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quinta-feira, dezembro 31, 2009


Só uma coisa a mais para dizer:

" FODA-SE 2009..."


Luis Fabiano.

quarta-feira, dezembro 30, 2009


Navalha curta: A mulher de dez mil reais.

Toda historia por mais imbecil que seja, tem no mínimo dois lados. Vivo dias de vagabundagem ampla. O trabalho em recesso. Acordo tarde, como algo, durmo novamente, escrevo alguma merda qualquer. Durmo novamente.
Hoje inventei de ir ao centro, ver a questão do IPVA. Nada importante. Entrei na lotérica, e a discussão andava em alarido fantástico. Uma senhora bem vestida, com uma bunda muito interessante, dava seu showzinho:
-Como não tenho mais saldo no cartão? Olhe aqui, eu tenho dez mil, viu, dez mil na conta. Dinheiro eu tenho. E não é qualquer um que tem dez mil na conta...
Eu estava atrás dela, apreciando a bunda enquanto ela vociferava. Imaginava os peidos daquela bunda.
O cara do caixa tentava explicar a ela, que o dinheiro ainda não estava na conta.Que havia um débito. Mas ela parecia um disco quebrado:Tenho dez mil, tenho dez mil, tenho dez mil...
Muito chata. Fiquei com vontade de perguntar a ela: Me mostra ai teus dez mil? Saca ai e me mostra?Vai...
Ou então dizer a palavra mágica:É um assalto!!
Mas não fiz nada disso. Porque naquele momento o que me interessava era a bunda da coroa, que estava não na minha conta, mas bem na minha frente. Apreciava de graça.Ri sozinho.
Foda-se os dez mil dela.

Luis Fabiano.

terça-feira, dezembro 29, 2009


Idéias e um motor.

Gosto de dirigir na madrugada, a esmo, sem destino. Apenas eu, o carro e sons fugitivos da noite. Não preciso musica.
Ver as poucas pessoas que circulam, errantes, nas sombras,a espreita talvez.A caça de algo.
O motor não altera-se, mesmo ronco sereno,ando na mesma velocidade,devagar. Ele sussurra ao meu pensar.Uma estabilidade,serenidade que muitas vezes me escapa.Existe paz neste momento, estar em paz faz acordar fantasmas.
Quem não os tem?
Minha paz é assim. Não reclamo, isso me mantém afiado, rijo, forte o suficiente para suportar golpes.Uma ereção que não acaba.
Quando fiz a quinta marcha, lembrei deste período no ano passado. Dias difíceis. Sempre estes dias que antecedem meu aniversario, não são muito bons .Normal.
O motor ronca suave.
Lembro, que neste mesmo período já procurava uma saída. Existem coisas que nos incomodam, não damos muita importância. Sou deste estilo, deixo a vida conduzir solitária. Só tomo alguma decisão quando tudo se torna impossível, intragável. Então, cago, vomito naturalmente tudo. Sem arrependimentos.
Alias é a maneira mais certa de saber-se que não se vai arrepender. Leve tudo ao limite, deixe explodir. Não tenho nenhum arrependimento na vida, nem das coisas boas que fiz e nem das más . Fiz tudo de coração.
Por momentos, para solucionar algo complexo, procuro outro problema. De tal intensidade que me obrigue a tomar decisão.Jogo comigo mesmo. É como um escravo acorrentado, amputa os próprios membros pra tirar as correntes.
Em nome disso, já tive todas as intenções.
Houve momento que quis ter um filho. Tentei com muitas. Mas nunca aconteceu. Chequei a pensar que minha porra era ruim. Não era.Simplesmente não ocorria.
Mistérios, de Deus?Não sei. Mas que Ele fazia enquanto eu enchia aquelas belas bocetas de porra?
Paro numa sinaleira, carro em ponto morto. Uma puta rebola na esquina, mostra o rabo, tenta seduzir com aquelas coxas de fora, de mini-saia. Não gostei dela. Parecia destruída demais, bêbada , drogada, fudida de toda as maneiras.
Um bagaço humano, encharcada da porra do mundo. Vira-se pra mim e sorri. Acena com a cabeça. Apenas balanço a cabeça. Não dá. Gosto de putas, mas não assim. Talvez se eu tivesse em desespero. Em tempos de guerra, qualquer buraco é trincheira.
O sinal abre, arranco devagar. Quero voltar a harmonia do motor. Me tranqüiliza, como uma prece.Não rezo muito,faço, acredito.
As ruas vão ficando mais desertas. Meus pensamentos mais vagos.Hoje eu não queria putas, bebidas ou dar uma foda. Não . Queria apenas deixar minhas idéias correrem serenas, em quinta marcha. Lembrar e esquecer.
Tava ficando cansado, era melhor me recolher para a caverna.
Chego em casa, desligo o carro. Silencio profundo.
Quase choro.

A paz é o ponto morto.
Luis Fabiano.

segunda-feira, dezembro 28, 2009



Metamorfose de Kika.

Assistir aos filmes de Almódovar sempre é uma revelação. Tem o cheiro nauseabundo da realidade,as vezes do pior dela. Despe personagens, eles se arrastam fraturados para próximo de nós, expondo emoções contraditórias, viscerais sem retoques do artificialismo que tanto gostamos em nossa vida.
Esse foi meu sábado. Deitado de cueca, literalmente. Curtindo um calor e vendo filme. Kika era uma bela ruiva. Peituda sempre vestida de vermelho vivo. Gostosa. Mas não a ponto de me excitar.Nada de excitação.Filme tem que mexer comigo, se não durmo.
Ela era um ideal. Perdida e inocente, até ser estuprada.
Coisas de Almodóvar. Foi um trauma para Kika, não fiquei com pena dela.Até gostei. Depois que soube quem a estuprou ficou orgulhosa(um ator pornô conhecido). O cara gozou quatro vezes, sem tirar. O meu recorde é duas vezes.E acho que com o tempo não aumenta.
Depois fico acabado. Mas feliz. Teve vezes que já fiquei com raiva, trepadas transtornadas, feitas mais de rancor. Prazer e rancor, ingredientes da paixão.
Kika ficou melhor como pessoa depois do estupro. Lavou-se muitas vezes, como é de praxe nestas ocasiões. Tirar a porra alheia. Matar filhos bastardos, se ocorrerem. Nada disso tira o trauma.
Almodóvar fazia piada. O filme é uma comédia. Kika muda. Segue linda, agora veste-se com vestidos florais.Vermelho não mais.
O filme me ganhou exatamente neste ponto. Nada era muito interessante, mas Kika vestindo floral, ficava linda.
Fiquei pensando, dei um pause no filme. Vestido floral é lindo, tropical, caribenho. A revelação. Gostava muito de mulheres de vestido floral.Não pensei em moda, alias, sou do tipo que da um foda-se a moda. Ando como quero.
Sempre gostei de mulher de vestido. Deve ser assim mesmo.São belas, femininas, doces e prontas para dar o bote,para nos matar e excitar.
A revelação acontece de formas estranhas a vezes.
O corpo sempre da algum sinal.No meu caso o meu pau subiu.Kika meu amor,meu tesão, minha cadela...hummm fantástica.
Não sei quem ela me lembrava, acho que ninguém. As mulheres usam apenas vestidos para festas, para coisas comuns não. Não cultivam a muito a feminilidade. A praticidade mata tudo.Não tem importância pra mim, é apenas uma preferência.
Quando aparece uma linda, bem vestida, elegante, as outras ficam com raiva.
Com vontade que ela morra. A bem vestida, ganha atenção de todos os homens. Somos assim mesmo, completamente imbecis.
O vestido é a cortina de um teatro, quando abre-se, o espetáculo começa. Insufla nossa imaginação, e da beleza vamos pro tesão em um piscar de olhos, imaginando a boceta mais maravilhosa do mundo.
Nossa cabeça, é assim, a imaginação nunca ta de acordo com a realidade. Na imaginação tudo funciona, é gostoso,quase eterno.
Gostei de Kika depois da transformação. Mais séria, mais bonita, mais gostosa. Falava pouco agora.Taciturna.Traumatizada.Uma pintura.
As vezes é assim mesmo, nossos traumas mais terríveis terminam por lapidar a beleza que existe em nós. Não gostamos de ver assim, experiências difíceis tiram o excesso fútil de nossa personalidade.
É preciso jogar carga ao mar, como diz um grande amigo meu.

Luis Fabiano.
Paz possível.

Pérola do dia.

“ Quase todas as mulheres que tive eram limpinhas demais. Nunca me esperaram nuas para me seduzir,nunca peidaram na minha frente,nunca me disseram que me amavam feito uma cadela cio.Tudo era eu te amo.
Te amo é fácil demais.”

Luis Fabiano.

domingo, dezembro 27, 2009

A Filha do Vento (The Blower's Daughter)
Demian Rice.

Como você disse que seria
A vida corre fácil pra mim
A maioria das vezes
E então é isso
A história mais curta
Sem amor, sem glória
Sem herói no céu dela

Não consigo tirar meus olhos de você
Não consigo tirar meus olhos de você
Não consigo tirar meus olhos...

E então é isso
Como você falou que deveria ser
Nós dois esqueceremos a brisa
A maioria das vezes
E então é isso
A água gelada
A filha do vento
A aluna rejeitada

Não consigo tirar meus olhos de você
Não consigo tirar meus olhos de você
Não consigo tirar meus olhos...

Eu disse que te detesto?
Eu disse que quero deixar
Tudo para trás?

Não consigo parar de pensar em você
Não consigo parar de pensar em você
Não consigo parar de pensar em você

Meus pensamentos...Meus pensamentos...
Até conhecer uma nova pessoa.

sábado, dezembro 26, 2009



Antes, durante e depois do Natal.

Toda vez que se planeja algo, com muito afinco, a tentação de que algo não saia exatamente assim é grande. As vezes os tais erros se convertem em acertos,ou em coisas piores.Não tem importância mesmo.Acontece como tem que acontecer.
A minha família tentou reunir todo mundo. Esforço repleto de erro. Não dá certo. Não tem espírito de natal que redima a ignorância de todos nós. Não me irritei.Todos dão desculpas esfarrapadas, mas a verdade que outros interesses movem as ausências.Os tais interesses, esses sim são capazes de me irritar.Mas não hoje.
Não ficamos tristes. Talvez quiséssemos rememorar coisas passadas. Tornar a vestir aquela camiseta que usávamos quanto tínhamos cinco anos? Besteira, o passado as vezes berra demais.Chega de discussões.
Na noite de natal fomos para casa de uma tia. Minha vó estava lá, do alto dos seus oitenta e oito anos. Tempo demais se pensarmos bem. Olhava pra ela, não lembrava mais aquela que um dia conduzia os destinos da família. Com autoridade. A matriarca, como ainda a chamam.
Sentada naquela cadeira macia, não entendendo muita coisa que esta acontecendo. Falava pouco, as vezes coisas desconexas.E sorria muito, aquele sorriso algo inocente.Talvez realmente tornemos a ser crianças com o tempo.
Reunidos, os que podiam estar. Pensava comigo, enquanto via meu tio conduzindo o churrasco.
Porque eu quero isso agora ? Querer espírito familiar, eu que sou tão distante, frio e indiferente ao que me cerca. Um alienado informal. Aprendi a dar e levar porradas quando é preciso.Hoje pensava com espírito de natal.
É deve ser a porra do espírito de natal.
Preferi não pensar mais nisso. Poderia me irritar,mandar o natal, ano novo e o caralho a puta que pariu. Mas não Fabiano, é preciso controlar-se. Ficar tranqüilo, educado. É, só podia ser o espírito de natal.
Foram boas aquelas horas.Clima leve, lembramos de coisas boas.Lembramos do meu pai.É isso, o tempo passa e você passa a pegar mais leve com todos.Não era espírito de natal, eu realmente estou diferente.Mas não santo.Santo nem pensar.
Comemos o churrasco tradicional, carne e salada. Coisa muito boa. Cerveja, estava bom mesmo.
Então minha tia nos reuniu todos, a volta de minha vó. Na família é tradicional fazer umas orações neste dia, para o menino Jesus, para ele nos proteger das merdas que nós fazemos. Alguém precisa olhar por nós.
A volta de minha vó, cada um falava algo, do que esperava neste natal. Minha tia estende para mim longo texto, diz quase solene:
-Vou dar o texto para quem tem a voz mais linda dentre nós.
Eu ri. Só poderia ser o espírito de natal mesmo. Não tenho perfil de nada lindo em mim. Tudo é cru e de gosto forte. Proximidade a mim, não é uma coisa muito boa. O tempo já me ensinou isso.
O texto era longo, falava de Jesus, da presença dele em nossas vidas. Longo demais, cansativo.
Mas tudo bem. Acabou.Nos abraçamos todos, feliz natal.
Voltamos ao passado, minha vó não disse nada, apenas sorria.
Foi um bom natal.

Entre a paz e as pazes.
Luis Fabiano.
Dica de filme: Ponto de Partida.(Powder Blue)

O filme é um thriller de emoções. Historias comuns, de gente como eu você, que em algum momento da vida perdeu algo .Quem não perdeu?
Fragilidade, trauma, e um desejo que tudo termine bem, e rápido. Em meio a isso, uma teia oculta,nebulosa se faz, vai conectando os personagens.
As minhas dores, com as dores alheias. Minha fragilidade, encontra aprisco em dores que não são minhas. E uma esperança as vezes torna-se possível.
Como diz o próprio cartaz do filme: A esperança pode ser encontrada nos lugares mais obscuros.
Fiquei tocado com o filme.
O filme ainda tem a última atuação de Patrick Swayze para as telas.

Luis Fabiano.


Navalhada curta: Mais um ano novo.

Tudo renova-se sempre, mas nós somos lentos demais para perceber isso.As vezes existem acontecimentos que nos fazem lembrar disso.É bom que seja assim.Temos a pretensão de domínio, de tempo e espaço.Mas a bem da verdade, não dominamos nem a nós mesmos.
Pensava estas besteiras na fila da lotérica. Sempre contas a pagar,sempre algo a dever.Uma senhora idosa conversava com outra, queixava-se dignamente, dizia:
-Pois é, com tanta tecnologia,computadores,e nada.Fui a vários médicos, vários exames,tomografias, nada aparecia. Aquela dor, uma tristeza.O tempo foi passando, agora a dor ficou muito forte.Fiz os exames novamente,e advinha? Isso mesmo um linfoma grande, que se alastra.
Falava com coragem sobre o assunto.Fiquei admirado.Talvez por não dimensionar a gravidade. Quando não se sabe bem o que se enfrenta, temos muita coragem. A outra senhora concordava seriamente. Então a primeira senhora seguiu:
-Pois é, agora tem que deixar passar o ano novo. O meu médico foi viajar, para aproveitar a virada. Ficou tudo pro ano que vem.Fica tudo sempre pro ano novo.
Somos assim mesmo. Para uns é mais um ano, para outros é menos um ano.

Luis Fabiano.

quinta-feira, dezembro 24, 2009


Natal de André.

Acho mesmo que a vida deveria ser feitas de belezas. Mas não é. Nossa ânsia pelo que é belo, ainda é filha da miséria. Não nos comprazemos.
Lembro do tempo de minha infância,sem saudade,não sou nostálgico. Acho que o momento presente resume sempre o melhor de nossa vida, justamente porque é o único momento real.
Morávamos todos na mesma rua. Amigos de infância, lembro bem. André era o casula da família, eu com treze anos, tinha uma admiração por sua irmã. Achava Viviane a mais bela menina da rua. Também tinha a certeza que jamais ela olharia para mim.
Linda demais pra mim, eu dizia.
Para não passar vergonha entre amigos, nunca contei esta minha paixão por Vivi pra ninguém. Mas no verão daquele ano, Viviane começou a conversar comigo.Estávamos todos na rua, muito calor e correria. Naquele tempo ainda brincávamos na rua até as dez horas da noite. Era muito bom. Algo realmente inocente. Lembro que não dormi a noite.Viviane, tinha conversado comigo.
Me sentia bem.Tinha treze anos e sentia, algo bom dentro de mim, me animava muito. Fomos todos crescendo, tomando nossos rumos e naturalmente nos separando. Viviane seguia linda, lembro que engravidou sem querer de um namorado.Depois engravidou de outro namorado.Depois de outro.Nada de poesia,deixou de ser a linda mulher que conheci. Tinha o semblante cansado, outras tantas dores. Sempre arrastamos um caminhão com uma carga de merda. Levamos para lá, trazemos para cá.
Sim, tinha André. Esse eu nunca mais vi. Mas sua historia é um pouco mais complicada. A família de André mudaram da minha rua.Foram morar em uma vila, chamada Vila Gotuzo. Lugar periférico, com todo o clima de lugar periférico.
Ruas empoeiradas, crianças sujas brincando nas ruas, valetas, tipos com caras hostis, donas de casa barraqueiras. Dificuldade em todos os aspectos. Tinham uma boa casa La, tentaram ser felizes. A felicidade é um estado de espírito, se dentro de si você não é feliz, você não é feliz em lugar algum.
Andre começou a conhecer melhor os derredores, fez amizades. Depois amizades não tão boas assim. E o menino inocente, começou a desfigurar-se. Conheceu de brincadeira a maconha. Droga leve, mas suficiente forte para quem não tem cabeça suficiente. Quem não tem controle de forma alguma, jamais deve se meter com essas porras. O Baseado foi a porta de entrada. Andre passou a gostar de baseado.
Conseguia na rua, com os amigos. Fumava um antes de ir para a escola e outro depois de sair da escola. Até ai tudo era curtição. Baseado o deixava alegre. Era inteligente, porem não suficiente. O tempo foi passando, estava agora com dezoito anos.
O baseado nem fazia mais efeito. Precisa de algo que lhe desse um novo sabor. Considerava-se um bom rapaz. Trabalhava, estudava, não incomodava em casa. Sua família não percebia nada. Escondeu isso ate o ultimo instante.
Passou a cheirar cocaína. Mais agitado, mais nervoso. Mudava de humor, mas ainda sim era um bom menino. Drogas, isso ainda não era um inferno. Sua vida sem sentido, fora trabalhar e estudar, a droga era algo novo.
Tornava tudo mais interessante.Fugia do comum.O comum todo dia é intragável.É preciso ter novo sentido. Algo que dê a vida um gosto diferente. Trabalho, amor, uma obra que coloquemos nosso melhor, que nos envolva, nos encante. Sem isso, sem encanto, sem vida, sem gosto. Sem nada, gosto apenas do comum.
Com a cocaína vieram os problemas. Os amigos agora não tão amigos assim, queria o pagamento da droga. Ele tinha agora necessidade. Pegava coisas dentro de casa, cheirava tudo. E precisava de mais. Mais, mas que porra, onde eu vou conseguir mais?Não era mais bom moço.Viciado,sem sonhos.Nada disso poderia acabar bem.
Cansado disso, decidiu parar com tudo. Numa noite contou tudo a sua família. Todos horrorizados, não sabiam o que dizer, que fazer. Não perceberam que André estava realmente doente.
Com muito esforço, Andre, afastou-se das drogas. Tinha uma vontade incontrolável. Foi levado para uma clinica de desintoxicação. Lá depois de um tempo infernal, conseguiu voltar a sorrir, como o menino que sorria no passado.
Passava o dia na horta, trabalhava muito. Conversava com as psicólogas. Sentia-se renovado Pronto pra voltar ao convívio da sociedade.
Todos estava felizes, Andre voltava do inferno. Salvara-se.
Eu gostaria pessoalmente que minha narrativa acabasse aqui. Mas não.
Um viciado não fica curado nunca. É uma luta cotidiana para não mais fazer uso. É pra vida toda. Claro que Andre não resistiu a tentação das facilidades.
Quando o efeito da droga havia passado, sentia-se horrível, um fracassado da pior espécie. Estava só não havia ninguém ali. Na rua, olhou para os lados, ninguém para dizer uma palavra boa, um abraço nada. Pensava: será que todos morreram?
Seqüelas da droga. Saiu andando a esmo, andava devagar pensamento longe, triste demais. Que diria a seus pais?Fracassara novamente?Todo o seu esforço em vão. Ainda sentia vontade de cheirar novamente. Sentimentos confusos e um vazio interminável. Queria rezar mas não lembrava-se de nenhuma prece.
Aquilo tudo doía demais, era preciso terminar isso o mais rápido possível. Adentrou um mato, denso, havia caminhado muito. Chegou a pé de uma arvore, a maior que viu, subiu como pode. Escolheu um galho forte, o mais forte. Tirou o cinto, fez um nó com muita calma, amarrou no próprio pescoço, pulou.
Andre Foi achado no dia de natal pendurado. A sua arvore de natal, não tinha luzes piscando, estava escura.Sem carta de despedida.


É preciso fugir dos abismos.

Feliz Natal.
Luis Fabiano.

quarta-feira, dezembro 23, 2009


Navalhada de Natal: As cuecas de Papai Noel.

Neste período de natal o que mais abunda são os tais amigos secretos. Um verdadeiro saco. Até comprar o presente é legal. Triste é a revelação, chatice sem fim. Não suporto. Mas as vezes participo por educação.Uma verdadeira educação, para falsos sentimentos.
Conversava com Neuza, minha amiga secreta,depois da revelação.
E o papo adivinhem? Virou em torno do papai Noel. Vejam como as pessoas trazem emoções tristes dentro de si.Na superfície. Não é preciso perguntar muito.
Neuza estava feliz, então começou a me contar:
-Eu adorava papai Noel, estava com oito anos, queria ver como ele fazia para entregar nossos presente, queria ver as renas, o trenó. Então na noite de natal, decidi que iria fazer de conta que estava dormindo, eu iria vê-lo.
Eu sorri. Sabia que isso iria terminar em tragédia de natal.
E então como foi?
-Quando era de madrugada, escuto uns barulhos no meu quarto, olho de canto de olho. Decepção profunda, vi meu pai de cueca, deixando os presentes ao lado da minha cama. Aquilo foi uma facada na minha fantasia. No dia seguinte,minha mãe chamou a mim e meus irmão para mostrar os presentes do papai Noel. Eu não fui. Minha mãe veio até mim e perguntou porque? Respondi:
-Sei que papai Noel não existe mais. Eu vi meu pai de cueca colocando os presentes.
Ela ficou furiosa comigo. Disse: se contares aos teus irmãos isso, tu vai apanha de relho trançado!
Concordei. Mas não fazia mais diferença, desde então o natal nunca mais foi a mesma coisa.
Porque alimentam essas fantasias nas crianças...
Eu apenas sorri amarelo.

Luis Fabiano.

terça-feira, dezembro 22, 2009


Não beijos, não toques.

Hoje,não.
Não me toques,olhes ou beijes.
Hoje,tudo me soa selvagem demais.
Teus carinhos me agridem,
pele com pele, me fere tanto.
Não quero,
respiração ofegante ou gemidos sem saciedade.
Nem beber do teu suor,
ou sorver o suco
De tua intimidade.
Tudo me faz dor, hoje.
Mas ainda sim, quero-te.
Quero o que é,
essência em ti.O que não se revela.
Quero o que é silencio,
oque bate em teu coração,
As vezes ecoa no meu.
Assim, me queres?
Em pedaços, fragmentos, farelos...
É preciso que rasgue minha pele,
Exponha vísceras, para me entederes?
Sem palavras, te quero.
Sem afagos, te quero.

Sem olhar, te quero.
Mas, não.
Fica em ti, um desejo que não cala,
Um prazer que não satisfaz.
E para ti, não amo.
Não amo as belezas do teu corpo,
Leio as marcas que nele existe.
Tu gritas, eu sussurro, és
Tempestade e eu brisa.
És dor,eu culpa.
Não posso te dar, o que em mim é miséria.
Não podes me dar, o que em ti é opulência.
Separados e unidos,mas
Por um breve fugidio instante,
Nos vemos, nos amamos.

Luis Fabiano.

Navalhada curta: Sinfonia dos Horrores.

Entre quatro paredes uma alma revela-se. Seja de um confessionário, um quarto ou, banheiro. Seja como for, sempre haverá quatro paredes.
O vão central do meu prédio, ficam as janelas de todos os banheiros. Ali já ouvi muitas coisas curiosas,boas ruins a foda do vizinho debaixo,e brigas. Confissões terríveis.
Tenho um vizinho dois andares acima. Para mim ele é o campeão.Quando crescer quero ser como ele.
O líder, o maestro dos maestros. Porque ele consegue fazer absolutamente tudo que se faz em um banheiro,em curto espaço de tempo. Quase ao mesmo tempo. Um musico completo.
Ele caga, peida, arrota, vomita, escarra,masturba-se, e resmunga algumas coisas que são impossíveis de entender.
Faz tudo isso sempre, todos os dias, no mesmo horário, sem ensaio. Exatamente nesta ordem.
Larga um sonoro peido em tom grave. Resmunga alguma coisa e caga muito forte, com eco. Puxa água,e vomita alguma coisa aos hurros. Depois vem a limpeza do nariz e pulmões, um som um pouco mais agudo.
Resmunga mais alguma coisa. Por fim, depois de tanta agonia, sacode seu membro ritmadamente, da um breve gemida, goza.Todos do prédio já sabem.Acostuma.
Fica um silencio, terminou seu ritual.Não fala mais nada.
Esta em paz.Penso que a paz seja realmente isso.

Luis Fabiano.

segunda-feira, dezembro 21, 2009


Asco, amor em ti.

Não se ofenda, não ofenda.
Silencio.
Sou assim mesmo.
Incerto, flutuante e um chumbo.
Sinto saudades,
do teu sorriso,
tua indiferença quase vil.
Saudade de te ver sofrer um pouco.
Do teu brilho de agonia,olhos sempre marejados.
Meu carinho as avessas,
As poucas estrelas de uma noite longa.
Fui me descobrindo, por ti.
Nossas revelações tragicas,
entre beijos e tapas.
Foste morrendo por mim, lentamente.
Respiração que cessa.
E nós, nos perdendo, transformando
em estrangeiros.
De tuas raízes solidas,
deserto sem fim.
Vida que seca, nosso outono de hoje.
Nem culpa ou culpados.
Nada.
Fui embora, sempre vou.
Um grilhão aberto.
Asas que ganham espaços.
Morro em vida um pouco, arte e beleza ,
Pintando contrastes.
Dores e sorrisos.
Tiveste tantos nomes,
nenhuma alma,
nem uma lagrima.
Será que tornei-me tão torpe?
Um pouco, sem querer.
Amaste o que não se ama em mim.
E tudo se foi.
Se foi.


Luis Fabiano.

domingo, dezembro 20, 2009


Trecho...

“ Por fim se viu livre daquela prisão humana,compacta e cheirando a suor, apressou-se e logo se afastou.Já era de noite.Tomou sua cerveja gole a gole.Já não tinha gosto de vinagre.É assim.
O ser humano se acostuma com tudo.Se todos os dias nos derem um colherada de merda, primeiro agente reage, depois agente mesmo pede ansiosamente a colherada de merda e faz de tudo para comer duas colheradas e não só uma.”

O Rei de Havana – Pedro Juan Gutierrez.

Navalhada curta de Natal: Papai Noel, não é legal.

Eu tinha dezessete anos, já não acreditava em papai Noel há muito tempo. Ainda bem. Morávamos próximos de uma transportadora muito conhecida na cidade.
Bairro periférico, miséria, pobreza e ilusões baratas, pensamentos que talvez um dia as coisas melhorem. Perda de tempo.
As criança sujas, brincando nas valetas, com uma bola de futebol improvisada. Felicidade possível. Na semana do Natal, o tal pessoal da Transportadora organizou uma festa de natal. E papai Noel veio em uma das camionetes da empresa, a caráter.
Jogava balas para as crianças da vila. E levanta poeira da rua de areia. Elas apanhavam as balas, era o que tinha. Nada de brinquedos.
Mas não era isso que elas haviam pedido ao Papai Noel. Elas recolheram as balas, sentaram para ver seus lucros. Ninguém havia pedido balas.
Resolveram seguir o carro até a empresa, para quem sabe conversar com Papai Noel. Lá a festa se desenrolava, bela festa, rica.
Porem viram quando papai Noel entregando ao filho do dono da empresa uma bicicleta linda. Ele sorria feliz.Era o que ele havia pedido, logo ele que não precisava?
As crianças da vila que viam de longe, foram embora decepcionadas. Porque papai Noel agia assim? Na vila ele dava balas baratas, e para os outros mais ricos, dava bicicleta ? Não entendiam. Ninguém entende a fantasia quando se quebra.
Chegaram a conclusão que papai Noel,não era legal, era injusto.Depois daquele natal,nada mais foi a mesma coisa.

Luis Fabiano.

sábado, dezembro 19, 2009

Pedro, não chegou a tempo.

A vida é implacável para quem é mole demais. Não se pode aliviar, ter emoções é sempre uma lamina de dois gumes. Mas eventualmente é preciso arriscar, acreditar em alguém, em alguma coisa, é importante, mas sem abuso.
Quando conheci Pedro, depois prestávamos o serviço militar. Aquilo era uma merda, mas fortalece amizades verdadeiras. Isso realmente é bom, saber que não vais te foder sozinho, inspira, nos torna unidos e corajosos.
Para mim o quartel foi muito bom neste sentido.
Pedro era um tonto, atrapalhado mas uma pessoa boa, tinha sinceridade no olhar, seus olhos brilhavam.Éramos ambos estranhos, muito diferentes um do outro, talvez isso fizesse que sempre estivéssemos conversando.
Contávamos nossas experiências, era muito bom.
Certa vez me contou que tinha uma vizinha apaixonada por ele. Mas não queria saber de paixão, de amor e essas porras todas, dizia:
-Quero ficar livre, comer todas as bocetas possíveis do mundo!!Todas, ai quando eu cansar disso, caso com a vizinha, ou alguma outra mulher apaixonada. Sempre tem uma puta apaixonada!!Elas vivem pra isso.
Gargalhava alto, com um fuzil na bandoleira,apontado para as estrelas.
Eu achei graça daquilo, com dezoito anos, não queria compromisso nenhum, muito embora já estivesse namorando muito sério. Alias sério demais, por isso que não deu certo. Não iria discordar de Pedro, ele parecia feliz assim. Nunca gostei de cortar os baratos dos outros, ainda que tudo levasse a uma merda qualquer, você é livre, faça e assuma, se tiver culhões.
Servimos juntos durante nove meses, sempre tirando guarda junto, eventualmente conseguíamos uma cachaça, cerveja para tornar, tudo mais interessante, nunca acontecia nada nas guardas.Era um saco.
Nenhum assalto, nem uma tentativa de roubo nada.
Quando demos baixa do serviço militar, nunca mais nos falamos, agente perde o contato, é normal. Pedro é um grande amigo. Mas o tempo é inexorável.O outro lado da lamina.
A duas semanas atrás eu o encontrei no calçadão, dezenove anos depois.Continuava com a mesma cara, mas reparei seu olhar, seus olhos. Algo havia se apagado. Pensei comigo, sofrimento por vezes vai lentamente nos abatendo, como uma fera apartada do seu habitat natural, vai se tornando triste demais as vezes.Tome muito cuidado com tristezas excessivas,elas podem deformar nossa visão da vida.Quando for demais faça alguma coisa urgente, qualquer coisa.
No papo vai e papo vem, perguntei :
-E ai Pedro, ainda comendo tudo que é boceta por ai?
Ele sorri amarelo, percebo que fiz uma pergunta errada. Agora já era tarde.
Nos sentamos nos bancos de cimento do calçadão, ele diz:
-Cara, quanta merda é possível fazer na vida?
Achei a pergunta engraçada, respondi rindo: Infinitas eu acho, sempre é possível fazer algo pior.
O seu rosto sério concordou, confessou:
-Tu lembra que eu dizia, de uma vizinha minha que era apaixonada por mim?
-Sei claro, tu debochou que sempre tem uma puta apaixonada.
-É isso mesmo. Só que eu cometi um erro cara, o tempo passou, tudo virou, quem ficou apaixonado, amando mesmo fui eu.
-Como assim Pedro?
-Assim mesmo Fabiano. Passei saindo com tudo que era mulher, até com ela, mas a Patrícia era uma mulher muito parceria mesmo. Mas eu não via isso. Eu queria era frescura, uma transa eventual e nada mais.
-Sei, eu acho isso normal, fui e sou assim.
-Cara, tu ainda ta na adolescência?
-É, talvez,mas não caio de paixão por nada,para isso acontecer tem valer muito a pena correr o risco Pedro, do contrario, nada leva a lugar nenhum.
-Bom Fabiano, quando me dei conta, a Pati parou de me ligar, me procurar, achei meio estranho, achei que ela tivesse menstruada,sei lá.Muda o humor NE?
-É, em alguns casos.
-Mas nada disso amigo, ela tava saindo com outro cara. Quando fiquei sabendo e vi, me deu um aperto estranho no peito.Desconforto.
-Que papo é esse Pedro?
-Sério cara. Tentei ignorar, fazer de conta que não tava acontecendo nada. Mas não dava, a Pati vinha na minha cabeça, ela abraçada naquele cara? Pô, ela era minha cara. Só sei que tudo foi ficando pior, fui falar com ela, resolver isso de uma vez, assumi-la como minha namorada e deu.
As vezes, é preciso perder para dimensionar a importância em nossa vida. Os machões querem dominar a mulher ainda hoje. Pedro brigava consigo mesmo, pela sua surpreendente descoberta.
-E ai Pedro, que deu?
-Disse pra ela: Pati, eu te amo,sério mesmo, agora eu vi isso, Pati.Vamos fica juntos, descobri que te quero. Ela me olhou cara, tirou a minha mão das mãos dela, me olhou fundo nos olhos, seria e disse: Pedro, não dá mais. Fiquei muito tempo te esperando, eu te amava, tu nada, nem atenção me davas.Eu conheci o Osvaldo.Ele teve uma paciência enorme comigo, ele sabia que eu te amava.O tempo passou Pedro.Hoje tu te transformou em um amor que tive na infância.
Ela terminou dizendo: Pedro, tu perdeu tempo demais, agora tu perdeu.Tchau.
Os olhos dele estavam marejados na narrativa. Era drama na carne. Eu não queria ouvir mais nada, nem Pedro falar. Ele olha no relógio, como quem quer voltar no tempo. Dei-lhe um abraço. Foi embora para não se atrasar, o tempo agora era algo muito importante.

A paz nos ponteiros da vida.
Luis Fabiano.

sexta-feira, dezembro 18, 2009

Papai Noel Velho Batuta
Garotos Podres

Papai Noel velho batuta
Rejeita os miseráveis
Eu quero matá-lo!
Aquele porco capitalista
Presenteia os ricos

E cospe nos pobres
Presenteia os ricos
E cospe nos pobres
Papai Noel velho batuta

Rejeita os miseráveis
Eu quero matá-lo!
Aquele porco capitalista
Presenteia os ricos

E cospe nos pobres
Presenteia os ricos
E cospe nos pobres
Pobres, pobres...Mas nós vamos seqüestrá-lo

E vamos matá-lo!
Por que?
Aqui não existe natal!

Aqui não existe natal!
Aqui não existe natal!
Aqui não existe natal!
Por que?
Papai Noel velho batuta

Rejeita os miseráveis
Eu quero matá-lo!
Aquele porco capitalista
Presenteia os ricos

E cospe nos pobres
Presenteia os ricos
E cospe nos pobres


Vida de verdade, de mentira, de verdade.

Realmente não sei. Talvez esteja desaprendendo com o tempo, um grande amigo me diz isso sempre. Enterrando memórias de coisas boas e dores lancinantes,já não perturbam mais, como cores que vão desbotando com o tempo.
E ao final, você já não sabe bem, se era amarelo ou marrom.
Deitei com lembranças pesadas na cabeça,não programei, era cansaço talvez. As inúmeras perdas que tive, alguns ganhos, as lágrimas que não chorei.
Não gosto de choro de tristeza, prefiro emoção mais nobre. Opto por endurecer o máximo, acostumei com isso, hoje nada mais dói. Não machuca, machucar nada.
Adormeci com a televisão ligada, sempre faço isso.Os sonhos não foram bons, algo tentava me cegar,atingir meus olhos.Não tive medo, defendia-me daqueles punhais afiados que vinham contra mim, me laceravam as mãos,braços, mas não os olhos.
Acordei sobressaltado.
Não passava de um sonho besta. Maldito inconsciente tentando dizer alguma merda que fatalmente ocorre nas minhas entranhas, na vida. Não fiquei especulando muito, certamente vou entender daqui algum dia. O tempo sempre clareia tudo, não importa. Não é esperança idiota, mas uma noite nunca dura pra sempre, o amanhecer vem.
Levantei-me, fui dar uma bela e longa mijada, no escuro, ouvido sons da madrugada.
Bebi água e voltei pra cama. Os tais pensamentos voltaram, como um tóxico querendo me asfixiar. Não queria pensar e pensava.
Deixei o pensamento correr. E como se fosse um estado na mente, fui percebendo que muitas felicidades e tristezas que passaram em minha vida, não foram de verdade. Não quero entrar no conceito de verdade. O pensamento era abissal, fiquei mareado.
Comecei a não gostar do rumo daquilo, disse pra mim mesmo: para com isso, porque a verdade é uma interpretação, um entendimento mental/emocional.Tentei levar na lógica.
Mas era isso. As pessoas que convivi, não pareciam ser de verdade. Pareciam personagens feitos de papel, de cera algum material artificial.
Mas porque isso? Coisas da memória é claro, pensamento ficaram amarrotados por longo tempo, nada ou ninguém constituíram alguma importância. Nada perdurou.Cinzas de uma cremação.
Como meu sonho não perdurara. Comecei a delirar. Lembrei do filme Matrix.
Era só que faltava eu acordar numa tigela de gosma, dar-me conta que passei os trinta e poucos anos de minha vida dormindo ? Que péssima maneira de acordar. Porra, toda as fodas que eu dei, teriam sido holográficas?Virtuais?Nenhuma gozada de verdade?Não pode ser.
Comecei a rir sozinho. Era um pensamento errante. Se isso fosse verdade, ai realmente as pessoas iam entender o que é estar fudido.
Vivemos para decifrar o que é real em nós e nos outros, nos experimentamos o tempo todo, projetamos emoções para além de nós, na esperança que essa emoção encontre eco. As vezes encontra, as vezes não.
Para sair daquele drama mental, achei que precisava sentir um pouco de dor física. Eu que são tão seco, tava delirando entre a realidade, e qualquer outra coisa. Peguei uma chave no escuro, comecei a enfiar na minha mão, forte, realmente para doer, e aí ?Ta doendo suficiente? É real ?Ta sentindo cara?Nada.
Sentia sim. Mas iria passar, pois as dores passam sempre, ainda que tu morras um pouco com isso. Soltei a chave, pensei comigo:quer saber? Vou dormir, chega de pensamentos errantes, dores inúteis, passados falsos. Minha realidade é o sono agora.
Adormeci, não sonhei com nada, as vezes é melhor assim.

Paz errante.
Luis Fabiano.

Navalhada Curta: A Emo.

Não tenho nada contra a movimentos passadistas. Hippies, beatniks, punks,darks, tantos nomes para expressar uma infantil rebeldia ao sistema.
Sem problemas, creio mesmo que cada um na sua.Escolha a sua besteira e acredite.Se você acha válido, há de ser tudo da lei, dizia o Raul.
Nas proximidades do camelódromo, dia destes, tive a infeliz oportunidade de acompanhar uma mãe tentando conversar com uma moça que dizia-se Emo. Conversa impossível. Os emos são excessivamente emocionais, não possuem sexo definido, as meninas parecem com meninos, e os meninos parecem com as meninas,em tudo, até psicologicamente.
O papo versava assim, a menina:
-Mãe, não dá, tipo, bah tu sabes né, não combina e tal.
A infeliz mãe tentava argumentar, enquanto caminhávamos todos. Eu atrás delas.
-Mas filha, eu não entendo o que você diz, não vai combinar com o que ?
-Mãe, não dá, é altamente inaceitável, tipo não combina com a idéia...tá...
Eu atrás, me segurando primeiro para não rir, segundo para não vomitar sobre aquela moça vestida meio rasgada, de cabelos coloridos e falando um dialeto estrangeiro.
Acho que não sabia falar para ser franco.
A mãe, tentando:
-Minha filha, vamos fazer o seguinte. Você faz o que tiver vontade, diz depois que tiver feito ta bom? Fica bem assim?
-Mãe, tipo, bah, mas aí tipo fica meio free demais né? Mas tá bem, valeu aí, fiquei super emocionada agora.
Não sei de que estavam falando, sub-entendi que era uma questão de roupa e cores.Conflito de gerações milenares, a mãe foi a lona, desistiu, coitada, era isso.
Desistia, ou dava uma porrada naquela pirralha de franja imensa e piercing na lingua.
Somos brutais demais, tem vezes que argumentar é perda de tempo. Você engrossa ou deixa de mão.

Luis Fabiano.

quinta-feira, dezembro 17, 2009


Trecho...

“ Magda se atirou na enxerga de novo. E ele ao lado dela. Dormiram no mesmo instante. Quando acordaram passava do meio dia. Como sempre, ele acordou com uma ereção fenomenal. Magda estendeu a mão. Apalpou, ainda meio adormecida. Apertou. Ele pôs a mão no sexo dela. E sem abrir os olhos se acariciaram. Ele chegou mais perto. Essa era Magda. Com cheiro de sujeira, igual a ele. Lambeu seu pescoço. Cheirou suas axilas fétidas. Isso o excitava muito. Subiu em cima dela, penetrou-a, e se sentiu muito bem. Realmente bem. Seria amor? Não se lembrou da bebadinha da noite anterior. Nem de Sandra.Treparam com profundidade, quer dizer, sentindo o que faziam. Depois do primeiro orgasmo, continuaram, ficaram um pouco mais frenéticos. Ah, que bom.
- Gosta de mim, titi?
- Gosto, papito, como gosto...como me sinto bem com você.
Os dois corpos unidos se comunicavam aos sussurros, com pequenas frases de amor. Se acariciavam, se desejavam com cada pedacinho dos sentidos. Depois, quando esfriava a sensualidade, dava pena sentir tanto amor. A sutileza do amor é um luxo. Desfrutá-lo é um excesso impróprio dos estóicos.
Levantaram-se da enxerga às três da tarde. Magda lhe ofereceu rum. Restava um pouco numa garrafa.
- Não. Estou com fome.
- Nem comida, nem café, nem cigarro. Não tem nada. Rum e mais nada.
- Você é um desastre.
Você é mais desastre que eu, Rey. Se eu não arrumo grana, a gente morre de fome.
- Bom, vá, se manda. Arrume algum.
Espere um pouco, chino, tenho um dinheirinho aqui.
- Dos velhos?
- De qualquer coisa, neném. Não comece com essa encheção. Já disse cinquënta vezes que os velhos dão mais dinheiro que o amendoim. Vamos pra rua, procurar alguma coisa pra comer.
- Não. Eu fico. Você traz. E não demore.
- Você é o maior mimado do mundo. Rei de Havana não. O Mimado de Havana! “

O Rei de Havana - Pedro Juan Gutierrez.

quarta-feira, dezembro 16, 2009


Natal em família.

Mais um natal, fatal. As vezes não gosto muito de pensar a respeito, memórias terríveis por momentos me atormentam.Porão dos pensamentos.Mas gosto de pensar que já fui criança, e fui inocente algum momento qualquer da minha vida,apagado no tempo.
Chorava com medo de Papai Noel, e outros tantos bonecos mascarados, um autentico cagãozinho,ranhento...
Era bom, ficava horas tentando imaginar o Papai Noel descendo com saco de presentes, pelo telhado, pelos lados da casa, deixando brinquedos no meu quarto.Mas como? Eu acreditava mesmo nisso.
Quantas vezes eu abri meus olhos, me deparei com embrulhos, ainda hoje lembro que eles pareciam brilhar. Era tudo sorrisos, gritaria e emoção. Uma fantasia, repleta de felicidade.
Pensando nisso agora me emocionei. Nostalgia de quem vê o tempo passar. Ficando melhor ou pior, não sei.
Sempre era típico, na noite do dia vinte e quatro de dezembro, nos anos setenta ,oitenta e noventa, a família toda reunia-se, sempre a volta de minha vó. Matriarca como chamavam. Era uma situação deveras estranha no meu entender.
Todos passam desunidos e envolvidos em seus clãs,seus problemas, falando mal uns dos outros pelas costas. Até hoje é assim.Eram tios, tias, primos, meu pai, minha irmã,mãe.
Aquela noite de vinte e quatro, as pessoas se juntavam sempre.
Eu era muito criança, mas lembro bem. A vó fazia as preces e um pequeno discurso, falando do natal, do momento que significava. Todos em silencio mais ou menos respeitoso.
Era meia noite, foguetes espocavam no céu, ela tentando o pai nosso, ave maria. Eu achava engraçado. Todos continham o riso, porque não dava pra ouvir nada, nem prece, nem discurso e nem nada.
O tempo passou. E foi ficando cada um para o seu lado, sem união fajuta, sem prece, sem discurso, sem nada. Pessoas vão sendo levadas pelo tempo, por motivos dos mais diversos, as coisas vão perdendo o significado.
Ou será que nunca existiram?Não creio.
Minha mãe dizia ante minha revolta adolescente:
-É importante se reunir, nem que seja para brigar. É um momento só, e passa rápido.
É passa rápido mesmo.
Naqueles dias eu estava envolvido demais com a verdade. Descobrir a verdade e expô-la custe o que custar. É extremamente idiota isso. Quem disse, que se quer viver tudo em base de verdade?
Porra nenhuma. Fui descobrindo com o tempo que, muitas das nossas fantasias são essenciais para viver, para ser feliz, para ter paz, para entender o outro e para ser bom.
Se fossemos viver para pura verdade integralmente. A falta de encanto, imaginação e criatividade, iriam nos aniquilar.Não somos almas tão iluminadas assim.
Só fui entender isso agora.
Hoje, ninguém mais se reúne, ficam todos “tristes”, saudosistas, pensando como era bom antes. Rir junto, abraçar-se, desejar feliz natal, mesmo que fosse só por aquele momento. A vida vale pelos seus momentos, verdadeiros ou fantasiosos. Que importância vai ter isso? Somos humanos demais.
Hoje minha vó, a matriarca esta doente, meu pai não esta mais presente fisicamente. E é assim mesmo, para que tudo valha a pena, é preciso fazer com vontade, alguma abdicação de si mesmo.
Não esse o espírito de natal ? Um momento de exercitar a boa vontade, a esperança,a fraternidade?
Gostaria de me reencontrar criança, abrindo aqueles presentes, presentes que brilhavam, o papai Noel trouxe não sei por onde!
Uma gostosa fantasia de criança, que nos sensibiliza, embala um pouco a nossa melhor parte, a parte que esquecemos totalmente quando não é Natal, e as mesas não estão tão fartas. Quando tudo cai num mar de coisas comuns.

Abrace hoje e rapidamente, porque não existe um talvez...amanhã.
Luis Fabiano.

terça-feira, dezembro 15, 2009



Bagulho.

Somente os bêbados são sinceros. Uma sinceridade involuntária, quando vão dar-se conta, já falaram a merda. Tarde demais companheiro.
Aquela noite estava quente demais, pedia umas cervejas na beira da calçada, uma mesa úmida de metal, meia dúzia de seres infelizes, contando suas fétidas tragédias.
As vezes cansa, ninguém conta uma noticia boa? É só merda, lagrimas e solidão sem fim. Por isso a bebida, alivia dores, torna as pessoas simpáticas, da felicidade momentânea.
O Fabio já tinha se passado um pouco. Solteirão convicto, trinta e cinco anos. De repente, vira pra mim e larga a pérola:
-Tchê, eu nunca tive uma mulher linda em toda a minha vida...glup...nunquinha, era tudo baranga...não consigo entender, porra só mulher feia ? Não dá, o Criador deve tá de sacanagem comigo. Chega disso...Chega.
Era impossível não rir da desgraça. Pedi outra cerveja, aquilo começava a ficar interessante. O pior que ele tinha razão, segui falando:
-Pô, uma era magra demais, os ossos chegavam a machucar, outra era gorda demais, trepar com ela era um exercício aeróbico, quando gozava do alto de seus centro e trinta quilos, parecia que o mundo vinha abaixo,peidava, berrava, até a cama ela quebrou. Horrível.
Parou um pouco vasculhando a memória e seguiu – tinha aquela com o cabelo que mais parecia uma vassoura de piaçava, horrorosa da porra. Tive uma ajeitadinha, cara, mas quando ela abria a boca, parecia que tinham cagado na boca dela, bafo era um curtume.
Eu seguia rindo, concordava, era a verdadeira desgraça.
Mas que ele esperava também?
Alguma diva da televisão, bela se apaixonando por um pé rapado, pobre e bêbado ? Desculpe a ausência de romantismo, mas não dá, não acontece assim. A bela e a fera é uma historia infantil não é mesmo?
No final ninguém fica bonitinho. Nada disso, tempo vai nos deixando sulcos, marcas. E se você não se espiritualizou, melhorou um pouco as emoções e o pensamento, tenho noticias terríveis pra você.
O futuro só promete o que no presente é feito.
Fabio deu uma talagada na cerveja, retomou seu confuso raciocínio:
-Ééeee, quanto eu tinha uns quinze anos, a primeira namorada, essa valeu a pena. Viviane a menina mais linda da rua, cara ela gostou de mim...acho até que era uma ilusão minha.Ela nem deve ter existido de verdade.
Eu tava calado, decidi remexer o poço da bosta toda:
-Fabio, e amor?Tu não amou estas infelizes todas?
Soluçou, ficou calado, não sei tava pensando ou sentindo alguma coisa, por fim abre a boca:
-Amor não. Amor dói no peito cara, dói demais. Não gosto de falar disso, é aquela maldita flecha do cupido filho da puta, fica no peito, já era. Eu amei todas, mas uma eu amei mais. Sempre tem uma que é mais né? As outras são pra preencher vazios,uma transa...soluçou. Não quero falar nela, é a flecha cara, a flecha.
Aquele papo alucinou Fabio, dores mal resolvidas, é isso. Sempre voltam a tona. Eu e minhas malditas perguntas, clima pesou, Fabio agora chorava, bebum, parecia uma criança desmamada.
Fui me levantando, remexi a merda e o cheiro estava forte. Fabio me segura e diz:
-Fica ai, vamos tomar outra, tem outras feiosas pra te contar...vamos rir.
Não dá pra mim Fabio. Beleza é algo pessoal, irrelevante na maior parte dos casos, conquista, amor ,intimidade é coisa rara.
Alem do mais, Fabio, tu também não é nenhum príncipe encantado né ?
Ele riu, eu ri.É tudo que se pode fazer as vezes.

É preciso olhos para ver algumas coisas.
Luis Fabiano.

Navalhada Curta: Claudinha, de puta a dama.

As pessoas se modificam, isso é certo. Por bem, por mal ou por interesses. Quanto a modificação ser verdadeira, não discuto.A verdade é algo muito complicado.
Quando a conheci, dizia-se uma ninfomaníaca. Achei besteira profunda. Como papai Noel,Coelho da páscoa e outros mitos imbecis.Disse pra ela:
-Ninfomaníaca porra nenhuma, o que se passa é que tu nunca gozou de verdade. É isso.
Ela me olha e concorda. Vinha tendo um parceiro atrás do outro,vários,sem rosto,gosto ou nomes.Gostava de dar.Muito desgaste físico, poucas ideias uteis na cabeça, nenhum orgasmo.
Disse eu debochando:
-Puxa, que vida triste hein?
Não transamos, dizia que tinha medo de mim. O máximo que rolou, uns beijos nos peitos, levantou-se repentinamente, tremia. Não insisti, não forço nada, gosto que as flores abram-se espontaneamente, orvalhadas.
Depois deste episódio não nos aproximamos mais. Passou largo tempo.
Dias atrás a encontrei na rua. Vi sua aliança. Ela sorriu e disse:
-Estou casada, tenho uma filha, quanto tempo passou né?
Concordei. No ar havia aquele assunto pendente,algo constrangedor. Como se tivesse confessando, dispara:
-É.Acabei casando com um cara que me fez gozar muito,lembra do meu problema,né?. Me apaixonei por ele, sabes, o amor é assim.
Não tinha muito que falar,Claudia parecia feliz, isso basta as vezes, parecer ser feliz.Então era melhor eu ir indo, abracei-a me despedi.
Fiquei pensando, naquelas malditas rimas de amor de pica, que fica, talvez isso tenha alguma verdade.

Uma gozada enorme e molhada.
Luis Fabiano.

segunda-feira, dezembro 14, 2009


Dá um pouco de ti.

Não preciso de tudo. Um breve sorriso.
Leve e fácil.
Podes me dar?
Com pouco de tua pureza?
Já sei, sorrisos são caros demais.
E o teu asco mais profundo?
Teu olhar vacilante, errante.
Também não sabes.Não queres.
Nem beleza ou fel, nada.
Isso.
Dá-me teu nada?
Nem voz, riso ou lagrima, só nada.
Meu querer é feito de miseráveis emoções,
Um nada já me basta.
Mas não.
Te vais com o vento.
Deixando minha alma faminta.
Me rejubilo.
Pois não há nada.

Luis Fabiano.


Pérola do dia:

“Graças ao imerecido amor alheio,consigo calar as vozes sinistras de meu coração.Voz feroz que insiste que eu vomite e cague para tudo e todos no mundo.”

Luis Fabiano.

domingo, dezembro 13, 2009



Ranhuras da beleza.

Beleza não se discute. Nem fé, cor ou amor. Nada de discussões inúteis, que não convencem a ninguém, raramente numa discussão está em foco o tema principal, coisas mais pessoais estão em desfile, em oculto. Não creio em discussão alguma, para perceber-se uma verdade.
Quando conheci Ângela eu tinha vinte e dois anos, ela trinta e quatro. Estudávamos a noite, estudar é maneira de falar. Nunca estudei de verdade. Não pegava em cadernos, saber a matéria, que matéria? Meus cadernos eram totalmente incompletos e repletos de garranchos, que apesar dos milhares cadernos de caligrafia não surtiram efeito algum. Venho piorando desde então.Era aprovado,era péssimo aluno.
Ela era ruiva autêntica, cabelos e pentelhos vermelhos, como de fogo.Pecado verdadeiro em forma de mulher.Digo isso porque ela era namorada de um colega meu.Um tipo excessivamente macho.
Dizia que comia todo mundo. Falava demais pro meu gosto. E vocês imaginam, ela sentava-se ao meu lado, eu nunca olhava pra cara da professora, queria papo com Ângela gostosa. Peituda e falante.
Meu colega, estava ocupado demais comendo” todo mundo”, deixava Ângela, só demais. Injusto não?
Eu achei perfeito.Era questão de tempo, uma mulher carente entrega-se com mais facilidade depois de alguns goles de qualquer bebida alcoólica.
Pensam que ela hesitou?Ficou com crise de consciência? Nada disso.
Fiz apenas um convite:
-Ângela que achas de sairmos mais cedo da aula chata, irmos conversar em outro lugar, mais tranqüilo,intimo e tal ?
Ela sorri sem timidez, e responde:
-Claro, vamos, deixa só eu avisar para o fulano que estou indisposta e vou pra casa, e vamos por ai...
Fiquei pensando: preciso passar na farmácia, comprar umas camisinhas, o resto era deixar rolar. Não gosto de andar desprevenido. Tenho sempre disposição para uma transa, ou duas, ou três...depende de algumas coisas.
Fomos para um bar chamado Cais entre Nós. Lugar legal, era só pra bater um papo furado, beber algo, meu objetivo era transar coma primeira ruiva da minha vida. Duas caipiras depois, ela estava levinha, soltinha. Tocava em minhas pernas, acariciava meu rosto, começamos a nos beijar intensamente. A temperatura subiu.Fomos para motel mais próximo.
Ela não queria luz alguma. Eu adoro luz, gosto de ver detalhes, olhar o formato da vagina, ver pelos, abri-la, degustá-la, gosto disso.
A vida sempre nos reserva surpresas quando estamos desnudos,na nudez nada se oculta.
Quando o vestido de Ângela caiu, pude ver as enormes cicatrizes dela, pernas, próximo as costelas, abaixo dos seios, nas costas. Parecia que havia sido esfolada vida. Parei hipnotizado, e maravilhado com aquilo. Faltava carnes nestas cicatrizes.
Eu que já estava com um tesão imenso, comecei a beijar as cicatrizes, lambia-as como se quisesse mamar nos sulcos daquelas dores passadas.
Ela, me abraçou forte,falava aos meus ouvidos:
-Tu és o primeiro cara que faz isso. Todos ficam olhando, perguntando, alguns se assustam, e tu lambe minhas cicatrizes horríveis!
Não sei se era a bebida, mas entre o desejo, tesão e a vontade de come-la ,um carinho volátil surgiu. Sou muito dado a isso, carinhos voláteis.
Pedi para ela me abraçar forte, minhas mãos percorriam os caminhos de suas cicatrizes, entramos em um frenesi. Foi maravilhoso. Ejaculei em seu rosto, seios e cicatrizes. Ângela era bonita, e mais linda pelo que ocultava, aquelas ranhuras em corpo, eram traços de um acidente grave, mas poderia ser traços de pintor, fazendo contrastes no corpo gostoso de Ângela.
Nunca mais transamos, mas ela me disse que foi uma noite inesquecível. Talvez não fosse verdade, isso não era importante. Ela era maravilhosa, e as coisas que são únicas são assim,um instante, é a eternidade.


A paz é um sulco na alma.
Luís Fabiano.
Dica de Dvd: Benito Di Paula –Ao Vivo

Sensacional, não existe outra palavra. Resgata musicas clássicas do artista, com muito talento e emoção, fala com o publico, rege um coral informal, sorri, chora e os olhos brilham.
Deixa muito claro de que, quem é artista, o é com a alma. E não com voláteis interesses momentâneos. Lindas musicas, faz lembrar coisas boas do passado.
Recomendo


Luis Fabiano.

sábado, dezembro 12, 2009


Navalhada curta: Abraçada a esperança.

Eu estava saindo do templo, em certa paz relativa e espiritual. Olhar compassivo para com as fragilidades humanas, assim deveria ser sempre em minha vida. Mas não dá. O ser humano é anjo e demônio. Tiramos na sorte quem vamos ser, o momento, o instante decidem.
Olhei para frente no portão de saída. Uma senhora sentada,encolhida a porta de um bar fechado. Em primeiro momento pensei que abraçava uma criança, possivelmente dava de mamar.Cheguei a sorrir comigo mesmo.Veria uma teta enorme, com bico duro e rosado, gosto de seios.E seios que amamentam mais ainda.
Mas não, nada disso. Quando me aproximei para pegar o carro, percebi o semblante desesperado dela, e o que ela abraçava era um pequeno cão. Enrolado em uma coberta de criança.
Pude ver que chorava aquele choro espremido, abraçando o cão. Na hora meu coração se oprimiu, a paz fora embora. Via a dor dela.Tristeza a porta do templo.
O cachorrinho era a sua tabua de salvação. Baixei meus olhos, alguém se aproxima de mim e comenta com voz muito baixa:
-Viste essa mulher?
Concordei.
-Pois é, ela ta assim desde que o filho morreu em um acidente, tinha vinte anos. Foi uma fatalidade. O cachorrinho era dele.
Me calei. Procurei pensar algo bom para ela. A dor é uma ferida aberta.Desejei que o tempo passasse rápido para ela, que a dor passasse.
Era tudo que eu poderia querer.

Luis Fabiano.

sexta-feira, dezembro 11, 2009


Pérola do dia:

“Para cair-se naquilo que se chama “realidade”, é preciso miséria. Miséria profunda e dolorosa e sem decoro.
A verdade não usa adornos, maquiagem ou mascaras.É pelada que devemos aprecia-la. Nem sempre é bela, mas é o que é.”

Luis Fabiano.

quinta-feira, dezembro 10, 2009



Quando nada tem haver.

A expectativa é uma vilã cruel. Quanto maior ela for, mais frustrante será o resultado .É como criar uma anaconda dentro de si, você a alimenta com seus desejos, ela cresce demais, e ai quando você acha que ira apreciar o resultado, ela o devora todo.
Sempre é assim, não alimente demais as ilusões, e tudo fica resolvido. Não alimente demais a realidade, e tudo bem. Equilíbrio possível as vezes.
Houve tempo, eu tinha alguma expectativa.Hoje aprendi que sem elas, fico mais tranquilo.
Mas há algum tempo atrás, tempo que a memória fez questão de apagar, mais de vinte anos. Eu nutria expectativas monstruosas. Eram tantas e tão fúteis, hoje acho graça de minha própria imbecilidade. E foi neste instante de vida, que conheci a Lícia.
Na época estudávamos a noite, era bom, sempre depois das aulas, cerveja em algum boteco qualquer. Nos tornamos bons amigos.Sempre quis comer minhas amigas, sempre fui assim.Até hoje sou. As vezes rolava.Lembro que eu andava muito só, e isso começava a me incomodar um pouco.Via todos com suas namoradas, eu tolo estava só.Elegi Lícia.Namorada e vitima.
Que porra, não se elege ninguém assim, não se cria um ideal de amor, era justamente o que eu estava fazendo.Claro que só poderia dar merda.Eu era um romântico irrecuperável e solitário. Esse é o pior tipo.Eu.
Um dia fomos para o bar do Chicão, onde todos os estudantes iam, conversar, tomar uma cerveja, ficar de bobeira, não se tinha nada de muito útil pra fazer.Ali comecei a namorar Lícia. O inicio é sempre bom, gostaria que tudo sempre permanecesse no inicio. Um idílio. Devo admitir, pensando hoje friamente, nada poderia dar certo. Não era uma questão estética. Lícia era muito feia. E eu não ficava muito atrás, mas acho que os feios também amam, ou deveriam amar. Ela era baixinha, gordinha e com uma quantidade de espinhas na cara, algo assustador, a cara cheia de pipoco, os dentes muito amarelos pelo cigarro, e o bafo?Terrível. Tudo se torna desculpável quando se ama?As vezes.
Nesta época ainda havia em mim pudores.Minha relação com Lícia me incomodava um pouco. É claro que eu não a amava, mas eu precisava dela,de alguém. Não queria estar só. Tudo na vida tem preço,Lícia era um preço alto.Arrisquei.
Mas, a partir do instante que ela passou a ser minha namorada, alguma coisa aconteceu na cabeça dela. Perdi a amiga que conhecia, que era educada, gentil e tranquila. E ganhei uma monstra. Com menos de um dia de namoro, colocou as garras afiadas de fora. Revelando um ciúme doentio. Nos primeiros trinta segundos, achei isso bonitinho, porem não era. No dia seguinte repetia a cena.
Tinha ciúme de tudo, de todos. Me puxava o braço, e dizia:
-Fica olhando pra mim, não olha para aquelas gurias do balcão,não.
Falava sério com ar de leoa. Não era sexy.Não era exatamente isso que eu queria.
No terceiro dia de namoro, a fatalidade. Ela começa com mesma cena, minha paciência já esta no limite. Olho para ela muito irritado e digo:
-Cala boca. Deu pra ti, vai namorar o diabo nos quintos dos infernos.
Devo lembrar que estávamos no bar do Chicão. As pessoas ficaram olhando.
Ela sorri sem graça, acha que estou brincando. Me chama de meu amorzinho.
Eu estava impassível. Ela poderia dar a boceta dela pra mim ali mesmo, que nada me demoveria. Começa a pedir desculpas por alguma coisa.Já era tarde demais.
Olhei para ela me levantando da cadeira:
-Acabou Lícia. Alias, nem amizade eu quero. De loucura já basta a minha, que é grande demais.Tchau.
Aquele não seria o primeiro e nem um último adeus que daria na vida, repleto de irritação, frustração e tristeza.Talvez menos tristeza. Foram tantos que perdi as contas. Ali estava escrito meu destino, eternamente.
Assassinei expectativas, matei tantas outras coisas, é preciso as vezes fazer isso.Meu desejo profundo é viver em paz, ou pelo menos não transtornar vidas alheias.

A paz é cultivada em um vasinho.

Luis Fabiano.

Navalhada curta: Bom gosto é preconceito.

Gosto de escutar musica em alto volume. Ouço de tudo, sou permissivo neste sentido, ouço metal, musica latina, rock e outros ritmos. Tranquilo, musica é momento, contexto e dá prazer. Ouvia Mercedes Sosa, voz poderosa,canta com as entranhas.
Terminei meus afazeres, desliguei a musica. Ao entrar no elevador, um vizinho que estava la, inicia aquele papinho besta típico de elevador:
-O senhor gosta de Mercedes Sosa né?
Já fiquei de mal humor intuindo o final catastrófico, respondi: -Sim, muito.
Ele:
-Pois é, gosta muito de musicas internacionais, só não escuto pagode tocar...rindo.
Ficou aquele silêncio, eu matutava o que dizer, estava escolhendo se era bonzinho ou chutava o rabo dele. Decidi chutar o rabo:
-É, não escuto mesmo. Eu gostaria de escutar coisas alheias aqui no prédio também, mas não ouço nada.Silêncio total.
O cara não se contendo pergunta curioso:
-Escutar o que por exemplo ?
Eu sorri:
-Som de trepadas alheias. Creio que as mulheres e homens daqui não transam nunca, não tem som de nada, se transam é muito sem graça, transa sem gritos, sem chicote, sem porrada...
A porta do elevador abre-se, o cara sai sem dizer nada. Acho que ele é dos que não transam.

Luis Fabiano.

Trecho...

“-Por que você é tão filho da puta?
-Somos todos filhos-da-puta e todos gostamos de ter alguém abaixo da gente,para acapachar.E não e faça de inocente.Você é pior que eu.Se algum dia chegar a ser presidente do país, amarra todo mundo com correntes e amordaça pra não protestarem. Você vai escrever isso no seu romancezinho ?
-Tudo.
-vai ficar ruim.As pessoas não gostam de saber a verdade.
-Eu sei.As pessoas preferem beisebol.”

Animal Tropical - Pedro Juan Gutierrez.

quarta-feira, dezembro 09, 2009


Navalhada curta: Bater no fundo.

Nada de malícias. A vezes gosto de falar sério, colabora com minha melhor faceta. Nem tão mau e nem tão bom. Guarde pra você, tudo que se vê, escuta, observa, tudo que de alguma forma você tem contato.
Tenha em mente, ao primeiro olhar, nada é exatamente o que é. Sempre é preciso deixar decantar a informação, a emoção.Deixar bater no fundo.Quando a poeira de nossas ilusões e expectativas vão calmando, a visão ficando nítida, sem interferência de nossos próprios desejos, a verdade surge,pura, nua e simples.
As coisas que mais nos animam, não passam de simplicidade, algumas nobres outras mesquinhas, ai você escolhe.
Nada é exatamente o que é. E quando esfriamos emoções e pensamentos, aí passamos a ver.
O que sobra é a verdade. As vezes não há sobras.

Luis Fabiano.

Pérola do dia:


Pérola do Dia:

“ Seria ideal, se as mulheres fossem feitas apenas de seios, bunda, vagina e longos silêncios.”

Fabiano.

terça-feira, dezembro 08, 2009






Espinhos de Rose.

As vezes as coisas podem terminar muito mal. Mas quando se vive, pode-se ter bom senso, entender algumas verdades, ter algumas certezas, mas nada disso é uma tábua de salvação.
Essa mania de perfeição que as pessoas tem. As vezes me irrita profundamente, não somos seres de perfeição, as vezes nossa própria concepção é um erro,uma falha que dá certo.
Agente faz o melhor, quando as emoções falam mais alto, aí fazemos o queremos, certo ou errado, bonito ou feio. Siga o coração dizem todos, sem entender porra alguma que seja isso.
Eu conheci Rose a muito tempo, eu tinha por volta de trinta anos, ela vinte e três. Foi tesão a primeira vista. Nada de amor, existem momentos que o amor atrapalha tudo.
Além do mais,é contra minhas regras me apaixonar por puta,com todo respeito.
Rose era muito bonita, baixinha, morena, uma cor brasileira, mulata, seios fartos e bumbum empinado, cabelos a altura dos ombros. A conheci em um destes bares decrépitos, noturnos, ambiente carregado de vampiros de todas as naturezas. Rose era uma rosa carnuda, brilhava em meio a tudo aquilo, a luz do ambiente. A putinha mais desejada.
Não gosto do que todos desejam. Sinceramente não me agrada aquilo que é unanime. Cheira a sopa, onde todos tomam na mesma colher.
O ambiente fedia, musica dissonora, às vezes alta outras baixa, algum ritmo lembrando o forró. Terrível. Eu saia do trabalho e ai ali, solteiro, não tinha nada de útil pra fazer em casa a noite, saia ás vinte e duas horas e trinta,e ficava perdido.
Rose dançava seminua em um palquinho improvisado de caixotes de cerveja, era aplaudida pelos bêbados e tarados, uma verdadeira gloria. Honraria de primeira grandeza. Eu não a aplaudia. Ficava tomando uma cerveja de péssima qualidade.
Gostava de observar as pessoas, suas reações.Era um ambiente de miseráveis, a cata de alguma coisa, amor, prazer, bebida, o que fosse para distrair das coisas que são piores na vida. Muita solidão naquele lugar.Sorrisos feitos de plástico.Vícios de todas as naturezas.
Um dia Rose olhou para mim. Ela devia ter algum problema de ego. Não dava bola para seu showzinho, embora fosse uma bela mulher. Ser gostosa não é tudo. Chegou perto, pediu um gole da minha horrível cerveja. Eu dei. Fez um sorriso malandra, e disse:
-Tu ta aqui sempre, bebendo essa cerveja, nunca olhas pra mim, eu danço, viro minha bunda pra ti e nada. Tu não gosta de mim, ou não gosta de mulher?
Um cara com um cigarro feito de palha, estava ao meu lado, começa a rir, debochado. Eu fico em silêncio contemplativo, olhava as tetas dela, realmente eram boas.Mas não tinha plano de chupa-las.Aquelas tetas era algo ideal, só pensamento erótico, a realidade costuma ser decepcionante. Na cabeça, tudo funciona, da certo, tudo é perfeito.
Eu respondo:
-Calma menina. Não precisa me morder, sou um cara tranquilo. Tuas tetas são ótimas!
Ela sorri. Sorriso de uma campeã olímpica. O ego estava agradado.Ela agora mais feliz dispara:
-Hummm, estes elogios me deixam molhadinha, na hora...
Entendi que Rose estava na mão. Essa era a deixa. Não era por sua profissão, ela era mulher de atitude, escolhia, abocanhava e comia. Raras mulheres “certinhas” são assim. São sem ousadia, sem ambição maior em termos de prazer. Não gosto deste tipo. Prefiro a Rose e as outras.
Conversamos mais um papo furado, até a cerveja acabar. Fomos a um motel, horas agradáveis, Rose realmente era um show de boceta. Dançou sensual, fez strip-tease , rebolou, mexeu, fez varias posições, no final não aceitou pagamento. Fez porque estava com vontade, tesão. Eu era o príncipe da noite. O escolhidinho da puta. Adorei.
Saímos mais algumas vezes, nosso destino tomou caminhos diferentes. O bar fechou depois de uma noite de briga, a policia recolheu os donos, nesta noite felizmente eu não estava lá. É preciso ter sorte na vida. Nunca mais vi ninguém que frequentava aquele antro.
Andava na noite e tudo mudou. Minha vida mudou também, conheci alguém e comecei mais um dos desastrosos relacionamentos que tive.
Hoje eu caminhava, ao passar por uma rua, vejo um rosto conhecido. Era ela, Rose, ou melhor o que sobrou de Rose. Era um farrapo humano, estava horrível, muito envelhecida, cabelos desgrenhados, magra, as tetas murchas. Eu e minha maldita memória, lembrava dela muito bem, mas certamente ela me esqueceu, passaram mais de quinze anos.
Enquantos paus ela sentou? É melhor não fazer a conta.
Não atrevi-me falar com ela, a vida foi muito dura com ela. Parecia doente, o rosto muito triste, um espírito arrebentado.
Fiquei tocado ao vê-la assim.Era um fantasma da mulher que foi.Alguns prazeres as vezes saem caros demais.
Queria abraça-la, saber sua historia e todas as merdas que ocorreram, porque estava assim. Seria inútil. Ninguém salva ninguém, carregamos nossas dores, e precisamos cura-las a sós, lamber as próprias feridas. Como fazem os lobos. Afastam-se do bando e lambem as próprias feridas.

A paz é um espinho que não machuca.
Luis Fabiano.

Navalhada Curta: Empáfia escarrada.

É sem dúvida, o ser humano é uma ponte erguida entre a beleza e o horrendo.Todos nós, sem exceção. Eu andava a esmo, nas proximidades da zona portuária. Lugar calmo para organizar pensamentos.Contraditoriamente o porto de minha cidade é um enfeite ocupando grande espaço.
Em um dado momento, um sujeito muito bem trajado, gravata alinhadissima cabelos negros e com gel, bem aparado. Muito branco,quase pálido.
Sai de uma porta qualquer, não percebi de onde veio, estava ocupado demais comigo mesmo. Ele caminha apressado. E no instante antes de entrar em seu elegante Mercedes prateado. Para, olha para os lados, toma uma postura como quem fosse começar um discurso para o vazio. Respira profundamente.Evoca as entranhas.
Pensei comigo:Este sujeito é um tenor, vai começar a cantar, algo parecido, pensa que esta sozinho.
Ledo engano companheiro.
Com toda a elegância possível, o bonitão dá uma enorme cusparada, verde-amarelada, gosmenta um ser vivo praticamente.
Parei para olhar a “ópera”. Espetáculo sem público. Pensei novamente:eis um autêntico exemplar humano.Uma coisa puxa a outra. Lembrei de todas as coisas que se faz em oculto entre quatro paredes,muito nojenta as vezes.
Ele entra no carro, e vai embora em alta velocidade.
Fui até o local onde ele expeliu aquele catarro. Olhei bem, muito nojento. É importante ver o que um ser humano produz.
Jesus dizia que, oque sai da boca do homem é o que o corrompe, pois vinha do coração. Puxa vida, que verdade.

Luis Fabiano.

segunda-feira, dezembro 07, 2009


Pérola do dia:

Invente ou compre uma verdade. Acredite nela com todas as veras da alma. Mesmo que ela não passe de uma besteira, ela será capaz de mudar a sua vida completamente. Chame de fé, chame de Deus, chame do que quiser...”

Luis Fabiano.

Navalhada curta: Entre o menino e o Macaco.

Sou do tipo instável, emocionalmente, mentalmente. Gosto de ser assim. Muitas facetas de uma verdade. Insuportável para quem convive próximo. Nada nunca tenho uma mesma resposta. Tudo muda, questão de minutos. Amo-te intensamente, e odeio com as veras da alma. Mesma naturalidade.Não é preciso muito.
Momentos que gosto de carinho, sou terno. Deitar a cabeça entre os seios de alguém, e receber afagos na cabeça, no rosto.Fecho os olhos.Transportado.
Não é preciso dizer nada. Musica silenciosa dos gestos. É bom assim. O mundo resumi-se a isso,naquele momento.
As vezes um beijo, sem língua,nada erótico.Um beijo quase de almas.Carinhoso apenas.Acho que as vezes os corpos atrapalham as emoções, tudo mais.Mas nada disso é poesia pura, nada limpo demais.
Uns segundos depois.
A emoção se vai, bate em retirada, o pau sobe. E os seios que era um coração e amor, convertem-se em desejo puro. Chega de emoção. Quero sugá-los com vontade, a ponto de doer os bicos. Uma delicia.Quase sangrando.Dor e prazer.
Nada mais importa. O menino adormecer ou morrer. O macaco acorda, berra, quer gozar até a última gota de porra.

Luis Fabiano.