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quinta-feira, março 31, 2011

Poesia Fotográfica




Madame Sherry, há, se ferrou.


Já fiz muita coisa doente, numa tentativa de tentar extrair prazer dessa puta vida. Sexo normal pode ser muito cansativo, quando e trata apenas de sexo estrito. É preciso inovar um pouco. Algumas vezes parece que alguém escuta minhas preces, são atendidas rapidamente, então cai no meu colo, insanidades profundas, anjas e demônias . Isso é bom.

Sheila era estúpida em quase tudo que fazia em sua vida. Tinha um emprego sem graça, como professora. Não tinha aquela empáfia da mestra do saber. Dava aquela aulinha fraca, enchia os adolescentes de trabalhos e virem-se, graças a Deus.

Porem, quando entrava em casa, era uma outra historia. Acho que tinha duas personalidades, gosto de gente assim, problemática, depressiva, carente, desesperada e morrendo de solidão. Costumam ser boas, para o resto que não seja suas vidas.

As vezes acontece, nos conhecemos em uma festa de conhecidos da praia do Laranjal, e se existe amor a primeira foda, bem foi isso que aconteceu. Ambos bêbados, os olhares se tornam compridos, e aquele vestido preto justo, uma minúscula calcinha, creio que isso já estava bom se ficasse por ai. Fomos parar em seu apartamento.

Quando entrei pela porta, estava meio escuro, luzes baixas, tomei uma porrada na cara que fez meus óculos voar. Ela batia forte, ual. Meu pau instantaneamente subiu. A porta se fecha atrás de mim, Sheila vira madame Sherry:

-Agora tu só vai me chamar de Madame Sherry, entendeu servo? E fará somente o que disser e permitir.

Mais uma porrada na minha cara. Aquilo estava ficando bom. Gostei do jogo, estava disposto a aceita-lo. Ela tira o vestido na minha frente, fica de sapato alto, meias e calcinha:

-Servo, tira a camisa...vem rastejando aqui lambe os meus sapatos.

Fiz, parecia uma minhoca desajeitada, tentando rastejar, quando cheguei as seus lindos sapatos altos, ela pisa com o salto em minha mão direita, foi apertando com vontade. Sou bom de dor, mas em um momento gritei. Vi seu rosto um sorriso sádico, feliz como se tivesse ganho um presente de natal, a primeira bicicleta:

-Levanta servo, fica de joelhos agora...

Fiquei, recebi outro tapa na cara, enquanto cheirava sua buceta por cima da calcinha, com o nariz colado ali, puta merda, aquilo cheirava bem, naturalmente bem, uma mescla de mijo e sumos vaginais e um pouco de suor. A mistura perfeita.

-Servo filho da puta, agora lambe meus pés agora...

Minha preocupação era, se ela não teria frieiras grandes, mas tudo bem, frieiras naquela altura do campeonato era algo irrelevante, bela do jeito que Madame Sherry era, eu lamberia sua merda com prazer, como já fiz em algum momento de minha vida.

Aquilo foi bom, mas já estou com meus desejos incendidos, gostaria que aquilo fosse adiante, mas creio que essa não era ideia dela. Ela queria um cachorro talvez, conheço mulheres que transam com seus cães de estimação, nada contra, se gostam tudo bem. Eu começava a me sentir um cão excitado, cuja a cadela não estava disposta:

-Servo, late para mim, late alto e uiva agora...

Mais uma vez fiz, porem agora abrindo minha braguilha, expondo meu membro duro e babante. Madame Sherry ordenou que eu guardasse, ela ainda não havia dado ordem! Só que o servo não estava mais disposto. Ela veio até mim, e deu-me mais um tapa...o último tapa.

O tigre saiu da toca. Confesso que não tenho uma memória nítida do que sucedeu depois, mas o que lembro foi, que segurei sua mão quando o outro tapa veio, imediatamente torci para trás. Hora de inverter o jogo benzinho, foi o que disse. Ela queria sadomaso? Eu agora estava muito disposto, com um dos braços torcidos, segurei seu pescoço, fui apertando, a prática torna a compreensão do limite, algo mais ou menos nítido.

Vi seu rosto apavorado, ela olhava um Tigre nos olhos, achando que ia morrer agora:

-E agora puta? Heim...que vai ser? Eu digo o que vai ser, tu vais dar o maior boquete do universo, entendeu... vagabunda, se me morder eu te mato...

Olhos apavorados de Madame Sherry, eram lindos, havia desespero, incerteza e um certo brilho que não identifiquei. Aliviei a mão do pescoço, ela respirou profundamente, quase afogada. Agora não parecia mais tão senhora de si. Quando conseguiu falar:

-Tu és louco? Tu quase me matou, não quero mais saber de nada, chega, tu és um doente mental.

Olhei para baixo, percebi que ela havia se mijado toda, o cheiro estava ótimo.

-Madame Sherry, acho que tu não me entendeu, me chupa direitinho e tudo certo, eu vou embora ou...

Ela obedeceu como um cordeirinho, enquanto eu pegava seus cabelos longos enrolando em minha mão, puxando com força. A sensação é maravilhosa, o pilantra, o canalha sofisticado, o filho da puta das arábias e sua concubina do inferno, o cafetão do amor gostoso.

Ela fez com medo, mas fez direitinho. Depois da gozada me senti mais tranquilo, talvez o tigre tivesse voltado para toca.

-Agora vai embora, some daqui...ok...já deu de brincadeira...chega...
-Amor você começou, eu apenas terminei, somos um casal ótimo, cheios de felicidade e a porra toda.
-Vai a merda...
-Tô indo.

Vesti-me tranquilamente, um forte cheiro de urina em mim, porra e outras coisas no ar, o céu deve ser algo assim. Quando estava pronto a porta, ela me empurra pra saída, viro de frente e olho nos seus olhos, parecia mais tranquila, com cara de safada, que dizia outra coisa. Bateu a porta com força.

Quando cheguei a rua, a noite estava linda, eu sentia sede, me tornava o ninguém de sempre. Voltei pra festa, aquele animo todo me causou enfado. Talvez fosse ressaca, o tigre estava adormecido novamente, creio que as vezes é melhor assim, já fiz muitas merdas quando o solto plenamente. Fiquei lembrando do hematoma no pescoço de Madame Sherry. E se ela me denunciasse? Alguma mulheres são filhas da puta, sabe como é. Vi muitos parceiros detonando suas vidas por causa de mulheres deste tipo, o pior tipo. Foda-se, agora era tarde, tarde demais em todos os sentidos, não me arrependo.

O melhor de tudo é voltar, peguei meu carro e fui dirigindo, o rei destonado o meu velho e conhecido fracasso, é bom estar em casa.

Luis Fabiano.


Pecadores alados, Santos de barro


Detesto pessoas convertidas. A não ser que elas se convertam para pior. Tive uma meia dúzia de amigos mulheres e homens que converteram-se, hoje não são mais meus amigos, me consideram o demônio. Gostei da comparação, mas creio que o diabo não vá gostar disso.

Entendo que a vida seja uma constante mutação, gosto disso e dentro de minha natureza algo desgovernada, tento refletir naturalmente sobre isso, como um rio suave que corre sem impedimentos, não crio impedimentos, deixo a merda correr como tem que correr.

Assim como não me interessa o que as pessoas fazem de suas vidas. A espaço para todos, a paz para todos e alguma beleza também se olharmos bem.

Encontrei Ricardo dia destes, senti saudade do velho Ricardo. O velho constumava fumar maconha, beber e trepar com o que lhe aparecesse pela frente, sorria feliz com dentes cariados e possuía uma leveza natural de sua vida louca. Era divertido. Creio que o humor é capaz de nos salvar, ele ria a plenos pulmões das merdas que fazia, ria da gonorreia que pegou e das feridas no seu cacete.

Tivemos bons momentos em botecos ordinários de Pelotas. Agora não, o encontrei e vestia-se com uma roupa que parecia a do próprio funeral. Cumprimentou-me com seriedade demasiada, não me abraçou ou sequer olhou nos meus olhos o filho da puta!

Eu leio as pessoas por dentro, é de minha natureza isso. Ele estendeu uma mão mole quase diluída e apertamos as mãos, estava armado com uma bíblia grande e grossos óculos, dentes limpos, e uma casca frágil ao toque:

-E ai Ricardo, tudo bom cara? Quanto tempo...
-Irmão Fabiano, que prazer em vê-lo, tudo esta bem com você?
-Que porra é essa Ricardo? Irmão o caralho... fala comigo direito, me abraça aqui...
-Estou falando irmão... (esquivou-se do abraço)

Meu estomago ficou embrulhado. Não sei qual o motivo daquela conversão, ele devia ter feito uma merda muito grande. Mas de qualquer forma agora, nossos mundos não se encontravam mais, ele me olhava como a grande parte das pessoas me olha, como se eu fosse um pedaço de merda, um vomito na esquina. Tinha aquele ar da superioridade Divina, e decididamente eu não luto contra isso, alias não luto contra nada. Seguir aquela conversa não seria bom, uma vez que ele queria ir embora, ficar longe do pecador inveterado, o viciado da porra, o merda cagado pelo diabo, eu estava ficando com raiva:

-Tá certo Ricardo, nem sei se te chama de Ricardo, vai em paz cara.

Não gostei de tal encontro, sempre me levam a questionar minha vida, talvez seja a fé inabalável que serpenteia nas entranhas de um coração devasso, o cheiro limpo demais que os não pecadores tem, uma limpeza fétida com incrementos de uma pureza emulada. Não sei.

É preciso mudar às vezes, transformar-se, mas isso se deu em minha vida com naturalidade, nunca tive acessos de conversão instantânea, ou me joguei ao chão de joelhos esperando que Ele viesse me erguer. O ser faz sua vida por si mesmo, a fé um catalizador que reflete a crença em si mesmo, um si mesmo melhor, pior mas em si mesmo.

Na índia vacas são sagradas e ratos também, mesclam-se a Shiva, Vihsnu e Brahman no panteão, pecadores ou pecados não existem, porque nossa natureza é primaria e isso nos leva sentir sede e fome de coisas primaria. Disse apenas como um exemplo, que uma mente se limita naquilo que ela consegue interpretar, então ratos podem te salvar, assim como bucetas, lagrimas ou uma doença, onde esta tua fé cara? O copo de rum, tem-me trazido bons benefícios.

Tentei deixa isso pra trás, mas o que soa em minhas entranhas, ecos de minhas certezas, bailando com minhas duvidas, a procura de vislumbrar belezas, aqui e ali. Ainda bem que estas aí.

Ontem encontrei Monica. Uma das mais putas que já conheci em minha vida. Uma puta de alma quente, era chegar perto dela e sentia-se o bafo do diabo em sua vagina cabeluda. Ela tinha prazer em fazer o que fazia. A roupa que estava usando agora, a entregou imediatamente. Convertida. Tentei cumprimenta-la, mas ela olhou para o outro lado, me ignorando totalmente.

Oh Deus, qual é? Vai ser isso com a porra da humanidade inteira agora? Era o que me faltava, putas virando santas, sendo canonizadas, filhos da puta se salvando virando designatários divinos, minhas vagabundas amadas rezando de joelhos a espera de Jesus. Trocaram de homem. Fui corneado por Jesus.

Aquilo foi um pouco demais pra mim. Em um conhecido bar do calçadão, entrei fugitivo, e me juntei a bebuns baratos, ao cheiro do ranço local, gente de verdade, originais que não se vendem facilmente assim a um deus feito de papel. Bebi uma cerveja rapidamente, e foi como um antiácido, senti-me tranquilo e poderia volta ao mundo.

Talvez eu esteja completamente errado, não sei, as pessoas buscam o que suas almas desejam, e creio como já disse, haver espaço para todos, apenas não venham com ladainhas, porque eu prefiro cagar minha própria merda e come-la novamente feliz, minha alma rejubila-se, e as vezes alguém me abraça afetuosamente, ainda que eu esteja cagado. Isso é bem mais que amor.


Luís Fabiano.

quarta-feira, março 30, 2011


Humanidade



Circulo errante pelas ruas de Pelotas
Meu passo leve
Cadeias que abrem e fecham
Em tardes embaçadas
Passo pela praça Coronel Pedro Osório
Sinto-me não fazendo parte daqui
Um infecto purulento
Dinossauro de agonias
Ao longe
Adolescentes riem vazios
Meninas trocam beijos sem saber por quê
Às vezes é bom sentir-se a parte de tudo
Não sei o que esperar deles todos
Que merda de futuro darão
Ao fudido planeta em busca da androgenia
Tento achar tudo muito normal
Cães de rua, lixo nas esquinas, uma morte aqui e ali
Violência sem sentido
A chuva radioativa e peixes envenenados
Nossa indiferença cancerosa
E o horror sem gosto ou arte a que tudo se propõe
Tento olhar com alento
Arranho minhas duvidas
Para que a ponta da alma apareça
Dizer com um hausto de esperança
-melhores tempos virão
Sei que não
Todos sabem
Na praça putas raquíticas disputam clientes carcomidos
Peças de um quebra cabeça sem forma
Um chapéu amassado no canto
Meu passo é lento
Meu coração cansado
Minha voz grave e rouca
Abraço o vento
Sinto-me só como as estrelas
Sorte que ela esta por ali
Enquanto anjos jogam pôquer
Apostando suas asas
Eu me agarro a seus pentelhos grandes
Fiapos de minha esperança
Desespero e paz.
Nem te amo ou amor
Apenas silencio.

Luís Fabiano.

Provocação

Tudo lhe provocava dor
Os silêncios sem fim
As dores alheias
Sua própria solidão sem arte
As cascas de ferida arrancadas com a unha a bel prazer
Minhas ausências sem esperanças
As putas de minha vida
O amor transformando-se em nada
Sua sensação de inutilidade e abandono
Essa é a magia que me irrita
Da cartola não sai coelho
Sim bosta
Encurralado informalmente
Passo a agir do pior modo possível
Descendo escadas densas de merda
Comprazendo-me com os vapores do inferno
Dançando uma valsa doida com o diabo
Não me incomoda agir como um canalha sofisticado
Ao longe ouço ecos de seus gritos: filho da puta, tu não presta, tu não...
Minha alma se rejubila como afagada
Pelos anjos viados do céu
E suas malditas harpas enfiadas no rabo
Serenatas de flatos celestiais
Na mesa o copo de rum
Minha bola de cristal dourada sussurrando delicias
Meu futuro sem futuro e outras coisas
Depois silencio sepulcral
Agora o tudo se inverte
Não me xinga mais
Quer o resto de nossas vidas em frangalhos
Um pouco de amor e piroca talvez
Por dentro uma raiva carente
Mentiras emocionais
Como peidos simulando ataque cardíaco
Mas agora não quero mais
Cansa-me muito esta besteira rasteira
Frascos de remédio jogados na estante
Eu não sou solução de nada
Sinto-me em paz
No fundo isso que interessa
O resto?
Bem, o resto eu não controlo
Ela fica mais puta
Nada pode ser melhor.

Luís Fabiano.

terça-feira, março 29, 2011


Manco destino


Mantenho um bom humor, ainda que a merda entre a cântaros em minha vida. Já briguei demais com as coisas e pessoas, hoje prefiro me deixar levar suavemente, como um trago num copo de veneno. Penso: fique tranquilo, não se preocupe isso vai rápido e não doerá nadinha. Fico em paz.

Alguns questionam de minha inverossímil atitude, revoltam-se por mim, eu fico inerte. Digo apenas: Hei brother, relaxe OK? Fique tranquilo, beba algo ou vá trepar com alguém. Diante de tais coisas a vida fica melhor.

Arranco alguns sorrisos sem graça, frases de um marginal. Foi neste estado de espirito que encontrei Nara. Trabalhamos em um hospital juntos, uma boa pessoa, mas longe de ser uma mulher bonita segundo os padrões.

Os anos se passaram e se encarregaram de torna-la horrível. A vida é exatamente assim, não pense que você ira fica igual o vinho, porra nenhuma. A pele enruga, as merdas da saúde aparecem, os ossos trepidam, e você percebe que caminha para perto da morte.

Se você não fez nada que salvaguardasse tua existência, bem, mais uma vida inútil como tantas que conhecemos. Creio que no fundo esse é nosso desespero oculto, fazer algo que torne a vida algo valha a pena de ser vivido. Se você encontra isso, foda-se a alma, o céu ou inferno, você já carrega em seu intimo a satisfação. A única satisfação possível a vida, a que vem das tuas próprias entranhas.

Nara não havia encontrado a dela, agora quase cinquenta anos, sem filhos, marido ou grandes amigos. O cabelo estava muito descuidado, a pele muito branca, marcada e aquele problema na perna que arrastava desde criança. Mancava grosseiramente, puxando aquela perna maldita, lembrava um cão eternamente atropelado.

-Olá Nara, tudo bom? Quanto tempo hein...
-Oi, tudo bom? Que fazes por aqui?
-Eu moro aqui, que faz por aqui você?
-Vim visitar uma conhecida...
-Legal, que você conta de novo?

Acho que não era pra ter perguntado isso. Tenho me policiado para não perguntar nada para as pessoas, mas ás vezes escapa:

-Eu continuo na mesma. Sozinha, sabe né, esperando o príncipe encantado. Eu sei que mais cedo ou mais tarde ele aparece.
-É Nara talvez, a vida é algo impreciso. Mas se achas que isso deve ser assim, tudo certo, não roubo esperanças de ninguém.

Nara sempre expunha suas vísceras ao livre, a todos que se aproximavam, é um habito terrível, afinal quem quer saber das entranhas cagadas, mijadas e fétidas dos outros? Ninguém mostra o sovaco fedendo com orgulho, porem existem pessoas que fazem isso sem pudor. Que merda.

É preciso que se conte, que eu e Nara tivemos um pequeno affaire instantâneo. Sempre fui de natureza bizarra. Tinha ido a uma festa do trabalho, bebidas, comida e os desejos ficaram aflorados. Naquela época ela era um pouco melhor, as tetas eram boas, o cabelo tinha um brilho e o olhar parecia cheio de vida. Começamos a tomar cervejas juntos, e rapidamente sugeri irmos para um canto mais afastado, ali ergui seu vestido e explorei sua intimidade.

A perna que tinha problema, tremia involuntariamente, uma trepidação convulsiva à medida que e a excitação aumentava, era horrível e lindo ao mesmo. Minha mão encontrou uma xoxota muito pequena e com pelos abundantes. Porra, ela poderia morrer assim, chata e problemática, mas aquela xoxota era algo. Apenas achava pequena demais, não gosto de xoxotas pequenas, gosto das grandes, espaçosas , úmidas e dispostas.

Trepamos no banheiro, eu quase não precisei me mexer, a perninha doente fazia o serviço todo de vibração. Lembro que fiquei pensando depois, que talvez meu próximo passo fosse com mulheres amputadas. Bem, deixe pra lá.

Depois saímos mais duas vezes, mas naturalmente tudo perdeu a graça. Era uma mulher carente, queria amor e tudo que eu podia dar eventualmente era piroca. As vezes é isso que tenho a oferecer, quando nossos sonhos não encontram ressonância ,quando apenas instinto ruge e quando as nossas almas se perdem em meandros. Não me arrependo.

-Fabiano, tu me parece bem, continuas o mesmo, que bom a vida parece ter sido boa para ti.
-A vida é o que fazemos dela Nara, o que sentimos e sobretudo, saber entender o que ela quer de nós, sem brigar muito, me entende...sem brigas...

Ela sorriu amarelo, com um pequeno traço de esperança silenciosa. É bom saber que o tempo nos altera, por um breve instante senti ternura pela situação dela. Gostaria sinceramente que as coisas desses certo a ela, no fundo quero que todos se deem bem, encontrem seus amores, consigam transformar as merdas de suas vidas em algo bom, que se permitam viver a paz e a felicidade aqui neste instante, onde tudo é real.
Nos abraçamos e me fui.



Luís Fabiano

segunda-feira, março 28, 2011

Momento Boa Musica
Nelson Gonçalves
Naquela Mesa

Lambendo o céu e
 cagando no inferno

Era de um todo brutal
Ancestral desejo
De ama-la e feri-la
A um só tempo
Vê-la sofrer até as lágrimas
E depois envolver em abraços
Como uma montanha russa
De mel e fel
Catapulta de desejos
Pinçados de nossas almas francas
A cada tapa, cuspida ou ferimento
Adentro mais adentro
Rasgando carnes
Dilacerando ilusões
Afagando sonhos
Bebendo do teu mijo, merda, sangue e carinho
Gritos e desespero
Acalentam minhas entranhas
Tudo que se quer
Ir fundo, tão fundo
Que se possa arranhar as estrelas
Ou refletir-se no orvalho
De manhas que se perdem
Em um tempo sem tempo
A mesma mão que bate sem piedade
Segura a tua
Para que os ventos bailem
Entre elas
Depois aflição outra vez
Sulcando teu peito
Com sucessivos golpes afiados
Para ver tu coração batendo e sangrando
Mistura-se tudo
A chuva dilui o sangue
Os beijos o brutal
A alma acalma o corpo

Luís Fabiano.

sábado, março 26, 2011


Decepção

Ela acenava com graça insipida
Sorria com dentes de porcelana
Mentia irretocáveis verdades
Mas algo estava errado naquela perfeição
Tenho alma míope
E suas tetas, bunda e pernas
Eram mais belos que tudo que já havia visto
Que interessa o resto?
É neste momentos que Deus perde
Quem vai querer saber de minucias da mente
Ou um coração mergulhado em trevas ou luz?
Eu não.
Agarrei-me ao que ela tinha de melhor a oferecer
Eu a via como uma carótida pulsante
Enfiei meus dentes com vontade,
O meu pau no fundo daquele templo sagrado
Queria rasgar-lhe a alma
A gozada é o piscar de olho da eternidade
Depois tudo se diluiu
A ultima gota do sangue em meus dentes
Imediatamente um abismo se abriu entre nós
Agora nada salva
Então depois tudo consumado
O ultimo ato de promessas malditas
Falidas, mortas e nauseabundas
Estava pronto para voltar aos braços do Altíssimo
Filho pródigo da porra
Recebido hoje e amanha e eternamente
Ela vem agora
Queria ronronar
Já estou distante entregue a meus devaneios
Sonhos rascantes que fatalmente falecem
Servi mais uma dose de rum
Minha prece, meu carinho e o único
Que em minha puta vida
Não me decepcionou.
Tim-Tim.

Luís Fabiano


Navalhadas Curtas: Tele-inferno.


Um telefone que toca de madrugada, geralmente a linha é fornecida pelo demônio. Nunca gostei de telefones, reluto em atende-lo sempre, é uma antipatia pós tecnológica inspirada por madrugadas difíceis:

-Alo...
-Quer dizer que eu não signifiquei nada pra ti?

Eu não estava errado. O diabo não descansa nunca. Era Giani, Gigi, uma de minhas amantes, revoltadas. Revoltar mulheres, faz parte de meu aparato de canalha sofisticado. Sem isso não existe charme.

-Sim Gigi, significou, qual o drama?
-É, eu sei, sei...Eu te dispensei e tudo que disse foi OK? Tu achas isso normal? Assim, tu desliga instantaneamente... Que horrível. Que merda de homem que é, cujo  o orgulho não fica ferido?

Do lado de cá da linha, eu pensava apenas na melhor e mais rápida maneira de acabar com aquilo, talvez tivesse que feri-la um pouco, afinal o orgulho já estava ferrado. Ela queria aquele assuntinho tipicamente feminino, assunto masturbatório, que vai, volta e recomeça como se o tema tivesse recém começado, então se faz tudo de novo ad –infinitum. Porra!

-Gigi o seguinte, quando se tem sete amantes, eu disse sete amantes, não posso perder tempo com quem não me quer mais, afinal você abriu vaga...(comecei a rir).Você sabe das coisas então fique tranquila e vá dormir...
-Não posso ficar tranquila, tu não foi justo comigo, não deste a mesma atenção que destes as outras eu fui abandonada...(lagrimas)
-Não posso fazer nada, eu não dou explicações, alias esse é o nascedouro dos meus problemas com mulheres...
-Tu és um mentiroso, sete mulheres? três eu acredito, mas sete?!Quer saber vai a merda tu e essas vagabundas.

Bateu o telefone como uma bomba de Hiroshima. Esse é o amor. De volta a minha cama, voltei a dormir, já sei como isso acaba.


Luis Fabiano.

sexta-feira, março 25, 2011

Momento Boa Musica
Maria Bethânia – Dona do Dom
Pedaço do show Maricotinha



Cansaço, rasgando a noite


-Eu acho que deveria ser mais malvado, sabe, tipo bandidão mesmo, cara de mau e tudo.
-Não torra, tu sempre foi um cara comum, teve momentos que até achei que eras meio viado...
-Que isso? Quando? Tais querendo apanhar?
-Calma, calma, camarada não é pra se ofender, não é nada demais, afinal tu sabes, cada um dá o que tem e quem nada tem, nada dá, já dizia o Ramalhão.
-Não to gostando deste assunto Fabiano, não to mesmo, me conta porque tu achou isso?
-A vida não foi feita para nos gostarmos, gostar é um requinte sofisticado que pode acontecer ou não. De um modo geral, somos estuprados sabe? A maioria das vezes sem perceber, com um pau de veludo oculto, rasgando as pregas silenciosamente, sulcando nossa alma.
-Tu já viajaste cara. Para com este rum, isso ta te pirando hein...tu sempre foi meio lelé, tudo bem, mas vamos voltar o assunto, que tu achava que eu era viado?
-Ou é, ainda não sei. Bem, tudo foi muito simples, tu se lembra da Vandinha safadinha né?
-Aquela vagabunda, eu sabia... eu sabia...tinha que ser ela é claro...
-Pois é cara, ela bebeu um muito, e abriu a caixa da gordura, disse tudo. Que se esfregou em ti, que colocou a buceta na tua cara e nada, tu virou pro lado e foi dormir... que isso camarada?
-É, foi isso mesmo!
-Porra cara, a Vandinha é gostosa e bêbada estava pronta pro crime... e tu foi dormir? Que merda de homem é isso?
-Ninguém vai entender nunca, mas eu não tava afim, minha cabeça tava cheia e meu pau era um polvo fora d’água.
-Tudo bem deixa isso pra lá. Toma a tua cerveja, porque a porra da vida é curta cara, dando ou não o cú, no fim todos se fodem, viram tocadores de harpa ou ensopado do Demônio...

Rimos muito das merdas estávamos falando. Ás vezes a vida deve ser assim mesmo. Aquele dia não tinha sido o meu melhor dia, estava cansado, com o coração vazio e tentava pinçar nas estrelas algo que me encantasse. Mas estrelas estavam de férias naquele dia.

Encontrei André naquele bar da avenida, que eventualmente frequento. Ele estava sentado à porta, e bebia uma cerveja. Prestamos serviço militar juntos, não éramos grandes amigos, mas a bebida é um traço que socializa as pessoas, e tudo fica mais fácil.

Não me demorei muito ali, achei que era melhor voltar para toca. O ambiente estava ficando mais pesado. Essencialmente não me importo com que as pessoas fazem de suas vidas, mas tem momentos que desejo ficar a parte disso, não virar testemunha de nada.

André queria seguir o assunto, mas sou de temperamento volátil, o que me interessa rapidamente se esfuma, torna-se nada, então vem o novo interesse, e tudo parece novo. Tanta futilidade me cansa, minha solidão é consoladora e segreda poemas de amor em meus ouvidos, coisas que nunca ouvi de ninguém.

Pago a conta e deixo André no vácuo. As ruas de Pelotas, as três e meia da manha, pareciam móveis, tornavam-se sinuosas ao abandono, caminhei devagar, uma ambulância em desespero passa por mim, alguém por aí estava ferrado, lembrei-me do maldito desespero do mundo, de gente que não conheço sofrendo, em suas merdas de vida, tentando talvez sobreviver.

Detesto estes tais ataques de humanidade que as vezes tenho, culpo o álcool. Na esquina um mendigo abraçado a uma garrafa, grande amor de sua vida.

Pensei comigo, talvez se eu encontrasse Vandinha agora hein? De-repente ela surgisse do nada, hein? Mas nada, tais pensamentos são quase como as preces que fazemos na hora do desespero, rezamos forte esperamos que Ele, diga algo agora. Mas não, tudo fica em silencio, e se tudo der errado, a falta de fé é tua a culpa e tua. Muito liso esse Cara.

Naquela hora maldita, nem Vandinha, Deus e o caralho, era apenas eu, eu e mais eu. Cheguei em casa, nunca me minha cama pareceu tão linda, deitei de roupa mesmo e adormeci como um anjinho bêbado.

Acordei no outro dia, não tendo muita certeza que havia acontecido, sonho ou verdade? Não esquentei a cabeça, acordei animado, e até tinha alguma vontade de viver, creio que no fundo deve ser isso.
Algo precisa renovar tua vontade de viver, e creio que tenho alguns motivos.


Luís Fabiano.




Pérola do dia:


“ Para mim, essencialmente todos os seres humanos são filhos da puta. A grande diferença, que as vezes, esse mesmo humano faz algo que o redime, amém.”



Luis Fabiano.

quinta-feira, março 24, 2011


Navalhadas Curtas: Lixo e olhos vazados


Elas estavam na esquina, beleza, sofisticação e boa forma. Realmente não reparei nelas, sim nos seus olhos. Quando eu vinha aproximando-me, ambas me olharam nos olhos, fizeram uma cara de nojo, como se olhassem para um vomito de cachorro podre.

Já conheço esse olhar, e me sinto em paz quando ele surge. Toda a beleza se foi, como nuvens de chuva ácida, tudo ficou exatamente como estava.

Não há o que mudar em mim ou nelas, ficamos abandonados exatamente aquilo que somos, entendo como nossa real impotência.
Quantas fragilidades, um mero detalhe o jogo muda, o vomito de cão sorri.

Luis Fabiano.

quarta-feira, março 23, 2011

Áudio Poema
A Aranha
Extraído da obra: O Amor é um Cão dos Diabos
Charles Bukowski
Voz Luís Fabiano.


Porta entreaberta


Não foram poucas vezes que vi a morte de perto. Quando se trabalha em hospital, é preciso acostumar-se com isso. Sim, existem os nascimentos também, a maternidade costuma ser um lugar mais alto astral do hospital. A natureza é realmente encantadora, coloca o nascimento tão perto da morte, talvez como um a sugestão.

Por vezes é preciso saber morrer para algumas coisas, para que se possa nascer para outras. Morremos sempre, deixando para trás pessoas, emoções que não podem eternizar, situações de nossa vida, que embora nosso apego visceral, se tornam insustentáveis. Agarramo-nos a isto como náufragos, fragmentos de uma embarcação que afundou ou esta afundando, levando-nos para fundo junto também. Não. É preciso deixar partir, deixar a vida fazer seu ciclo. Precisamos alçar novos caminhos, um pouco mais libertos, assim acredito.

Era um bom emprego, eu era o autentico faz tudo. Esse é um cargo de muita honra, pois eu tinha liberdade de circular em todos os locais, entrava em qualquer canto. Tornei-me amigo de muitas pessoas. Gostava das enfermeiras, todas elas. Gordas, magras, negras, brancas, casadas, solteiras, noivas, comportadas ou as mais vagabundas. Para mim todas eram lindas.

Mas este sentir era eventualmente quebrado pela morte. Depois de ver tantas pessoas morrerem, todos dias, você não preocupar-se com a morte, e da até pra debochar.

Quando morremos em um hospital, sempre estamos pelados, aqueles roupas brancas de frente única é a proteção da nudez. As via bons cadáveres sem roupa.

Confesso que aqueles corpos assim não pareciam humanos, poderiam ser fantoches de carne cujo ventríloquo não esta mais ali, o titereiro ausente. Alguns corpos eram bonitos outros erodidos pelo tempo. Achei que quando visse um corpo feminino, sentira tesão pela morta. Mas não aconteceu, não havia reverencia também, era apenas sem graça.

Tais fantasias de morte vieram a acordar em mim mais tarde. Mas nunca violei um corpo morto. Pedia para algumas namoradas se fazerem de mortas, enquanto eu a beija e penetrava, é um bom brinquedo.

Vinha passando pelo corredor e vi porta entreaberta, lá dentro, uma senhora agonizava, senti a presença a morte ali. Fiquei na entrada da porta observando-a. Estava sozinha, eu creio que morrer assim não deve ser fácil, ninguém para segurar a mão ou dizer adeus, partir desta merda de mundo, enxotado como um cão de rua.

Entrei, ela estava de olhos fechados e parecia não dizer coisa com coisa. Ela não era bonita, parecia algo deformada, o pescoço torto, a idade havia lhe pesado tudo, dizia em voz baixa quase como um sopro:

-Eu...eu...to indo...eu vou...

Parecia mergulhada em um sonho ou pesadelo. Fiquei ali a espera do suspiro final. Uma enfermeira passa e chega onde estou:

-Ela tá no final e ninguém parece se importar.
-E a família?
-Foram avisados, mas como se não fossem.
-Ela disse alguma coisa diferente nestes dias?
-Sim, conversei com ela, ela queria se casar, disse que o noivo iria chegar. Mas não existe noivo algum.

Fiquei calado, deixando-me alçar caminhos, talvez o noivo realmente chegasse, de uma maneira que não entendemos bem, que transcende obviedades de uma presença literal. Nossas emoções ainda são um mistério, repleto de vãos obscuros, e onde nossas carências agonizam, surge algo.

A enfermeira me convida a entrar no quarto. Aproximo-me da moribunda, ela repetia as mesmas coisas caóticas. A enfermeira diz:

-Segura a mão dela, talvez faça bem...

Segurei por um instante, aquela mão fria e descarnada. A voz dela silencia, respira com suavidade, não morre, mas parece dormir. Nos retiramos do quarto. Fiquei com um sentimento em mim, da finitude que está em nós. Às vezes é mais fácil não se importar.



Luís Fabiano.

terça-feira, março 22, 2011



Morte de Saturno


Não sou muito de me apegar ás pessoas. Prefiro os animais, são mais autênticos e alguns até possuem estilo e talento. Neste período de minha vida, meu primeiro casamente agonizava com força. Fazíamos o possível para tentar achar o entendimento, mas parecia que o entendimento não nos queria.

Nós não nos queríamos mais. As diferenças tornaram-se abissais. Ela exigia um outro Luís Fabiano, um cara que simplesmente eu não era, não sou e fatalmente não serei. Não digo não houvesse amor. Sim havia, mas que merda, você acha que apenas amor basta? Acho tais sonhos muito bonitinhos, mas a vida real não é assim. Nosso céu foi ruindo pouco a pouco, ela me exigia ideais que eu não fazia questão ter.

Queria que eu fosse bem sucedido, bem arrumado, que tudo fosse ordenado e quase um espelho de perfeição do marido perfeito. Eu sentia nojo disso, não queria que ela fosse uma mulher perfeita .

Ela me forçava muito. Não respeitava a pessoa de Luís Fabiano. Então vieram as promessas vazias: Nunca mais farei isso, não serei mais assim. Tudo resultava em nada.

Sempre tive muita disposição para destruir as coisas, não me importando com o dano que causava a mim mesmo ou aos outros. Nesta época eu sofria mais. Creio que nisso estou um pouco melhor. Deixo as coisas muito claras, então quem me conhece, sabe exatamente com quem esta lidando. Minha consciência fica limpa, e realmente me sinto um canalha sofisticado, com alguns fiapos de emoção e feliz as vezes.

Nos estertores da agonia, acordamos aquela manha, uma bruma de tristeza pairava no ar, interpenetrando nossas almas fraturadas. Levantei, mijei em silencio, sem bom dia ou mesmo um olhar errante.

Na cozinha tínhamos um pequeno aquário. Tínhamos um peixinho dourado. Eu gosto de peixinhos dourados, são simpáticos, nadam com graça e rapidamente se tornam companheiros. Com ele eu conversava muito, dava um pouco daquela porcaria que peixes de aquário comem, uma espécie de farelo fedorento. Dizia pra ele:

-Bom dia filho da puta, vai comendo esta merda ai...

Ele parecia entender e ficava feliz com a comida. Mesmo os animais vão ficando parecidos com o dono eu acho. Porem, notei que ele estava meio devagar. Nadava com preguiça. Dei um peteleco no aquário para acordá-lo, mas não, ele parecia apático.

Nisso da entrada minha esposa, fazendo o café. Agora havia um mau humor declarado, não tentei quebrar o silencio de pedra. Tomamos café como se bebêssemos ácido. Por fim disse espremido pela circunstancia:

-Acho que o peixe não está bem...

Ela olha para ele, não diz nada. Aquilo me enraiveceu, não dizer nada pra mim tudo bem, é aceitável, mas ao peixe, porra ao peixe:

-Tu não entendeu o que eu disse, não? O PEIXE não tá legal, parece doente...
-Aqui nesta casa, tudo está doente...porque o peixe iria escapar?Queres que eu faça o que ?

Minha vontade original era virar a mesa por cima dela, espatifar as xícaras e sair caminhando. Mas em nome não sei do que eu, apenas levantei ,dei tchau ao peixe.

O dia de trabalho foi problemático, tudo parecia jogar contra mim. Destes malditos dias que não se deve levantar da cama. Queria chegar em casa, tirar aquela maldita roupa e beber algo. E claro tornar a enfrentar meus problemas conjugais. Porra, será que a vida poderia me dar uma folga? Queria nadar em um mar encapelado, por alguns minutos apenas. Mas não, nada disso seu filho da puta, encapetado da porra.

Quando chego em casa, ela não havia chegado ainda. Haveria paz por algum tempo. Mas não, nada disso. Vou até a cozinha, encontro Saturno o peixe, morto flutuando no alto do aquário. Fico parado de fronte a vasilha com agua transparente onde ele estava. Deixo algumas lagrimas caírem ali dentro, como pequena chuva. Lamentos silenciosos de tantas coisas que perdi e fui perdendo. Não me sentia com forças pra continuar o que fosse, nem brigas, nem silêncios hostis.

Meu coração esta apertado como um nó. Fico parado ali, olhando e chorando não querendo me despedir, queria apenas ficar ali.

Ela chega em casa, me encontra na cozinha assim, olha o aquário morto. Hoje não há nada que possamos fazer, a não ser chorar por tudo.


Luís Fabiano.


segunda-feira, março 21, 2011


Navalhadas Curtas: Amor apático Amor...


Mais uma discussão, novos gritos misturavam-se a velhos gritos e alguns palavrões. Minha vida não poderia estar melhor. O que lhe faltava de beleza física, lhe abundava em passionalidade. Por isso era uma montanha russa.
Eu chegava em casa às vinte e três horas e um minuto, e começava a ladainha:

-Tu me amas?
-Amo.
-Mas assim, deste jeito? Tão sem graça, como se eu não fizesse diferença alguma...
-Amo porra, que mais você quer?

Aquilo era o estopim da amargura que se acendera:

-Quero que tu me ames, explodindo este amor em tuas veias, que me queiras muito, o mais intensamente possível, como eu te quero... diz que me ama...
Irritei-me profundamente, apenas disse:

-Jamais amarei assim, tenho outras insanidades...
Aquela noite foi horrível.


Luís Fabiano.
Poesia Fotográfica




Louco mundo

Ligo o tevê
E o mundo esta ali
Não sei que mundo é esse
Nem o que dizem
se é verdade
Apresentadores limpos como papel de parede
Vomitando desgraças multimídia
Sem beleza ou harmonia
Não gosto de nada que vejo
Meus vermes se agitam sem esperanças
Fidelidade, verdade ou mentira
Tanto faz
Apenas sei que não gosto
Daqueles sorrisos imbecis, estúpidos e dispensáveis
O cortejo insano da dor
Sibilam desgraças
uivam desespero
grasnam pseudo-soluções
como você
Eu gostaria de tomar um gole de esperança as vezes
gostaria de saber que tudo vai acabar bem
que talvez acorde deste pesadelo
troco o canal
outra vez e outra vez
agora uma orquestra solitária toca
a monótona Ave Maria
agora outras inquietações despertam
já não há o mundo patológico cagando sangue
sou eu, meus abismos e o cheiro de minhas entranhas nuas
o maestro parece feliz
uma boa harmonia
mas aquilo não parecia bom
como velas desfraldadas em uma tempestade
sinto saudade das apresentadoras da tevê
perfeitas, limpas, em trajes sóbrios
seus computadores do inferno
babando tragédias por fibra optica
acho que treparia com elas todas ao mesmo e tempo ao vivo
por um instante, creio que o mundo pararia de verdade
nem radiação, enchentes ou merda
acho que haveria amor
ao menos por um tempo
mas afinal
que não é por um tempo?

Luis Fabiano.



sábado, março 19, 2011

Perola do dia :

“ Se tivermos certeza que obteremos alguma vantagem, não hesitaremos em carregar o diabo em nossas próprias costas, para ganhar o céu.”

Luís Fabiano.

sexta-feira, março 18, 2011

Mercedes Sosa -  Gracias a la Vida


Pérola do dia :

Tom Waits, Henry Miller e Bukowsky, são caras que negociam com o Diabo, e o Diabo sai perdendo...”

Magalhães.

Parentes, prostitutas e alguma paz


Minha relação de parentesco é terrível, não gosto de quase ninguém. Não farei uma enumeração dos eleitos e tão pouco dos desprezíveis. Mas não se preocupem com a colocação, a reciproca é a mesma. Caímos todos na mesma família, por estas desgraças naturais do destino e não há com quem brigar.

Por vezes se custa aceitar que existam pessoas desprezíveis em tua família, na verdade não faz diferença. Então vem aquela conversa sobre a historia da família, a convivência e de atos vazios e circunstanciais que no fim das contas não significa nada.

Nem tudo é tão ruim. Tivemos bons momentos, com alguns tios. O primeiro puteiro foi um tio destes que me apresentou e a meus primos também. Sorria com dentes cariados:

-É hora de virar homem, hora de comer a primeira mulher...

Naquele instante aquilo parecia assustador. Porra, o que aconteceria lá? Não que eu fosse inocente, tínhamos na faixa de dezesseis anos o mais novo. Ao colocar o pé naquela casa na primeira vez, não tive a percepção que seria a marca de minha vida ate os dias que se arrastam hoje. Que faria minha comunhão entre as putas, e ao decorrer do tempo, viria a transformar as mulheres que conheci, em minhas adoráveis putas particulares, tudo com muito amor e carinho. Sorria como um rei após cada derrota.

Aquele ambiente era lindo. Paredes velhas, descascando uma tinta gasta, mulheres andando de calcinha e sutiã para cá e para lá, uma neblina fumarenta no ar e um cheiro que misturava tudo como um bafo da vida, suor, bebidas, sucos vaginais, perfume barato.

Todos sorriam, conversavam, bebiam e pareciam felizes. Lembro que achei tudo isso muito estranho, pois a vida não era assim. Neste mesmo período a minha mãe queria que fosse ao centro espirita, fazia aulas de evangelização. No centro espirita, todos eram sérios demais, taciturnos demais, sisudos demais, ninguém ria, ninguém parecia estar feliz. Os religiosos como um todo são assim, não sorriem para agradar a um Deus que ninguém conhece.

Seja como for, os pecadores pareciam mais vivos, mais felizes e mais próximos da vida. Aos poucos o medo foi passando, tudo aquilo foi parecendo familiar. Mais familiar que alguns parentes. Meu tio era havido frequentador do local. Cumprimentava a todos, e umas mulheres viam se abraçar nele. Ele disse para nós:

-Circulem um pouco e escolham uma, hoje vocês vão inaugurar essas pirocas sujas que até hoje só serviu pra mijar!!! Há,há,há....


Saiu rindo abraçado a uma. Ficamos circulando, o lugar era magico, havia ansiedade agora era para achar uma. Não haviam beldades lá, pareciam algumas donas de casa, outras algo cansadas, talvez pelo exercício. E nada aconteci comigo. Meus primos desaparecem, haviam achado suas putas e fiquei próximo ao balcão, nesta época eu não bebia nada. A cerveja parecia asquerosa. Mas creio que se quisesse beber não haveria problema algum. Não conseguia escolher. Viria a entender isso em minha vida mais tarde.

Nunca consegui escolher nada, a vida ia dando seu curso e minhas escolhas iniciais eram alteradas e no final das contas acabavam melhores. Poderia ser qualquer uma, estava tudo bem. Quando achei que nada mais iria acontecer, e naturalmente teria de aturar o deboche de meu tio e primos, ela chegou ao meu lado. Era morena, cabelo pelos ombros, usava um bustiê negro e um calcinha branca comportada, devia ter quinze anos mais que eu e estava ótima:

-Oi, tudo bom? Disse ela.
-Oi, sim tudo bom.
-Tu pareces meio perdido, posso ajudar?
-Claro é que eu preciso escolher...
-Tu queres escolher?
-Quero, mas não sei...não sei...

Ela começou a sorrir, e não perdeu tempo.

-Olha, eu posso me oferecer? De repente tu gostas...

Achei engraçado, era primeira vez que um ser humano se oferecia a mim. Uma sensação nova e agradável e entorpecente.

-Claro...
Muito rápida, ela colocou minhas mãos sobre seus seios e disse:
-São firmes.
Depois na bunda: é gostosa...depois na vagina: é quente e muito molhada... então que tal?

Eu já estava excitado e fomos para o quarto sem mais diálogos. La dentro Shirley demonstrou ser a maior devassa da historia. Deu uma aula completa, uma mestra da foda. Foi praticamente uma mãe ensinando os primeiros passos da vida a um filho. Onde beijar, como lamber um clitóris, lentamente com movimentos circulares, como pegar as tetas, como penetra-la, anal e vaginal, aula pratica creio que a melhor que tive em minha vida. Como não ter pressa, pra nada, por fim eu gozei e foi a melhor sensação do mundo. Naquele instante não interessava onde eu estava, eu me sentia muito macho e coroado. No final de tudo, Shirley me abraçou afetuosamente e disse:

-Querido você, olha se fizer isso a qualquer mulher, tu sempre vai fazê-las felizes, faça-as felizes...

Havia um quê de ternura naquilo. Uma das maiores lições que aprendi em toda minha vida, viria a me transformar. Não tenha virado um respeitador de mulheres, porque respeito não é algo que meu forte. Mas veio a contribuir para me tornar um canalha sofisticado, como já me disseram carinhosamente.

Nunca mais vi Shirley, mas seja como for eu agradeço. Minha mente mergulhada em lembranças, como um museu vivo, se agitando nas vagas tempestuosas do momento, tantas pessoas que passaram, deixando marcas aqui e ali, marcas de uma escrita que jamais se apaga. Que bom, me sinto feliz.

Luís Fabiano.