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terça-feira, março 27, 2012


Rei das Bucetas – Meu coração é um puteiro...


A noite escorre nas veias lubrificadas. Álcool minha desgraça e salvação, meu prazer, na dose certa, assim é bom. Não me enveneno muito. O equilíbrio na ponta dos dedos. Por vezes só isso que se precisa... equilíbrio. No equilíbrio uma magia acontece. Como digo... não deve haver força... mas entendimento para colocar a balança da cuca no lugar.

Importante perceber que não se esta embaixo. Sempre quis levar a vida assim, mas a natureza detesta qualquer equilíbrio, ela é tão brutal quanto os homens de concreto e aço. Então foda-se.

Não me suportava mais em casa. A solidão querendo me fuder com uma piroca de titânio. Optei por ver gente... com pessoas por perto sempre existe uma remota possibilidade de algo acontecer. São como dados lançados ao ar, a mão dos búzios tentando decifrar o destino, as estrelas longínquas brilhando a noite toda, belas e indiferentes.

O bar do Ricardinho, uma das opções, perto de minha casa, ali no bairro Navegantes... as vinte e três horas, era uma pedida convidativa e barata. Algo sempre acontece lá. Gente de verdade, com problemas de verdade... sem tempo para frescuras traumáticas do destino... vida, vida e vida agora... sem tempo... sem promessas do amanha.

Chegando lá, o local parecia um réveillon ... musica alta, o bom e detestável pagode, algumas pessoas dançavam e lá estava ele... O Reio das Bucetas, que sorria com todos os dentes, tendo em seus braços a terna e suculenta negra Telma. Ela constitui um sonho e um pesadelo ao mesmo tempo.
Parei a porta contemplando um horizonte vago, um oásis noturno, tão longe e tão perto.

A bunda de Telma é uma sinfonia completa, Mozart, Beethoven e Brahms, todos juntos regendo aquelas carnes musculosas. Penso: Deus existe. Escolho uma mesa livre próxima a porta... minha solidão agora com outras tantas solidões, uma esperança talvez...

Rei das bucetas beija Telma com ardor, ela esta mais fácil que nunca... bêbada, leve, molhada de suor... porra, eu gosto de mulheres bêbadas, hoje em dia tenho certeza que elas ficam melhores bêbadas... mais leves... menos culpadas... e dão vazão a tudo... seja o que for, yes putas e bêbadas são as minhas santas.

Telma a brisa de uma primavera... gosto que as coisas sejam assim, sem obstáculos intransponíveis... como o sangue que corre nas veias, a vida fluindo como um sonho bom. Mas a verdade que quase nunca é assim. Tudo sempre é um desafio... embora eu queira e deseje a simplicidade... as coisas se complicam as vezes... e digo elas sempre se complicam. Telma fica rebolando sozinha, e o mestre Rei das Bucetas, vem até minha mesa:

-Salve chefia... resolveu pintar na faixa de Gaza?

Não contive o riso.

-Salve Rei... mas porque faixa de Gaza?
-Malandro isso aqui tá no veneno... duas mortes aqui nesta quadra... hoje... a morte hoje esta montada em um cavalo negro aqui por perto...
-Papo furado Rei... a morte anda mais rápido que a vida... e digo... no final ela sempre ganha... Duas mortes e estão festejando o que?
-Esquece. Tá meio depre malandro?
-Deveria estar na constituição... todo mundo tem direito a uma depre de vez em quando...
-Sei como é... quem sabe uma puta? Putas sempre resolvem os maiores problemas do mundo... uma boa chupada, lenta, sem a preocupação de ficar de pau duro, ela ali lambendo as bolas, o pau, a base do pau... isso malandro não é sexo... é massagem oriental.

Comecei a rir. A ideia não era ruim... mas não era exatamente isso que tinha em mente.

-Bem Rei quem sabe talvez depois... por agora bebidas e um papo...
-Oquei malandro... o Rei esta aqui...

Fomos interrompidos por uma loira enorme... com um rosto muito simpático, embora faltasse um ou dois dentes naquela boca amarelada. Ela conversa com Rei...

-Reieeeee... hoje tem espaço pra mim?
-Minha deusa do sol ( disse isso pegando o cabelo oxigenado...) o coração do Rei é seu... estou agora com o malandro aqui, trocando uma ideia... mas faça assim... vá pra casa... e me espere daquele jeito... e dou passada lá...
-É? Uma completa?
-Com o Rei sempre é completa...

Ela sorriu e foi embora. Notei que ela maior de costas que de frente, usava uma blusa que havia se tornado uma mini blusa, fartas carnes saiam para os lados. Olhei para o Rei:

-Vai encarar ela Rei?
-Malandro... malandro, tudo é amor... amor... e amor não se nega a nenhuma mulher... isso que as torna maravilhosas...
-Sei... mas ela é...
-Malandro... que isso? Vais me dizer que ela feia? Gorda? Esqueça esses detalhes irrelevantes... quem vê a vida assim, feia ou bonita, branca ou preta, tem uma maneira limitada de ver a existência. O que vejo nela é uma delicia derretida... e ela se entrega a mim totalmente... goza como uma égua, enfio bem no fundo e quando estou lá, olho em seus olhos entre uma estocada e outra... e faço aflorar nela a mulher linda que é... ela se sente maravilhosa e esse é o ponto... a sensação que fica... é a da maravilha, que nada mais é que amor... o amor que eu posso dar.

Sem duvida alguma o cara é um Rei. Negra Telma talvez a pedido do Rei trouxe dois copos de cachaça bem branquinha... sorria como uma safada, aquela cara dizia tanto em silencio todos os pecados da vida.

A cachaça desceu como um trem de fogo, incendiando as tripas... serpentes de lava. O rei matou o copo em um gole e se ergueu:

-Malandro, preciso ir... compromissos do amor me chamam agora...nunca se deixa uma dama esperando... seja o que for que te abate, vai passar, porque sempre passa eu sei disso... escuta aí, a Telma é tua, ela é maravilhosa... bon appetit...

O Rei foi embora... Telma veio, estava louca, bêbada, endiabrada e quente, colocou minha mão sobre suas coxas... e seja o que for que sucedeu em mim... esqueci a depressão, a tristeza e tudo... finalizei a cachaça... agora nada mais importava. Saltei no abismo da putaria.


Luís Fabiano.

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