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sexta-feira, março 30, 2012



Desenterrando um pouco de alma

Nem tudo é pior as vezes...
Naquela noite, nos alimentamos dos restos que fomos...
Uma relação traumática... violenta e dolorosa
Entre espadas afiadas e golpes baixos...
Sublimamos o lixo de nossas vidas
Não esperava nada demais afinal
Ex-mulher... ex-namorada
Ex-amante... ex- sei lá mais o que...
Gosto de colecionar títulos estranhos...

Marcamos um encontro então...
E ela estava linda como nunca esteve
Com uma barriga proeminente...
Filho de outro...
Não importa
Um vestido negro... tetas explodindo
E rosto quase angelical
Uma cadela suavizada por anjos

Hoje não haveria bebidas ou aditivos...
Excessos ou loucuras numa noite de devaneios insanos
Seriamos como selvagens tentando semear asas
Não sei como chamar isso...
Uma certa luz baixou sobre nós
E nos amamos como nunca havíamos feito vivendo juntos...
No desejo para além do simples desejo
Com suavidade, lentamente, ternamente...
Permeados por filigranas

Por um breve instante me senti...
Alguém como emoções de verdade...
Quando sua barriga pesava sobre mim
E nossas almas volitavam...
Fazíamos um movimento tênue
Movimento quase sem movimento...
A aranha amarrando sua teia...
A borboleta desdobrando suas asas...
O vento soprando o pólen

Aquilo foi um ponto final
Abraçando a dignidade esvoaçante
Salvaguardando fiapos de humanidade em nós
Creio o final mais belo de toda a minha vida...
Quando um sentimento se extingue em si
Abandonando a tudo... deixando o bálsamo
Silencioso de sua doce presença
Vivi tudo isso
Como se jamais tivesse existido
Um sonho talvez...
O espirito que vagava no deserto
E ambos já não éramos mais os mesmos.

Luís Fabiano.



Navalhadas Curtas: Suaves encontros

Ontem sai cansado do trabalho. Paciência abalada, mas foda-se é assim mesmo que se vive. Tinha fome e fui pegar um churrasquinho do Campeão no final da Tiradentes. Ótimo churrasquinho alias. Desço do carro e sou abordado por um destes caras que cuidam carros... visivelmente alterado

-E aí tio... me consegue um real ai... vai...
-Cara não tenho...
-Qual é tio, vai te fazer? Vais me dizer que um real vai alterar o teu orçamento...

A voz dele alterada me irritou.

-Seguinte cara... vai... vai alterar totalmente. E digo mais... se ainda que tivesse um milhão de reais eu não te daria só por causa desta maneira que tens de chegar e provocar culpa nas pessoas pela tua merda...

Ele fez um cara feia... eu segui.

-E tem mais, se vai ter um destes ataques de fúria por causa disso... podes começar comigo... vais querer matar alguém por que o mundo não é justo contigo? Foda-se, pode começar comigo...

Olhou-me bem... e foi embora... quando chegou à esquina gritou:

-Tio tu ta me devendo uma...

Que merda, sempre estamos devendo pra alguém.


Luís Fabiano.
Trecho Solto...

“Por volta das seis da tarde o tempo nublou e começou a chover com muito vento. Era um aguaceiro torrencial. Fechei as janelas e coloquei numero dois de Brahms, em fá maior. Servi para mim um copo de rum puro, e fiquei olhando detidamente aquela torrente de agua se precipitando sobre o mar e sobre a cidade.

Ando pela casa e rejo a orquestra. Allegro no tropo. Rejo com perfeição. Isto é que é vida! A solidão, a música perfeita, o rum, a fúria da agua e os trovões. E eu esplendido e maravilhoso exemplar único.

Todas as minhas mulheres sempre foram umas vagabundas de bairro que detestam sinfonias e a opera. Mas não importa. Aqui estou eu sozinho. Me embebedando com meu sócio Brahms.
Tirei o short e a camiseta e sai nu para o terraço para me encharcar no diluvio frio.

Os relâmpagos e os trovões. Tudo ao meu redor esta cinzento. Uma torrente cerrada de chuva cai sobre a cidade, e escuto Brahms vibrando. Allegro com spirito.
Que porra! Eu, o melhor de todos! Quem disse que não vale a pena?!”

Pedro Juan Gutierrez – O Insaciável Homem-Aranha

quinta-feira, março 29, 2012

 Entrevista

Rafinha Bastos – De frente com Gabi


Sensacional !!

- Outra Vingança -

Ando pelas ruas sujas
Passos errantes
Destino sem destino
Vento mutante em mim
Outros circulam também aqui ou alhures...
Tentando manter-se nos trilhos

Pressionando Deus
Para que tudo de certo
Mas nada é tão simples assim
E bem ou mal, temos nossa cota de vingança
A destilar dia após dia...
Mas salvamo-nos pela inocência emulada
Deixando asas crescerem em nossa merda

Porem é foda...
Tudo e passa em oculto em silencio
Na fronteira vaporosa
Na intimidade dos sonhos e pesadelos
Quando a felicidade estupida escapa por entre nossos dedos
Ideais devassados pelo fútil

Então alguém terá de pagar...
Pensamos... em ecos
Só... muito solitariamente...
Seja como for
Em algum lugar que desconhecemos
Uma arma engatilha-se em nós
Puta merda...
E às vezes as vitimas
Somos nós mesmos.

Luís Fabiano.
Pérola do Dia:

“ No amor nós não vemos os defeitos... eu quero amar...
Amor porra nenhuma... eu quero é putaria”.
Mister Catra.

quarta-feira, março 28, 2012

Filetes de Sangue:

Tudo era muito vago... por vezes o breu é a melhor opção. As trevas por vezes não são más. Não se diz demasiadas verdades... Quando as farpas trocadas se tornaram feridas expostas, preludio da cisão, então você percebe que é caminho sem volta. Lamentos e só.


A verdade é essa: os seres humanos são frágeis... muito frágeis, suscetíveis ao fracasso como um vicio eterno, no afã de querer acertar, ta valendo eu acho.

Uma palavra mal dita... uma única exposição em desagrado e "boom". Tudo desmorona em nada... como a confiança que se perde em um átimo de segundo... como se todos fossemos perfeitos!

Realmente não sou frágil assim... porque não tenho a pretensão de ser perfeito... faço minhas cagadas... e pretendo fazer mais algumas... numa dessas eu acerto, pois estou vivo.


Luís Fabiano.
Pérola do dia:



O silencio é capaz de resguardar alguma dignidade, ainda que esta seja uma farsa”.



Luís Fabiano

terça-feira, março 27, 2012

* Momento Boa Música *

The Smiths - theres a light that never goes -

Inconfundível voz de Morryssei  embala esperanças...




Rei das Bucetas – Meu coração é um puteiro...


A noite escorre nas veias lubrificadas. Álcool minha desgraça e salvação, meu prazer, na dose certa, assim é bom. Não me enveneno muito. O equilíbrio na ponta dos dedos. Por vezes só isso que se precisa... equilíbrio. No equilíbrio uma magia acontece. Como digo... não deve haver força... mas entendimento para colocar a balança da cuca no lugar.

Importante perceber que não se esta embaixo. Sempre quis levar a vida assim, mas a natureza detesta qualquer equilíbrio, ela é tão brutal quanto os homens de concreto e aço. Então foda-se.

Não me suportava mais em casa. A solidão querendo me fuder com uma piroca de titânio. Optei por ver gente... com pessoas por perto sempre existe uma remota possibilidade de algo acontecer. São como dados lançados ao ar, a mão dos búzios tentando decifrar o destino, as estrelas longínquas brilhando a noite toda, belas e indiferentes.

O bar do Ricardinho, uma das opções, perto de minha casa, ali no bairro Navegantes... as vinte e três horas, era uma pedida convidativa e barata. Algo sempre acontece lá. Gente de verdade, com problemas de verdade... sem tempo para frescuras traumáticas do destino... vida, vida e vida agora... sem tempo... sem promessas do amanha.

Chegando lá, o local parecia um réveillon ... musica alta, o bom e detestável pagode, algumas pessoas dançavam e lá estava ele... O Reio das Bucetas, que sorria com todos os dentes, tendo em seus braços a terna e suculenta negra Telma. Ela constitui um sonho e um pesadelo ao mesmo tempo.
Parei a porta contemplando um horizonte vago, um oásis noturno, tão longe e tão perto.

A bunda de Telma é uma sinfonia completa, Mozart, Beethoven e Brahms, todos juntos regendo aquelas carnes musculosas. Penso: Deus existe. Escolho uma mesa livre próxima a porta... minha solidão agora com outras tantas solidões, uma esperança talvez...

Rei das bucetas beija Telma com ardor, ela esta mais fácil que nunca... bêbada, leve, molhada de suor... porra, eu gosto de mulheres bêbadas, hoje em dia tenho certeza que elas ficam melhores bêbadas... mais leves... menos culpadas... e dão vazão a tudo... seja o que for, yes putas e bêbadas são as minhas santas.

Telma a brisa de uma primavera... gosto que as coisas sejam assim, sem obstáculos intransponíveis... como o sangue que corre nas veias, a vida fluindo como um sonho bom. Mas a verdade que quase nunca é assim. Tudo sempre é um desafio... embora eu queira e deseje a simplicidade... as coisas se complicam as vezes... e digo elas sempre se complicam. Telma fica rebolando sozinha, e o mestre Rei das Bucetas, vem até minha mesa:

-Salve chefia... resolveu pintar na faixa de Gaza?

Não contive o riso.

-Salve Rei... mas porque faixa de Gaza?
-Malandro isso aqui tá no veneno... duas mortes aqui nesta quadra... hoje... a morte hoje esta montada em um cavalo negro aqui por perto...
-Papo furado Rei... a morte anda mais rápido que a vida... e digo... no final ela sempre ganha... Duas mortes e estão festejando o que?
-Esquece. Tá meio depre malandro?
-Deveria estar na constituição... todo mundo tem direito a uma depre de vez em quando...
-Sei como é... quem sabe uma puta? Putas sempre resolvem os maiores problemas do mundo... uma boa chupada, lenta, sem a preocupação de ficar de pau duro, ela ali lambendo as bolas, o pau, a base do pau... isso malandro não é sexo... é massagem oriental.

Comecei a rir. A ideia não era ruim... mas não era exatamente isso que tinha em mente.

-Bem Rei quem sabe talvez depois... por agora bebidas e um papo...
-Oquei malandro... o Rei esta aqui...

Fomos interrompidos por uma loira enorme... com um rosto muito simpático, embora faltasse um ou dois dentes naquela boca amarelada. Ela conversa com Rei...

-Reieeeee... hoje tem espaço pra mim?
-Minha deusa do sol ( disse isso pegando o cabelo oxigenado...) o coração do Rei é seu... estou agora com o malandro aqui, trocando uma ideia... mas faça assim... vá pra casa... e me espere daquele jeito... e dou passada lá...
-É? Uma completa?
-Com o Rei sempre é completa...

Ela sorriu e foi embora. Notei que ela maior de costas que de frente, usava uma blusa que havia se tornado uma mini blusa, fartas carnes saiam para os lados. Olhei para o Rei:

-Vai encarar ela Rei?
-Malandro... malandro, tudo é amor... amor... e amor não se nega a nenhuma mulher... isso que as torna maravilhosas...
-Sei... mas ela é...
-Malandro... que isso? Vais me dizer que ela feia? Gorda? Esqueça esses detalhes irrelevantes... quem vê a vida assim, feia ou bonita, branca ou preta, tem uma maneira limitada de ver a existência. O que vejo nela é uma delicia derretida... e ela se entrega a mim totalmente... goza como uma égua, enfio bem no fundo e quando estou lá, olho em seus olhos entre uma estocada e outra... e faço aflorar nela a mulher linda que é... ela se sente maravilhosa e esse é o ponto... a sensação que fica... é a da maravilha, que nada mais é que amor... o amor que eu posso dar.

Sem duvida alguma o cara é um Rei. Negra Telma talvez a pedido do Rei trouxe dois copos de cachaça bem branquinha... sorria como uma safada, aquela cara dizia tanto em silencio todos os pecados da vida.

A cachaça desceu como um trem de fogo, incendiando as tripas... serpentes de lava. O rei matou o copo em um gole e se ergueu:

-Malandro, preciso ir... compromissos do amor me chamam agora...nunca se deixa uma dama esperando... seja o que for que te abate, vai passar, porque sempre passa eu sei disso... escuta aí, a Telma é tua, ela é maravilhosa... bon appetit...

O Rei foi embora... Telma veio, estava louca, bêbada, endiabrada e quente, colocou minha mão sobre suas coxas... e seja o que for que sucedeu em mim... esqueci a depressão, a tristeza e tudo... finalizei a cachaça... agora nada mais importava. Saltei no abismo da putaria.


Luís Fabiano.
Poesia Fotográfica


segunda-feira, março 26, 2012

Trecho Solto...

"Tem gente que ama muito
Mas depois quer se livrar do amor
Pra conseguir um novo amor
Ou pra conseguir a vida que tinha antes do amor
Porque o amor muda tudo
O jeito que você segura o talher
Ou o jeito que você anda na rua
O amor incomoda
O amor é foda".


- Mário Bortolotto:Um Bom Lugar Pra Morrer -  


Sorriso de Hiena – Estupidez Convulsiva

As pizzas até que eram boas...
Ou a fome nos tornava idiotas orquestrados
A atendente andava para todos os lados
Uma barata sobre a pizza...
Tinha um sorriso interminável nos lábios de cima
A hiena atendente, a atendente hiena...

Era tão atenciosa
Que se tornava fútil
Dentro de um asco comprimido
Tive vontade de perguntar: Você comeria a pizza por mim?
Talvez ela dissesse que sim...

Cuspiria nela sem dramas
E como a fúria estupida da natureza
Seria eu a vitima, algoz da inutilidade
Da muda batalha travada onde nunca vemos

Um grupo de hienas no cio
Vomitando desejos do amanha
Emulando sorrisos com arames farpados
Enquanto tento alimentar o corpo

Pensei o quanto eu estaria
Sendo idiota cruel
Ou um bom filho da puta perdoado
Quando eu lhe retribuía os falsos sorrisos

Luís Fabiano

domingo, março 25, 2012

Trecho Solto...

Vestiu-se e eu a acompanhei escada abaixo, até a rua, em busca de um taxi. A cada momento era mais doce e encantadora. Precisava de carinho, era evidente. Carinho, amor e uma boas trepadas diárias. Sem faltar nem um dia.Com uma semana desse tratamento, ela se transformaria na índia mais resplandecente dos Andes. Nos despedimos com um beijo. Senti que estava alegre, relaxada. Tinha boas vibrações naquele momento e me propôs:

-Almoçamos juntos no hotel? Assim nos despedimos.

Talvez...

-Talvez o quê...
-Talvez eu possa volta dentro de um ou dois meses.
-Muito bem. Almoçamos juntos.
-À uma? Tudo bem?
-Perfeito à uma. No saguão.

Cheguei ao hotel, pontual como um relógio. Ela não estava me esperando. Sentei e esperei meia hora. Não podia verificar no quarto porque não sabia seu sobrenome. Esperei mais de meia hora.
Me levantei e fui embora. Eu seria capaz de transforma-la em uma pecadora brilhante. Acho que não tinha espirito aventureiro e preferiu voltar para o curral de suas filhas seu marido chato, suas aulas na universidade, suas missas aos domingos de manhã, sua casa luxuosa e o resto de suas propriedades. Agora penso que ela fez bem. Só uns poucos eleitos conseguem viver fora do curral. E é muito difícil encontra-los”.

Pedro Gutierrez - O Insaciável Homem-Aranha.

sábado, março 24, 2012

Áudio Poema

Bafos e Cheiros Dormidos

Voz e poema  - Luís Fabiano



quarta-feira, março 21, 2012

Pérola do dia

Dos pequenos lábios para dentro... tudo é igual...
se o que antecede a isto não for excelente... nada existe”.

Luís Fabiano.

terça-feira, março 20, 2012

Curtas da Navalha...  Momentos.


Um vídeo comovente de Nuno Rocha. Conta a historia de um homem com amnésia...
Cujo o reencontro... é inesperado... o ser humano vive pelas coisas mais simples...e a felicidade está na coisa mais interna que sentimos... de o nome que você queira dar...
Curta até o fim...vale a pena.


Luís Fabiano.


segunda-feira, março 19, 2012

Navalhadas Curtas: Mc Piro-Cão...

Avenida Bento no final de semana... é um caos sob controle, um tsunami da conspiração divina jogando varetas com o demônio.

Sentado em um bar esperando algo acontecer. Nada acontece embora o caos vomite sobre nós. Ao meu lado duas mulheres sentam. Falam sem parar como metralhadoras. Reclamam de tudo as idiotas. Fiquei um pouco irritado.

-Barulho demais aqui né?
-Bah... tipo...horrível... tipo não dá... nem pra bater um papo legal e tal...
-É essa musica insuportável... esses funkeiros de merda... gente horrível...
-Tem razão... são uns...

Vi o rosto de nojo dela... quando falava disso. Não sou funkeiro, to cagando pra bandeiras de qualquer espécie... mas pareceu uma boa oportunidade de me tornar um... funkeiro oportunista...

-Ei... que você disse ai do pessoal do Funk... ?

A puta me olhou assustada... entendeu na hora a merda que falou, uma ficha caiu no inferno, tenho certeza que ela apertou o cu...

-Nada não amigo... foi nada...
-Não sou seu amigo... nós do movimento Funk... temos uma cultura de massa... e uma ideologia proeminente... qual é a tua ideologia? Qual? É ficar sentada ai... dizendo que não serve ou não presta... sequer sem tentar aprender... ou ver de perto o que é...
-Por favor desculpe Sr...não temos nada contra...mas...
-É... to ligado... seguinte, sou Mc Piro-Cão.... muito prazer... e cuidado da próxima vez que falar merdas... se quiserem um em um baile funk... me falem...lhes dou convites...

Eu queria rir... mas mantive o personagem. Por fim elas ficaram falando baixinho... e foram embora deixando uma cerveja pela metade... quando foram eu ri muito, sozinho... Mc Piro-Cão... que merda... se elas vissem meu pau ao menos...

Luís Fabiano.
Poesia Fotográfica...



Filetes de Sangue:


Não adianta negar... as coisas falam, você não ouve? Minha vida vinha somando merda sobre merda, eu parecia surdo. Porra terrível isso de parecer surdo. Como uma bala que ricocheteia e você não sabe onde.

Tempo cinza lá fora vai chover... e sobre a cômoda um estojo de maquiagem esquecido... marcas borradas no espelho embaçado... e vozes...
Vou mijar... vejo jogada no box do chuveiro... a linda calcinha vermelha... molhada...

Não contive as lágrimas. Tudo dizia que havia acabado. Melhor assim. Não gosto de nada que se prolongue sem sentido.
Agora era respirar fundo... segurar aquela pressão no peito, como golpes de um lutador invisível... esperar que o tempo emudeça aquelas malditas vozes... só o tempo faz isso...

Luís Fabiano.

domingo, março 18, 2012

Lâmina Fina:

É no bar, que se encontram os meios irmãos, na vasta meia luz do entendimento, ante a testemunha da neblina azulada de cinzas e cigarros , a sombra de garrafas que vão se esvaziando, como a vida se termina...
Que tateiam orvalhadas como uma plantação de sonhos riscando o amanha... o bar é minha igreja.”


Luís Fabiano.

quinta-feira, março 15, 2012

Pérola do dia:


 
“ Umas porradas durante o sexo, são carinhos profundos
Com o fito de temperar aquilo que não deve se tornar totalmente etéreo”.

 
Luís Fabiano.



Momento Boa Música

A voz de Phil Collins e um Sax Dilacerante...

quarta-feira, março 14, 2012

Pérola do dia:



“ Foder é chupar o rabo de Deus enquanto se agoniza”.


 
Bukowski – Dirty Old Man


Réus humanos – botecos santificados...

Tenho vivido dias mais tranquilos. Fazendo meu ritual sagrado, rum, cerveja, mulheres, algum tabaco(charutos e blacks), afinal são as boas coisas da vida. Tenho maldito os dias de calor que andam fazendo... mas a noite faço as pazes com tudo... desapego.
Estava em boteco no Lindoia, trocando ideias com uns camaradas de copo.

A conversa fica melhor quando todos estamos meio alcoolizados. Gente bêbada fica melhor. É quando o soro da verdade faz efeito, e por momentos breves como um peido do demônio, conseguimos abandonar as culpas... culpas herdadas... culpas criadas... culpas fudidas... culpas cultivadas dia a dia como um freio “Divino”, social etc... para o humano não faça merda... ainda que esta merda esteja entranhada até os ovos em nossa alma... mas nada de mostrar.

Álcool e assemelhados fazem isso muito bem... não defendo nada, não acuso nada, apenas acho que se deve voar com liberdade nos próprios sentimentos. Culpa não faz parte do jogo, e o anti-jogo.

Então vieram as confissões. Gosto disso... em um bar se diz coisas que jamais um padre ouvirá... o confessionário é a mesa, as testemunhas as garrafas que se esvaziam, as risadas do deboche e dos demônios de plantão.

Paulinho é um bom homem... parecia meio transtornado... trabalhador, honesto... nos conhecemos a um bom tempo. Gosta da esposa e de uma amante... mas hoje algo deu errado...

João-Mosca diz:

-Claro que dei um tapa na cara dela... quando cheguei... vagabunda de rua... ficava fudendo por aí... comigo não fica assim...barato...
-Em mulher não se bate brother – disse eu... detesto esse tipo de violência... prefiro outras...
-É? E quando a puta tá te traindo Fabiano? Tu já foi traído? Tá ligado...
-Calma... calma... João, quem nunca foi traído? Relaxe brother... Isso é como consórcio... quando menos espera tu és contemplado...
-Tá, que tu fez?
-Eu não fiz nada... sentei-me na cama onde estavam pelados... fiquei pensando o que deveria fazer... considerei algumas possibilidades... matar a puta... matar o cara...me matar...depois... porra... percebi que não valia a pena nada disso. A coisa não virou trauma... apenas adotei uma filosofia depois disso, que creio ser eterna: não existe uma única vagabunda neste mundo que valha mais que cinquenta pila...

Risadas reverberam no bar apertado.

-Tá mas que tu fez ali na hora cara?
-Me levantei da cama... olhei pra eles cinicamente... disse para continuarem tranquilos... que iria apenas pegar algumas poucas roupas... que me desculpassem a interrupção... inesperada...
-Eles seguiram?
-Não... cara tava assustado... e minha ex-mulher então, passou a me xingar como uma cadela descontrolada... dizendo todo o tipo de merda, que as mulheres passionais dizem e fazem, gente passional fica estupida e grosseira... não gosto disso. Para mim foi tranquilo. Peguei minhas cuecas sujas e camisetas e sai tranquilo com aquela maluca me xigando...

Alguém pergunta:

-Tá e o amor? Tu não gostavas daquela mulher cara...
-Sim... muito... porem gosto mais de mim. Nunca fiquei cego de emoção... as coisas devem estar mais ou menos equilibradas... se tu és arrastado pelas emoções... como um maldito tsunami de merda... porra, isso não vai ser uma coisa legal... a porra do tsunami destrói tudo a sua volta e você vai junto... ser arrastado por emoções... seja qual for, é fazer o vestibular para se fuder... já me fudi bastante...

Risadas... segui:

-Quando nos envolvemos com alguém... é preciso considerar a poção filho da puta que todos carregamos... é genético e hereditário... considere que essa pessoa um dia vai te fuder... e tudo certo... ai você pode amar intensamente... por que jamais tu irás te fuder... a vacina já fez efeito. Acho isso bacana... é preciso se vacinar contra o pior dos outros...

O papo havia ficado filosófico demais... falar aquilo me fez bem.
Paulinho parecia ter entrado em meditação. Lúcia sua mulher... o havia colocado porta a fora de casa... descobriu a amante... agora era consumido pela culpa. Como se convive com as cagadas que fazemos na vida? Não é fácil, mas você precisa assumir a culpa toda... senti-la até o osso até conseguir dar um basta, e quando se livrar dela... é pra nunca mais.

Mais cerveja veio... o bar havia se tornado uma catedral de ouro, impressa nas fissuras de nossas almas. Outros fizeram tantas outras confissões... será que se libertaram da culpa?
Custa-se muito para tornar as coisas da vida simples. Eu fiz essa opção. É preciso estar consciente e evitar tornar-se um réu de si mesmo.

Você se vigia o tempo todo, como se Deus estivesse 24horas em um posto de conveniência... ali próximo de você. Para depois quando você estiver fudido... você possa pedir a Ele alguma coisa... uma ajudinha... qualquer coisa. Qual é brother, barganha com o Criador? Quem aceita barganha é o outro cara...

Tente não se preocupar com isso. Consinta o que você sente... voe sem algemas nas asas... sinta a essência suave do amor e da dor... sem anestesias no meio do hediondo viver, porra, e quando algo ficar pesado demais brother... jogue carga ao mar.
O problema é que muitas vezes não queremos nos livrar...

Luís Fabiano.

terça-feira, março 13, 2012



Encerrado

Contemplo um copo que se esvazia
Ferida cicatrizando...
Meu por do sol desmaiado
Entoando outroras lembranças
Fazendo eco fora do que esta em mim
Tudo vira musica de silêncios

Lembro-me de todas as coisas que fiz
Trancado em algum quarto ou banheiro por aí...
Fodas felizes e infelizes
Emoções que se afogaram, fertilizaram
Tranquilas e suicidas mariposas más
Tendo seu momento de glória...

É preciso ir mais dentro e fundo
Com culhões galopantes do infinito
Arranhar a estratosfera do espirito
Amor e desejo, carinho selvagem afável beijo
Febre indecifrável nas emoções descobertas...

Puta que me pariu...
Ela se tranca no quarto novamente
Não sei o que faz lá... drogas, lagrimas ou gozo...
Nunca sabemos que trancas os outros tem
Quando nossas doenças bailam misteriosas com nossas asas de chumbo
E não é preciso saber mais nada...
Apenas destravar o peito

Ela trancada pelo lado dentro
Eu tentando destravar minhas trancas carinhosas...
Nós que o tempo fez em mim... em nós...
Talvez neste meio...
Ao nosso modo...
Consigamos congelar o etéreo
E santificar a felpa.

Luís Fabiano.


Pérola do dia:

" Quanto a mim, o que me mantém vivo é o risco iminente da paixão e seus coadjuvantes, amor, ódio, gozo, misericórdia".


Rubem Fonseca

segunda-feira, março 12, 2012


Navalhadas Curtas: Filho porra nenhuma.


O assunto começou pelo final. As vezes gosto de coisas sem pé ou cabeça.

-Fabiano tu me dá um filho?
-Não tenho grana pra comprar um...
-Tu entendeu... me come... e goza bem no fundinho... fecunda...
-Não... filhos não me interessam mais.
-Mas tu não vais precisar fazer nada... nem pagar, nem dizer que é pai, nem vir vê-lo... só me comer...

Minha cara dizia exatamente a dimensão da besteira que ela falava. Detesto dramas mexicanos... a porra do futuro sempre faz voltar as merdas que fazemos. Em outros tempos não iria titubear...

Olhei para ela:

-Seguinte, esqueça essa ideia e me esqueça junto... vá procurar outro homem...
-Só por isso?
-Tudo é muito frágil... quando nada vale muito a pena.

Sai andando.

Luís Fabiano.

sábado, março 10, 2012

...Trecho Solto...


Sylvana se vira pro Franq e pergunta na lata:

-Qual foi a primeira mulher que te fez a cabeça?
-Uma puta - responde Franq depois de cofiar nostalgicamente a longa barba talmúdica – Cruzes a fulana num bar do Bom Retiro. Eu era um franco inexperiente de dezoito anos.
Ela, uma galinácea velha de guerra. A gente bebeu cerveja e ficou papeando um tempo. Dai, uma hora , ela falou: Vamos? Fomos. Hotel estritamente familiar da rua da Graça, a dois passos do bar. No quarto, perguntei pelo preço dela. Falei assim mesmo: qual é o seu preço? Ai ela virou pra mim, tirando o sutiã, e respondeu muito altiva, como quem sabe que vai dar um banho de sabedoria:

-Meu bem, quando uma mulher não diz logo seu preço, é porque ela não tem preço.

Tanto faz e Abacaxi - Reinaldo Moraes
* Momento Boa Música... *

- Criolo -  Linha de Frente -




Mijando Moscas

Temos uma imprensada crueldade calada
Lampejos flutuantes
Relampejando em nosso coração
São olhos cegos... sem asas
Foi o que entendi...

Tentava mijar, cambaleante
É quando o sanitário converte-se em um abismo iluminado
Tirei o pau pra fora... ele entusiasmado cresceu um pouco na minha mão
Talvez acostumado a punhetinhas felizes... Maricota-Maricotinha...
Então eu disse: vamos seu merda... vomite sua agua quentinha... e vamos...

Foi quando a vi...
Debatia-se contra as bordas do vaso
Contive um pouco o mijo...
E vieram os malditos conflitos da consciência... mijar ou não mijar, eis a questão?
Matara mosca, apertar um gatilho, torturar as emoções alheias...
Tudo isso é uma mesma coisa...

Uma certa indiferença de foda-se da natureza
Que não se preocupa com vive ou quem morre...
Pensei em tira-la com a mão...
Pensei em vermes podres...
E bactérias felizes...

Então tudo desmaiou
E é exatamente como somos
Mijei minha cerveja sobre ela
E tudo se acabou rapidamente
Dei a descarga, como quase tudo que faço na minha vida
Minha alma adormeceu
Nas nuvens dos justos...
Tomei outra cerveja...

Luís Fabiano.

sexta-feira, março 09, 2012

Poesia Fotográfica...



quinta-feira, março 08, 2012


Boxe e louça suja nos vapores da manhã


Ela despertou pela manha, sentindo que algo não estava bem. Sabemos quando algo esta fora do lugar em nossas vidas. Com um peso no coração, queria saber o que estava de errado. Onde... Era ela. Uma pena errante no pensamento, sentou-se na cama, esquadrinhando a parede.

Eu continuei deitado fingindo que dormia. Melhor assim. Não lido com suposições... prefiro coisas reais. Mais um erro, menos um outro, coisas que carregamos sempre em nós, mas que precisamos saber libertar. Abrir os portais do peito, inferno ou paraíso.

Ela levanta e fica andando pela casa, nervosa, ansiosa e seminua. Hoje não terá foda matinal. Não sei por que fico lá às vezes. Sempre tem algo acontecendo. Por vezes tento falar, mas é como falar com uma parede. Por vezes a vida é um cabo de guerra, temos de ir puxando sempre... sempre... força... Sei como funciona o jogo.
O quarto esta abafado, estou suando, um ventilador surrado tenta fazer algo... um vento quente, inútil... tudo certo...é melhor que nada.

Andréia vai até a cozinha. Faz barulho com panelas e louça. Ontem estava um caos lá também. Louça suja por todos os lados. Tem sido assim sempre. Não consegue se organizar. Não esta animada. Dificuldades financeiras, pressões dos parentes... Estigmas calcinados de coisas que se perderam ao longo do caminho, há deixam cada dia mais amargurada. Sente-se derrotada. Não se pode viver assim. Acabamos tingindo toda a existência de uma merda fulminante, merda sem poesia... e se seguimos assim, tudo acabará pior. Não importa o quanto... mas lute até o findar das forças, esmurre a parede... algo acontece, mudamos a porra da sorte assim, ainda que Deus jogue contra.

Sinto que uma bomba relógio esta armada, quando vai explodir? É melhor desarmar enquanto é tempo. A vida esta longe de ser algo perfeito. Temos ideias que tudo funcione como uma engrenagem sincronizada, lubrificada, mas por vezes nada ajuda.

Estou deitado, o pau esta muito duro. Tesão matinal me acompanha sempre, mesmo quando tudo esta horrível, não importa. O pau duro é uma certeza que ao menos o corpo esta funcionando bem. Não tenho mais como ficar deitado, barulho demais. Existe uma linguagem silenciosa por debaixo de todo aquele barulho.
Levanto.

A encontro na cozinha lavando tudo. Abraço-a pelas costas, apertando forte e como um copo que transborda, ela chora como uma criança. Sei toda a historia. Sente-se desesperançada, empregos que pagam miséria, tudo a sua volta cheira incertezas... contas que chegam e ficam sem pagamento, um filho abortado naturalmente, coisa que o tempo faz pesar.
Ficamos assim abraçados um tempo. Quero tirar toda a dor dela mas como?

O pior passa como uma tempestade que se acalma. A chaleira ferve no fogo. Sentamos a mesa tomando um café com umas bolachas. Tento relaxa-la, não quero que enlouqueça... já vi gente pirando assim... porra as vezes um caminho sem volta...

-Andréia, por vezes somos desafiados... a natureza esta sempre fazendo isso, é assim que ela faz as espécies evoluírem...
-To cansada... não sei se quero evoluir... quero apenas acertar minha vida apenas...
-Então acerte... ouse...faça a coisa acontecer... se ficamos parados toda a merda do mundo vem caindo despencando a cabeça... como uma chuva de meteoros...
-Será que isso passa?
-Passa... agora abandone as dores passadas... mergulhe nos fiapos de esperança e vá em frente...

Ela secava as lágrimas, e por um momento vi um brilho singular em seus olhos. Gosto daquele brilho. Veio pra cima de mim, sentando com as pernas muito abertas, seios expostos com bicos muito duros, estava com ótimo cheiro matinal, suor grudento, cabelos desgrenhados fedendo a cigarros... a vida não pode ser melhor. Fica roçando a xoxota com pelo muito denso e negro saindo pelo lado da calcinha minúscula, sobre meu pau.
Ficamos naquilo.

A esfregação que antecede a uma boa trepada, por vezes é melhor que a trepada. Entregamo-nos ao desejo. E por aqueles momentos de virada, onde ficaram as dores e a porra das lágrimas?

Na cozinha revirada em caos, louça suja... a mesa foi nossa cama, onde se come e come. Ela fazia sua opera e seja como por for... a vida por alguns instantes pareceu ótima.
Não sei onde tudo nos conduzirá, creio que não importa, o futuro é uma coisa estupida... o importante é termos a capacidade de virar o jogo sempre, como um bom boxer, round após round tentando acertar o nocaute, e vencer.

Luís Fabiano.