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terça-feira, novembro 30, 2010


Selvagens elos.



Depois de algumas horas de porradas mutuas, surgiu uma espécie de companheirismo. Por vezes fica difícil de explicar. Um batismo feito de cumplicidade, elo de uma dor real. Algo que transcende antagonismos. Assim foram nossos dias.
Naquele instante as diferenças desapareciam pelo cansaço, trepar era bom. Nunca fui adepto de brigas. Que me lembre, nunca briguei por nada ou ninguém. Entendo que ninguém vale a pena o suficiente para isso aconteça. E mesmo existindo tanto amor ou nenhum, meu instinto de preservação creio ser mais forte.
Mas inevitavelmente isso não se dá com quem vive ou conviveu comigo. Uma convivência de desafio. Perdi a conta de coisas que me arremessaram, facas, cuecas sujas, calcinhas molhadas, absorventes, sapatos, copos, vasos ou qualquer objeto que estivesse a mão. Eu me defendia e nunca contra-atacava. Ficava barato como tiro ao alvo.
Pra brigar é preciso haver dois. Porem tudo tem um dia. Eu estava vivendo com Lena. Havia chegado em casa cansado. Fui morar com ela em um pequeno barraco em vila decrépita, algo parecido com cortiço. Um lar dos infernos.
Eu tinha um serviço de office boy e vinte anos. Ou seja, era um entre ninguém. Lena era muito quente na cama, muito quente nas emoções e quente demais nas reclamações. Todo o santo dia era aquilo. Não havia dinheiro, não havia o suficiente, a casa suja, o ciúmes da vizinha e outras coisas deste nível.
Os primeiros vinte minutos que eu chegava em casa, eram sempre assim. Eu deixava ela falar o que quisesse. Me sentia uma espécie de vomitório. Não era mal. Depois aquilo passava. Ela se acalmava e convertia-se na mulher que havia conhecido. Vinha esfregar os peitos grandes na minha cara, com grandes bicos duros e negros. Mudava a safada. Ali começa o céu. Puta que pariu, porque aquela vadia não era sempre assim?
Ficamos horas naquilo. Éramos pobres e trepavamos como milionários. Ela me sugava inteiro, fazíamos em um sessenta e nove interminável. Por vezes gostava que ela peidasse na minha cara, essas doces belezas do prazer, não gosto de frescura.
Então adormecíamos com anjos bêbados sonhando com um paraíso, que nunca veio. Foi assim durante alguns meses. Sou um cara que não esquece. Mesmo esta parte sendo tão boa, estas brigas de todos os dias iam minando minha paciência. Neste aspecto creio que ser imutável. Não me pressione, não me cobre, não me imponha nada, porque vou embora sem explicar. Foda-se você e seu amor.
Quando cheguei naquela noite em casa, vinha de um dia complexo. Um daqueles dias que não devemos sair de casa, porque a merda esta no ar, como uma névoa, você a respira e não tem para onde escapar.
Aquilo foi o limite. Lena começa a discutir e a falar, a escuto por cinco minutos. Então me ergo da cadeira, o tigre mau havia acordado.
-Cala a boca Lena, para de falar agora...para ...
Lena se assustou. Aquilo não era meu perfil. Eu me sentia muito estranho, tomado por algo muito ruim, os músculos rijos e disposto a tudo. Um animal. Em segundos pensei em muitas coisas, como bateria nela por exemplo. Como bateria em quem se metesse a besta. Uma raiva nasceu de minhas entranhas, uma raiva sem fim, sem limites e muita disposição...
Então Lena se ergue, e vem gritar comigo:
-Resolveu virar macho em minha casa, seu filho da puta? Que vai fazer? Me bater? Hein...fala? Vai virar covarde também? Tu é um merda cara, tu não faz nada em ninguém...o cara mais idiota que conheci...
Eu me sentia tonto. Mas avancei contra ela e a segurei pelo braço, um braço frágil que se partiria como um palito de dentes. Apertei muito forte. E fechei a mão pra dar uma porrada na cara.
Então voltei a mim. O tigre saiu de mim. A empurrei contra a parede e respirei fundo. Ela falava sem parar entre lagrimas e ranho. Porque fazia isso? Me levava a loucura em todos os sentidos, mas vivíamos visitando o diabo, nos alimentando de sua baba, como diz um grande amigo meu.
Me sentia como uma ressaca felina. Aquilo era o fim. Deixei ela falar o quisesse, jogar coisas em mim, jogar minhas poucas porta a fora. Não queria lutar mais. Que me lembro essa foi a primeira e a ultima vez que fiz isso.
O tigre poderia destruí-la com uma única garra, e me destruiria junto também. Silencie felino. Não vale a pena. Ninguem vale a pena.
Desde então prendi o Tigre dentro de mim. O máximo que deixo é ele aparecer em alguns momentos, em bons momentos. Sei que ele ainda tem garras afiadas e dentes fortes e seu olhar é poderoso. Eu cuido pra que fique assim.
Juntei meus cacarecos e voltei pra casa. Deixei pra trás Lena e seu amor louco. Amor é uma alteração química, não tem como voltar atrás. A partir daquele dia eu mudei, e não creio que queira voltar atrás.


Luis Fabiano.
A paz é o Tigre acorrentado.

segunda-feira, novembro 29, 2010


Velhas Trepadas

Haaaaa
Elas vêm lindas
Com suas peles enrugadas e sem cor
Balançantes a cada passo
Peitos sugados pela existência
Que a todos fode
Em um dossel de felicidades e agruras
Vêm sem dentes,
cuspindo dentaduras
Dentes com pinos
Caninos, molares e pré-molares que não se perdem...
Deixam dentes nos copos com agua...
Meio vazios e meio cheios
Contraponto de suas vaginas
mais secas que o Saara
A bunda flácida, como rosas abandonadas
E os olhos?
O brilho diamantino, que se vai apagando
Como estrelas distantes, que deixam de existir
A pele que resseca
Como arvore
Cujas as raízes não encontram mais o alimento
A nutrição
fenece
O sorriso antes devasso
urrando prazer
Converte-se em um gemido fraco, sem graça
Emulação do ultimo suspiro
E por mais que o pau do mundo
entre em suas entranhas
Nada será como era antes.
Porque nada é pior, do que:
Não será como era antes.
Mas ela queria
E eu também
Embalado pelas cervejas
Aquela xoxota de quase setenta anos
Converteu-se na xana de minha vida
De minha noite
E quando terminamos, cansados de tentar
Nos abraçamos
E entre tudo que não aconteceu
Ela sussurra no meu ouvido:
-tudo é bom Fabiano, como uma viajem
Mas agora, chegamos.
Era hora de chegar.
Que bom.

Luis Fabiano.

domingo, novembro 28, 2010

Navalhadas Curtas: Atendente



Sempre vou ao mesmo posto comprar supérfluos. Muito disso preenche minha vida. Fazia tempo que não via a referida atende. Notei que estava bem mais magra. A cumprimentei, naturalmente e elogiei suas belas formas:
-Ei menina, como estas elegante hein...magra ual. Tá fazendo regime?
-Não nada disso. São problemas mesmo.
-É, então estas fazendo regime, problemas nos fazem emagrecer pra caralho, nenhuma academia supera isso.
Ela sorriu triste.

Luis Fabiano.






Dica de Filme: Anjos do Sol.


O tema não é necessariamente novo. A venda de seres humanos pra prostituição. Porem, o filme é um profundo instigador da desesperança que acompanha tal situação.
Uma linguagem forte, sem meias palavras, levando o expectador a um profundo asco diante de alguns de nossos semelhantes e as vezes de sí mesmo.
Não é um filme pra quem é muito sensível.Não esperem felicidade em nenhum momento do filme. As atuações de Antonio Calloni, Chico Dias são fantásticas. Uma boa pedida para espiar um pouquinho o inferno,e abraçar-se ao capeta.

Luis Fabiano.



Meio Entendido

É quase tudo pela metade em mim
Emoções que se fragmentam
Pensamento que se esvaem
Carinhos na metade do rosto
Fico então, com meias fodas, meias gozadas...
Com abraços que se partem pela metade
Por um tempo parecia perturbador e incompleto
Creio que sempre foi assim
Nunca me deram nada por inteiro
Nunca me dei por inteiro
Parecia uma boa e ainda parece
Como qualquer barata no ambiente que vive
É aceita e o aceita feliz
Não sou de criar problemas
E nem espero lutar muito ou mesmo espero muito
Para quem entende a metade tá bom
O paraíso pode ser completo
Porque tudo está aqui
Encravado e imperceptível neste segundo
Em coisas que ficaram escritas na alma
Já não é preciso o todo
Fico como apitos abandonados em uma instante
Livros esquecidos e meio lidos
Como o beijo que não sabemos ser ultimo
Não queira o todo, seja o todo.
E nada estará partido ao meio.

Luis Fabiano.



sexta-feira, novembro 26, 2010

O fim de Breve Caso
Audio Poema
Extraído da obra: O amor é um Cão dos Diabos


Pérola do dia:

“Há mais coisas entre o pau e a xoxota, que nosso vão entendimento consegue compreender.”


Luis Fabiano.

Curriculum de filho da puta


Sempre pensei em mulheres, como placares eletrônicos, marcando as boas fodas dadas. Porem, nem tudo hoje resume-se a isso simplesmente. Ás vezes as coisas ficam complexas. Nem tudo é corpo, matando suas fomes tantas. Em meio a isto, eventualmente a alma surge.
Mas por muito tempo pensei assim. Hoje tenho sombras mortas de tal pensamento. Não sei ainda, em que me converti.
Talvez a idade, tenha levando-me, a beber coisas mais fortes, a ter sentimentos mais densos, e a procurar entender a fragilidade humana. Seus altos e baixos, seus sonhos e desesperos. E saber que no final, isso realmente muda tudo essencialmente.
Neste mal fadado tempo, tinha devaneios de colecionar xoxotas. Todas elas. E fiz uma boa coleção. Estranho dizer isso. Tempos depois, tais xoxotas criariam dentes, mandíbulas afiadas, e se voltariam contra mim. Furiosas, nervosas, envenenadas e inseguras, como se quisessem estraçalhar meu corpo, para ver, se encontravam a minha alma entre os despojos sangrentos.
Até hoje é assim. O passado insiste em querer devorar o presente. Eu não sou mais o mesmo. Casei-me com a fiel solidão. Silenciosa e presente sempre. Carinhosa nas horas perdidas do mundo, e companheira incapaz de ferir involuntariamente.
Sua dor atroz, me leva ao céu, onde ser algum deste mundo, foi capaz de levar-me. Depois, me arrasta a terra, preso e rastejante, a implorar seus carinhos. Carinhos sem mãos, beijos sem lábios, sussurros sem voz.
Já me disseram que meu presente é insipido. Talvez o seja aos olhos do mundo. Venho tentando gradativamente me livrar de todos. Mas infelizmente é preciso algum contato, pois existem coisas que precisamos uns dos outros. Coisas externas talvez. Meu mundo interno tem se revelado a cada dia. Sentimentos e pensamentos melhores, que o mundo de fora pode me oferecer. Não faço a troca.
Contudo isso, eventualmente, ainda existem mulheres que desejam ser bons placares. Fodas magistrais repletas de vazios. Performances fantásticas, sem coração. Por vezem enchem os olhos, mas estão fadadas a converter-se um adeus sem dramas. Acho elegante isso. Ausência de emoção, deixa tudo muito limpo. Não existe lagrimas, nem sangue, nem cheiro de merda. Visto minha roupa, sorrio de lado, digo adeus, até a próxima.
Todos sabemos que uma vida, não se preenche assim. Antes sim, esvai-se. Minha consciência fica tranquila. Olho nos olhos delas, mesmo quando dizem que sabem o que fazem, no que estão se metendo.
No fundo só quem sabe de verdade sou eu. Eu sei que estão se perdendo. Mas, se gozou, tudo certo. Ficamos todos na parte mais simples de tudo.
As vezes telefonam de madrugada. Falando merdas, bêbadas, cantando musicas ridículas de amor. Arrancando-me de meu sono, as vezes de meus pesadelos. Isso também é interessante, não sonho nunca. Detesto sonhar, prefiro os pesadelos. E são sempre semelhantes. Alguém querendo me matar, em meio a violência. Os eróticos são melhores. Já aconteceu algumas vezes, de acordar gozado, molhado de porra, em uma espécie de orgia com muitas mulheres. Sonhos melhores que a realidade.
Putaria com diversas mulheres é um bom negócio. Mas é preciso saber como fazer. Deve haver verdade e emoção, do contrario é melhor masturbar-se. Talvez essa seja a grande diferença hoje. O gostar muda tudo até os ossos.
Acho que tenho gostado mais de mim. Tenho tentado me fuder menos. Não sei qual o melhor caminho, mas creio que nunca quis saber. Fui deixando as coisas acontecerem em minha vida. Um barco, cujo vento decide a direção. Tenho preferido a poesia e o encantamento, sublimação de algumas poucas qualidade que carrego. É, talvez nem tudo esteja perdido.

Luis Fabiano.
Inolvidável a paz.

quarta-feira, novembro 24, 2010


Navalhadas Curtas: Barraco filosófico.


Ela adentra a sala, profundamente indignada. Semblante desfigurado pela decepção. E mesmo com tantas contrariedades, faz uma pergunta quase filosófica:
-Me diz. Vai, me diz o que tu és de verdade? O que é verdade em ti?Fala...
Sorri com hiato, um tempo suficiente pra pensar.
-Olha ,eu sou o que você vê agora.Neste momento. Mas não queira eternizar o tempo. Se estou aqui, eu sou real agora. Depois, ai não sei.
-Sei... que bonito, seu Fabiano! Tu és cheio de filosofias e mentiras, é isso que és...
-Bem, se você pensa assim... eu sou assim, tudo bem.
Ela queria uma briga franca, eu não. Não iria dar esta oportunidade para ela, não hoje. As vezes em meio a tempestade, é possível divisar algo bom.

Luis Fabiano.

domingo, novembro 21, 2010


Ternas cicatrizes.


Ela estava gravida de sete meses quando saímos. O filho era de outro. Despretensiosamente, queríamos apenas no ver e rir. Resgatar nostalgias de um passado em frangalhos. Onde tudo deu errado de inicio a fim.
Porem, as dores que todos carregamos, não são tão fáceis de desfazer, sepultar. Nos fizemos mal demais um ao outro, agora estávamos com uma espécie de ressaca moral, com sede e fome de carinhos. Quando se esta com fome e sede, precisamos nos alimentar, e as vezes não importa onde. Esse é o risco sempre.
Fui busca-la em casa. A barriga proeminente, em vestido negro pelos joelhos, saltos altos, a deixaram com uma graça diferente. Inês dizia, sentir-se horrível. Mas não achei assim, o seu semblante dizia tudo a mim. Seus olhos estavam serenos, muito diferentes de quando estávamos vivendo juntos. Onde tudo eram gritos, insatisfações, caos e alguma violência. Essa era nossa canção de amor.
Nesta época, eu estava vivendo um dos momentos menos instintivos de minha vida. Sabendo que sou um pendulo erguido entre minhas sombras e meus dias. Ela tentava fazer com que sua vida, se convertesse em um porto seguro. Mas onde ? Aquele filho bastardo, acidente de um sexo descontrolado, agitava-se dentro dela. Eu sorri e disse a ela:
-Bem, eu acho que este teu filho ai dentro, é que esta te gestando, e não tu a ele. Ele vai te salvar de ti mesma...
Ela sorri concordando. Nos dirigimos para Avenida Bento. Palco de nossas maiores confusões, mas hoje não. Estacionei o carro, e por alguns minutos ficamos em silencio. Um silencio que uivava em nossas entranhas. Pergunto:
-E o pai, cadê ?Quem é? Existe?
-Um mecânico que conheci. Éramos companheiros de religião e...
-Macumbeiro ?
-É. Ele foi se chegando, eu estava precisando de alguem, sentia-me sozinha demais, e isso não gosto de sentir, solidão. Então um dia saímos, e depois saímos de novo. E pra variar, fomos parar lá em casa, meio bêbados e então...
-Sei, sei...
-Depois que engravidei dele, ele tornou-se indiferente. Mas não pedi nada a ele, e nem pedirei, eu resolvo sozinha como sempre...
-Sei como é, já passei por isso algumas vezes. Mas por algum motivo, meus filhos não vingaram, acho que não tenho uma boa semente.
-Eu queria que este filho fosse teu, sabes disso! Alias tu sabes, eu tentei de dar um, mas não aconteceu nunca. Nem mesmo um aborto aconteceu ,nada.
-Inês, talvez minha porra não seja boa. Eu nunca me preocupei com isso. Na verdade, uma vez fiz um exame pra ver isso. Bati punheta em um laboratório. Me deram umas revistas pornográficas. Revistas horriveis. Aquelas mulheres não excitavam, eram irreais e limpinhas demais e sem pelos...mas gozei mesmo assim em pequeno pote.
-Goza em mim?
-Claro.
Nos beijamos suavemente. Diferente de tudo que tivemos. A alguns meses atrás parecíamos animais ferozes demais. Nos batíamos muito, tapas na cara, cuspíamos um no outro enquanto gozávamos gostoso, nos mordíamos a ponto de sangrar, trepavamos ate chegar a exaustão. Tudo era brutal. Éramos seguidores de algo sadomaso informal. O sexo sempre acontecia depois de uma briga, então não havia apenas o desejo de satisfazer, mas era uma vingança nas entrelinhas. Violência consentida de ambas as partes.
Quando chegamos no motel, apenas deitamos na cama. Acaricie sua barriga enorme. E na verdade não pensei em transar com ela. Eu estava curtindo sua ternura. Algo diferente de tudo. Então nos beijamos devagar. Um beijo que ela nunca me deu. Inês não parecia Inês. A acariciei com delicadeza. E uma energia no ar, no momento senti que havia uma harmonia tão grande, e por um breve instante éramos melhores que somos ou do que seremos. Achamos uma posição para que ela ficasse confortável e penetrei lentamente. Mas ambos estávamos penetrados um na alma do outro. Lembro, naquele dia ela me deu, o que jamais havia me dado quando estávamos juntos.
Não entendo nada de perdão, e não sei ambos estávamos tentando isso. Na maneira e na forma que nossa natureza nos guia. Não pode haver milagre, corpos se fundem a emoções, e a expressão de um é a extensão do outro.
E mesmo não mais ficando juntos, entendi que chegamos a um ponto deveríamos ter chego. Pra trás, ficou tudo. Nossas lágrimas, nossas cicatrizes.
Depois a deixei em casa novamente. Ela continuava linda. Não quero saber de destino humano. Ela fecha a porta do carro, aquilo parecia um ponto final, e como raramente acontece em minha vida, um ponto final onde as coisas terminaram bem. Sorri pra mim mesmo, porra, afinal nem tudo precisa ser trágico.



Luís Fabiano.

sexta-feira, novembro 19, 2010

Para fechar a semana:

Esta fantástica musica de Elvis Presley, na voz de Andreia Bocelli.A beleza é sempre algo passível de engrandecimento. Por momentos, tais coisas me encantam, como o brilho silencioso de uma estrela.
Bem, estrelas existem em uma noite, e em um momento quase que sem querer, as tudo ganha novo significado.
Então curtam com suavidade a belíssima voz de Bocelli.


Luis Fabiano.

quinta-feira, novembro 18, 2010


Ejaculando sobre rosas

Ela quer meu amor
Mas tudo que posso dar, sou eu
Os silêncios, ausências e mares de incertezas
Eis nosso problema
Ela se fere causticamente
A procura de certezas dolorosas
Espinhos de uma roseira, dançando ao vento
Deforma-se e chora, sangra
Não me vê
Quer o quer
sou o que sou
Por fim cansa
Quer dar um ponto final outra vez
Mas não pode
Tornou-se refém de si mesma
Prisão sem muros
Daquilo que não dou
Dos sonhos esfacelados que acalentou
Parado a porta, eu fico
Vão entre luz e sombra
Uma promessa sem promessa
Por fim
Agarra-me em um movimento violento
Não há mais poesia
Silvos dos instintos
Tudo torna-se brisa e gemido
Não é preciso mais nada
Nos entendemos no desentendimento
Nos afagamos em meio ao caos
Viramos aprisco sereno um do outro
Mesmo que nada seja.
Mesmo que dure pouco.

Luis Fabiano.

quarta-feira, novembro 17, 2010

Em minhas peregrinações, em busca dos mestres marginais, tive a grata felicidade de deparar-me com este vídeo fantástico.

Um belíssimo poema de Charles Bukowski, com cena e clima, onde autor e ator se cruzam.
Curta, porque é bom pra caralho.
Luís Fabiano.

Agua Salgada


Quando a conheci, sabia que vinha perdendo-se lentamente. Talvez isso tenha me chamado a atenção. Na condição de silencioso observador. As reações humanas me fascinam as vezes. Tentando ser surpreendido, porem isso é uma impossibilidade.
Os seres humanos agem como agem, e isso muitas vezes não tem sentindo algum. Movidos por pressões advindas de seu próprio desconhecido.
Sonia não era uma mulher de classe baixa, mas nem por isso deixava de ser miserável. Tinha em si uma miséria que dinheiro algum é capaz de suprir. Vivemos tentando preencher nossas lacunas com grana. Foi isso que tentou e tenta a vida toda.
Nos conhecemos a muito. E ao contrário que se supõe, nunca me interessei emocionalmente ou sexualmente por ela. Embora seja raro, tive algumas mulheres que não despertaram a libido em mim. Despertaram nada. Muitas vezes enquanto dormiam ao meu lado, eu batia uma suculenta punheta, perdido em minhas melhores imaginações, mais vivas que a realidade.
Eu a achava insossa. Excessivamente ambiciosa.Gente assim eu considero futil. Futilidade é broxante. Desde muito jovem, falava em grandezas, viagens, dinheiro, muito dinheiro, em comprar o mundo e tudo, o seu maior ideal era isso. Embora na época fossemos adolescentes, ela falava diferente das outras meninas. Aquilo era a coisa mais  vital,real e possível. Algo me soava mal alí. Viria a entender mais tarde, que na verdade eu sentia uma ojeriza por ela.
Nesta época eu me esforçava para ser nada. Não queria nada com estudo nem mesmo com a vida ou trabalho. Nunca fui normal neste interim. Queria viver o momento, exatamente como hoje. Nunca penso em futuro. Prefiro usar minha imaginação para outras coisas. Masturba-se por exemplo.
O tempo passa muito rápido. Não demorou muito para Sonia, arrumar um emprego bom. Em uma corretora conhecida na cidade. Nós morávamos no subúrbio. Roupas comuns e botecos nas esquinas. Sonia deixou de interagir conosco rapidamente. Agora passava bem vestida e não olhava para os lados, não cumprimentava ninguém, não fazia mais parte dali.
Meus colegas ficaram muito chateados, eu não. Gente arrogante não me transtorna, possivelmente por ser eu também um. A vida me ensinou a usar todas as armas, que um ser humano tem.
Não tenho problemas de consciência, se tiver que ser arrogante, sou o pior deles. O crápula original com muito orgulho. Porem não confundam as coisas. Sempre digo que gosto de ter várias reputações contraditórias. E enquanto as pessoas se entretêm com isso, eu fico tranquilo e faço o que quero.
Sonia mudou da agua para o vinho. Foi até um dia que foi embora da cidade, pois iria trabalhar em um banco. Me perdi dela. Pela grandeza de seus sonhos financeiros, imaginei que tivesse conquistado tudo, o mundo. Nada é exatamente assim. O ser humano pode ser feliz onde está, e ainda que lhe faltem algumas coisas, se tiver em paz ele é milionário. Mas nunca percebemos assim. A ambição de Sonia era maior que sua inteligência. O contato com o dinheiro fácil e finalmente chegou a uma boa posição no banco.
Sua miséria mostrou as garras mais afiadas. Fez alguns procedimentos indevidos, desvios para ganhar mais e mais dinheiro, aqui e alí uma falcatrua. Foi descoberta, traída por seu sócio de trapaças. Os sócios se odeiam eternamente.
Vexame, humilhação, mentiras, defesas, ataques e demissão. Ela volta pra cidade natal. Como consequência, desenvolveu problemas depressivos naturais, mas sua miséria ainda não terminara. Processou o banco como culpado de seu precário estado de saúde. Devo admitir, uma bela atriz, a filha da puta pós graduada.
Quando a encontrei casualmente, estava muito magra, rosto encovado, algo triste e ainda assim, em seu intimo ainda brilhava aquela chama de breve insanidade. O que lamentei, mesmo com tudo isso, sua vida virado ao avesso, ainda não conseguiu entender quase nada. Não senti piedade. As coisas ás vezes são uma longa jornada, entender-se é um verdadeiro desafio. Não percebemos que por momentos, é preciso livrar-se de emoções daninhas por mais que nossos desejos apontem pra isso. Temos um apego mórbido as nossas dores, por serem portos conhecidos , tememos um mar aberto de possibilidades.
Quando terminamos de conversar, disse a ela que apenas lamentava. Mas ainda ela não havia entendido nada:
-O quanto mais você precisa perder Sonia? O que mais?
A pergunta foi como uma punhalada direta. Uma navalha se enterrando no peito, ela fica me olhando como se o silencio fosse feito de pedra. Ficamos ali nos observando mutuamente. Ela engole a seco uma gilete.
Não sinto vontade de falar mais nada, desejo me afastar. Por vezes merecemos o que nos acontece, mas não há crueldade nisso. A vida, a natureza são assim. O propósito sempre vai além do que concebemos, porem isso não faz sentido algum a nós objetivamente. Nossa fome é agora, nossa dor é agora, nosso querer é agora. Tudo que vemos é agora.


Luis Fabiano.

terça-feira, novembro 16, 2010

Agonia e gozo


Por momentos breves tenho uma vida tranquila. Em outros nem tanto. Porem não me considero vitima de nada. Detesto tal papel. Se sou vitima de algo, certamente é de mim mesmo.
De minhas loucuras, de minha flutuante instabilidade, com os que me cercam. Isso não me transtorna. Talvez antes sim. Quando ainda tinha rudimentos de uma consciência, e as pessoas ficavam indignadas comigo. Isso ainda é uma constante. Por minhas atitudes, pela minha falta de explicação. Eu ficava mais ou menos chateado. A porrada sempre no mesmo lugar, caleja.
Começo a entender que o diabo é o diabo, justamente porque é velho. Já pegou a malandragem de viver. Sabe que as coisas estão em constante mutação, e não espera muito. Não quero aprofundar muito isso. De algozes e vitimas. O fato de sermos vitimas de nós mesmos, nos transforma em algozes as vezes. Essa é a verdadeira ignorância.
É assim que as coisas acontecem. As pessoas vivem muito solitárias, portanto, em desespero constante. Sempre sei quando uma mulher esta em fuga da sua solidão. Ela carrega consigo uma agonia subjacente. Como um vulcão silencioso, um maremoto a espreita, um tornado embrionário. Ela é tão perigosa como triste.
Mulheres desesperadas. Eu deveria evita-las. Mas existe um filho da puta que mora em mim. Esse filho da puta é carinhoso, atencioso gosta do bailar da sedução e de boas trepadas. Como uma espécie de narcótico.
-Venha baby, vamos decolar em direção a puta que pariu. Suba em minha canoa furada e reme até onde der e afundaremos entre risos e lagrimas...
Bem ou mal, eu sempre me aproximo deste tipo. As vezes consigo dar-lhes felicidade, nem que seja por um tempo. Depois, depois e depois...acaba, me canso. Tenho várias doenças psicológicas. Uma delas é, que facilmente me canso das pessoas. Todas as pessoas. Porque em um dado instante, elas não tem mais nada a oferecer, e nem eu tenho algo mais a dar-lhes. Então é preciso alçar caminhos.
Geralmente é onde começam as injúrias. Onde tudo virá merda. Onde sou chamado de filho da puta. De falso, mentiroso, aproveitador, e outros tantos elogios passionais. Nunca deixei de dormir por causa disto.
Como disse, no inicio ainda ficava chateado. Hoje nem respondo mais, fico em silencio como um bom saco de pancadas. O saco de pancadas é um vencedor nato. Ele sempre está ali e você cansa de bater. Ele ganha.
Diga o que tem a dizer, e vá embora por favor. Tá tudo bem. Elas ainda vivem uma utopia de amor. Não estou sendo pessimista. Mas o amor “imaginado” não pode ser utópico. Nada de príncipes ou princesas em um mundo encantado.
Querem constância, um luar sempre cheio a noite, e estrelas que brilham. Não. O vento ama as flores, quando é brisa, e também quando é furacão. Mas quem entende o vento?
Será que o vento deve obedecer as nossas vontades? A brisa deve ser sempre brisa, querendo ou não. Queremos que o vento seja nosso? Que ele fique engarrafado e nos sirva. Assim fazemos com as pessoas, que muitas vezes que dizemos que amamos.
Um amor feito de grilhões fortes, de dever imposto. É isso que esperam uns dos outros. Que morramos encarcerados e juntos. Agradeço, prefiro o cárcere de minha solidão. Um cárcere cuja a chave está nas minhas próprias mãos.
Valescas, Júlias, Márcias e Marias. Todas assim. Gozavam lindamente até perceberem que não era eterno. Porra, eterno? Quem pode dar isso? Eu não. Falo de gozo mas não me refiro tão somente a sexo. Sexo sempre é a menor parte de tudo isso. O sexo, lavamos as partes que tiveram contato e tudo fica como sempre foi. Mas com as emoções não é bem assim. Não há como pega-las nas mãos, como expulsa-las, arranca-las de nossas entranhas, com um vomito ou cagando.
Elas são uma luta e paz. E o tempo a testemunha. Casualidade. Meu telefone toca agora atendo:
-Onde tu andas? Ta tudo bem? Porque não me ligou? Que tu fez no feriado? Não me queres mais? Estivesse com alguém?
-Agora estou escrevendo, ok?
-Me liga depois? Queria te ver. Fiquei esperando tu me convidar pra algo...sei la...Porque tu fazes isso?
-Eu não faço nada. Agora você esta em uma das minhas linhas por exemplo...
-Hã ? Minha xota esta com saudades de ti. Vem matar a saudade agora...vem...
-Não posso, tô tentando escrever algo, a obra imortal você sabe...
-Esquece isso, esquece e vem...
-Depois falamos. Leia o blog.
Desligo o telefone. Tanto desespero, tanto esforço pra nada. Sempre sei o resultado final deste jogo. Mas por hora chega. Vou tentar passar incólume. Não se convida um tornado para entrar em casa, e nem se tenta enjaular um tigre.
Gosto de rochedos que brigam com o mar.
Gosto de tudo como está.

Luís Fabiano.

segunda-feira, novembro 15, 2010

Zé Ramalho ( Ramalhão )

O artista é mais que um artista. Ele é uma espécie de catalizador Divino, que nos catapulta para o mais alto, para o mais nobre, que reside no ser humano. Não tenho como pensar diferente.
A noite fria, céu cinzento e sem estrelas, um vento profético no ar. O show de Zé Ramalho. Ele entra ovacionado pelas palmas, gritos e alarido. Um mestre entre nós. As musicas começam a desfilar, nos arrancando de meras cadeiras, entoando os hinos. Me sinto pronto para encontrar o Grande Arquiteto da vida!
Os signos e letras, repleto de significados, vão calando fundo, exatamente como o Ramalhão falou: ” Estamos em longa viagem, em direção a felicidade...” A felicidade já estava ali. A beira do mar: “Há peixes que lutam para se salvar, daqueles que caçam em mar nebuloso, e outros que devoram com gênio assombroso, as vidas que caem na beira do mar...
Dentro de mim tal colocação, que escuto a tantos anos ganha novo sentido.Mergulho ainda mais no mar. Agora sou mais um peixe devorando e sendo devorado pela vida.
Ze Ramalho e sua expressão de um semblante marcado, em meio a fumaça e luzes, parecia uma entidade se materializando, conduzindo-nos todos ao assombro da beleza.
Em um dado instante fecho os olhos, me torno o som, já não mais existe Luis Fabiano, tornei-me uma névoa singrando o universo, tudo que existe é a musica de Zé Ramalho.


Luis Fabiano.


Aqui abaixo um parte tão especial do Show,a energia foi algo.





 

sexta-feira, novembro 12, 2010

Fechando a semana de boa.Então coloco este cara que tem uma musica que a grande maioria das pessoas não gosta. Eu tambem não gosto, ou dependendo posso gostar.O contexto manda, não interessa porra nenhuma o que eu acho.
Mister Catra é um dos caras que aprecio,pode não ter uma grande atitude, mas ele tem estilo, nesta porra de mundo em todos fazem tudo igual o estilo é tudo.

Mais um demônio...


Vez ou outra o demônio vem me visitar. Foi exatamente o que pensei quando olhei para cara de Antônia. Os olhos estavam revirados, via-se apenas o branco. Um efeito especial natural. Ela berrava, dizendo que era uma deusa egípcia do passado. Não lembro o nome.
Não me assustei. Nunca tive medo destas coisas, possessões, incorporações, vodu, magia dos infernos e a porra toda. Antônia sempre tivera esses papos estranhos. Talvez a idade estivesse chegando e com ela alguma insanidade. Dentro dela, havia mais lixo atômico que Chernobyl. Tonelada de frustrações, filhos fudidos que esqueceram que ela existia, algumas internações no manicômio local, e nunca mais foi a mesma. Afinal merdas acontecem. E eu ali.
Nos conhecemos através de uma outra amiga minha. Que disse algo assim:
-Conheço a pessoa certa pra ti! Uma coroa muito louca vais adorar...
Acho estranho quando as pessoas dizem que vou adorar isso e aquilo, quando eu mesmo nem sei do que gosto. Pra mim as informações de gosto, dependem de contexto e outras coisas. O que hoje é bom, amanha talvez não seja. É assim que observo a vida, uma idéia flutuante.
Eu apenas respondi: OK, chame-a.
Nosso primeiro encontro não foi necessariamente um romance. Duas cervejas depois ela estava com as pernas abertas dentro do carro, e eu acariciava uma buceta completamente careca, o que não faz meu estilo. Gosto de pelos. Mas com cerveja, quase tudo na vida torna-se tolerável. Não se fez de rogada, e fomos parar em sua casa.
Na entrada casa, depois que entramos na porta, ela saca um punhal e diz:
-Isso aqui é a proteção da casa.
Concordei, achando a colocação uma das mais idiotas que eu ouvi. Era apenas um indicio. No quarto nos despimos rapidamente.
E comecei a trabalhar aquele corpo de sessenta anos. Até que não estava mal. Algumas coisas estavam firmes, tinha feito algumas plásticas. A pele muito branca e esticada, dava-me a sensação que algo não era verdadeira. Ela queria elogios, e eu uma boa foda. Ficou zero a zero.
Nos tornamos mais ou menos amigos. Ela dizia que me achava um bom papo. Eu a achava curisosa e louca. Porem ,o ser humano não demora muito a mostrar os dentes. Tudo é uma questão de qual o botão certo apertar.
Tenho por prática apertar vários, é proposital, gosto de saber o que incomoda, e geralmente fico ali, causando uma leve tortura repleta de mel. Posso até dizer que esse é o segredo da paixão e de alguns amores. Por que o ser humano é profundamente apegado as suas dores, e se você coloca uma pressão ali, o suficiente para lembrar que dói, e faz isso de uma forma carinhosa, os instintos fazem o resto acontecer. Quase uma arte da natureza. Puta merda, nossa tolice é uma coisa infinita.
Passei a frequentar a casa dela, em doses homeopáticas. Isso era agradável, conversamos um pouco, bebíamos vinho, ela se despia, eu não precisava pagar nada. Trepavamos trocando juras de amor eterno, ela se satisfazia, eu também.
Porem até que chegamos a este dia fatídico, em que o demônio apareceu por lá. Não estou fazendo trocadilho barato. Neste caso especifico o demônio tem forma de mulher.
Quando cheguei a sua casa, já a encontrei completamente nua e bêbada. Abriu a porta assim, falando com língua pesada. Achei engraçado. Ela não se escondeu atrás da porta, eu aproveitei e abri mais ainda, e algumas pessoas passaram, gritaram alguma coisa elogiosa como: e ai velha puta!!
Ela responde e eu entro. Naquele dia não teve papo. Fomos para o quarto fui tirando a roupa no caminho, por fim a cama. Subi nela e comecei a trabalhar leve. Ela gritava coisas caóticas. Então revira os olhos e começa a falar com uma voz rouca, dizendo que era a rainha egípcia. Não dei bola, ela poderia ser a puta que pariu. Então ela crava as unhas afiadas em minhas costas. Uma dor forte, digo:
-Hey baby, pare com isso, doeu.
-Eu sou a rainha, e tu meu servo, servooo.
Estou acostumado com situações sadomaso. A voz rouca dela, olhos revirados e aquelas unhas, a coisa estava um pouco estranha.
Ela diz:
-Agora tu vais morrer servo, eu te imolarei aos deuses, agora...
-Calma aí senhora rainha da porra, aqui não vai ninguém morrer, pode ter certeza.
Não preciso dizer que nessa hora, passei a crer que o demônio estava ali. Pelos motivos narrados. Ela me apertava forte. As unhas cravadas nas costas e senti um filete de sangue escorrer.
-Seguinte rainha do egito, para agora, ou a coisa vai ficar preta...(no meu caso pura redundância.)
-Tu és servo, servoooo...e morreraaaaas.
Achei que aquilo estava um pouco demais. Ela estragou uma bela foda. Então em um movimento rápido, a segurei pelo pescoço. O demônio ia ficar sem ar. Comecei a apertar de leve, tinha um certo controle, e fui apertando devagar, pra ver até onde ia o circo.
Sentia seu coração batendo nas veias entumecidas, e o rosto desfigurado. Não posso dizer que é uma cena linda, ela respirava agora com certa dificuldade, mas estava longe de morrer. Era tranquilo. Por fim os olhos dela voltam ao normal, e a voz parece ser dela. Alivei a mão.
-Então baby é você mesma ?
-Sim, sim, obrigada...sim..
Comecei a rir, do agradecimento. Eu sou agora um exorcista de demônio, eu sou da porra, eu pensei, agora:
-Você tem cerveja em casa?
-La na geladeira, pega lá. Mas eu não beberei mais nada, por hoje chega estou com dor de cabeça.
-Ok, você que sabe.
Pego a cerveja, volto ao quarto. Ela se cobre, sente-se envergonhada. No pescoço vejo um pequeno hematoma. Coisas do amor. Tomo aquela cerveja em silencio. Havia naquele momento uma espécie de ressaca moral, da parte dela.
Ressaca por ser fraca, por pensar nestas coisas espirituais e ao mesmo tempo não acreditar em nada, por sua loucura e carência. Sabemos quando fica uma tristeza no ar. Ela sentia-se constrangida da minha presença.
Juntei minha roupas do chão. Não queria explorar mais nada. Chegava de verdades densas. Tenho em mim um quê de loucura, e isso me aproxima tipos estranhos. Eu não sentia nada. Antes de sair, a olhei nos olhos. E pensei, muitas vezes as pessoas procuram as coisas nos lugares errados. Achar o ouro da existência nunca foi fácil, se queremos um pouco de amor, um pouco de autoconhecimento, um pouco de felicidade é preciso também estar disposto a sacrificar coisas.

Luis Fabiano.

quinta-feira, novembro 11, 2010

Audio Poema: Aprisionado
Extraído da obra - O Amor é um Cão dos Diabos
Charles Bukowski


Lembranças de chumbo

Não tenho gostado de minhas memórias. Elas em se revelado surpreendentes e fatais. E tenho uma opinião clara sobre surpresas. Não gosto. As vezes pode ser, mas prefiro que as coisas sejam como sejam, como um mar ondulante ao amanhecer.
Mas desde quando a vida é um mar ondulante? Quase nunca o é. Tudo bem, que seja. Sempre tem algo acontecendo, algo que esta estertorando como um maremoto em minha vida, nas vidas das pessoas que me cercam e no mundo a delirar.
O exercício de lembrar, tem me feito desenterrar coisas que estavam mortas dentro de mim. Emoções soterradas. E algumas coisas ganham uma nova explicação, talvez a luz da fresca verdade. E o que era aparentemente muito bom, ora revela-se na verdade uma tragédia pessoal. Feita de abismos e derrotas que se sucederam. Fico tranquilo, as vezes eu mesmo sou um peixe no aquário.
Em um breve retrospecto, não me recordo de ter ganho nada. De ter sido um vencedor em alguma coisa. Nenhum campeonato de nada, sempre fiquei em terceiro ou ultimo. Nos primeiros anos de vida isso ficou muito claro. A escola, que foi uma espécie de aprendizado inverso. Entre as quatro operações matemáticas e letras do alfabeto, descobri a clandestinidade dos banheiros. Pedaços de minha inocência.
Íamos para lá fumar escondido. Muito cedo aprendi as coisas piores ou melhores da vida. Porem por uma qualidade, ou defeito de minha alma, sempre fui invulnerável a vícios. E tentei vários tipos. Estranhamente, meus colegas daquela época, a grande maioria já morto, se viciaram em cigarros, bebidas, drogas e outros tantos pecados da alma humana.
Meu corpo não aceitava dependência nada. Mais tarde ví que tal invulnerabilidade também era algo também emocional. Ficava claro pra mim, o quão era difícil ás pessoas me tocarem de alguma forma. Era impermeável a tudo. Como se minhas emoções, fossem feitas de matéria plástica ou silicone. Muito de mim é assim ainda hoje.
Não considero quase ninguém. E talvez uma ou duas pessoas me conheçam bem o suficiente. O resto deduz, ou como a grande maioria me chamam de louco, de fraco, de fudido e outros tantos elogios que sempre me ajudaram muito. Isso faz parte de não dependência. As ofensas nunca significaram nada pra mim. Não conseguia sentir raiva, ou olhava a pessoa dizendo tudo aquilo e me odiando. Olhava sua boca retorcida ofendendo e ficava em silencio, a emoção era tão rasa, que simplesmente não valia a pena revidar. Impermeável ao que era ruim e também ao que era bom.
Havia uma distancia entre minha pessoa e os vícios, entre mim e todas as pessoas. Não lembro de ter me empenhado por ninguém, de ter dado as tripas por algo, não existiu ninguém. E mesmo com tantos “amores” que tive, mesmo elas jamais conseguiram atingir meu centro. Tudo que fiz, e como fiz sempre representou muito pouco em relação ao que poderia fazer. Mas as pessoas sempre se contentavam com pouco, na verdade com quase nada. Ficavam felizes, e eu viviva a minha tentativa de normalidade, de felicidade. Até que tudo perdia o sentido.
Poderia mentir para todas as pessoas a minha volta serenamente, mas não para mim. Então, como um animal, saía correndo tentando respirar, como se o ar estivesse acabando, enchia os pulmões plenamente, voltava a floresta. E começava do zero novamente.
Claro, hoje estas coisas estão mais claras. Mas naqueles períodos, era como andar na neblina de meus labirintos. Tudo apenas uma idéia.
Tinha ideais, alguns até bem bonitos, eu lembro, mas ante a realidade humana, eles iam se desfazendo, perdendo a forma, convertendo-se em borrões. Hoje ideais são apenas ideais. Não espero que a realidade ordinária de minha vida seja semelhante a eles.
Creio mesmo que meus ideais, são vôo leve, e a realidade as asas. O ideal é brisa, a realidade o tornado. O ideal é emoção, a realidade as lágrimas. O ideal uma esperança perene, a realidade, é difícil, sempre dificil.
Não estou reclamando nada. É preciso estar em paz, onde for, como for, com quem for. Por que, mesmo tempestades possuem beleza. A guerra da embarcação com o mar bravo, tentando vence-lo, tentando tornar-se herói. A beleza esta ali, na intensão firme de sobreviver e chegar em segurança, de volta ao lar e dar o abraço,aquele quase perdido abraço.

Luís Fabiano.
A paz não é a pomba.

quarta-feira, novembro 10, 2010

Sanidade evaporada

Hoje nem bares ou bebedeiras
Nem xoxotas pestilentas
E buracos infectos com restos humanos
Hoje quero respirar um pouco
Me agarrar aos fiapos das estrelas
Como beijos de uma esperança
Ou o longínquo olhar do adeus
Possivelmente não queira mergulhar ainda mais
Em minhas sombras
Deixar a sobriedade me contaminar
Não durará muito
Eu sei
A sanidade é a pior patologia do ser humano
Vamos aceitando o inaceitável
Engolindo pedaços de merda
Como barra integrais suculentas
Sorrindo, sorrisos ocos
Assim gostamos
Pensando bem
creio que já estou saturado
De tanta harmonia
Com alegria volto aos bares
A cerveja ou vinho
Remédios que me arrancam desta doença
Tanta sobriedade é um porre

Luis Fabiano

terça-feira, novembro 09, 2010

Máquina de Desgraças


Quando a vi gravida, pela enésima vez
Senti raiva instantânea
Uma recém mulher, parindo crianças
Como uma máquina de refrigerante
Coloque a moeda...
Remando em um mar de dificuldades
Pra que? Porque ?
Ela sorria com a barriga de balão
Mais um condenadinho a miséria vem ao mundo
Ela gostava do esporte
Eu tentava entender
O mundo estava cagando
Enquanto tudo acontecia
Trepei com ela
Nos períodos que estava grávida de outros
Pedia pra ser mau, mas não sou quando pedem
Tudo diversão, e não passaria disso
Sempre gostei de trepar com gravidas
Ficam mais suaves, doces e lentas
E mesmo por um breve instante
Ela era ternura prazerosa
Depois?
Mais e mais problemas
Crianças por todos os lados e raiva
Agora dedica-se a outros tipos vícios
Gosto de sua coerência
A desgraça sempre deve ser completa
Impiedosa e sem esperanças
Nós assistimos seu fim lento
Carcomida pelas escolhas, como todos somos
Filhos que misturam-se ao lixo
Emoções como um balanço louco
Ora céu ora inferno
Uma merda infindável
Ela se vai
Como um barco avariado afundando em alto mar
Poesia triste
Não posso fazer nada
Nada
Tem horas que a vida é assim
Fatal.


Luis Fabiano.


segunda-feira, novembro 08, 2010

Dica de Filme: Machete - Robert Rodriguez


O filme é a saga de um mexicano (Danny Trejo), em sua jornada por uma vingança justa. A expressão de Machete, é a do cara mau com coração. Do tipo, “não foda comigo, que eu não fodo com você.” Entre outras tiradas sensacionais.
O diretor, Robert Rodriguez é intimo amigo de Tarantino, seguindo a mesma tendência de filmes de baixo orçamento, pegando os expectadores por diálogos longos, complexos e marcantes.
Cabe colocar como curiosidade, que o primeiro filme de Rodriguez (A Balada do Pistoleiro) foi financiado de uma maneira bastante incomum. Ele se ofereceu como cobaia humana para experimentos científicos...é preciso dizer mais alguma coisa?
O resto o  filme fala por sí. Veja e curta, ou não veja porra nenhuma!

Luis Fabiano.

sábado, novembro 06, 2010

Galhos de um brilho

Vestida como célebre matadora
Ar de desafio
Roupas que mal tocavam o corpo
Aquilo era fantástico
Leveza repleta de contradições
Gozo só de vê-la assim
Como se o vento passasse entre seu vestido
Tudo aparência
De perto, perdia o brilho
Esfumava-se em merda comum
Talvez assim sejam as estrelas
E todas as mentiras que gostamos de crer
Brilho de um instante carinhoso
Hausto de eternidade
Por bom que seja, nos encanta
Preenche todos os espaços
E pouco importa que na lua
Não exista absolutamente nada
Que muitas destas estrelas que olhamos enamorados
Nem sequer existam mais
Você está ali
Agarrado aos raros instantes que a vida brilha
É bom
Ela levanta-se, e se vai com o vento

Luis Fabiano.