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quinta-feira, maio 31, 2012



Navalhadas Curtas: Indireto como uma facada

O cara chegou, como chegam todos que estão com problemas no computador. Fazem aquela cara de paisagem dizendo: bah, não sei o que aconteceu aí...  da uma olhada pra mim... ( as vezes dizem por favor, mas não sempre).


Peguei aquela merda de notebook, e comecei a dar um jeito. Nada era demais, faço isso de olhos fechados, quando quero.
Então notei o olhar estranho do cara. Parecia meio perturbado. Não gostei do olhar. Pensei comigo: que merda será vem ai...


Então o cidadão dispara na sutileza de um tanque de guerra passando sobre uma galinha morta:
-Cara eu gostaria que tu lambesses meu cu...
-Hã ?
-É, muita gente já lambeu... todo mundo me lambe... eu gostaria que tu fizesse que tal hein? 


Fiquei em silencio ruminante. Parecia que havia levado uma pedrada na cabeça. Por fim respondi.


-Seguinte cara, não tenho nada contra quem lambe cu... é uma questão de paladar, tudo bem, mas eu te agradeço... acho que teu computador já era...
-Tu não sabes o que estas perdendo... meu cu é maravilhoso sabe...
-Faz o seguinte então, anuncia ele no Shop Time... aproveita compra outro micro...
-Tá e o cu?


Olhei pra ele com pouco de raiva... o cara entendeu. Que porra, era muita propaganda por um cu...

Luís Fabiano.


quarta-feira, maio 30, 2012



Ontem cauterizado - Amanha um tiro no escuro

Por vezes somos levados pelo destino. Uma espécie de engrenagem girando visceral e implacavelmente, atropelando seja o que for. Um visgo natural nos atrelando uns aos outros, a causa e o efeito de nossas emoções mais densas, mais intensas...


O galope maldito havia me pego desta vez. Por vezes penso assim: mas não é uma vingança de Deus e seus comparsas. Não considero isso, nunca tomo nada por pessoal, tenho uma passionalidade ausente. De um modo geral, tudo deriva de nossa ignorância...


Mas as lembranças por vezes são açoites em minhas costas. Em tais horas ficamos perguntando: onde fica o botão liga e desliga da merda existencial?
Para escapar do pior tentei relaxar. Quando se é devorado, é preciso anestesiar a vida. Creio ser isso que passamos fazendo o tempo todo. Anestesiar o pior... tudo ajuda, sexo, drogas, bebidas e companhias boas ou más...


Já que estava na casa de Flora deixei assim mesmo. Foda-se. Ela parecia a vontade e eu com vontade. Ela talvez fosse minha “cocaine”. Entreguei meu pau a ela, ela fazia um trabalho primoroso, sugando devagar e continuamente, a devoradora das picas aladas. Porra quantas piças haviam passado por aquela boca? 


Deus coloca as pessoas certas fazendo certas coisas... Deus só? Tudo bem, vamos equilibrar a merda do jogo: o outro cara também coloca suas pessoas certas em certos lugares.


Depois que ela mamou a vontade, tirando a ultima gota de leite quente, sentamos para conversar, quase como um humano. Ela percebeu minha distancia estelar... tentava me trazer de volta... que porra...  por vezes boa vontade e atenção inúteis.


-Fabiano... que há? Cara... eu to aqui... pelada na tua frente...hein... Fabiano...


A voz dela era insuportável. Uma ofensa ao silencio da madrugada. Tive vontade de tapar boca dela com uma bola de beisebol: tente engolir isso sua vaca... mas fiquei na minha. Eu era uma escavadeira revolvendo a merda.


Deixei uma lagrima escorrer no canto do olho. Uma poesia triste, emotiva... como um adeus no cais do porto, a porta que bate deixando para trás todo o passado, o ser amado que se vai.


Ficamos em silencio, uma navalha silenciosa rasgando a alma. Não sei esconder as coisas. Melhor, prefiro não esconder as coisas, minha verdade é um berro numa catedral, me sinto em paz assim, ainda que de certa forma eu foda a vida dos outros.


Sempre existe uma vitima, uma dor, alguém machucado, é a vida, mas a natureza parece não se importar com isso. Como quem diz: Ei seu pequeno filho da puta... cresça... torne-se gente.
Olhei bem pra ela e disparei:


-Flor, é o seguinte, eu tava caminhando no calçadão... detesto o calçadão... mas decidi caminhar por ali... e então me deparei com uma pequena menininha, criança, brincava no chão, quando parei para olhar uns caras fazendo malabares. Parei ao lado dela. E então como um acaso afiado, ela me puxo a barra da calça, e eu olhei para baixo. Sorri pra ela... ela me ofereceu o seu ursinho de pelúcia sorridente... eu achei ela linda, segurei o ursinho me abaixando, então ela disse simplesmente: papai é pra você, papai.
Na hora meu coração disparou, chorei por lembranças que acordaram. Então a mãezinha dela sorriu e disse: ela chama todos de papai... o pai dela infelizmente faleceu. Eu lamentei, acariciei o ursinho entreguei a ela e fui embora.
Porem não tinha como escapar. Eu lembrava de meus filhos mortos naturalmente. Filhos que não pude ver sorrir pra mim, ou mesmo ouvir dizer: é pra você papai. Abortos expontaneos, que ocorreram por problemas das mulheres que me envolvi... lembro que uma dela chegou ao oitavo mês... e então a criança morreu dentro dela. Eu perguntava por quê? Mas nenhuma explicação técnica medica era capaz de me consolar... por quê? Tudo era uma ausência.


Flora me olhava num misto de pena, susto e dor. Detesto provocar isso nas pessoas, sou um tipo duro, gosto de ser assim. Seguro as minhas merdas com a minha solidão, em silencio para não importunar a ninguém. Ficamos um longo tempo quietos.


Precisa de uma bebida. Graças ao bom Deus ela havia comprado uma garrafa de rum dourado. Levantei e peguei a garrafa e dei um longo gole no bico.
Ela permanecia em silencio. O rum desceu como um anestésico bendito, para o corpo e alma. Depois de meia garrafa o mundo havia voltado para o lugar, como uma prece.


Eu estava convencido que Deus havia mandado o álcool para Terra como um messias, assim como Buda, Cristo e outros caras bacanas que tiveram por aqui... que porra então, cada um tem o messias que merece.


Fiquei mais um tempo e sai vazado... chegava daquilo tudo. Entrei no kadett dirigindo devagar por uma Pelotas que dormia o sono dos justos, acho que eu deveria ir dormir também...

Luís Fabiano.

terça-feira, maio 29, 2012

Momento Mestre

Bukowski  Tapes  # 8





Útero do diabo

Aquele lugar parecia dos melhores
Gente desprezível por todos os lados
Era o paraíso de Deus em férias - putas, ladrões e todos os viciados
Santos trepando com pecadores
E todos fudidos nos escorregador do inferno

Sorri o sorriso dos malditos
Enquanto desdentadas velhas, sujas, pulguentas e bafudas
Faziam a vida acontecer
Existem seres que se sentem a vontade no pior
Bem, eu acho que eles têm algo a dizer... lá estava 

Eu por minha vez, prefiro a sujeira hedionda que expressa a vida profunda
Que a limpeza asséptica de uma catedral de fantasmas
Fiquei ali tomando minha cerveja
Um derrotado entre tantos iguais, senti paz

Então pensei: que importava, Chopin, Mozart, Da Vinci ou Antônio meu amigo?
Porra nenhuma...
Vive-se pelo que se sente
Pouco importando o certo ou o errado...
Sorri como um meteoro em rota de colisão

Então uma senhora mais idosa que minha mãe
Sorriu-me, como uma bruxa a procura de piroca alada
Olhei bem pra ela... avaliei as condições, as tetas murchas... a bunda caída... e os pouco cabelos...
Pensei: da pra encarar.

Dei-lhe um beijo apaixonado
Mas quando enfiei a língua lá... algo se descolou
Pensei: acho que arranquei o maxilar dela... quanta fragilidade.
Mas não, era apenas a parte de cima da dentadura que havia cedido um pouco..
O gosto não era dos melhores
Já lambi cus sujos mais saborosos e suculentos que aquela boca

Então ela fugiu, talvez de vergonha
Eu fiquei ali...
Outros filhotes do demônio estavam por ali...
Foderia com todos se tivesse tempo...
Mas não se deve consumir tudo rapidamente na vida...
Temos tempo, e se não temos...
Tudo bem


Luís Fabiano.



Entres Goles de Silencio - Esporros Aleatórios

Venho tentando evitar minha própria idiotice
Mas como uma transição frenética e louca
Sou arremessado contra as pedras...
Ondas batendo inutilmente nas rochas... dia a dia...
Pode-se chamar isso destino... talvez, foda-se
Sempre somos cativos de alguma coisa, mesmo sem querer...

O bar estava lotado...
Então encontrei uma mais idiota que eu...
Por vezes isso é a salvação...
Tente, você vai se sentir melhor...
Talvez o jogo se inverta e você, e se torne a rocha...

Ela me liga pra mim
Com voz insuportável... xingando o tempo todo... reclamando nem sei de que...
Escuto pelo telefone, as ameaças de sempre... como se ela fosse uma rata de tetas secas...
Decidi não revidar nada,
Sou bom nisso, aceito as porradas sem reagir, como um inútil de Deus...
Eu como um boneco inflável...
Uma piroca cheia de ar... é a parte do espirito dos outros...

Fiquei nisso, sorrindo como um louco deformado...
Pelo telefone, ela tinha a voz de uma anã fanha...
Concordava com tudo... tu és um canalha cara - sim...
Tu és um filho da puta – é claro...
Tu és um corno, tu sabia, eu te corneie – certo... é a vida... acontece as vezes...
Isso a irritava mais, não sei por quê...
Por fim, numa crise insana,
Ela bate o telefone, e eu tomo um novo gole de rum

Não sei se entendo das coisas... mas eu prefiro o silencio
Quando não se sabe... grita... berra e reclama 
E o entendimento se esvai, como uma carreira branca...
Naquele instante, nada me importava
Cada um desperta o que precisa, vocês sabem...
Não temos como resolver todos os problemas do mundo, então relaxe...
Sem magoas ou ressentimentos...
Aguardo o próximo capitulo dessa porra...
O telefone toca novamente...


Luís Fabiano

segunda-feira, maio 28, 2012



Suruba Possível 

Por mim tudo bem...
Fui dizendo serenamente
Traga de tudo... e vemos como as coisas se arrumam...
Uma foda se arruma como a vida no caos
Risos, lagrimas e algumas decepções fatais
Gosto que seja assim
Um tsunami de desejos filtrando a aura

Então ela disse convencida: e se trouxermos mais duas amigas?
Um cachorro? Uma travesti? Uma boneca inflável? Um jegue?
Tudo bem - eu disse - mas não esqueça uma ovelha também...
Ela achou que eu estava brincando...
Mas eu pensava no depois
Tudo estava bom o suficiente...
O pensamento se perdeu numa vontade débil

A fantasia é assim... infla um monte de merdas feitas de nada
E acabamos trepando como um barco a vela, levado pela brisa de sonhos malditos...
Não esquento a cabeça, vocês sabem...
Existem coisas que são interessantes, outras pura ruina num mar de ansiedade
Tecnicamente eu estava no ponto certo: o rum havia tomando conta de minha alma
Tenho disposição de bombardear Hiroshima novamente... tudo estará bem...

Gritos histéricos e pedaços de gente voando por ai...
Pedaços de gente entrando em gente...
Felicidade de poucos... tristeza de muitos... é sempre assim
Como se a alma não fizesse parte do jogo
Então o que iremos fazer de verdade? Pergunto...
E ela sorriu como uma cadela feliz...

Éramos os restos de um sonho
A realidade bendita de Deus nos farelos da emoção
O abandono a procura de remanso 
Afagos beijando ecos
E nossos corpos permeando um ao outro
Como pontes para o espirito 
Tanto faz o que aconteça, quando isso esta bem...
A paz esta fudendo gostoso conosco
Na suruba das virtudes

Luís Fabiano.


domingo, maio 27, 2012

Áudio Poema...

sábado, maio 26, 2012




Pérola do dia:

Um casal(seja do que for) só estabelece intimidade profunda, quando trocam peidos debaixo do lençol... entre risadas, sem isso tudo é uma fronteira”.

Luís Fabiano.




Navalhadas Curtas: Aqui mora a felicidade...

Que porra é essa?
Desço do elevador, são três horas da manha e um minuto. Meu vizinho colocou na porta uma boneca com cara de imbecil dizendo: A Felicidade mora Aqui! (a foto foto acima é original, apartamento do vizinho).
Então ouço a discussão:
-Que tu tá pensando Fred... que a vida é isso? Encher o cu de cachaça... e ficar olhando pela janela?Tu não faz nada... nem me comer tu quer mais...
-Calma Tereza... calma... tu ta muito nervosa... quer um golinho de...
-Calma o caralho... que merda... todo dia isso... eu dou um duro fudido... todo dia... ou tu achas que dar a buceta todos os dias pra cinco... seis... é mole? Hein ?
Eu ainda estava parado olhando aquela boneca idiota... que sorria como se o mundo fosse uma cachoeira de mel.
Por um instante pensei: puta merda... acho que a briga deles foi por causa desta boneca trouxa... certamente Tereza achava que a felicidade era assim... fácil. Nada é fácil, felicidade é uma conquista de coisas em si... nem Fred bêbado... boneca ridícula... ou clientes pirocudos tem isso... não exija demais da vida...
Então tudo ficou assustadoramente silencioso de-repente. Não discutiam mais... e a boneca ainda sorria na porta, selada como um tumulo.

Luís Fabiano.




quarta-feira, maio 23, 2012


Pérola do dia :

“ Sexo:  papai e mamãe é para os quase broxas...  sexo pra mim é explorar os limites do prazer...
Amor, dor, carinho e açoite, são temperos de uma foda transcendental,quase uma religião. ”

Luís Fabiano.




Bukowski responde a Sean Penn.

Sean Penn:
-E nós ?


Bukowski: 
-A verdade que somos umas monstruosidades. Se pudéssemos nos ver de verdade, saberíamos como somos ridículos com nossos intestinos retorcidos pelos quais deslizam lentamente as fezes... enquanto nos olhamos nos olhos e dizemos: ”te amo”. Fazemos  e produzimos uma porção de porcarias, mas não peidamos perto de outra pessoa. Tudo tem um fio cômico.

Buk entrevistado por Sean Penn.






Navalhadas Curtas:  Um beijo doce na miséria 

Gosto de caminhar no final tarde. Tenho um intervalo quase sagrado. Caminhar é fazer os pés treparem com a calçada, faz relaxar. A noite cai rápido, e próximo a praça do Direito ... vou andando devagar, penso em nada...
Olho entre as plantas ralas do local, dois mendigos animados, como vermes no cemitério... ou talvez nem tanto.
Ambos debaixo do um cobertor rasgado de esperanças, sujo, e com cheiro forte da imundície, urina e merda, invadiu meu nariz sem pedir licença.
Parei para olhar a cena, digna de um sorriso sarcástico de um prazer terrível. Dizia um para outro:
-Zé... ohhh Zé... vem aqui, vem... vem tocar no meu “beludão”... pega aí...
-Tá... já pego... to com uma coceirinha no cuzinho...
-Zé... Zé...deixa eu coçar pra ti aí...vem aqui... olha o beludo como tá...
-Tá... mas antes vamos nos esquentar né...
Eu parado na esquina, um voyeur do abismo... outras pessoas passavam, talvez quisessem ignorar aquilo, como se ignora um peido sonoro e fedido no elevador.
O cheiro ali, não era dos melhores, cheiro de vida, suor, merda e sebo adormecido de dias. Eles começaram a fazer um meia-nove dos mais trágicos... gemiam a luz do luar, e ouvia-se:
-Ahh Zé... como tu pega no meu “beludão”... Zé... to me gozando... Zé... é... é... ahhh.
-Já foi?
-É...
-E eu cara? Pergunta o outro...
-Depois eu cuido do teu Zé...
Começaram a juntar bitucas de cigarro do chão... a vida é algo... afinal os miseráveis também amam, os maus desejam ser felizes e os justos também se fodem ao anoitecer.

Luís Fabiano.


terça-feira, maio 22, 2012


Trecho Solto...

Mas não pense mal de mim, caro leitor. No fundo, sou um pobre melancólico que acha a“felicidade” muito barulhenta e cheia de gente.
Ironizo porque sofro. Diriam os psicanalistas que “minha filosofia” é uma formação reativa, ou no melhor dos casos, uma forma primitiva de defesa infantil.
Tenho medo do mundo, por isso, com a idade( hoje tenho 52 anos), tenho me tornando um homem sem muita curiosidade pelos outros, porque no fundo as pessoas são bem monótonas”.

Extraído do: Guia Politicamente Incorreto da Filosofia – Luiz Felipe Pondé



Garimpando um pouco merda fresca

Sentia-me descendo uns degraus
Por vezes é assim
Dias bons, dias ruins e dias inodoros...
O tempo brincando conosco, enquanto vamos sendo 
Conduzidos ao fim...

É... 
Nada de pessimismo
Sabem como é... se formos refletir profundamente sobre a vida
Não chegaremos a boas conclusões...
Deixe assim, não perca tempo
Viva radicalmente sua monotonia
Deleite-se no tédio existencial, e tudo ficará bem

Pode não parecer muito... quase nunca é... aparentemente
Temos em nós uma insatisfação voraz 
Que rumina nossas chances mais belas no hoje
Tudo é uma promessa aberta... um dia... talvez... quem sabe...
Nunca sabemos
Vamos garimpando a vida, a procura da pepita
Quantas vezes ela esta diante de nós, e não vemos?

A dimensão verdadeira das coisas é a nudez da simplicidade fecunda
O brilho fulminante e cativante advém da beleza que emprestamos as tudo...
Picasso é ótimo, Beethovem também, a estatua perfeita de Adônis é boa
Porem, eles nada são para cegos, surdos e manetas...

Nós e nossos sentimentos, embotados de sempre
Negando o amanha
Respirando atmosfera de nossos umbigos 
Enquanto os sinos tocam na esquina
Misturam-se todos, na agonia desesperada de ser feliz
E pisamos nela a todo momento...

O instante magico não esta pendurado nos pentelhos de Deus
Um milagre somos nós... 
De quanta força você tem para enfrentar as merdas existenciais
Pouco importa se haverá vitória ou não...
Nosso coração bate forte, o bumbo ininterrupto da alma soa
Nós respiramos com a força dos tornados apaziguados...
Que mais queremos...


Luís Fabiano.



Dica de Filme: Carne Trêmula - Pedro Almodóvar 1997

Pouco importa o tempo, quando a obra esta além dele. Não se tem nada a dizer de Almodóvar. É um gênio, para fazer clichê.
O filme faz uma viagem passional de amor e ódio, pinçando entre paixões mal resolvidas, vícios e muita sensualidade, o querer desesperado... carregado de culpas e magoas...
Os traços rudimentares do humano, carregando em si tudo isso, ora consciente ora em estado dormente. Um pendulo oscilante entre aquilo que deseja e as coisas que em seus sonhos permaneceram sempre...
Almodóvar nos leva a isso gradualmente, arte refinada, detalhada e bela. Eu terminei de ver este filme de pau duro...

Luís Fabiano


segunda-feira, maio 21, 2012


Filetes de sangue:


Abro os olhos como uma guilhotina decepando pescoços. A consciência vem a mim com suavidade de brisa. Estou sozinho, como sempre. Não me perturbo, sei como é... sei como sou. Tento lançar minhas raízes por aí... no afã que flores nasçam. Eu tento...
Mas nem sempre funciona.

Não bastam intenções leais, não bastam o carinho intenso, não basta tudo ser verdadeiro. Não há pesar... relaxem, me sinto um viajante, cavalgando em minha pena digital...minhas palavras pedaços de minha alma. Sou um viajante de trem, sem saber que estação descer...

Entrego-me a vida, me entrego ao amor... e sigo viajando com você, vamos acelerar mais... vamos... não pare, não freie, eu não quero descer ainda.
Talvez dia... mas até lá... lembro que certa vez, eu desci na estação, e ninguém me esperava...


Luís Fabiano.




Navalhadas Curtas: Ladras, putas e perdedoras

A madrugada vomita seres, na madrugada os bueiros cospem no céu... na madrugada, os anjos estão em férias.
Elas chegaram as três rengueando de uma perna,e havia sangue no rosto de uma delas. Achei estranho, mas sempre tomo tudo como normal... nunca sabemos a historia anterior de nada... Eu estava sentando, e bebia... e elas não tinham cara de santa. Ao contrário...
Então sentaram numa mesa ao lado da minha. E fiquei ouvindo a tragédia... a mais arrebentada disse:
-Não sei o que deu nele... ficou louco... era só ter pego o dinheiro e sair... eu te falei...era fácil....
-A gente fez a cena direitinho... ele tava distraído e tudo, mas sei lá, de-repente ele tava atrás de mim...e me acertou no rosto...
-É, ai ele ficou louco... e foi porrada pro todo lado...
-Eu achei que devíamos ter posto algo na bebida dele... que merda...to toda fudida...
-Filho da puta... tudo bem...ele não perde por esperar...
Eu estava olhando pra elas agora. E seja como fosse, já estava ao lado do desconhecido batedor. Então elas me perceberam:
-Oi... tudo bom...quer companhia aí ?
-To com jeito de UTI?  Eu disse rindo.
-Que foi cara?  Ta debochando da gente é?
-Não preciso fazer isso, você são umas ladras fracassadas... a natureza já fudeu vocês hoje...
Baixaram a bola, a verdade é foda.
-É , ta sendo uma noite difícil...
-Relaxem meus amores... apenas relaxem... porque tem dias que a noite é foda.

Luís Fabiano.


domingo, maio 20, 2012



Porradas e depois

Ela sorri provocante num canto
Riso meio deus, meio demônio...
Gosto que seja assim... esta montanha russa atômica
Desejos flutuando no éter... e putaria sem fim
Enquanto vamos nos entorpecendo
Permeados de vida...

Ela diz: quero que tu fique forte, pra me encher de porrada...
Eu vou as lágrimas num santuário profanado
Santas explodindo num silencio de navalha
De amor, de beleza e tesão...
Ela provoca o demônio... ela atiça o tigre
Ela sabe que pode morrer, sem querer... talvez...
Quando presas e garras rasgam a alma
Cortam a respiração...

Deixo me recuperar das bebidas de ontem
Quando alucinado galopo
Fazendo uma transfusão de meu sangue, por whisky
Levando a mim a loucura... inspirado nos anjos doentios
Ela sobe sobre mim... quer tudo...
Sugando a seiva... a porra... a alma... e minhas cretinices naturais de sempre
Me entrego como um naufrago... sendo afogado pelo oceano
Prazer, dor, tapas fortes, violência e amor...
O coquetel da vida, nas pausas da noite e do dia
Amo assim...

Olho seus olhos de desejo...
Tudo é devassidão e noite... beijo e bato na cara... na bunda... nas coxas
Quero rasgar o seu corpo, catar sua alma...
Quero expulsar o meu mal... pelo seu bem...
Quando nos afagamos em carinhos de seda...
Escutando o coração um do outro
Batidas, como asas que batem ao longe...
Nos libertando um do outro...
Num querer sem fim...
A cama não esta vazia... estas em mim.

Luís Fabiano.



Momento Boa Música

Criolo é uma voz do momento... voz forte, poesia provocante, olha incisivo... Ele raspa os ladrilhos do banheiro... a procura da essência... Da alma... Quando do imprestável... Nascem flores de algodão... Vídeo cru e direto como gosto.

Luís Fabiano.


sábado, maio 19, 2012

* Poesia Fotográfica...




O Chupador...


Eu sempre digo... viva com intensidade... viva até o osso... foda com a alma... porem... saiba o que esta fazendo. A grande maioria sabe o que faz mais ou menos... apenas pensa que sabe, as vezes.

Porem a verdade é uma porrada inegável, um soco de boxe que explode no queixo... você aguenta? Tente... Lembro de uma vez que tomei uma porrada assim. Não sou queixo de vidro... mas na hora apaguei, soco bem dado é um só... quando acordei estava no meio de um campo... sujo... sobre uma bosta de cavalo, coisas da vida... eventualmente a gente cai na merda. Mas isso teve volta... sempre tem. Conto em outro momento.

Conversava com Wagner, pouco antes da gravação do Pau nas Cueca, tínhamos umas tomadas pra fazer, eu vestido com o personagem. Ele compartilhou uma historia algo curiosa, disse:

-Bah Fabiano... quando ouvi esta historia lembrei que tu poderias achar das boas...
-Opa... despeje brother... pois o abismo aqui é foda...( no Fio) tem espaço onde não tem espaço...como um coração de puta.
-Um colega meu... foi para o Rio de Janeiro. Foi fazer uns trabalhos por lá nesta área de vídeo... (eu não lembro de se é produtor ou ator...). O problema que ele tinha mania de ficar mexendo com as mulheres... elas lá andam quase peladas... praia e tal... E a equipe estava fazendo uma produção no morro. Bem... quando passou uma morena gostosona... ele disse: E aí gostosa... vou te chupar todinha... todinhaaaaa...

A mulher passou na dela... porem como disse, tudo tem volta. Dentre alguns minutos... a dita volta com o marido. Detalhe, o marido era o traficante dono do morro. Desceram de uma camionete, expondo armas para o alto... pistola, fuzil... e a porra toda.

Então o dono do morro, voz metálica, invocada e armado diz a toda equipe que lá estava:

-Então quem é o CHUPADOR AÍ?? Vamu falando... ai pra não morrer...

Os caras tentaram enrolar... dizendo que o cara estava no alto do morro fazendo umas tomadas e tals... porem diante de uma arma, a gente sempre pensa duas vezes.

O cara apareceu rapidinho. E o Dono já foi dizendo:

-Então cara... tu é o chupador né?( confirmando com a mulher gostosa que lá estava)
-É esse aí - disse a mulher.
-Então tu gosta de chupar né malandro... tudo bem... então o seguinte: chupa aqui então.( neste gesto ele foi tirando a piroca pra fora...). apontando a arma pra cabeça do chupador arrependido...

La estavam todos... e diante de toda a equipe, traficante, mulher e outros transeuntes que por lá estavam... ele chupou a piroca do traficante... com gosto... bancando uma de mulezinha... na humildade.

A historia eu achei engraçada... diga-se de passagem que parece deste episodio o cara chupador nunca mais foi visto... vergonha ou morte?? Bem...

Acabei lembrando outra historia, num caráter pessoal. A mente trabalha, as lembranças carregadas como uma tempestade emintente.Uma vida vasta, acelerada, uma coisa acorda a outra, como serpentes em uma toca...porra vida...é bom estar vivo.

Lembrei de uma vez que uma velha estilo sadomasoquista... muito gorda, louca e tarada. Tinha todas as qualidades de uma pessoa de verdade. Boa pessoa, sorria uma risada de pomba gira incorporada... vestia preto total, tinha um chicote, cinta liga, botas de couro, uma espécie de colã de couro, que expunha os pentelhos da buceta negra, uma aranha venenosa cuspindo prazer.

O traje era interessante. Gostávamos de fazer joguinhos pesados eventualmente... um dia ela prendeu meu pescoço entre as grossas coxas dela, minhas mãos algemadas... a cabeça apoiada na cabeceira do sofá... e ela esfregava a buceta no meu rosto... gritando como uma cadela no cio, rindo e gemendo com insanidade... dizia: só saio daqui quando tiver gozado ou me mijado toda... tive a impressão que minha cabeça entraria na xoxota dela, era das grandes... foi como se eu tivesse voltando a um útero estranho, foi bom.

Puta que pariu... sorri para Wagner e para todos que lá estavam... quando me lembrava desta historinha... para mim era como um dominó caindo sobre o outro... ao menos eu não tinha uma arma apontada pra minha cabeça. Velha puta...


Luís Fabiano.


sexta-feira, maio 18, 2012



Rei das Bucetas – Saudade é a poesia do amor

Cai a noite feroz, como olhos que se fecham e não adormecem. Respiração, o vento frio varrendo ruas, carregando sonhos para os cantos escuros, para dentro dos becos e casas. Gosto de olhar a noite cair, talvez porque minhas sombras não fiquem mais tão solitárias. Da janela do quinto andar, um crivo black mentolado, rum a granel e uma pedra de gelo boiando... ruas ficando vazias, quase uma da manhã...
Rum comigo sempre é uma incógnita. Fico excitado ou anestesiado, cara o coroa...tambor da roleta russa...
Olho em direção ao Bairro Navegantes... como um botão que liga o sopro do demônio, não penso duas vezes. Pego o carro e vou em direção lentamente a Boteco em que o Rei das Bucetas é o patrão.
As ruas ficando ruins, buracos e poeira da terra, o cheiro de esgoto fresco no ar... essas coisas tão importantes ,que são capazes de mudar tudo, é o traço fundo na memória... o passo final, que leva a mudarmos tudo em nós... cheiro de vida ainda que podre...gente se misturando ao esgoto, a merda, a vida, cheiro visceral estuprando o olfato chegando na alma...
O bar estava lindo como um anjo do mal, sorrindo com dentes cariados. Cheio, transbordante... um pagode de mesa tocado, risadas, mulheres, cachaça e coca-cola... porra a vida pode ser melhor?
Estacionei o carro, algumas poucas pessoas que conheço me cumprimentaram... e ao fundo sentado a esquerda na contramão de Deus, estava ele, impecável vestido de branco, chapéu branco como um Exu em paz... sorrindo com todos os dentes. Ele segura a ponta do chapéu me cumprimentando e apontando um lugar vago em sua mesa plástica...
-Então Rei das Bucetas... solitário hoje... que milagre majestade...
-Nada de solitário meu caro... meus amores andam dentro de mim... onde não existe distancia
-Boa saída... boa mesmo, vais comer elas ai, por dentro de ti?
-Puta que pariu Fabiano... que sensibilidade ... porra... as coisas são mais profundas que um pau e uma buceta, já te disse... a relação, o tesão começam na saudade, a lembrança, as marcas na pele... da ultima trepada, o silencio que antecede tudo... tudo isso é amor... sem amor a foda é seca...
-Tudo bem Rei... hoje estamos filosóficos demais... eu to bêbado, e as coisas não precisam de muito sentido não... foda-se.
Algumas poucas mulheres requebravam a bunda ao som do pagode. Coisa boa de ver isso, gosto de bunda grande... e elas possuíam dotes maravilhosos... dentro de uma minissaia curta, por vezes uma subia um pouquinho, mostrando a ponta da calcinha branca mais ou menos limpa...
O cheiro da orgia...  do suor de um dia de trabalho, do mijo e outras secreções vaginais, dardejam minha cabeça, num misto de fantasia bêbada, alcoólica e desejos de vapor...
Rei das Bucetas ria... uma risada irônica. Tomo um bom gole de cachaça pura... tudo parece tão tortuoso... o bar fica em câmera lenta. Telma surge do nada, sentando no colo do Rei, sorria um sorriso de puta feliz...
O Rei me olha:
-Percebe o que eu digo? Pergunta pra Telma, quando foi que ela me viu a ultima vez?
Telma responde sozinha:
-Fazem duas semanas... ai amor... que saudade de ti... do pau gostoso, da tua pegada, da tua boca fazendo tudo aquilo em mim...ai mon amour...
Gostava da disposição de Telma. Falava como uma puta de honra, gosto de mulheres que falam as coisas... na lata. Eles não se demoraram muito e desapareceram. Foram matar a saudade...
Veio outro copo liso de cachaça. Rum e cachaça, haviam me anestesiado de vez. Os batuques do pagode pareciam longínquos como um sonho... as bundas pareciam flácidas de gelatina, minha vida uma artéria entupida, tudo tão lento louco...  quanto tempo havia passado? Não sei.
Me arrastei até o carro, entrei... deixei a musica do radio tocando baixinho... adormeci no carro.
A madrugada avançou como uma lesma no oleo, virou dia... acordo, olho para o bar fechado as seis da manhã... as janelas do carro abertas abertas... o chiado no radio... a cabeça doía muito... pensei que havia me mijado, já aconteceu algumas vezes... mas não, apenas estava suado.
Fui pra casa... o papo da noite estava nebuloso em minha mente, hiatos de nada. Puta merda, acho que se tivesse ficado em casa, batido uma boa punhetinha matinal...
Precisava urgente de uns três tilenol...

Luís Fabiano




Navalhadas Curtas: Vizinha Estupida 

Definitivamente o elevador do meu prédio é um enigma... algo como o triangulo das Bermudas as avessas.
Entrei na merda, solitário como um dono de um iate feliz. Ele anda um andar e para, na porta entre aberta a vizinha da discurso inflamado e bestial:
-Mas que coisa horrível né... nossa horrível mesmo...  que coisa, é a vida, e a gente tem de aceitar o designíos de Deus...
Eu dentro do elevador aguardando... algo impaciente. Detesto papo furado, conversa de lugar algum  que vai para porra nenhuma, papinho de cu pra piça. Finalmente ela termina o assunto e entra no elevador. Mas não foi suficiente, então me olha e dispara...
-O senhor não sabe? A Arlete perdeu a mãe, nossa... coitadinha da dona Filomena... morreu dormindo... veja só... morrer é horrível né?
Tenho a paciência de um saco de areia, às vezes... mas ela não se deu conta e seguiu:
-É... a morte é uma coisa horrível sabe... meu Deus do céu... Deus me livre morrer... (aquilo foi a gota d’água)
Não me contive mais:
-Quantos anos a dona “Filobenta” tinha ?
-Não é Filobenta... é Filomena. Ela tinha noventa e oito anos...
-Tá, e a senhora queria que ela fosse mais pra onde?? Hein?? Queria que ela fizesse concorrência com Matusalém?? A Miss imortal 2012 ?? É isso? A senhora acha que chega a noventa e oito?? Duvido...
A mulher fica visivelmente assustada com a minha reação. Fica no canto do elevador e não diz mais uma palavra. Tenho certeza que aqueles três andares, demoraram uma eternidade pra ela... eternidade??

Luís Fabiano.

quarta-feira, maio 16, 2012

Momento Boa Música... 




Nunca se sabe onde vai dar...

Tem dias que estar de mau humor é bom...
Outros... com desejos afiados a ponto de estuprar anjos
Num céu devastado...
Sorri pra mim mesmo...
E ela despe-se com alguma graça

Seus defeitos desfilam agora a olho nu...
Ficamos trocando olhares provocantes...
Eu olho meu pau com sarcasmo
Digo: acorde filho da puta!! Hora de cuspir na obra de Deus...

Então fiquei contando suas celulites, estrias e outras coisas
Me senti feliz por não me importar com nada disso...
Que detesto a perfeição monótona, tediosa de tudo
Como a estrada para Santa Vitória

Ficamos então fazendo o jogo
Sabendo que não íamos a lugar algum
Desconhecidos vagando em sombras
Enquanto pontes de álcool se constroem...
Num porto de felicidade emulada

Acabou que ficamos esvaziando uma garrafa de whisky
Deitados, olhando um teto sujo contando o mofo...
Nem sentimentos... nem tesão ou sonhos
Por vezes quem precisa disso?
Um papo vagando num errante galopar...
Risadas dos idiotas 
Ironia dos bestas... 
Nos mais castos que um eunuco

Adormecemos...
Acordei com uma ereção fantástica
E seu rabo adormecido me recebeu como Pedro recebe os mortos
Ela parecia um cadáver, não se mexeu ou acordou, gostei daquilo
Gozei e segui olhando para o teto
Então uma meia hora depois ela acordou...
Disse que o rabo dela estava doendo...
Eu sorri e fiz que estava dormindo.
E o silencio guardou a porra do destino...

Luís Fabiano