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domingo, janeiro 31, 2010



Entre doenças e prazeres.

Já tive um numero incontável de sogros e sogras. Salvo uma única exceção preconceituosa, todos gostavam de mim, me achavam um bom camarada.Bom o suficiente para suas filhas. Não era perfeito, mas educado e gentil, isso pinta um quadro agradável a visão de qualquer um. Assim todos se enganam.
Eu namorava Márcia á muito tempo, era uma boa pessoa, era aquele namoro que se tem certeza que não vai para lugar algum.Ela nunca teve muita atitude.Sem problemas.
Tudo ia normal, até que o meu sogro fez um exame, descobriu um vasto câncer de estomago. Naquela noticia caiu como uma bomba atômica na vida daquela família. Embora as pessoas digam que câncer tem cura, pode-se resolver, a grande verdade que morre muita gente ainda com câncer, sem cura e agonizando com morfina.
É preciso aceitar, a morte é tão natural quanta nascer.
Os dias que se seguiram, ele foi internado com urgência, era preciso fazer uma delicada cirurgia, que iria extirpar-lhe grande parte do estomago. Lembro bem da sua feição, do alto dos seus setenta anos, estava muito assustado,percebia-se pelo seu olhar que temia a morte, quem não teme? Eu tenho outros medos, medo de ficar impossibilitado e dar trabalho aos outros, quando morrer quer ser desligado da tomada,apagar rápido, imediatamente, sem floreios.
A primeira cirurgia transcorreu tranquilamente, gigantesco corte no estomago, impressionante. Ele acordou da anestesia naquele dia, muitas dores, mas as drogas deram jeito nisso.
Lembro que Márcia chorava muito, juntamente como sua mãe e irmã. Mas ele sobreviveu a primeira intervenção.O medico vinha visitá-lo sempre, mas a família estava profundamente irritada, o “doutor”,explicava tudo que estava acontecendo, usando um vocabulário técnico demais, ele falava muito bem, mas impossível de ser entendido. Percebi que gostava disso, a vaidade é sempre grande.
Alguns dias depois informou infelizmente que uma alça do intestino havia ficado dobrada, obstruída, era preciso fazer nova cirurgia. Tudo de novo.
O drama se abateu definitivamente. Ele estava muito fraco, não podia alimentar-se para cicatrizar o intestino, recebia comida na veia. Nem água, nada.Foram mais de quinze dias assim.
No dia da segunda cirurgia, ao sair do quarto, fiquei abraçado a Márcia. Não entendo a reação das pessoas as vezes. A porta do quarto fechou, ficamos a sós. Começou a me beijar repleta de tesão. Eu sou sensível naturalmente. Mas achei um pouco estranho, o pai dela morre não morre, ela querendo trepar? Oquei!
Não me fiz de rogado. É uma boa fantasia trepar no hospital. Entre doentes e doenças e mortos, algo tem vida. Enfiei a mão nos vastos peitos dela, outra na bunda, o sangue me subiu, o pau subiu. A grutinha do amor não estava molhada, isso não é bom. E no meio deste frenesi meio estranho e descontrolado, ela começa a chorar convulsivamente. Eu estava acelerado, desabotoando a minha calça,quando vi suas lágrimas, parei. Fiquei observando, para entender qual a direção o trem iria tomar...
Ela me abraça, lágrimas abundantes, ficamos calados, abraço cheio de significados silenciosos, medo, dor e ansiedade. Não era preciso dizer nada. Não são todas as lagrimas que me comovem. Mas tudo era tão grande e especial naquele instante.
Horas se passaram, em silencio. Por fim o pai dela volta ao quarto, muitos soros, equipamentos pendurados nele, respirava superficialmente. Mas o medico, com voz de locutor, disse que a intervenção fora um sucesso.
A família estava aliviada. Ele ficou quarenta e cinco dias no hospital, teve um ótimo tratamento, plano de saúde nestas horas faz diferença tremenda.Uma noite fiquei com ele, controlando o soro e conversando.Falamos sobre a vida, sobre a morte também, ele só me dizia que queria deixar aquele local o mais rápido possível e de preferência andando. Rimos, disse que a ele que era preciso deixar isso bem claro. Foram bons momentos em meio dias difíceis.
Agora analisando mais friamente, eu era mais jovem e acho que era uma pessoa melhor.Achava que tais ações valiam a pena, que a vida vale muito a pena.Hoje certamente eu iria titubear em ser tão gentil.Mudei muito.
Não sei, eu reajo conforme as coisas me ocorrem, em mim os sentimentos sempre são uma caixa de surpresa, a única coisa imprevisível que existe para mim, sou eu mesmo.

Paz saudável.
Luis Fabiano.

sexta-feira, janeiro 29, 2010

Correndo Para Ficar Parada ( Running To Stand Still )
U2 -Album Joshua Tree

E então ela acordou
Ela acordou de onde estava deitada.
Disse que tínhamos algo a fazer
Sobre onde estávamos indo.


Sair debaixo da chuva, talvez
Correr da escuridão na noite.
Cantando Ha La La La De Day
Cantando Ha La La La De Day.


Doce é o pecado, exceto o gosto amargo em minha boca.
Eu vejo sete torres, mas vejo apenas uma saída.
Você precisa chorar sem derramar lágrimas
Falar sem palavras
Gritar sem elevar sua voz.
Você sabe que eu tirei o veneno, da correnteza venenosa
Então eu flutuei para fora daqui, cantando
Ha La La La De Day
Ha La La La De Day.
Ela corre pelas ruas


Com os olhos pintados de vermelho
Debaixo do ventre escuro da nuvem na chuva.
Por uma entrada ela me leva
E me traz pérolas douradas esbranquiçadas
Roubadas do mar.


Ela está furiosa
Ela está furiosa
E a tempestade explode nos olhos dela.
Ela sofrerá a dor da agulhada
Ela está correndo para ficar parada.



Tão longe, tão perto...

Fazia muito tempo que não havia.
Em pensamento, presente sempre, sorriso lindo.
Foi bom revê-la,
a distancia onde emoções
Estão seguras.
Não pude deixar de acariciar memórias.
Quando tão pequena,
esteve nos meus braços,
Feliz, brincávamos com a comida,
no jantar,
Gargalhadas, muitas.
A melhor parte do dia.
A memória tange suas cordas,
e agora
Estava em meus braços,
tão pequena e doente.
Não era minha,
e era minha,
fiz o que pude para
Salva-la, de desconhecida doença.
Acho que foi uma poucas vezes
Que meu coração bateu fora de mim.
E quando voltou a sorrir, eu estava lá.
Lagrimas e risos.
O futuro agora me acena. A mente,
Este pendulo oscilante.
Passado, futuro, passado,futuro,passado...
Ela crescerá.
Não mais brincará com a comida, não rirá
De minhas palhaçadas,
ou talvez nem venha
A lembrar-se de mim. Sem problemas,
Sei como é a vida.
Eu lamento, porque cresce,
e se tornará
Tão humana, comum, como eu e você.
Sorri para ela, assim de longe. Feliz.
E tudo que ela fez, foi apenas me acenar rindo...

Luis Fabiano.
Navalhadas Curtas: Instante fora.

Vez por outra passo por isso. Não sou tipo que programa muito as coisas, alias não programo absolutamente nada. Nunca sei o que vou fazer no minuto seguinte. Acostumei-me assim, talvez por isso viva intensamente minha vida. Instante atômico de vida. Neste aspecto sei que sou único.
Tudo que tenho é o momento e nada mais. Sempre assim.
Estes dias conversava com alguém, papo ia bem e sem pretensão alguma. Então recebo uma pergunta capciosa. Às vezes gosto. Até me excito dependendo de quem for.Pergunta que tem em seu bojo,ressentimento, cobrança e amargura.
Ante tais questionamentos, decido se vale a pena dizer à verdade. Tenho um sistema jurídico particular. Incorruptível.
Disse lamentavelmente a verdade. E lá se foi o bom momento. Desculpas a parte, mas já era tarde demais. As pessoas são assim, sempre querem mais, nunca basta a noite com suas estrelas, querem lua cheia, aurora boreal e o caralho.
Não tenho nada contra perguntas desagradáveis. Até gosto. O problema é vejo sempre a fundo o que a por detrás da pergunta ou afirmação. Às vezes me enoja.
Percebo a mancha escura de uma desilusão, frustração, sou especialista em causar isso. De toda forma, me tornei distante no diálogo que se seguiu, não tinha mais nada a dizer. A boa energia havia se deteriorado.
Tudo que queria era ir embora, mas sou educado quando necessário. Educação é algo higiênico.
As pessoas não sabem aproveitar o parco instante de vida. Sempre querem mais, comigo não tem mais, é o que é.

Luis Fabiano.
TRECHO...

" Depois voltei para casa. A tarde começava a refrescar. Eu estava com fome. Claro, só tinha no estômago um chá, uma fatia de melão e um café. Em casa comi um pedaço de pão com outro chá. Já estava me acostumando com muitas coisas novas naminha vida. Estava me acostumando com a miséria. A encarar as coisas como elas são. Treinava para abandonar o rigor, porque senão não sobreviveria. Sempre vivi carente de alguma coisa. Inquieto,querendo tudo de uma vez, lutando rigorosamente por algo mais. Estava aprendendo a não ter tudo de uma vez. A viver quase sem nada. Caso contrário, continuaria com a minha visão trágica da vida. Por isso agora a miséria não me afetava tanto."


Trilogia Suja em Havana - Pedro Juan Gutierrez

quinta-feira, janeiro 28, 2010

Dica de Filme:Os Substitutos ( The Surrogates )

Filme futurístico que revela nitidamente a fragilidade do ser humano. Um mundo perfeito, onde aqueles que são robóticos, são lindos, inteligentes, ricos,felizes.
E os que são apenas humanos, são os fracassados, lutam por essa causa humanista.
Ser um humano, é ser obsoleto. Ter emoções é obsoleto. O mundo prima pela eficiência de tudo. Todos se escondem em seus robóticos “Eus”.Interessante.
O filme é sensacional, ação, drama e seres despidos.Fico tentado a falar mais, mas ai estragaria a grata surpresa de ver o filme...então vai lá vai ver...corre!




Navalhadas Curtas: Jussara, insatisfeita e preguiçosa.

Jussara sentia-se tentada. Após quatro anos de noivado, insosso noivo lhe parecia muito apático, sempre foi ela que mandou na relação.
Existe essa coisa de poder nas relações, é inconsciente, equilíbrio é por vezes apenas uma aspiração vã. Alguém sempre dá as cartas.
No trabalho, um colega bonitão lhe acenara intenções deliciosas. Ela gostou, sentiu-se desejada, bem ou mal toda mulher gosta de sentir-se fruto de desejo. Quase sem querer fez comparações do colega e seu noivo, a disparidade era enorme.
O colega, mais bonito, mais atencioso, mais inteligente, cheio de tesão e com atitude franca. Pobre noivo na berlinda. A ele só restava o amor...como amor pode ser tão pouco as vezes...
Um dia tapeou o noivo e saiu com o colega.
Com um papo mais longo o cara revelou-se um completo idiota,falando besteiras e com intenção fria apenas de come-la. Quando em nome de um amor, ele lhe tocou os fartos seios, entendeu a charada. Em sua cabecinha fraca, imaginava que ele queria algo a mais!
A idade deveria ensinar as pessoas, Jussara era uma dita mulher “madura”, foda-se a maturidade.
Fica cada vez mais claro que, quando envolvem-se sentimentos as pessoas são muito analfabetas.
Quando chegou em casa, encontrou o noivo dormindo,roncando,apático. Mas o amor salva ás vezes grandes diferenças.
Deitou-se ao seu lado, dormiu em paz.

Luis Fabiano.

terça-feira, janeiro 26, 2010


Navalhadas Curtas: Não chamem o Sindico...

Tenho problema com autoridades. Todo tipo, mas geralmente deixo tudo cair no meu mar de indiferenças. A maneira mais fácil de lidar com tudo,sem danos pessoais.
Falo isso porque o sindico do meu prédio possui uma petulante postura presidencial. Percebe-se que o cargo lhe eleva a alma para algum lugar. Imagino que para o inferno. Não gosto e nem deixo de gostar, é apenas interessante a distancia.
Hoje ele entrou no elevador comigo. Não gosto de papos de elevador, sou profundamente antipático com prazer. Fodas de elevador são mas aprazíveis. Ele puxou assunto besta de tempo, faz sol, faz chuva, temperatura...
Apenas acenei com a cabeça,concordando,deveria ficar por aí.
Como surtiu resultado, começou a falar, das “grandes” reformas do prédio.
Não respondi mais uma vez.
Que, reformas do prédio o caralho! To cagando pra reformas do prédio, ele ficando em pé pra mim já esta bom!!
Meu andar não chegava nunca.Os andares ficaram elásticos.
Por fim chegou, sai sem dar adeus, ele seguia falando alguma coisa das paredes brancas recém pintadas...deixei no vácuo.
O que mais sei fazer.

Luis Fabiano.


“ A burrice é algo que até mesmo pessoas que se dizem “inteligentes” adquirem fartamente.”

Fabiano.

segunda-feira, janeiro 25, 2010


Pérola dia:

“ A dor de ser ignorado pela vida, pelas pessoas e pelo mundo é imensa. Nela não prevalece nada de bom ou útil.Uma briga solitária, onde tudo converge para um dejeto de ego ferido.”

Luis Fabiano.
Trecho...

Gretel era muito sofisticada. Mas tudo era puro naquela cova sofisticada:rum puro,Beatles e trepada pura.
Gretel pegou umas cordas e me disse:
-Me amarre, papi.E trepe comigo.Mas trepe trepando,para sentir!!
Em cima da cama há via um aro de aço preso a parede. Amarrei-a pelos pulsos. E continuei trepando. Ela fechou os olhos e se concentrou.Nada de gozo.Disse:
-Pegue umas revistas que estão naquele armário. Em cima.
Encontrei as revistas. Mulheres nuas trepando umas com as outras. Olhando aquilo ela ficou louca. Eu em cima dela virava as folhas enfiava a jeba a fundo. Por fim ele gozou. Murmurava no meu ouvido.
-Eu quero ser puta, papi. E ter vinte e cinco machos todos os dias. Que me paguem e não me deixem levantar da cama, que me batam.Aiii,uiii, pra dar o dinheiro a você.Eu quero ser puta e que você seja meu cafetão.Todo dia, todo dia.Que matem a caralhadas e que você seja meu cafetão! Me bate forte, na cara, bate forte.
Gretel tinha uma cabecinha podre.Eu não passava de um inocente perto dela.”

O Ninho da Serpente - Pedro Juan Gutierrez

sábado, janeiro 23, 2010

Dica de Filme: A Teoria de Tudo.

A proposta do filme é provar por meio da física quântica a existência de Deus. É uma piada e converte-se em um drama, a busca é tentar saber o que faz a união, entre nós,o universo e a vida. Se Deus existe, certamente criou caminhos para ele.
Um caminho físico. Esse é o desespero, e entre a doença, filhos que se encontram e aurora boreal, uma verdade surge.
Ele não fez um caminho, fez vários, é nós que não vamos até Ele. Ele esteve sempre aqui, mesmo agora, sorrindo. Nossa busca é encontrar o padrão que une. A cola da vida.
Filme curto e intenso.

Trecho...

“...extrai disso a minha regra numero um: ”Fazer ouvidos surdos aos aplausos e às ofensas”. E também a regra numero dois: ”O mundo esta vazio.Só existimos eu e meus personagens.O resto não interessa.”E a regra numero três :”Não imite ninguém.E não pergunte.Seu caminho, você tem de encontrar sozinho.”E a numero quatro:”Você pagará um preço alto por se afastar dos caminhos trilhados.Prepare-se.”
-O amor não existe. A vida é hipocrisia. Se você tem dinheiro, todo mundo te respeita. Se não, é mais um, e te dão um pé na bunda.”

O Ninho da Serpente - Pedro Gutierrez.


Navalhada Curta: Uma cadela grávida.

Aproveitava um churrasco na praia. Ambiente normal com os parentes próximos. Não é ideal, mas é tolerável. Era por volta de meia noite, estávamos satisfeitos, apenas a cerveja lubrificando a mente. As vezes é bom.
Então ouço um barulho no portão de entrada, embora não fosse minha casa, fui ver. Eram duas mulheres, muito bêbadas ou chapadas.Falando enviesado:
-Oi senhor, consegue aí um dinheiro, pra minhas criança...que tão com fome em casa...
Olhei bem para ela. A outra que estava com ela disse:
-É, ela tá grávida, não tem nada pra comer...mostra a barriga pra ele fulana...
Ela foi baixando o vestido para mostrar a barriga dilatada, tava meio escuro, ela bêbada, baixou o vestido demais, acabei vendo seus grandes pêlos íntimos negros como uma floresta, quase caiu. Adorei o pequeno show.
A outra bêbada, sorriu, cara de vagabunda, meu estilo. Abri a carteira, tinha cinco reais.Dei a ela. Quando ela viu a nota sorriu satisfeita.O teatrinho tinha funcionado.
Ela agradeceu, me desejou feliz ano novo e o caralho. Disse a ela, que eu agradecia a visão que ela havia me dado,coisa rara, afinal quem trabalha, merece seu salário.Sou justo.
Foram embora, rindo como os bêbados riem.

Luis Fabiano.

Pérola:


“ Em uma discussão inflamada,verdade ou mentira não tem o menor sentido,as vezes nem vale a pena argumentar.Não discuto nunca.”

Luis Fabiano.


Crente demais.

Foi exatamente assim que conheci Rogério. Tinha fé até os ossos. Com vinte e poucos anos, se agarrara a certeza da religião, quando o seu mundo ruíra aos poucos. É assim mesmo, quando não temos mais a quem apelar, vamos a Ele.
A historia de Rogério é típica.É um pouco minha e sua.
Primeiro vieram os problemas em casa, uma mãe doente, que ia morrendo aos poucos, doença degenerativa.Foi vendo ela ficando murcha como uma flor seca. Seu pai se esforçava para dar um ar de normalidade ao lar.
Mas também se esgotava,tudo se esgotava, chorava silenciosamente.
Foi a primeira vez que Rogério rezou, pediu a Deus, algo.Tinha dezesseis anos.Mas a mãezinha só piorava.Deus não o escutara,a primeira vez.Diziam os tolos,porque não tinha religião, não fora batizado, não era de Deus, ainda.
Sua cabeça se encheu de esperança. Era isso, que precisa acontecer. Converter-se. Deus não escuta aqueles que não acreditam sempre. Foi neste suplicio de dor e morte que converteu-se ao catolicismo. Foi batizado. Fez o que precisava fazer. Mas sua mãe, não melhorou nada,piorava,paralisava lentamente.
Os médicos foram taxativos,e irônicos.Só um milagre a salvaria.Sabemos que não existem milagres,justamente quando se precisa de um, instantaneamente. Isso não existe. Rogério acreditava muito nisso, o amor por sua mãe era grande.
O amor salva?
Não foi o caso, alguns meses depois, Deus levava sua mãe ao céu,paralisada e cheia de dor até o fim.
Rogério não entendia, não queria entender. Foi tudo inútil, preces, a fé, os donativos, Deus lhe virou a face? Com a morte de sua mãe, perdeu o interesse pela religião. Parecia indignado. Um vazio em sua existência, agora com dezoito anos, vivia a esmo.Um vagabundo. O pai tentava lhe dar conselhos, mas olhava com olhos vazios para o pai. Nem ouvia nada.
Quando tudo ia de mal a pior, conheceu Eduarda. Na rua, seus olhos se cruzaram, gostou de vê-la. Parecia que havia despertado para algo. Estava morto. Ela também gostou dele. Sorriram simultaneamente.
Essa espontaneidade, nos faz bem em um mundo de artificialismos.
Se falaram, uma vez, duas vezes, varias vezes. Apaixonaram-se.
Sentiam tanta falta um do outro, queriam sempre estar juntos. Lembro bem disso. Foi sua época mais feliz, um sorriso interminável.
Gosto de ver isso, afinal quem não gosta de estar feliz? Rogério merecia, andou perdido, e Eduarda agora era seu porto seguro.
Não sou sempre pragmático e frio. Entendo que existem pessoas que precisam estar com alguém para sentirem-se completos. Ideais de felicidade solitária, é possível, mas não para todos.
Eduarda era boa moça. Destas que agente não espera que faça alguma espécie de mal. Mas o tempo sempre é foda. Em alguns casos o tempo é uma espécie de verme, vai nos corroendo por dentro, ou nos refinando, se aprendemos alguma coisa.
A verdade que estavam juntos a dois anos, a intensidade da paixão não era a mesma.Paixão é assim, muita energia, tesão, fodas intermináveis, as vezes isso transforma-se em amor, noutras converte-se em nada. No caso deles, foi virando nada.
Um dia Eduarda deu o golpe fatal. Disse em alta voz:
-O nosso amor ta morto. Acabou Rogério.
Os olhos atônitos, Rogério não entendia que ela estava dizendo. Mais uma vez não queria entender. Ele perguntava porque, porque, porque ?
Mas ela estava decidida demais. O amor morreu Rogério.Morreu!
Naquele dia parte de Rogério morreu também. Seu porto seguro, agora era uma tábua que tentava agarrar-se, em um mar revolto sem fim.
Tornou a ficar apático, meio morto. Muita dor. Vemos isso todos os dias. Tem gente que acaba sucumbindo a dor. Pois a vida é assim, ou você agüenta e endurece sem perder a ternura, ou é melhor meter uma bala na cabeça, nada de morte a crédito.
Pensava sozinho Rogério. Queria que tudo fosse diferente. Estamos sempre querendo que as coisas sejam diferentes. Mas elas não são. Elas são o que são, feias ou bonitas é isso. Não digo que nada se altere, mas aí é com você.
Com um pouco de sacrifício se consegue muitas coisas, as vezes.
Foi nas suas andanças perdidas pela rua, que se deparou com uma reunião, em uma pequena igreja improvisada, onde um pastor animado demais, gritava a todo fôlego:
-Eu arranco este sofrimento da tua alma, essa dor não é tua, és filho de Deus, o Senhor esta conosco...
Rógerio parou na porta. Meio hipnotizado, lembrou-se da fé que havia perdido a tanto tempo.
Deus o perdoaria? Não conteve as lagrimas.
Um dos auxiliares do pastor, o conduziu para dentro. Deixou-se arrastar molemente. O pastor não perde a oportunidade:
-Este irmão, estava perdido de Deus, da vida, do amor, da salvação...e hoje ele está entre nós, encontrou-nos. Graças a Deus!
O pastor lhe coloca a mão na fronte, dizendo que aquele sofrimento iria passar. Sente um alivio breve. A fé lhe voltava.Sim, era isso que precisava, entrar em contato com Deus. Um Deus justo e bom, que lhe receberia como filho pródigo.
Passou a freqüentar a igreja de garagem. Ali reencontrou a felicidade e Eduarda foi esquecida, convertida em infiel. Sempre é mais fácil esquecer alguém ou algo convertendo-o em algo mal.
Não esquecemos o problema, mas alimentamos outro sentimento, é barato mas funciona.
Rogério tornou a sorrir. Recuperou o vigor de antanho. Mais uma vez o vi feliz, desejei muito que ele finalmente tivesse encontrado a paz, pois merecia.Deus lhe parecia sorrir.
Mas um dia ele chega mais cedo a igrejinha, entra pela porta dos fundos. Vê sem querer os pastores que tanto acreditava, contando dinheiro da igreja, dizendo sem cerimônias, em riso sardônico:
-Esse dinheirinho de Deus, vai proporcionar a piscina lá em casa, depois o carro melhor, viva a fé, viva Deus..(risos).
Quando olharam para o lado, ali estava Rogério. Lágrimas nos olhos.
Era uma farsa então?
Tudo era uma farsa? Mais uma vez, sentiu a chão tremer. Tudo misturou-se em sua mente. Somos assim. Lembrou-se de sua mãe morta, de Eduarda indo embora, e agora o pastor filho da puta, sacana!
Chegou a conclusão que a vida realmente era uma merda. Viver, era ser enganado, por Deus, pelos homens, pela vida. Nem fé, nem amor, nem milagre.Saiu correndo em desespero, queria fugir dali, de si mesmo o mais rápido possível.
Atravessa a rua correndo sem olhar, é atropelado por um corcel enferrujado.Sangue rutilo sai de sua cabeça, agoniza solitário, aquelas lagrimas significavam tanto, tantas dores somadas.
Tudo foi ficando escuro, escuro.

Paz.
Luis Fabiano.

quarta-feira, janeiro 20, 2010


Trecho...

“ Voltei ás punhetas com a vizinha. Agora muito menos.No terceiro dia,encontrei Mecho.Tínhamos a mesma idade, e havíamos sido colegas de escola.Estudamos datitolografia e taquigrafia na mesma academia.Ela era uma albina russa, com sardas no rosto e nos ombros e cabelo louro-palha.Parecia ser cinco anos mais velha ,peitos e uma bunda esplendidos e muitos pêlos amarelados nas axilas.Muitos.Cerrados.Me hipnotizava.Depois eu batia punheta sonhando com aqueles peitos e aqueles pêlos tão vigorosos nos sovacos. Não era bonita.Era sexy.Uma sensualidade agressiva.Estava sempre rindo,soltava energia pelos poros,seus olhos brilhavam.Tinha eletricidade de alta voltagem.Ai nos encontramos de novo e ela estava igual ou melhor.Creio que muito melhor.Porra,mulheres assim não existem muitas!São a perdição dos homens.Ela sabia disso, a filha da puta.Acho que não era inocente nem quando era um feto na barriga da mãe.
Os olhos dela brilhava.Os meus também.Num segundo nos demos conta de que não queríamos falar.Não havia nada a dizer.
Queríamos nos morder e nos chupar.Esqueci por completo da sarna e convidei-a para sair a noite.”

Pedro Juan Gutierrez - O Ninho da Serpente.

Novos problemas, velhos problemas.

Detesto repetir-me. Por momentos fico algo raivoso, com a humanidade.
Mas tal raiva surge quando próximo a mim, vejo as imensas cagadas que as pessoas fazem em suas vidas. Cagadas advindas da incapacidade de controlar as emoções! A humanidade é uma única pessoa as vezes.
Boas, péssimas emoções. Doses de veneno que as pessoas não sabem administrar.
É nesta passionalidade que as pessoas ficam presas,viciadas...fudidas. Você acha que alguém entende um problema apenas por saber como ele funciona?De onde vem? E quem é a causa?
Claro que não. Morre alguém, as pessoas sofrem. Um amor vai embora as pessoas sofrem.Tentam deixar um vicio qualquer, e advinha, sofrem. Não conseguem nem parar de fumar, embora saibam que é uma merda.
Não existe lógica que apague a dor.
Consolo, bem talvez o tempo, as vezes nem ele. Mas falo isso porque mesmo dentro do meu próprio lar me deparo com tais comportamentos. Não reprovo nada. Não julgo nada.Apenas observo.
Gosto de olhar os problemas dos outros. É como olhar um aquário. Os peixes se movem, para cá, para lá, sempre a mesma coisa. Os peixes esperam a comida, que o aquário fique habitável. O peixe quase humano. Bem previsível. Felicidade previsível, tristeza previsível, morte fatal a todos.
Isso me chama atenção, minha irmã por exemplo. Sempre com os mesmos problemas. Problemas que teve oportunidade de resolver, faltou-lhe “culhão” para isso. O tempo passou. O tempo sempre passa. As pessoas esquecem. Então, o problema que não foi resolvido volta.Que porra, tudo volta.
Uma espécie de câncer, que retorna sempre, sempre, sempre.
Agora as lagrimas. A reclamação, a ladainha enfadonha, culpa em Deus ou no diabo. A repetição. Culpa única exclusiva dela. Alias digo isso sempre, não existem vitimas, a culpa é sempre nossa, das merdas existências que ocorrem em nossa vida.
Que fodamo-nos todos então!
Mas ninguém entende isso. Na inteligência, na lógica não. É na porrada, o tempo todo.Uma espécie de sadomasoquismo, dor e prazer. Gostoso não ? Me agrada a segunda parte.Afinal se pensarmos bem, as lagrimas são as mesmas...
Ela chorou, ficou com raiva. A olhei com indiferença. Não gosto de me repetir. Entre suas lagrimas, queria que eu dissesse algo. Não tinha nada a dizer que já não tivesse dito.Fiquei calado.
Você acha mesmo que vale a pena dizer algo que mostre outra direção para quem está escravo em si mesmo? Claro que não. Não perco tempo.Antes eu me prestava a aconselhar.Não mais hoje.
Entre nós ficou só o silencio, e o soluço, e as lagrimas.

Paz porra nenhuma, é dor a granel.
Luis Fabiano.
Comunidade anda desaparecida, o Mano Changes, o vocal, virou político, oquei, eu respeito. Não, melhor não, respeito não dá. Respeitar político, não dá. É por natureza uma “profissão” hedionda.Não venha com chavões, - “existem bons políticos, sim...por ai...”
As pessoas adoram dizer estas merdas, fica bonitinho.
Preferia quando Mano cantava, era massa. Deboche, ironia, piada e sacanagem. É, pensando bem, talvez ele não tenha mudado tanto assim.
Pra vocês relembrarem, a Ejaculação precoce.



Ejaculação Precoce
Comunidade Nin-Jitsu

Devagar se vai ao longe é só pensar em futebol
Mas tem que tomar cuidado
Pro piu piu não ficar "mol"..

Ver-sholder, bola gato ela mexe bem legal
Faz um serviço completo,um tratamento especial
O meu pai já me dizia, quem come as feias, ganha as boas

Toma banho bem juntinho, passa passa e ensaboa
Começou emocionada, alisando a minha boneca
Essa japonesa tá tirando uma soneca.

Se brochar com a garota é motivo de deboche
Esse é o rap da ejaculação precoce

A geral tira um ficha, essa gata tá molhada
Mas o seu passarinho pra variar deu uma dobrada
Te liga meu amigo no conselho que eu vou dar

Quando bota a camisinha é pra não arrebentá
Quando a mina é tesuda você tem que segurá
Pode lê uma revista o que vale é não gozar
Começou emocionada, alisando a minha boneca
Essa japonesa tá tirando uma soneca.

Se brochar com a garota é motivo de deboche
Esse é o rap da ejaculação precoce

"Bota tira, Tira bota, entra sai, sai e vai e vem!
Entra seco sai molhado de ladinho dá também!
Beijo na boca é coisa do passado,
A onda do momento é o namorado depravado"

terça-feira, janeiro 19, 2010


Navalhada curta: Não to matando, roubando,”estrupando”...

Cada um batalha pelo seu quinhão.As vezes merecido, as vezes não.O que necessariamente não quer dizer,quem se fode mais ganha mais, é o contrário, alguma dúvida? Perguntem aos senhores em Brasília!
Não é critica, de forma alguma. Respeito quem vence o sistema. Cada um com seus méritos. Mas não era isso que queria dizer.
Tava pegando meu carro estacionado na rua.Do nada surge um marmanjo de uns vinte anos no mínimo. Tava ligado na minha.
Chegou com discurso pronto:
-E aí doutor...dá uma força pro nosso almoço, tamo batalhando, não tamo matando,roubando, “estrupando”, tamo na luta, aí, só com o café da manhã na barriga...e agora é almoço...
Seguiu o papo furado, bem arranjado. Papo feito para me causar culpa em quem está um pouco melhor, ainda que a vida esteja uma merda.
Não dei atenção. Queria ir embora almoçar...ele ficou pendurado na janela, seguia falando com a mão estendida: doutor, uma moeda ajuda no nosso almoço, não to roubando, matando, estrupando...
Eu disse que não tinha moeda. Ele segue:
-É só pro nosso almoço, um real já ajuda...não to matando..etc..etc..etc...
Me irritei, raivosamente. Não gosto de ser forçado, alguém gosta? Sem beijo ou preliminares antes, não vai...
Olhei pra ele e disparei:
-Cara, vou te dar um conselho gratuito,dos melhores: Começa a roubar, matar, estrupar...farás um bem a humanidade,que não vale muita coisa mesmo, talvez ganhe algum. Bom almoço.
Ficou me olhando, olhar paralisado.

Luis Fabiano.

Pérola rara:

“ Uma fome eterna de amor e beleza, é o meu desejo. Sei agora que os que possuem somente generosidade não são senão miseráveis...”

Gibran – Asas Partidas.

segunda-feira, janeiro 18, 2010


Pérola do dia:

“ Quem precisa viver a “realidade”da vida?
Só quem não entende a vida.Tudo é previsível e esperado, dores, felicidade, amores e sangue...Não é preciso viver “realisticamente”, para saber que uma martelada na mão dói.”

Luís Fabiano.

Trecho...

“-Não tenha medo compadre. Ninguém aqui é dedo-duro.
Somos homens.
A rotina era dura.(cortar cana). Por sorte, um grupinho dos mais espertos descobriu uma bezerra não longe dali. Preta, linda, com uns lindos olhos sonhadores. Era de um caipira, que a deixava a noite toda amarada num bosquezinho junto com a vaca. Ficamos viciados. Quase toda noite íamos, a turma inteira, trepar coma bezerra. A vaca não, porque estava sempre com o cu cagado e, além disso, a vagina era enorme. Mas enorme. A bezerrinha,ao contrario,era um docinho. Pequenininha,apertada,quente e vermelha.Belíssima.
As vezes,éramos até dez.Um atrás do outro.Calculamos que ela recolhia por noite um litro,um litro e meio de sêmem em sua vaginazinha.
A juventude de aço também tinha de se distrair um pouquinho. Para não ficarmos loucos.”

O Ninho da Serpente – Pedro Gutierrez.

Navalhada Curta :Insuportável cantor de banheiro

Dizem que quem canta seus males espanta. Ok.Tudo bem. Porem isso ás vezes pode criar um mal para outra pessoa.Espanta o mal para outro?
Não queria, mas devo.Meu vizinho do andar inferior.Adora cantar no vão do banheiro.
Como se sabe, o banheiro tem uma acústica especial para o canto. E ao som do chuveiro, isso ganha inspirações profundas.
Enquanto lava-se o próprio rabo, tirando a sujeira dos cantos, vem aquela voz interior, e cantamos qualquer merda que gostamos. Faz bem. Dizem os psicólogos, que é em função do bem estar que o banho proporciona. Tudo bem.Tudo tem explicação limpinha.
Ele canta no vão banheiro, todos ouvimos sua serenata. O problema é a desafinação, puxa vida. É por isso que dizem que todos nós no banheiro sentimo-nos reis.
Não tão somente pelo trono para a merda. Estes dias ele cantava muito alto, chegava a doer. Jack Tequila do Skank. Horrível. Eu escrevia, ou tentava escrever. Ele parecia muito feliz.Feliz demais?Bem,as vezes a excessiva felicidade alheia incomoda.
Fui até o a janela do banheiro que dá para o vão. Comecei a imitar uma tosse interminável, pigarrenta, asmática e profundamente encatarrada. Tossi forte, muito forte mesmo.
Ao fundo ele tentava cantar, por fim silenciou, pesaroso talvez. Não sei por que silenciou. Acho que ele respeita a tosse de um moribundo, ainda que seja falso.
Naquele dia funcionou a técnica.
Mas no dia seguinte, ele tomou novo banho, uma nova musica cantou...não fiz nada, não convêm abusar de doenças, ainda que sejam falsas.

Luis Fabiano.

domingo, janeiro 17, 2010


Pérola Dominical:

“ A maioria das pessoas que lêem livros, não entendem porra alguma do que estão lendo.
Se limitam a quantidade de leitura e citar frases feitas. Nada de pensar por sí. Funcionam como se não tivessem lido absolutamente nada.”

Luís Fabiano.

sábado, janeiro 16, 2010


Trecho...


“-Vão tomar no cú,vocês dois!Eu gosto de quem eu quiser! –Protesta Barney.
-Barney, quando um cara não tem onde cair morto,e tá encurralado, faminto e cansado - ele é capaz de chupar pica, mamica, e até comer bosta pra poder continuar vivo;ou se conforma , ou se suicida, a raça humana não tá com nada,rapaz.
Não é flor que se cheire...por isso nós vamos mudar tudo, cara, aí é que tá o lance. Se já deu pra chegar a lua, também dá pra limpar a cagada no penico.
O mal é que a gente andou perdendo tempo com o que não devia.”

Charles Bukowski – Ereções, Ejaculações e exibicionismos.

sexta-feira, janeiro 15, 2010


Mais um ano...

Mais um aniversário. Isso deveria ser algo relevante, segundo me dizem. Mas sinceramente não faz diferença alguma. Um ano que se inicia ou que termina. Ponto de vista. Realmente nunca me importei .
Fui criado muito simples, aniversário nunca foi a coisa mais importante. Um número a mais, parabéns pra você e abraços, acabou. Dizem que com o tempo não se comemora aniversários, sofremo-los. Não penso assim. Realmente não me importo.
Hoje muitas pessoas me cumprimentaram, agradeço.
Mas por outro lado, eu não iria me aborrecer,ficar triste,chorar se ninguém se lembrasse.Acho que fico até constrangido, eu nunca sei o aniversário de ninguém. Esqueço de todos. Se não for lembrado em cima por alguém, já era.
Não sei por que as pessoas ficam tão aborrecidas por tal esquecimento, não entendo. Lembro de uma psicóloga que namorei. Esqueci completamente do aniversario dela, ela ficou chateada, alias muito chateada.
Queria que me sentisse arrependido pelo esquecimento. Não me arrependi. Disse que não falaria mais comigo, até pedir desculpas ou me sentir mal.Infantil. Advinha?
Eu disse apenas que isso era, o que eu era. Minha natureza. Não nos falamos mais por muito tempo.Foi embora. Um dia me ligou no meu aniversário, para dizer que lembrava-se...eu ri. E disse:
-Quando você faz aniversario mesmo ?
Rimos da besteira toda.Tudo não passa de besteira. Disse que tinha demorado pra entender aquilo tudo. Mas friamente, entendia que tudo não passava de uma carência imensa. E ao final, era mais um ano.
Fui muito irônico. Disse:um ano a mais perto da morte.Que diferença poderia fazer?
Ficamos bons amigos depois disso. Ela casou-se em Cachoeira do Sul, sentia-se muito feliz.
Estava trabalhando hoje, chegou um email dela. Começou dizendo, se adivinhava o que estava acontecendo em sua vida ?
Não tenho o estilo mãe Diná. Me felicitou, terminou o email dizendo estava grávida, e o marido dela esquecia totalmente o aniversario...
Rí sozinho.
As coisas se repetem, somos humanos demais.
Realmente isso não tem nada demais. Não é falta de amor, não é falta de carinho, é esquecimento, somente. Isso pode acontecer com qualquer um. Afinal, as pessoas não esquecem crianças dentro de carros? De buscar na escola?
Não é muito normal, mas acontece. Corremos demais, temos coisas demais na cabeça, é fatal que algo escape.
Não se comporte como um ser perfeito. Não é, ninguém é. Não espere mesuras do mundo. Se tua felicidade ficar assentada ao que o mundo pode te dar, bem, creio que as coisas não vão dar muito certo.
Uma das coisas mais sábias que aprendi com meu amigo Magalhães, é: não espere absolutamente nada de ninguém, nada. Porque se algo bom acontecer, você estará no lucro.
Quando me disse isso, eu tinha dezoito anos,achei ele meio sem esperança com a vida. Hoje passaram vinte anos. Ele em razão.

Paz profunda.
Luís Fabiano.

quinta-feira, janeiro 14, 2010



Eu,o feio.

Não existe problema em ser horroroso. A questão toda é a exposição indesejada. Isso pode ser embaçado para quem não é provido de atributos físicos. Conselho amigo: nunca ande muito próximo de pessoas muito bonitas, ser a exceção é terrível.
Certamente não faltarão os defensores de que beleza não é tudo! Claro que não é tudo, mas é o importa em primeiro momento.
Sabe aquele lance da primeira impressão que fica? É verdade. O nosso olhar vagueia sempre para onde esta a beleza,,rosto bonito,bunda bonita, peitos bonitos, ainda que seja uma cilada, afinal plantas carnívoras são lindas e perfumadas, ainda sim fatais.
Isso me faz lembrar da infância, tempos de quarta série.Meus coleguinhas já tinham uma namoradinha, que ficavam conversando no recreio. Eu não tinha. As meninas comentavam entre si, em boca pequena que eu era muito feio!
Lembro que chorei uma ou duas vezes por causa disso. Principalmente pela maneira como foi dito:
-Saí daqui negrinho feio!
Depois de algum tempo, fiquei me olhando no espelho. E tive que dar o braço a torcer. Realmente eu não era ou sou o tipo eleito da beleza. Entendi que era verdade, fiquei tranqüilo, aceitei.
E muito criança já fui me despreocupando das opiniões alheias. Afinal que eram tais opiniões? Tais opiniões me dariam felicidade? Paz? Nada disso.Me desliguei.
Senti um grande alivio ao não me preocupar em ter ou não ter namorada, ser bonitinho ou feinho.
Então estranhamente, o meu não agir gerou o fenômeno inverso.Naquele mesmo ano uma menina, a Kátia, aproximou-se de mim, curiosa, todos nós tínhamos oito ou nove anos.
Ela queria saber porque eu andava sempre sozinho no recreio. Eu expliquei, desde então passamos a conversar mais, curiosamente ela era tão bonita e eu tão feio, autêntica bela e a fera.Ela boa aluna, eu péssimo, nunca peguei em caderno algum para estudar.Não me importava com isso. E acho que até hoje não me importo.
Ao final daquele ano teve um bailinho, musica e salgadinhos para terminar o ano, dançamos juntos( embora eu não dançasse,até hoje não danço,acho um saco,talvez um pouco bêbado faça se valer a pena...em sâ consciência não.) então nunca mais a vi, ela trocou de escola.Foi para uma escola de elite.
Mas a quarta série foi um bom ano para mim.
Aprendi mais que cálculos matemáticos e aulas chatas de historia,a lição, que a coisa mais importante, é sempre o que você pensa, o que você sente, que a opinião alheia só serve de contraponto. Se for boa escute um pouco se não...deixa pra lá.
Hoje mudei quase nada. Creio que fui ficando pior com o tempo, quando o assunto é beleza...eu já dei um foda-se a isso a muito tempo.
Realmente to cagando pra beleza, seja minha ou de quem quer seja. A bem verdade eu até prefiro os tão feios quanto eu. As vezes são promissores,mais esforçados. Logicamente a opinião de um feio não conta muito.
Tranqüilo sem problemas.Curiosamente as melhores trepadas que tive em minha vida não eram de mulheres lindas, ao contrário.A mulher linda é solitária, vive naquele mundo de beleza e isso já lhe basta.Não é preciso força alguma.
As feias são mais esforçadas, mais ousadas, é o corpo e a habilidade que elas tem.
Não se importe com as minhas grosseiras comparações. Sou exatamente assim.
Quanto a beleza, não se importe com isso tambem,o equilíbrio é a chave, a natureza sempre quer equilíbrio.
E onde as vezes alguém vê apenas carvão, outro percebe o diamante.Basta saber olhar.

A verdadeira beleza se oculta.
Luis Fabiano.
Dica de Filme: Duas Semanas ( Two Weeks )

O filme fala de coisas que chegam ao fim.Tudo chega. Final de vida, final de esperança, fim da paciência,final de amores.
A família resolve juntar-se, para aproveitar os últimos momentos de vida da figura materna. Entre dores, risos, cuspidas, amor e hábitos insuportáveis, a doença da mãe, vai curando as fissuras da alma de cada um.
Choram juntos, como não viveram juntos.
O filme expõe que a vida vale muito, pelas emoções que temos ou não. Um sorriso pode salvar, uma lagrima pode alentar nossa esperança.
Assista com um lenço junto.

Luis Fabiano.

terça-feira, janeiro 12, 2010


Pérola do dia:

“ Existem muitos tipos de saudade. A do corpo,da alma. Prefiro a primeira, a “xana” chorosa ficando molhada e sedenta de tanta saudade. Não importa, no final tudo acaba sendo saudade mesmo, as ”lágrimas” apenas mudam de lugar.”

Luis Fabiano.

Trecho...

“ Era uma conversa estranha. Tive a impressão de ser uma mosca que não sabe da existência das aranhas e de suas teias pega moscas.
Ela não bebeu. Bebi sozinho.Ela foi pra cozinha.Era evidente que queria brincar d casinha.Tomei uns quantos tragos e fui até a cozinha para ver ser encontrava inspiração.Fiquei olhando enquanto ela cozinhava.Nada.Não ficava de pau duro.Ela não era feia,mas,não sei.Faltava química .Fiquei ali um bom tempo,de copo na Mao,olhando para ela.Foi ela que reagiu.
Aproximou-se muito melosa e me beijou:
-Você não sabe o bem que eu lhe quero.
-Eu?
Me acariciou e me beijou de novo.Eu era um machinho simples e vulgar.Era de supor que nesse ponto eu tivesse uma grande ereção.Que levasse a mulher para cama e fizesse ela guinchar com dezoito centímetros de pica introduzida até os ovários.Mas não.Nada de nada.Nem um simples tremor.Relax total.
Foi ela que tirou minha roupa e me levou para cama. Tirou a roupa também. E eu molinho.Pensei:”Essa mulher vai achar que eu sou veado”.
Ela não era muito experiente. Me acariciou,me beijou.Fez tudo o que pode.Por fim,desalentada,deitou-se ao meu lado.
Ficamos olhando o teto.Eu não sabia o que dizer.Acariceie-a,mas era como acariciar um saco de batatas.Senti vergonha e me dava pena por ela.”

O Ninho da Serpente - Pedro Juan Gutierrez

Reflexão ligeiramente afiada...

Não é fácil de entender, eu concordo.Não espero nada. Sempre questionam meus sentimentos, isso é bom em doses homeopáticas, demais causa tédio, como tudo que cerca minha vida simples.
O assunto é amor.
Entendo este sentimento da seguinte forma: uma emoção que deve pairar acima das mesquinhas emoções humanas. Que nada tem haver com o estado de espírito ou físico do ser amado, que nada ou ninguém é capaz de conspurcar,tirar ou perder.
Um amor que se enriquece simplesmente em amar, nada pede, nada quer, nada cobra. Não precisa ser alimentado,dia a dia para existir.
Nem mesmo os piores defeitos é capaz de alterá-lo, porque ele nem sequer depende do ser amado, nasce em nós, e flui como as brisas suaves.
Quando se trata de outro alguém, este alguém deverá ser infinitamente mais importante que a minha pessoa, do contrario deixe pra lá...
Me disseram:
-Isso é utópico, isso é bonito em livros de poesia que gostas de ler, isso não existe na vida real...
Bem se existe ou não eu não sei, mas é esse tipo de amor que acredito, se não existe, eu prefiro morrer sozinho acreditando nisso.

Paz errante.
Luis Fabiano.

segunda-feira, janeiro 11, 2010


Pérola do dia:

“ Considero alto risco verdadeiro, lamber um “rabo”, no intervalo de uma diarréia.”


Luis Fabiano.

domingo, janeiro 10, 2010


Sede

Tenho sede
Uma sede insaciável de ti.
Hora de um animal brutal.
Quero sorver-te inteira,
Teu sangue,
teu suco,
teu gozo.
Lamber teu suor acre.
Te banhar de mim,
prazer,
ferocidade e amor.
Doutras vezes sou manso,
Minha sede quer a tua leveza,
Afagar,
Teus pensamentos,
beijar suavemente
Os sentimentos.
Reclinar minha cabeça no teu regaço,
E ficar em paz, um pouco.
Minha sede é assim,
Atroz e suave.
Fera e mansuetude.
És para mim o riacho,
Que aplaca a sede,
encanta pelo olhar.
És corpo onde mato desejos,
E alma onde comungo em silencio.
Minha prece e pecado.
És poço onde mato minhas sedes todas.
Que só não mata
A sede de ti.

Luís Fabiano.

sábado, janeiro 09, 2010

Romance
Nei Lisboa

Todas as bobagens que eu já disse
Dariam pra encher um caminhão
Mesmo assim encontro no caminho
Milhares mais otários do que eu

Por isso meu amor
Não leve tão a sério
Nem o que eu digo nem o que eu deixo de esconder
Não vai ter graça o dia
Em que bater na porta
E você não abrir pra responder

Todas as pessoas que eu conheço

Cabem bem juntinhas na palma da mão
Pra você guardei um universo
Quando falta espaço eu faço verso e durmo na canção

Por isso meu amor não pense que é brinquedo

Eu tenho medo e morro de paixão
Não vai ter graça o dia
Em que eu abrir a porta
E a tua mão vazia disser não

Por isso meu amor

Não leve tão a sério
Se eu morro de medo
Brinco de paixão
Não vai ter graça o dia
Em que eu te ver na porta
E não souber se entro
Ou faço uma canção...



Nei Lisboa, grande talento, letra simples e repleta de belezas.Trás a nossa corriqueira realidade momentos importantes que passam batido, as vezes perdidos no que se diz, ou nos silencios que ficam. As vezes nos damos conta a tempo, outras vezes não.
Entre um sim e um não, sempre existe um abismo.

Luis Fabiano.


Tio Édi.

Recordações de infância são sempre carinhosas, mesmo que por vezes tenham algumas sombras. Natural. Entre as brincadeiras de esconde-esconde, um drama familiar também se oculta.Toda família os tem,frágil equilíbrio.
Quando ficamos mais ou menos adultos, tomamos pé de algumas verdades. Sem brincadeiras, sem roda caixinha, nada. Por isso lembrar-se da infância é bom, resgatamos nossa inocência perdida. Benditas lembranças.
Minha família sempre gostou de ir para “fora”(o interior), temos parentes que lá moram.Para uma criança é muito bom.Eu gostava muito, eram reuniões de todos os familiares,amigos e outros familiares desconhecidos.
Todos ficavam juntos em uma imensa roda de conversa, risadas e comida.
Tinha churrasco feito pelos homens e salada feita pelas mulheres. Tudo isso era regado a uma boa cachaça de barril, cerveja e muitos instrumentos musicais. Lembro que essa parte da musica eu não gostava muito.Achava as musicas chatas, hoje não acho mais, agente muda.
Foi nestes encontros musicais que conheci Tio Édi. Realmente uma anomalia no melhor sentido da palavra. Completamente albino, cego,idade avançada e com um cabelo mais crespo que já vi na minha vida.Ficava com impressão que água não penetrava ali nem por decreto.
Gostava muito dele.Jeito calmo,simpatia iluminada,falava de olhos fechados.
Tinha um dom natural, herdado da natureza. Tocava musica de ouvido. Tocava qualquer instrumento. Nunca freqüentou nenhuma aula de musica, a sua volta sempre tinha, violão ,gaita e um trombone. Mas não dispensava o pandeiro e um pequeno tambor.
Sentava-me perto dele, e olhava aquele homem que tocava qualquer musica de dava no radio.Talento natural.Ele me emprestava o violão para brincar, até tentou me ensinar, mas eu queria brincar.
Então a voz rouca de Tio Édi iniciava sempre aqueles sambas de raiz, e os demais amigos acompanhavam com aquela orquestra informal. Assim eram as tardes, churrasco e musica e cerveja. Todos que sabiam a letra cantavam.
Certa feita minha mãe cantou mesmo sem saber cantar, uma musica de Roberto Carlos, tio Édi abre o sorriso iluminado, violão o acorde perfeito, lembro que todos ficam admirados, a mãe canta e emociona-se, minha ela é assim mesmo. Foi um lindo momento,entre tanto que lá ocorriam.
Hoje fico pensando, onde estão esses talentos naturais?
Na minha família não tem mais nenhum, todos somos “comuns” demais, sem talento,trabalhamos tentamos sobreviver com algum prazer, como você ou qualquer outra pessoa.
Minha mãe ainda tenta cantar e tocar teclado, não tem talento mas é esforçada. Gostamos muito de musica. Me limito a escutar.
Um final de semana destes que íamos pra fora, mesma coisa sempre, porem neste dia as coisas não deram muito certo.O churrasco estava ótimo, e Tio Édi parecia faminto, talvez faminto demais.
Na hora de almoço comeu muita vontade, o violão ao lado com as cordas afinadas e mudo.
Depois do almoço a “siesta”, todos dormem para descansar os estômagos. Tio Édi adormece e não acorda mais. Lembro da comoção, médicos, ambulância e muitos choros, as crianças apartadas.
Queria ver tio Édi mas não podia. Crianças não olham a face da morte. Lembro que me disseram que ele adormecera e não acordaria mais. Queria que ele acordasse e nos tocasse uma musica com o violão, me deixasse desafiná-lo um pouco.
É estranho pensar assim, não vi o seu corpo, não vi seu caixão, ele simplesmente desapareceu e a musica nunca mais foi a mesma. Ao contrario que se diz, somos todos insubstituíveis, nosso traço é único,nossa beleza é única, somos únicos.

Carinhosamente ao Tio Édi.
Luis Fabiano.

quinta-feira, janeiro 07, 2010


Trecho...

“-Você parece um lobo.
-Dentro de mim vive um tigre. E o difícil é manter esse tigre sob controle.
Depois daquela tarde,não voltamos a nos ver.Ele foi embora sem se despedir.Ja estava com quarenta e poucos anos. Acho que morreu em Nova York,em algum asilo, ou talvez na rua, em algum pardieiro miserável.Lembro dele como de um iluminado que se abastecia a si mesmo.
É melhor pensar assim e não achar que foi mais um fracassado. Quero lembrar dele sempre no instante perpétuo,ínfimo, que separa o espírito luminoso e solitário de um espectro das trevas.
É muito difícil encontrar o caminho sem um mestre. A vida fica mais difícil a cada dia porque não existem mestres. Embusteiros, sim. Esses são muitos.”

Pedro Juan Gutierrez - O Ninho da Serpente.

Cicatrizes ... fendas.

Naquele dia a tristeza venceu.
Sentia-se num beco sem saída,
Prensada, amassada.
Nem consolo, nem Deus ou Diabo,
Nada ou ninguém.
Tentava apiedar-se de si, desespero.
Nem isso conseguia.
Dragão de dores urrava dentro de si.
Apostara a vida em um
amor sem amor.
Não se faz isso.
Agora fim.
Olhou para todos os lados ao acordar.
Nada.
Decidiu aumentar as feridas de seu coração,
torná-las lágrimas de sangue.
Deixou a noite cair, friamente.
Uma noite sem lua ou estrelas.
Malsã.
Saiu andando, a esmo, vagava.
Nestas horas que precisamos Dele...
A lâmina entra fundo, chora.
Queria morrer, mas não queria morrer.
Mas não, não ainda.
Adormece...
Sonha...
Acorda nos meus braços.A salvo.
Meu olhar descansa nos teus,
de tuas dores...
Cicatrizes que ficam,
fendas de nossa alma.
Sorris, descrente,
não era para ser assim.
Sorrio para ti.
Em silencio.
Não é preciso entender nada.
Pego tuas mãos carinhosamente
Beijo tuas feridas,tuas cicatrizes,tuas fendas..
Carinhosamente, sempre quis isso
Beijar o que te fere.Te dar paz.
Eu te amo.

Luis Fabiano.

Pérola do dia:

“Os grandes acontecimentos de uma vida, tanto felicidade ou tristeza, são movidos pelos mais simples sentimentos humanos. Se vermos a verdade sem adereços, entenderemos que tudo é muito pequeno.”

Luis Fabiano.

quarta-feira, janeiro 06, 2010

Vi um Dvd da Clara Nunes, me fez bem. Linda com um sorriso cativante e uma musica, repleta de força e luz. Beleza e um astral maravilhoso.
Compartilho com muito prazer com vocês:



Navalhada curta: A miséria também goza.

Teve um tempo que trabalhava pela manha e almoçava no centro, todos os dias.Eu e meu amigo Eduardo,uma autêntica testemunha.Depois do almoço uma caminhada para baixar a comida e voltar ao batente.
Até ai nada demais. Sem surpresas e quase sem graça. Podíamos almoçar,isso pode ser uma benção.Não sou tão pragmático assim, apenas um pensamento,desses que passam sem importância em nossa mente.
Porem, no caminho de volta passamos por uma cena, interessantíssima. Poderia até dizer que uma cena amorosa. Dois mendigos atirados em um praça em meio a sujeira, beijavam-se sofregamente.
Dois homens, trocavam caricias intensas, que se tornaram mais quentes a ponto de começarem a fazer um 69 em plena rua.
O Eduardo me olhou e disse:
-Que isso?
Eu, achando a cena bela, embora o quadro não fosse bonito disse:
-Amor, afinal os miseráveis também amam ...
Eduardo riu concordando.
Mas é a pura verdade.Temos todos as mesmas ambições, de amor desejo e felicidade, tanto faz se você é o topo da cadeia alimentar ou o último.

Luis Fabiano.

terça-feira, janeiro 05, 2010


Navalhada curta: Melinda, piedade e nojo.

Tenho muitos clientes na área de informática, bons e maus. Alguns verdadeiramente insuportáveis. Não posso fazer nada, cada um é o que é.É preciso trabalhar.
Dia destes atendi Melinda, parecia uma boa pessoa a principio.Talvez fosse mesmo, mas acho que a vida a castigou demais. Medrosa demais. Medo de tudo,da violência,da vida, de estragar o computador, disse a ela:
-Se não jogares o micro pela janela, e não o agredi-lo fisicamente, o resto se resolve. Que faça o que quiser,sem medo.
Isso acionou um detonador.
Começou a falar dos seus medos, diversos, cheia de culpa, desfiava o rosário das lamentações. Tinha um defeito grave. Era auto-piedosa em tudo.
Do tipo, o mundo me agride,pobre de mim, as pessoas são más. Me irritei na hora. Nada de cliente tem sempre razão. Liguei o Foda-se. Não falávamos mais de computador, mas tinha me tornado o “psicólogo” do momento.
Gente que se auto-pieda, realmente merece que o mundo cuspa por cima.Minha psicologia.
Fiz minha “caridade” para Melinda, cuspi grosso, catarro verde tirado das entranhas podres:
-Melinda, se você ficar de quatro para o mundo, é certo que quem passar no teu caminho irá te enrabar, você mereceu...entende... não se fica de quatro para o mundo.
Acho que ficou horrorizada com minha sutileza, sorriu amarelo e me pagou. Fui embora, o serviço foi bem prestado. Sou um bom profissional.

Luis Fabiano.

segunda-feira, janeiro 04, 2010



Glaura, menos que nada.

Às vezes paro para pensar em significados. Coisas que passam pela vida, que de certa forma deveria ter algum significado. Deveriam? Reflexão barata às vezes. A maioria das vezes não tem significado algum.Passa batido.
Sendo assim, quando nada significa nada, invento algo. Sou muito criativo. É preciso ter imaginação para viver com alguma alegria.
A realidade pode ser distorcida a vontade, basta querer. Muitos falam do coração, mas este esta repleto do que a cabeça pensa,de bom e de mau.As vezes não é bom caminho.Ainda mais quando este coração esta repleto de frustrações.
Houve um tempo que eu era muito romântico. Lembro vagamente. Tinha ideais nobres em termos de amor. Fazia um gênero bonzinho, mas tinha noção que isto não combinava comigo.
Sou mais rude, mais primitivo, um brutal às vezes sofisticado. Meu coração esta na cabeça do meu pau.
Se ele sobe, estou apaixonado, amando. Sou muito sensível. Barato e verdadeiro. Busca eterna de significados.
Ficar com o pensamento solto assim por vezes é uma merda. Vem tudo na mente. Lembrei de Glaura.
Um encontro marcante.Estudava a noite,tinha vinte e dois anos.Ela sentava ao meu lado, lembro bem.Gostava de vestir-se de roxo.Fazia um gênero calada, meio crente, meio tonta.Mas não era chata.
Muito magra, pele sobre ossos, e peitos grandes. Um verdadeiro contraste. Usava um óculos fundo de garrafa. Sentava sempre perto de mim. O decote dos seios, me convidando, humm. O tempo faz a intimidade.
Não conversávamos muito.Como disse ela era meio boba.Mas as tetas falavam por ela.Comunicação não verbal.Claro que comecei a pensar naquelas tetas, em gozar entre elas.Mas Glaura não tinha graça nenhuma.Azar.
Um dia, ela estava mais falante, o assunto descambou para o sexo. Bom tema. Quando não perdi tempo e larguei a pérola:
-Glaura, vou te dizer hein...parabéns pelos teus peitos...(rindo)
-hã ?
-É isso mesmo. Adoro tuas tetas.
-Como tu és delicado Fabiano nossa...
-Que assunto de delicadeza?Você pede desculpas, por sentir amor, desejo, tesão?Pede?Nunca sentiu tesão por nada?Estou apenas sendo verdadeiro.
-Ta bem, me convenceu.
-Vamos beber algo depois da aula?
-Ok.
Não falamos mais.Fomos para um boteco que ficava na frente da escola.Lugar perfeito para amaciar a carne com cerveja.Não precisou muito.Dali fomos para o apartamentinho dela.
Suguei aqueles seios, duas horas depois tudo terminou.
No outro dia, ela voltou a rotina dela, normal. Não falamos quase. Não tinha o que falar.
Olhei friamente para tetas. Agora não significavam mais nada. Acho que nunca significaram, nosso tesão, nossa vontade, nosso amor enche a vida de significados.
Como se de certa forma, a vida, os acontecimentos fossem uma armação. E preenchemos com o que temos de melhor e pior.
As vezes fica bonito, as vezes não.Tudo esta em nós.
Nunca mais vi Glaura, melhor, as tetas dela.
Ela por si só não era importante.


A paz são peitos que se mexem.
Luis Fabiano.

domingo, janeiro 03, 2010


Ano Novo, problemas velhos.

Apagaram-se os fogos de artifício, tudo se torna treva novamente.Não é pessimismo,é assim.Natural e esperado.Não existe milagre algum, nem magia.Tudo continua sendo exatamente o que é.
Quando muda algo,é porque nós estamos diferentes.
Não pense que estou pessimista. O contrario. Apenas verdade, nua, nada mais. Entendo as mentiras que contamos para nós mesmos, para tentar ser um pouco feliz.Tudo é valido.
Foi assim que Jane e Fabio começaram o ano novo. Mandando 2010 se fuder!
Sinceramente, encontrar Fabio na praia entre cinqüenta e cinco mil pessoas ! Queixas e mais queixas.
Pareciam felizes. Jane sempre foi chata, lembro bem dela. Excessivamente moralista. Ela não gostava de mim, eu a entendia,a final era tudo aquilo que não combinava com seu mundo perfeito.Ela tinha algumas qualidades, a que mais me lembro são os peitos, grande.
Tenho asco de pessoas tão “escrupulosas”. Fabio era o contrario, mais leve, falava besteiras e gostava de uma gelada.
E ainda sim o amor os uniu. Acho fantástico isso. Eram brigas cotidianas. Mas tudo ficava mais ou menos bem a noite.Até o dia que não ficou. Tudo era motivo, Jane reclamava muito. Mas percebemos quando uma relação começa acabar,duas coisas começam a acontecer. Os diálogos começam a ficar escassos, e o sexo não acontece mais. Já vi isso dezenas de vezes.Aprendi.
Naquela manhã de ano novo, já faziam trinta dias que não tinham um encontro intimo. Péssimo sinal. Fabio estava com nojo de Jane. Estava ficando horrível com o tempo. Gorda demais, cabelo sem cuidados, as unhas abandonadas, e as roupas que não combinavam.E as lingeries?Horríveis, calcinhas que mais lembravam fraudas.O tesão já era.
O amor suporta tudo isso?
Não sei.Comigo não, mas Fabio era paciencioso.Nada disso importunava a vida de Fabio.Mas as discussões, os desgastes de toda sorte, tais coisas ganham importância.
Ano novo?
Que jeito. Sentia-se enclausurado, mas naquela manha teria um fim. Acordou, olhou-a demoradamente. Analisava suas defeituosas curvas. Pensava com maldade, aqueles defeitos refletiam as falhas de sua personalidade. Era horrível, merecia ficar só. Jane dormia profundamente, roncava.
Foi acordando lentamente, quando abriu os olhos e se deparou com Fabio a observando. Houve um longo silencio apenas olhos conversavam. Muito cansados. Nem piedade, nem amor, nem raiva, nada, apenas uma tristeza repleta de frustração.
Talvez isso fosse o pior. Não ficou nada. As pessoas lutas justamente com essas coisas, burrice e emoções perdidas.
Fabio levanta-se, junta suas coisas, vai embora, sem dizer uma única palavra.
Na saída, diz apenas:
-Feliz ano novo, Jane.

A paz as vezes é uma perda da mesma.
Luis Fabiano

sábado, janeiro 02, 2010


Trecho...

Mostra a pica pra ela, Pedrito, quem sabe ela gosta; eu dizia para mim mesmo.Mas não.E se ela armasse um escândalo?
Ficou tudo em sonhos e punhetas. Uma coisa enfermiça e burra. Eu gostava dela até o desespero. O pelame negro de suas axilas me persegue pela vida a fora.
Não suporto mulheres que se raspam. E agora, com a moda da higiene e a estética da pulcritude, todas se depilam. Não tem mais cheiro de mulher. É insuportável. Levantam os braços e não tem nada. Desodorante. Até as mais pelancudas e vulgares.
Nos anos 60, a maioria deixava pelos nos sovacos e das pernas. Além disso, era muito difícil encontrar laminas de barbear.”

Pedro Juan Gutierrez – O Ninho da Serpente.