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terça-feira, julho 31, 2012


Pérola do dia:


“ No amor, não existe prazo ou parcela... tem que ser a vista.”




Mandrake – Episódio 13 – Alma.



Navalhadas Curtas: Chato incrivelmente Chato

O bar estende seu tapete vermelho invisível. Como uma valsa de desgraçados de toda espécie, brilhando em uma noite vazia, bebendo, drogando-se, sorrindo e fudendo as esperanças tórridas.

Goles de um vinho ordinário embalam minha noite. Importante quebrar toda a rotina.
Então  o Cara entra. Chamando muito atenção pelo tamanho, musculoso, bombado tipo pittbull, jeito aberrante de vestir. Verde limão é foda...mas...

Então se senta-se à mesa do meio. Liga o celular despertando, como se estivesse acordando pela manhã... Sorria sozinho como um idiota ao som do insuportável despertador...
E essa agora? Tem cada um.

Aquilo foi irritando os frequentadores... Mas existia o problema, o tamanho do cara... Sabem como é... dependendo de quem é, dosamos nossa irritação. Eu estava bêbedo... e um pouco disposto, mas não tão louco. Educação as vezes resolve.

-Boa noite cidadão... Poderia conversar com o amigo um instante?
-Beleza... Qual é meu?
-Relaxa camarada... Seguinte, será que tu poderias parar o teu celular? Tá fazendo isso há quinze minutos... porra...alivia meu irmão...
-Tais dizendo que não gosta do meu telefone?
-Não, teu celuba é bacana... mas acho que todos já estamos despertos... sabe, beber tranquilos...
-Sei... E seu não desliga? O que vai acontece?(falando alto para todos ouvirem)

Já tava me sentindo um pouco injuriado... tamanho não é documento... E sabe como é... todos os homens tem bolas...pelo menos duas... ao menos os normais...
-Nada não cara, apenas eu vou embora, a cidade tem outros bares, eu me mando, deixa assim...
-Então te manda otário...

Nestas horas é bom não ter uma arma. Me mandei... Mas vocês sabem como é... o diabo nunca anda sozinho. Quando eu tava saindo na porta, um velho bebum dali me disse:
-Fabiano... Tá vendo aquele carro ali, prateado, é do fortão ai...há, há,há...
Sorri...

Eu estava com uma chave muito aguda nas mãos... A vingança é um prato que se come com tempo.


Luís Fabiano.


segunda-feira, julho 30, 2012





Consciência do mal

Como cordas que balançam
Em jogo inocente
Tudo parece lindo e fácil demais, ledo engano...
Raramente percebemos nossas garras e dentes
Entrando fundo no silencio transtornado de outros
Como uma dor que não existe
Batidas que se repetem sem brilho
Archotes que se apagam com o vento

O tempo me tornou um saco de boxe
Raramente algo dói, raramente acho que vale reagir também
O que dizem entre dentes...
O que fazem em oculto...
E, sobretudo o que sentem...
Serão sempre dardos agudos na pele alheia...
Ainda que não exista reação

O teu olhar de desdém
Sorriso do Paraguai
Cumprimentos feitos de bílis
O suporte que fraqueja ante os golpes sucessivos do cotidiano
Ferrugem natural, crescendo nas dobras caladas
Palavra feita de adagas cravadas nas costas
A espera do final feliz

Triste pensar que isso é o natural
Passos do incomodo traçados
Em nossas sombras latentes
Quando precisamos ir um pouco mais além...
Negociando consigo mesmo
O fausto que mora em nós vendendo a alma ao demônio

Mas fique tranquilo
Isso não deve ser uma briga
Mas um perene afago no equilíbrio humano
As peças que o mundo precisa
Dançando entre o amor e os problemas
Flecha tentando acertar o alvo
Mas não entendemos muito bem
Quem é a flecha ou tão pouco o arqueiro


Luís Fabiano.


sábado, julho 28, 2012


Pérola do dia:


“ Como o primeiro sutiã, a primeira xoxota nunca se esquece...”

Luís Fabiano

quinta-feira, julho 26, 2012


- Momento Mestre -

Bukowski   Tapes # 11



Mergulho em ti
Vicio enrodilhado em minha alma
Bebo-te com felpas de carinho
Sou a lâmina, o dente e a garra...
A procura do descanso

Luís Fabiano

quarta-feira, julho 25, 2012

- Áudio Poema -

Trançando Ecos 
Edição Luís Fabiano



Pérola do dia:

" As pessoas só são humildes na doença."

Luís Fabiano

terça-feira, julho 24, 2012




Navalhadas Curtas: Nocaute Feminino

Ela havia fumado não sei quantas pedras.
Agora resolveu complicar no bar. Não gosto de drogados que não sabem se drogar. Não sei o que ela queria afinal... agitando o local, gritando esperando que alguém trepasse com aquele rabo esquelético? Acho que não.
Então a dona do bar resolveu acabar com aquilo, tava demais:
-Vai embora Vera... Vai, se não o bixo vai pegar pra ti... to avisando.
-Há,há,há... Sai daqui o machorrona filha da puta... há, há,há... Tu não podes nem com tuas banhas... Vaca...
Eu gosto do UFC, e ao que parece eu havia comprado meu ingresso na primeira fila.
Então a atendente saiu de detrás do balcão com uma barra de ferro na mão... E Vera estupidamente a encarou como um macho estupido... Mas não deu muito certo... A barra acertou nos rins... Vera desabou... Boa. Não me meto em briga de mulheres.
Agora Vera era um cachorro atropelado uivando no chão, parecia justo... Mas não era bonito. Mas ficamos todos parados, estamos acostumados com a violência.
Era como se tivéssemos vendo televisão em casa.

Luís Fabiano.

segunda-feira, julho 23, 2012


Dica de Filme - Violeta foi para o Céu - 2012 (Violeta se fue a los cielos)


O filme é um grito latino, em uma voz que não cala jamais.
Passeando pela vida da cantora folclórica Violeta Parra, suas dores, suas perdas e uma capacidade imensa expor sua alma, pelas vias da arte, mesmo quando tudo, absolutamente tudo esta rumando contra ela.
A música está presente durante toda a película. Os acordes saídos da simplicidade, cantando as coisas mais simples que nos regem a todos: a vida, o amor, a dor, a felicidade e a morte.
Quando vi o filme ontem... impossível conter a emoção, e ao terminar em meu coração e minha alma, a musica de Violeta ficou reverberando, como uma serpente inquieta a procura de aprisco.
O filme é arrebatador. Veja o quanto antes.

Luís Fabiano.



Cães de rua famintos
Os gritos rascantes de um asfalto quente
Minha vida e tua vida
Passando indiferente
Um próximo passo sem uivos.

Luís Fabiano


Ilusões Viscosas, Glenda e uma promessa falsa
Parte - II 


Você sabe quando um peixe esta fisgado? As vezes sim, a linha da sinais... algo puxa com suavidade, uma caricia com desejos latentes... Naturalmente, depende do tamanho do peixe. Glenda era um peixe bom... Havia promessas entre os silêncios.

Gosto disso, um jogo calado repleto de uma sensualidade latente... Na verdade eu digo que isso as vezes, chega a ser melhor que uma foda. As preliminares da mente, a imaginação focando o futuro... Enquanto mãos, pernas, braços apenas se tocam com delicadeza... uma dança feita de longe, que me deixava de pau duro, e provocava sorrisinhos fáceis em Glenda.

E esse nome? Glenda? Foda-se. Ninguém é perfeito.
Renê como uma espécie de víbora, ficou de longe analisando a situação. Parecia aborrecida. Ela havia resolvido uma briga, por causa de uma mulher ou um cara, não entendi bem... As pessoas se alteram, são passionais, detesto passionais.

Jamais fiz ou farei uma cena por causa de ciúme. Acho deselegante e chato. nunca mataria alguém por ter sido corneado ou algo assim. Não sou nada passional. Mataria alguém talvez por vingança, mas seria um ato frio, calmo feito pra provocar dor profunda, e uma morte agonizante. Essa é a diversão da coisa, matar por matar é besteira infantil.

Glenda estava bem próxima.
-E então Fabiano... que tu fazes pra viver?
-Faço coisas idiotas... Trabalho com informática...
-Faz programas?
-Faço, tu pagas bem?
-Claro que sim... tu garantes o serviço?
-Claro baby...

Rituais de acasalamento de cansam. Ela tinha boas tetas, um bom cu, excelentes pernas e um olhar triste e vago. No meu tosco entender, deveríamos acabar com as preliminares e partir para o fim.

Um sexo rasgado, bem molhadinho entre risos e um gozo no final, o gol. Vida simples. Relaxei, que fosse assim. Os braços dela naquele vestido, indicavam que malhava, braços fortes. Isso me atrai, ela parecia estar no limbo. 

Cheguei a pensar que gostava de mulher. Gosto de mulheres que gostam de mulheres, costumam ser mais sensíveis que as outras.
Meu interesse pela festa já havia se ido. Que festa? Que Renê? Então quando menos esperava, Glenda me beija com força... Pegando-me pela cintura, enfiando a língua imensa em minha boca. E que boca. Rasgada, enorme como uma imensa buceta de encantos. Aquilo foi dinamite pura. Talvez ela tivesse lendo meus pensamentos... Gosto de mulheres assim.

Então ela foi me empurrando contra a parede... me pressionando tentando sugar meu ar complemente. Minhas mãos passeavam por aquela bunda esplendida... Colocando sua perna entre as minhas, esfregando o corpo como uma serpente gostosa... Ela queria me comer. Quando o beijo terminou... Ela fica me olhando com aqueles olhos tristes... Naquele instante pouco interessava o universo, as crianças famintas que morriam do outro lado do mundo, as guerras destruindo inocentes, os doentes terminais extinguindo lentamente a vida. Foda-se o mundo, eu quero é foder com a agonia, rasgar a loucura afagando a insanidade, num mar de gozo. Eu um verme luminoso ensebado, deslizando em canos de esgoto, merda, sangue, ranho e lagrimas, o delírio enrodilhado clamando preces na tentativa de salvar alguma coisa.

Arrastei Glenda para o banheiro. Não havia tempo a perder, eu estava com uma ereção fantástica, foderia o sol se houvesse possibilidade. Eu conhecia a casa de Renê, eu fui para seu quarto, tem um banheiro particular... Lá não seriamos perturbados. O abuso já havia ocorrido... Que ela poderia fazer? 

Subimos as escadas. No banheiro espaçoso de Renê, de frente a um espelho grande... Recomeçamos o amasso.
Fui erguendo o vestindo de Glenda... Revelando uma calcinha branca fio dental branca... toda em renda, gosto disso, gosto da maneira como a calcinha toca o corpo da mulher...minha mão escorrendo pelo seu rego... 

Então a virei de costas... Baixando a calcinha... Nem sei se ela era tão fantástica assim... mas a vida, o momento, o instante transformam tudo em único.
Quando fui enfiar na xoxota Glenda disse: não, aí... no cu...eu gosto é no cu...
Que seja feita a vossa vontade... Entrei fundo, não resisti e no final... Aquele cabelo loiro brilhando a luz do espelho, puxei com força... Muita força... E... 

Arranquei o cabelo? Sim... tudo, acho que arranquei a cabeça de Glenda. Ela mostrava um careca mais brilhante que minha cabeça raspada... E essa?
Aquilo gerou um estado nervoso em Glenda... Ela tirou o pau rapidamente de dentro dela, e se virou. Não preciso dizer que naquele instante tive duvidas se Glenda em verdade não era Glendo?

Mas não... Eu havia tocado naquela xoxota. Ficamos em silencio ridículo, eu de calças arriadas, ela de vestido erguido e calcinha rasgada... Eu com sua peruca loira em minha mão esquerda. Bom qual seria o próximo passo?

-Fabiano... tu poderias devolver o meu cabelo?
-Claro... Desculpe, eu me empolguei...
-Tudo bem, eu deveria ter contado com isso... É hoje é a primeira vez que saio em muitos meses de tratamento - disse isso erguendo calcinha em frangalhos, baixando o vestido, deixando a peruca sobre uma mesinha.
-Mas você tem...
-Tenho... Câncer cara... Quase tudo em mim é falso... De silicone... Ta vendo estas tetas?Falsas... bunda falsa, cabelo falso...

A vida deve ser uma grande surpresa. A verdade é um assalto inesperado, um soco de boxe, a mordida de um pittbull, e talvez eu esteja ficando meio sádico com a idade. Não me sentia surpreso, reajo com a frieza de um serial killer... Porem não de todo. Eu queria saber a fundo aquela historia, uma vez que a trepada... Bem... Ao menos gozamos uma vez.

Glenda coloca a cabeça no lugar. Por isso o cabelo era tão lindo... Porra fiquei pensando em todas as musas de revistas nuas... Quanto retoque de photoshop tem? O que sobra de verdade nisso? Glenda parecia de verdade... 
Linda demais para ser verdadeira... Esse é o ponto.

Quando por fim estava arrumada novamente... Foi que percebi Renê nos olhando de longe, muda, olhar carregado... A porta do banheiro estava aberta:
-Cara que tu pensando?
-Se acalme Renê... Não foi nada demais, coisas do amor... Quantas vezes fizemos isso aqui?
-Cara, mas aí tu tava fazendo comigo... No meu quarto, no meu banheiro, minha casa... Porra tu tá loco, meu?

As drogas dinamitavam o que sobrou da mente dela... A deixavam mais maluca que já era... E emoções feridas, são drogas pesadas capazes de destruir tudo a volta... Ela tinha sangue nos olhos... E veio pra cima de mim, com uma raiva que parecia real.

Que merda, malditas relações fudidas que fodem a vida... Detesto isso, já tive doses de desequilíbrio o suficiente em minha vida. Glenda... Era inexperiente... Parecia assustada num canto.
Eu segurei Rene contra meu peito, impedindo que ela me agredisse ou se machucasse, estava louca. Segurei sua cabeça apertando forte, num abraço paterno de um enfermeiro de hospício. Ela começou a chorar.

-Calma minha filha... Calma... Tudo vai ficar em paz... Aquilo que vemos, dói... Uma dor que repercute, te calma. Existem coisas que não tem importância... Calma...
Ela parecia uma criança perdida.
-Fabiano... eu quero que todos vão embora...todos...quero ficar sozinha... Manda eles embora...
-Tudo bem... Renê deite aqui na cama... Eles já vão embora.

Ela deitou e parecia esgotada, sabe-se lá quanto tempo que não dormia... Ela fazia isso.. Sabem como é, boletas e bebidas...
Agora foi se apagando como uma vela gasta... Adormecendo com um semblante carregado. Deixei assim. Voltei para Glenda que era uma estatua muda. A noite havia feito uma curva vertiginosa, porra, porque eu não fui pra casa? As coisas podem ser mais simples.

-Glenda, desculpe tudo isso... E pelo cabelo também...eu...
-Tá tudo bem Fabiano... Tu viste minhas fraquezas hoje...
-Acho que não... vi o que é denso e forte em ti... A grande maioria das 
pessoas não percebe, mas esta doente... Nem sempre é visível...

Ela sorriu triste. Talvez minhas palavras soassem vazias demais para suas dores, uma ponte frágil, feita de teias que tremiam a menor das brisas. Estranho como somos, fraturas caladas de um coração humano. Fiquei lembrando de minhas coisas... Não tenho pretensão alguma, apenas gostaria que as tormentas se acalmassem, que uma brisa quente e suave soprasse no de rosto todos... é possível?

Renê adormeceu, e fui saindo com Glenda do quarto.
-Fabiano, não quero encher teu saco com minhas historias... por hoje chega...
-Tudo bem... Sei como é, sou um tipo duro também...

Talvez eu devesse ir também, é preciso saber quando se está no lucro, não sou de forçar nada. Tanta sobriedade me irritava, mas a arrastaria para minha casa aquela noite, sozinho.

Luís Fabiano.

domingo, julho 22, 2012


Pérola do dia :


“ A verdade é uma serpente silenciosa em canto escuro,
aguardando a oportunidade para te picar”.

Luís Fabiano

sábado, julho 21, 2012


Momento Boa Música

Pra mim, cantar já é maravilhoso.
Eu não conheci Mercedes Sosa pessoalmente, mas conheço alguém que a conheceu. E ela me disse nestes termos:
-Aquela mulher era maravilhosa, só a sua presença enchia o ambiente com sua energia, ela tinha uma aura linda e profunda...
Fiquei olhando, e ela tinha razão.
Mercedes emociona a todos, deixo aí Mercedes Sosa e Lila Downs - Razon de Vivir.


Pérola do dia :


“ Eu sou leoa, não tenho medo de gatinha...”

Frase ouvida no Kaô Bar.

sexta-feira, julho 20, 2012


Trecho Solto...

“-Quando eles chegarem aqui, vão me tirar, invadirão a casa e destruirão tudo em dois dias. Sem direito a reclamações, porque para ele eu sou um fantasma invisível, lixo social da pior espécie. 


Enquanto não chega este momento, desfruto minha liberdade. Vivo com poetas, com as lésbicas, com os artistas e os músicos, com bofinhos jovens e encantadores, com os trovadores e seus violões, com bêbados e maconheiros, com putas e loucos. Enfim, a vida decadente. O fim do burguês. O inferno.E a felicidade, querido, viver na terra de ninguém, no meio do fogo.


-Enquanto dure.
-É, até quando Deus quiser. Depois aceitarei humildemente meu destino. O pais todo esta indo para a vulgaridade. Todo aquele quem tiver pensamentos próprios será condenado. Mais cedo ou mais tarde será condenado. É um caos Kafkiano, um labirinto sem saída. O desprezo total.
-Não seja dramático. Tem de ser mais esportivo.
-Não estou sendo dramático. A coisa é dramática. Não diga frasezinhas frívolas para tirar a importância do que eu estou dizendo. Vivemos num labirinto Kafkiano. Nunca se esqueça disso”.

Extraído da Obra -  O Ninho da Serpente de Pedro Juan Gutierrez



Quebra-se o cristal...
Em ferida que racha o silencio
Deitado em nevoas de um carinho
Respiro o abraço do teu sorriso
O alivio de dias densos

Luís Fabiano





Ilusões Viscosas, Glenda e uma promessa falsa
Parte - I

As vezes se é um rato numa ratoeira. Você acha que tá dando as cartas, mas a real que não é bem assim. E por mais nítidas que as coisas sejam, certeza absoluta nunca existe.


Não é possível penetrar tão fundo na mente humana, e saber a exaustão o que anima esta ou aquela emoção. Talvez melhor assim. Mente impenetrável, os buracos de minhoca lacrados nos protegem, e nós tateando em uma semiescuridão, um entre todos os tolos viscerais.
Essa é a nossa relação com os outros.


Eu estava prestes a terminar meu expediente de trabalho... Pensava no que viria a seguir... Um depois, cheio de esperanças ou ruinas, nunca se sabe... O próximo capitulo se desenhando sempre a cada passo... Gosto disso, talvez horizontes calmos, talvez felicidade. Uma bebedeira capaz de converter a dor, o estresse em sementes pacificas do sempre.
Nem tão puro assim... Nem tão mal assim, uma mutação perene.


O maldito telefone toca. O nome de Renê brilha no celular. Acho que o único lugar que Renê brilha.
-Fala Renê... A que devo a honra?


Renê esta feliz demais, falante demais, chapada demais. Gosto dela com alguma distancia, como gosto da maioria das pessoas que conheço. Ela é destas putas convictas... Uma quarentona inteira e maluca. As vezes da umas festinhas na sua casa. Reúne varias tribos. Ela gosta disso. Gosta do espetáculo, gosta de ver o circo pegar fogo... Fica de camarote vip assistindo as coisas acontecerem, enquanto a sua volta tudo caminha para o caos. A incendiaria tarada. Uma meditante indiana às avessas, concentrando suas forças para o pior. Gosto da autenticidade seja no que for.


-Fabiano... Meu amor, meu lindo, meu tesão... que saudade de ti... Me diz já, tu tá livre pra mim hoje?
-Que isso Renê... To com cara de taxi?... Porra... Bem, se tiver bebida, to dentro...
-É claro que tem a que tu gostas e outras... E tem outras coisitas também...
-Hum, hum Interessante...
-Que resposta comportada Fabiano... Ta todo certinho hoje? Tu és bipolar cara... Tudo bem... Que se foda... Vem pra o pessoal tá chegando.
-Tudo bem... até mais.


Desliguei o telefone e me sentia tranquilo. Sou assim, não tenho assaltos emocionais, arroubos de euforia extrema. Fiquei pensando se iria ou não. Lancei os dados pra cima, e fui até o estacionamento e peguei o Kadett, fui pra casa de Renê.


Quando chego ao local, aquilo parecia um Vesúvio em erupção. Rene havia transformado seu cafofo num festa grande. Gente para todos os lados, rindo vazio e bebendo. O lugar era bem formado, a casa era grande. Uma herança de pais que um dia tiveram grana, agora estavam jogados em um asilo, Rene a “super-foderosa”, tomou conta daquilo. Ela é rápida, sempre foi. Por isso nossa relação não envolve confiança. 


Usamo-nos um ao outro, como seringas sujas descartáveis, injetamos veneno puro, e deixamos a coisa acontecer e depois... Bem, nunca existe depois. Neste mundo... É preciso saber com quem se pode contar, e uma noticia das melhores... Não podemos contar com quase ninguém.


Uma coisa era inegável, eu gostava do estilo dela. Cuidava-se, vestia-se bem e era completamente desequilibrada, cabelos bem alinhados muito pelo na xoxota descolorida. Como já disse suas festinhas, terminavam sempre com gente trepando na sua sala, quarto, banheiro... Bêbados, drogados, adormecidos estuprados e coisas assim... Ela ria.


Rene me recebe na porta:
-Então seu Luís Fabiano... Tu veio né... A casa é tua, o teu rum esta guardado... eu busco pra ti... uma pedrinha de gelo né?
-É... Existem coisas que não mudam...
-Eu sei... Que bom, só vou te trazer o rum, mas de calcinha branca e camiseta não dá, porque ta muito frio... Mas é isso que tu gostas... eu sei... só eu sei...
-É... Tudo bem, relaxa, o fato de ter rum na casa já é um carinho.


Ela sorriu e foi buscar a bebida. A musica estava alta, aquilo iria dar merda com os vizinhos. Na ultima vez a policia veio duas vezes. Em, foda-se a casa não é minha. Alguns dançavam, dança estranha, mexiam o corpo em um ritmo que nada tinha haver com a musica... Coisas modernas.


O rum chegou, um copo grande cheio e uma pedra boiava ali. Rene estava mais alterada. Sentei-me em um canto vago e fiquei fazendo o que faço de melhor. É um jogo de pôquer...


Todas as tribos presentes... Um hare-Krishna , metaleiros, punks e eu. A meia noite chegou rápida. O rum me relaxou e tava achando que nada demais iria acontecer. Então uma loira muito alta passou e ficou me olhando. Ela sorriu fácil... e ficou parada um instante me encarando. Porra amor a primeira vista... é assim.


Olhei bem para ela... Realmente era das fortes. Sapatos prateados de salto alto, peitos enormes, olhos claros... sorte grande é assim. O rum fez um efeito, eu estava em jejum... Beber é mais importante que comer... a bebida desceu como uma explosão atômica. Rum é assim comigo. Ficou relaxado ou maluco excitado. Com uma vontade de fazer merda... levantei e fui nela:
-Então... tu sabes né... No final do mundo... Todos vão se ferrar... E fim, acabou esta porra..
Ela riu, bom sinal.
-É mesmo, tens razão, o tempo parece esta passando mais rápido...


Olhei ao longe de esguelha, Renê discutia com alguém... a coisa estava se encaminhando para um briga... 


Deixei assim, brigas fazem parte de lugares em que  as coisas acontecem...
-Sim, o tempo rápido mesmo... ontem eu tinha quinze anos e acreditava no amor... Hoje..
-É um cara sem amor no coração?
-No coração talvez... Mas o coração é um órgão do corpo... o resto do corpo também ama...
-Tais parecendo bem romântico pra mim...
-Não se iluda...? Nome...?
-Glenda... o senhor?
-Fabiano... prazer Glenda... Alias muito prazer...


Ficamos rindo como tolos... idiotas a fim de fuder. Creio que é isso mesmo... 

Continua...

Luís Fabiano

quinta-feira, julho 19, 2012




Festa do Sangue

Tudo sempre começa por um convite
Venha em mi casa, em mi choupana... Vamos fazer amor...
Bem – eu digo –tudo bem
Mesmo sem ter certeza do que isso quer dizer
Treparia com éguas, macacas, cadelas e onças
Se houvesse oportunidade...

Eu chego ao local do crime
E as noticias não são boas...
Ela me apresenta aquela calcinha linda, com um absorvente cheio de sangue
Um esparadrapo gigante
Tentando fechar uma ferida sanguinolenta impossível

Tenho um breve momento de reflexão
Aquela imagem era hedionda e estupida
Nunca me importei com sangue... Vivo ou morto...
Meu problema era a estética
Foderia ela sangrando ou não...
Mas meu pau não quis...

Como um animal
Eu olhava aquele absorvente melado, sangue e porra
O cheiro do desencanto a procura de fetos sem vida
Tudo me pareceu mais horrível do que era
A foda se foi, sobrou a filosofia

Lembrei-me de todas as mulheres menstruadas que comi
Já daria para ter me afogado em sangue
Boa morte

Algo me tomou, e eu a achei pior que um bicho
Creio que uma facada sangra com mais dignidade
Ao menos existe um sentimento útil por detrás...
Olhei para ela novamente
O absorvente parecia querer explodir
A champanhe do vampiro...
Sorri pra ela e disse:
-Sua boca esta saudável, não ?

Luís Fabiano

quarta-feira, julho 18, 2012

Momento Boa Música...

Dante Ramon Ledesma - Orelhano

terça-feira, julho 17, 2012



Tentei levar uma vida convencional
Pareceu-me, vazia
Entreguei as folhas ao vento
Sou a pipa errante
A procura do alto

Luís Fabiano



Olhos de uma Resposta

A memoria é uma navalha indócil
Dançando inesperadamente nas dobras do pensamento
Reabrindo feridas...
Alentando canções...
Beijando as estrelas...

Ainda lembro daquele olhar
Com um misto de indefinição pendular...
Que queria dizer, mas não disse?
Ou talvez eu simplesmente seja um grosseiro
Incapaz de perceber as nuances do espirito?
Pode ser

Tomávamos um chá...
Eu me lembro que fui deseducado ou descuidado...
Chupando o chá na beirada da xicara... Estava quente
Todos naquela mesma me olharam com reprovação...
Acostumei-me mais tarde...
Mas ela... Eu não sei... Ela não olhou assim...

Nesta época ainda me existiam resquícios de inocência 
Eu acreditava e muitas coisas
E me iludia com outras tantas...
A verdade era uma pluma afagando a pele
Desejava que a vida fosse uma festa...

Seja como for, ilusão, verdade, mentira ou sonho
Como tantas coisas que passam em mistério
Aquele olhar ficou vagando num silencio
Acho que eu prefiro acreditar que ela me quis bem...
Afinal é assim que fazemos com tudo...


Luís Fabiano





Navalhadas Curtas: Xixi e Coco

Tenho uma relação de amor e ódio com meus vizinhos. Faço questão que seja assim... Não me interessam sorrisinhos fingidos, cumprimentos forçados e educadinhos... Não.


Fui dar minha cagada matinal de todos os dias. A basculante do banheiro dá para todos os banheiros do vão. De forma que meu peido e os peidos de todos ecoam por todos os andares, em uma macabra sinfonia fedorenta.


Minha vizinha de baixo, estava no banheiro e gritava:
-Só um pouquinho Zuleica... Eu to fazendo xixiiiiii... É, eu to fazendo xixiiii... 
Viu... É xixiiiii mesmo... Eu to fazendo xixiiiiiiiiiii...


Ela não era uma criança... Já passava dos trinta... Seja como for, me irritei com aquilo. Puta merda, que ela mijasse calada. Não tive duvidas, peidei forte e disse:


-Ei... Eu to fazendo cocooooo... Cocoooo Zuleica... Eu to cagando... viu...


Houve um silencio majestoso... Ela nem sequer deu a descarga...
Eu sorri sentado no trono. É isso, eu havia ganhado... É como sempre digo, a merda sempre é superior a tudo.

Luís Fabiano.

segunda-feira, julho 16, 2012




Densos vazios – Frio, o cárcere sem grades

O tempo estava pesado num horizonte escuro. Um grito louco anunciando uma tempestade, um espelho fantástico, de como as coisas iriam se proceder. Gostamos de respostas prontas... Fáceis... Logicas e certinhas. Não sei ser assim.


Faço questão plena de quebrar isso. Não me entrego a marasmo existencial, que termina por promover uma igualdade doentia... Como coisas que se repetem tornando-se nada, não, nada disso.


A tempestade queria me encarcerar em casa... Mas tenho de mim uma espécie de verme convulsivo... Quanto mais me prendem... Mais desejo fugir... E não seria agua, relâmpagos e trovões  que iriam fazer isso.
Sorri, pois acabei lembrando... Quem não carrega alguma tempestade dentro de si? Foda-se.


Entornei a garrafa de rum, pelo bico... Restos de esperança que se diluíam em mim. Sem rum, as duas e trinta e sete da manhã... Eu era uma criança órfã, perdida em um cemitério. Fui pra rua, a Pelotas como uma santa de pernas cruzadas, dormia . Nunca gostei de santas. Sempre preferi as putas. 


Entro no carro... procuro uma radio que toque alguma coisa... Não qualquer coisa. Quando se esta assim, você precisa de algo bom... Consegui achar um blues... Não sei quem tocava, mas parecia inspirado. Ligo o carro a saio devagar. A chuva começa forte... Lagrimas de Deus ou do demônio encharcando as ruas... Asfalto virando mar... Estou a vinte por hora... penso que sou um doente. 


O que há na rua Fabiano? Que merda tu estas procurando?
Não sei... Eu nunca sei.
Vou atrás dos mestres... Bares abertos, onde aqueles que são os expoentes da sociedade mantem a vida intensa... Sim, falo de ladrões, assassinos, prostitutas, traficantes ,proxenetas, viciados, tarados e os canalhas de toda sorte. Eu fazia meu caminho de Santiago as avessas... Mas acho que sai tarde demais pra uma quinta feira.


Os bares fechados, foram me oprimindo por dentro. Agressão sem reação. Portas lacradas nos dão a impressão de eternidade. Um pássaro livre, batendo asas a esmo, sem tem para onde ir? Pensei: então quem sabe uma buceta? Pensei em ligar para putas que conheço... Eram três e quinze da manhã... porra eu detesto que meu celular toque nestes horários... Estranhamente as palavras de Cristo me invadiram a mente: não façais aos outros, o que não quereis que vos façam...


Mas que porra é essa? Tratei de espantar tal pensamento... Temi ficar de joelhos e pedir a Deus algo... 
Chuva maldita chuva... Pensei: onde esta vida? Nenhuma festa, nenhuma orgia, o coração pesado. Como um feto afogado na chuva, eu desejava um abraço de alguém... Um carinho, afinal as vezes é bom.
Parei o carro... O motor quente... A única coisa viva além de mim, com um pouco de calor. Aquele momento seria um bom momento para ser abduzido... 


Onde estão os ETs filhos da puta? Porra, aproveitem a chance seus merdas... Levem-me pra puta que pariu, onde as xoxotas, cus e caralhos universais são guardados nas dobras do tempo e espaço.
ETs, porra nenhuma, esses caras devem ter mais o que fazer... Que sequestrar um bêbado com um Kadett sujo as 3:57 da manhã. Minha ânsia que algo acontecesse poderia me levar a coisas perigosas... A policia para ao meu lado, pede pra abrir o vidro:


-Boa noite senhor. O senhor está bem?


Olho pra ele... O silencio quebrado pela chuva, um olhar longo em olhos inquiridores... Que eu diria? A verdade?


-Tudo bem policial, tava apenas lendo uma mensagem no celular...
-Certo senhor... Procure não ficar muito tempo parado aqui... É perigoso...
-Já estou indo... Obrigado.
-Boa noite senhor.


Eles pareciam uma espécie de engrenagem funcionando eletronicamente... Achei que chegava daquilo. Não se podem ganhar todas, e nesta noite eu havia perdido muito, uma lagrima caiu, a chuva inundou, a poesia havia se tornando um rabisco... Apeguei-me as esperanças possíveis, alguém ao menos havia falado comigo aquela noite.


Luís Fabiano.

domingo, julho 15, 2012



Navalhadas Curtas: Opiniões estranhas

Dias atrás eu disse que o diabo não é uma entidade... mas a idade. É... eu tenho razão. Tem dias que tudo passa batido, noutros sou estranhamente atacado por “moralistas”. Via telefonema anônimo... via e-mail e pessoalmente.


Nestes dias um suposto amigo me indagou:
-Fabiano, tu ainda segues escrevendo aquelas merdas... chulas né... ?


Não me sinto ofendido. Isso é muito difícil de acontecer. Podem me dizer qualquer coisa.
-Sim... eu sigo escrevendo aquelas merdas....chulas, sim.
-Tu não achas que deverias te dedicar coisas que elevam o ser humano? E não aquilo... tu tens capacidade eu sei...


Comecei a rir. Ele ficou me olhando... com um olhar de comiseração...


-Olha cara... realmente não me interesso em elevar o ser humano... a ninguém... não me interesso por agradar... eu me divirto sozinho, seu gostar já esta bom.
-É, mas alguém te lê né... e tu só mostras o lado podre... de tudo...tu é podre...
-Quem vê apenas isso... não sabe ler... Sandro... tu já te olhou no espelho hoje?
-Claro...
-Gostou daquilo viu?
-Claro...
-É, pelo jeito você esta com miopia... não vou tentar explicar nada... pense o que quiser, não leia mais... o Fio da Navalha é feito para poucos, realmente não me importo... foda-se quem gosta... foda-se quem não gosta... o meu pau ainda permanece duro.
Sai andando...

Luís Fabiano.

sábado, julho 14, 2012



Difícil se fazer entender
Difícil ver pelos olhos dos outros
Um pensamento sem corpo 
Estrelas que não existem mais
A próxima esquina, sem saber o que virá...
Cuidado ao virar...


Luís Fabiano


Trecho Solto...


Ela acendeu um cigarro com mãos trêmulas, acho que por causa da fúria contida...


Aquela altura eu já estava viciado. Definitivamente. Era um sedutor perfeito e compulsivo. Toda a minha energia e todo o meu tempo se concentravam em seduzir e trepar. O que fosse. Desde a carcaça mais podre, até o prato mais sofisticado. Para mim tanto fazia. Gostava de todas as mulheres: feias e bonitas, peitudas ou despeitadas, bundudas e bundas-chatas, bancas e negras com a gama intermediaria , altas e baixas, românticas e doces ou vulgares e ácidas.


Esposas de seus maridos ou mulheres perversas. Era um vício incontrolável Mas acho que não era só eu. Desconfio que fosse um esporte nacional, mais que beisebol. Uma espécie de Conjuração dos Machos Ignorantes. Mas tudo muito alegre e divertido. A explicação sociológica seria longa demais... Mas eu nunca havia estado com uma mulher sofisticada. 
Onde eu ia encontrar uma, porra ??"

Extraído da Obra: O Ninho da Serpente  de Pedro juan Gutiérrez.