existe morada ou pouso para meu coração, não há descanso,solitário ele voa hora por um deserto hora por um oceano interminável. Sem encontrar paradouro, hora claudica de fome e sede e na ânsia de viver se alimenta hora do pior e hora do melhor.
O tempo passa e o coração que dantes era feito de fibras leves, suaves e luminoso, foi se tornando denso, foi se apagando, ficando pesado e duro, seco. Hoje não voa mais, caminha lentamente e ainda não tem onde reclinar-se. Em sua memória o lamento daquilo que foi e que na esteira do destino jamais tornará a ser, dilapidado pela vida, marcado a fogo pelo sofrimento e descrença, algo humano de experiência dramática, doída, repleta de lágrimas.
Por vezes ele adormece, e sonha, sonha com um lugar paradisíaco, onde sente-se em casa e ali feliz está, consternado ele nunca sentiu-se em casa, sempre fora um estranho olhado de revés, extremamente não compreendido, mas sonhava, e nos sonhos era feliz por ligeiro instante, nos sonhos declinava a cabeça em colo amigo, no regaço da amada(o) e por fim descansar por encontrar repouso e doce morada.
Mas era sonho apenas, este descanso é ilusório, a bem da verdade, esse colo amigo é feito de espinhos, o carinho é feito de frias e esqueléticas mãos, que mais ferem que consolam.
E ele então segue só.
Certa feita até acreditou que poderia descansar, sim o coração iludi-se facilmente, ele é feito de puro desejo, quer criar mundos, buscar as estrelas, mas tão logo começara a crer entendeu que para viver o amor, a paz e alcançar as amadas estrelas é necessário mais que desejar.
Em frangalhos, ele apenas deseja viver, não deseja mais nada, já não crê em mais nada, pois crer é esperar, é iludir-se, quer apenas sobreviver e só, eis a autentica miséria, origem de todos os dissabores humanos.
Hoje estou assim, falo de minha essência profunda, já não creio em ti, já não creio em nobres sentimentos e nem acho que possas preencher o insustentabilidade de minha alma, tudo acaba rápido em uma dimensão pueril, cova rasa para um coração praticamente morto.
Não deixe seu coração ficar assim, frio e ressecado, alimente outrossim a esperança, luminosidade da alma, o carinho mel do espírito, o sagrado que diviniza a existência, vá em frente e boa sorte.
Vou eu agora voltando a estrada, agradeço este curto instante que me foi breve descanso, mas é tarde, é preciso ir, ainda não tenho onde reclinar a cabeça e sonhar.Ainda não tenho morada.

Fabiano.

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