Pesquisar este blog

terça-feira, março 29, 2011


Manco destino


Mantenho um bom humor, ainda que a merda entre a cântaros em minha vida. Já briguei demais com as coisas e pessoas, hoje prefiro me deixar levar suavemente, como um trago num copo de veneno. Penso: fique tranquilo, não se preocupe isso vai rápido e não doerá nadinha. Fico em paz.

Alguns questionam de minha inverossímil atitude, revoltam-se por mim, eu fico inerte. Digo apenas: Hei brother, relaxe OK? Fique tranquilo, beba algo ou vá trepar com alguém. Diante de tais coisas a vida fica melhor.

Arranco alguns sorrisos sem graça, frases de um marginal. Foi neste estado de espirito que encontrei Nara. Trabalhamos em um hospital juntos, uma boa pessoa, mas longe de ser uma mulher bonita segundo os padrões.

Os anos se passaram e se encarregaram de torna-la horrível. A vida é exatamente assim, não pense que você ira fica igual o vinho, porra nenhuma. A pele enruga, as merdas da saúde aparecem, os ossos trepidam, e você percebe que caminha para perto da morte.

Se você não fez nada que salvaguardasse tua existência, bem, mais uma vida inútil como tantas que conhecemos. Creio que no fundo esse é nosso desespero oculto, fazer algo que torne a vida algo valha a pena de ser vivido. Se você encontra isso, foda-se a alma, o céu ou inferno, você já carrega em seu intimo a satisfação. A única satisfação possível a vida, a que vem das tuas próprias entranhas.

Nara não havia encontrado a dela, agora quase cinquenta anos, sem filhos, marido ou grandes amigos. O cabelo estava muito descuidado, a pele muito branca, marcada e aquele problema na perna que arrastava desde criança. Mancava grosseiramente, puxando aquela perna maldita, lembrava um cão eternamente atropelado.

-Olá Nara, tudo bom? Quanto tempo hein...
-Oi, tudo bom? Que fazes por aqui?
-Eu moro aqui, que faz por aqui você?
-Vim visitar uma conhecida...
-Legal, que você conta de novo?

Acho que não era pra ter perguntado isso. Tenho me policiado para não perguntar nada para as pessoas, mas ás vezes escapa:

-Eu continuo na mesma. Sozinha, sabe né, esperando o príncipe encantado. Eu sei que mais cedo ou mais tarde ele aparece.
-É Nara talvez, a vida é algo impreciso. Mas se achas que isso deve ser assim, tudo certo, não roubo esperanças de ninguém.

Nara sempre expunha suas vísceras ao livre, a todos que se aproximavam, é um habito terrível, afinal quem quer saber das entranhas cagadas, mijadas e fétidas dos outros? Ninguém mostra o sovaco fedendo com orgulho, porem existem pessoas que fazem isso sem pudor. Que merda.

É preciso que se conte, que eu e Nara tivemos um pequeno affaire instantâneo. Sempre fui de natureza bizarra. Tinha ido a uma festa do trabalho, bebidas, comida e os desejos ficaram aflorados. Naquela época ela era um pouco melhor, as tetas eram boas, o cabelo tinha um brilho e o olhar parecia cheio de vida. Começamos a tomar cervejas juntos, e rapidamente sugeri irmos para um canto mais afastado, ali ergui seu vestido e explorei sua intimidade.

A perna que tinha problema, tremia involuntariamente, uma trepidação convulsiva à medida que e a excitação aumentava, era horrível e lindo ao mesmo. Minha mão encontrou uma xoxota muito pequena e com pelos abundantes. Porra, ela poderia morrer assim, chata e problemática, mas aquela xoxota era algo. Apenas achava pequena demais, não gosto de xoxotas pequenas, gosto das grandes, espaçosas , úmidas e dispostas.

Trepamos no banheiro, eu quase não precisei me mexer, a perninha doente fazia o serviço todo de vibração. Lembro que fiquei pensando depois, que talvez meu próximo passo fosse com mulheres amputadas. Bem, deixe pra lá.

Depois saímos mais duas vezes, mas naturalmente tudo perdeu a graça. Era uma mulher carente, queria amor e tudo que eu podia dar eventualmente era piroca. As vezes é isso que tenho a oferecer, quando nossos sonhos não encontram ressonância ,quando apenas instinto ruge e quando as nossas almas se perdem em meandros. Não me arrependo.

-Fabiano, tu me parece bem, continuas o mesmo, que bom a vida parece ter sido boa para ti.
-A vida é o que fazemos dela Nara, o que sentimos e sobretudo, saber entender o que ela quer de nós, sem brigar muito, me entende...sem brigas...

Ela sorriu amarelo, com um pequeno traço de esperança silenciosa. É bom saber que o tempo nos altera, por um breve instante senti ternura pela situação dela. Gostaria sinceramente que as coisas desses certo a ela, no fundo quero que todos se deem bem, encontrem seus amores, consigam transformar as merdas de suas vidas em algo bom, que se permitam viver a paz e a felicidade aqui neste instante, onde tudo é real.
Nos abraçamos e me fui.



Luís Fabiano

Nenhum comentário: