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sexta-feira, agosto 31, 2012




Dentes no algodão rebuscando paz
Espumas de chumbo que deslizam no coração
Um carinho ganhando asas, sonhando com estrelas
O copo servido delicadamente de anestesia
E afinal, a vida me parece boa.

Luís Fabiano

quinta-feira, agosto 30, 2012

Momento Boa Música


Celso Blues Boy - Vem Buscar o que Sobrou



Pérola do dia:


“ Putaria com felicidade é quase amor ”.


Mister Catra.

quarta-feira, agosto 29, 2012





Violeta espinhos de couro – morte sempre a espreita

Faça um acordo com o diabo, e um dia terás de entregar a tua alma. Não sei quantas vezes eu fiz isso, venho esperando a cobrança pra qualquer dia. Minha canalhice extrema é pensar que na maioria das vezes as coisas são apenas troca. Você me dá isso, eu lhe dou aquilo. Seja como for a alma ou preço sempre esta embutido.

Quando conheci Violeta, uma boa pessoa, amiga e terna como uma puta alada jogando flores no deserto, diante de um coro de camelos tristes e sedentos. Então fizemos um trato daqueles, fudidos de ser cumprido: tudo será apenas sexo, nada mais que sexo, tu satisfaz minhas fantasias e eu as tuas e ponto, se entrar emoção acabou, fim de papo! De acordo?

-Tudo bem baby.

Isso é mais ou menos como uma queda de braço com o destino, lidamos com forças ocultas, que os ser humano não domina. Emoção é um terreno inóspito, o qual não se tem manual de instalação ou remoção. Sentia-me tranquilo como se tivesse rezado. Violeta era uma buceta apenas, uma buceta louca, que topava qualquer negócio, que me pediria qualquer coisa, mas acordo é acordo, e bêbado eu topei.

Ela começaria a brincadeira. Primeiro as damas, as putas e as mães. Três dias passaram em absoluto silencio. Então ela me liga:
-Fabiano, aqui em casa a meia noite hoje.
-Violeta... E precisa algo...

Mas ela não deixou eu terminar a frase e desligou. Ri sozinho, cada uma. Me vesti sem pressa, pra tudo sou uma lesma. Arrasto-me em trilhos de cuspe, de mais a mais eu não estava com vontade de nada aquele dia. Isso acontece as vezes, então é preciso o milagre de fazer o pau subir sem vontade. É possível fazer, o tempo ensina as artimanhas, você precisa convencer o teu corpo que você quer trepar...  O corpo é uma máquina comandada pela mente, a mente mente pra nós, o corpo acredita em tudo que a mente engendra, infelizmente a maioria as pessoas nutre péssimas ideias.

Violeta mora em uma casa discreta. Minha historia com ela meio antiga. Estudamos juntos, mas época era evangélica, tinha cabelos compridos com o véu da virgem, era contida e andava com uma bíblia na mão, vivia falando de Jesus e salvação, condenava os colegas em tudo. Eu a detestava, como não gosto de religiosos que esperam a salvação gratuita. Será que eles não sabem que tudo tem um preço? Porra, ainda bem que algumas pessoas melhoram com o tempo. Depois me perdi de Violeta. Vim a encontra-la no Bar Liberdade. Agora a nova versão, muito melhorada. Peitos grandes, cabelo curto, morena e cara de safada. Isso é tudo me agrada. Gosto de mulheres safadas, que vomitem palavrões, que gemem alto e gritem insanidades sujas sem economias. Tipo raro de achar. Tudo é tão comportado que me da nojo.

Toquei a campainha, então ela abre a porta, usando um roupão negro de um tecido que parecia seda densa. Maquiagem preta, olhos fundos e tisnados. A casa estava sem luzes, estava  iluminado por velas perfumadas, bonito aquele visual.

-Fabiano, passe ao quarto da dor, agora!
-Hã?
-Cala boca escravo de merda, passe ao quarto da dor, agora!

Senti o clima, me fudi. Quando olhei novamente pra ela, o roupão negro havia caído e estava vestida com roupa de couro negro, ajustada espremendo a sua barriga. Gostei de ver a produção. Entrei no quarto da dor. Era um quartinho grande, que ela havia preparado pra tortura. Sentia-me mergulhado na idade média. De onde ela teria tirado aquelas merdas? Cavaletes negros, uma mesa pra aprisionamento com tiras de couro nas extremidades. Quem ficasse amarrado ali... Tava ferrado. Não senti medo, mas pensava que o preço que iria cobrar por aquilo eu que iria passar, seria muito caro. Não era vingança, mas a colocaria a coisa num nível de dificuldade alto, as lagrimas poderiam ser um bom retorno.

-Tire a roupa escravo sujo... Tira tudo agora!!

Lembrei-me da Violeta evangélica... Morta possivelmente. Tirei a roupa, então no canto do quarto um poste de metal polido com tiras de couro para mãos e tornozelos. Com um chicote de couro ela me bateu uma vez e em seguida me afivelou ao poste. Você já teve em uma posição destas? Agora era tarde demais.

Então ela começou a me bater devagar até se tornar frenética, desferindo pancadas em minhas costas, pernas, bunda, batendo com muita força. Mantive o silencio. Sou assim com todas as minhas dores, as internas eu sufoco como se matasse o próprio mal. Dizem que faz mal isso, foda-se, cada um tem seu estilo.

Violeta ia batendo, aguentei firme, ela tirou a parte de cima um sutiã de couro e apertava os bicos dos seios com as unhas. Senti vergões em minhas costas, inchados, então ela parou repentinamente. Eu respirava forte, tive a impressão que sangrava nas costas. Que merda. Veio esfregar os seios em minhas costas sangrentas... Masturbava-se por cima da calcinha de couro, gritando, uivando como um animal. Eu ainda estava em silencio. Fantasia maluca essa, mas trato é trato. Seja como for, ela fez tudo sozinha... Gozou sozinha se esfregando em minhas costas. Era isso, então? Acho que não sou um bom escravo. Para finalizar ela mijou em minhas costas.

Terminado isso, disse:
-Não vou te soltar mais escravo... Estás condenado a morrer aí... Ta fudido Fabiano.

As pessoas precisam morrer de alguma forma, se a natureza não te fode, alguma coisa ao longo da estrada te pega, é fatal. As palavras dela não pareciam verdadeiras. Então Violeta sentou-se a minha frente, acendeu um cigarro e ficou me encarando.

-És um tipo duro então, né escravo?
-Não.
-Tu és uma bixinha do caralho filho da puta... (gargalhava) eu vou te fazer sofrer seu merda...
-Tudo bem.
-Mas por hoje tá bom, eu já gozei então que tu se foda...

Não me dei conta que havia passado duas horas daquilo, me desconectei do tempo. A vida é um jogo duro, natureza, pessoas, trabalho, prazer ou dor. Eu a achava uma idiota depois disso. Mas vi que o ego dela estava satisfeito, e acho muitos chamam de felicidade... Felicidade é um produto feito de resultado, ou você entra em harmonia com tudo a tua volta ou entra em total desarmonia com tudo a tua volta. Seja o ponto errante luminoso espalhando fragmentos... um disseminador lunar rebuscado de sonhos, as vezes da certo. 
Não há receita perfeita.

Violeta me soltou, e voltou ser a doce Violeta de sempre, calma. O personagem foi embora como um espirito que desincorpora. Vesti-me com calma.

Mas havia ficado algo inquieto em mim... Uma chama ocultada nas brasas ainda é uma chama. Ela me abraça com carinho e afabilidade numa cortesia cúmplice de um crime. O tigre é um animal que ataca silenciosamente por emboscada, ele nunca se expõe até o momento certo de matar a presa.

Quando estávamos na porta, nos despedindo, entre sorrisos felizes e promessas para as próximas coisas que faríamos, dei tchau, ela fechou a porta. Então bati a porta novamente... Dizendo que havia esquecido o isqueiro... Violeta abre a porta, e a agarro pelo pescoço... E vou apertando, apertando, apertando, asfixiando lentamente... vi seu olhos ficando congestos, lagrimas saindo, estranho eu não tinha vontade de soltar... Ela batia com os bracinhos em mim... Ela foi apagando como uma lanterna fraca... Então soltei, na hora certa. Comecei a rir... Ela encostada-se à porta também tentava rir... Tossindo e se babando toda.
Boa noite Violeta.


Luís Fabiano.




Pérola do dia:

Amar, gostar, apaixonar-se etc...etc... tudo isso é a mesma merda. O que existe é uma variável de intensidade, e depois, quantas lágrimas tu vais chorar ou quão feliz tu vai ser...”

Luís Fabiano

terça-feira, agosto 28, 2012



Sovaco Forte

A beleza é um delírio do ideal
O ideal, é um farelo de pão de padrões imbecis
Sempre pensei assim...
Sou um entre os bilhões de horríveis humanos
Desta dor estou poupado...

Isabela era linda, dentro de todos os padrões possíveis
Mas sua solidão era eterna
A beleza nua, olhando-se no espelho e fedendo a gambá
O sovaco era o problema antigo
Tinha um fedor fantástico, que fazia arder os olhos
Como lagrimas cretinas
E aí que eu entro...

Ela tinha um problema glandular... Que fazia feder a asa
Todos os homens disparavam, você chegava a dois metros dela, e já sentia aquilo
A perfeição quebrada no impensável
E por estes fatores ocultos do destino eu estava lá na hora certa
Trepei com ela inúmeras vezes depois, com aquele cheiro que asfixiaria o diabo
Nosso caso de amor foi algo... mais fedorento que tive na vida
Mas ela parecia estar feliz... Sorria com suavidade
E isso valia a pena... Ser feliz

Sempre tento me superar...
Vou além e avante, como um super-homem feito de merda
E naquela noite eu estava inspirado, bêbado e louco
Lambi lentamente aquele sovaco suado, um cheiro terrível que grudava em tudo
Quando fiz isso, Isabela gozou como uma porca nas nuvens, cantando uma Ave Maria
Creio que foi ali que tudo começou em mim

Dois meses depois, ela fez uma cirurgia para extrair as tais glândulas fedorentas...
Com o corte do bisturi, ela jamais fedeu como antes...
Isabela sem cheiro, era mais uma perfumada entre milhões que tem por aí...
Algo oculto se quebrou, como uma fratura na espinha
Naturalmente fomos nos afastando sem palavras
Como um aroma que se termina lentamente levado pelo vento

Acho que nunca mais me recuperei disso...
Gosto de mulheres com cheiro forte, suor, buceta, cu e sovaco
Mas tudo o que sinto é perfume e ausência


Luís Fabiano




Trecho Solto...

“-Já vai! Já vai!
Visto a calça e vou abrir. Mas ando cansado, nunca durmo bastante, faz 3 dias que não cago, exatamente, adivinhou, já estou ficando doido, e essa gente tem uma energia inesgotável, não para de demonstrar bondade, sou um sujeito solitário, mas não tão ranzinza assim, mas é sempre, sempre – uma coisa. Me lembro do que minha mãe vivia repetindo em alemão, que não é bem isso, mas algo equivalente: ”emmer etvas!” e quer dizer: sempre a mesma coisa, que um homem só passa a entender direito o significado quando chega a mesma cena volta de novo, uma infinidade de vezes, que nem casa maluca de parque de diversões.

É um cara durão, de calça suja, que acaba de tirar o pé da estrada, acha sensacional o que escreve, e até que não é ruim de todo como escritor, mas sempre fico de pé atrás com o convencimento dele, e que também já se deu conta de que a gente não se beija, nem se abraça e nem se esfrega um no outro no meio da sala. É um tipo divertido, ator, mas não podia deixar de ser. Viveu mais vidas sozinho que dez homens juntos, mas sua energia em certo sentido comovente, acaba por me deixar exausto, não ligo porra nenhuma pro mundo dos poetas, nem me impressiono com o fato de ter telefonado pro Norman Mailer ou que conheça o Jimmy Baldwin e o caralho a quatro.
E vejo que não me compreende muito bem, pois não vibro com os entusiasmos que manifesta, tá legal, ainda gosto dele...


Bukowski – Fabulário Geral do Delírio Cotidiano

segunda-feira, agosto 27, 2012




Navalhadas Curtas: Pragas, maldições pra amanha...


-Um dia tu vais pagar muito caro por tudo que fazes Fabiano...

O copo ainda estava pela metade de rum. Não o abandonaria assim, tão fácil. Pé na bunda não é uma das melhores coisas de receber... E acho que pior ainda ter de dar, era meu caso.

-Todo mundo paga por alguma coisa em algum tempo... No fundo todos se fodem, tudo é uma questão de tempo... Só esperar.
-Tu vais ver... Vais encontrar uma mulher que não presta, que tu vais te apaixonar, ela vai fazer gato e sapato de ti... Ela vai te cornear tu vais ver...
-Talvez na próxima vida. Nesta já estou calejado o suficiente e otário também... Então essa mulher está pra nascer (rindo) de mais a mais, corneado? Bem, quem não foi? Tá tudo bem.
-Vou ter o prazer de te ver doente, implorando pra alguém te cuidar... Sofrendo e podre, o teu dia vai chegar cara... Podes ter certeza disso... Tenho tanta raiva de ti que te mataria agora se tivesse coragem...
-Olha, se eu fosse me preocupar com o futuro, não fazia nada na vida. Quem vive com “regrinhas” é cativo destas regrinhas... Fica tranquila, já disse que todos se fodem no futuro. E para de lançar pragas, faça o que todas fazem, faz um despacho, macumba pra eu ficar broxa, não ter ninguém, ser triste e essas coisas... Com o tempo serás atendida. A fila é grande.

Havia aquela tensão no ar, nervos elétricos a flor da pele, o botão vermelho de uma bomba nuclear e muita vontade de aperta-lo.
O copo agora estava no fim, meio aguado.

-Já estou esperando a tua desgraça cara...
-Compra um banco... Já nasci pronto pra morrer.
Sai.

Luís Fabiano


domingo, agosto 26, 2012


Poesia Fotográfica




- Áudio Poema - 

Bocas Desconhecidas

Poema e voz -  Luís Fabiano


Pérola do dia:

“A felicidade comum não me interessa. Procuro sempre o que me assombra, e isso realmente é difícil.

Luís Fabiano

sábado, agosto 25, 2012



Passos de covardia do vacilão
Véu de sombra uma teia invisível
A decisão deve ser um bote certeiro em tudo
Consciente de que nunca há volta
Agora é tarde... 
O veneno já esta circulando em tuas veias,
 nos tumores do destino.

Luís Fabiano.




Navalhadas Curtas: Tanto, por tão pouco...

-Eu não quero nem saber... É dever do supermercado me dá sacola pra “leva” minhas coisa...
Ele estava furioso, rosto congesto, boca babejante, dentadura quase caindo... E querendo briga com todos os atendentes. Fiquei olhando pro tiozinho:

-Chamem... O gerente, tem gerente aqui né? Ou eu deixo as minhas compras aqui... Mesmo, ô guria (pro caixa)... Zera a conta aí, que se não tem sacola, vou “deixa” tudo aí... Não quero nem saber... Que fechem esta merda super...

A gerente pálida veio:

-Senhor, se acalme por favor, tem uma placa na entrada, dizendo que não damos sacolas...

-Não quero nem saber “mulé”... Não vão dá sacola?
-O senhor pode comprar... custa apenas...
-Custa é nada... É dever de vocês... Não pago nadinha a mais...
Nisso perguntei pro caixa que me atendia:
-Quanto custa a sacola?
-10 centavos...

Mexi no bolso, eu tinha vinte e cinco centavos. Ela me deu duas sacolas... Eu olhei para o cara, daria uma sacola pra ele? Não, claro que não. Ele não merecia. Sorri pra mim mesmo, acho que gosto de apagar incêndios com gasolina.

Quando estava saindo, eu disse pra ele, que ainda brigava com a gerente sem jogo de cintura:

-Tchau meu velho... Eu já tenho a minha sacola... Porra dez centavos... (houve um silencio)

A gerente sorriu pra mim, fiquei até com vontade de beijar a boca dela, mas acho que não era um bom momento... Puta que pariu dez centavos?

Luís Fabiano.


- Momento Boa Música -

Cachorro Grande - Sinceramente





Navalhadas Curtas: Mamando no Ego...

Havia tomado o primeiro gole de rum, e por um acaso misterioso caiu como um porco espinho pela garganta. Isso nunca acontece. Fui ao banheiro do bar, vomitei a alma. Senti o alivio de uma confissão. Fiquei tentando identificar no meio do vomito, as partes de qual alimentação... Um quebra cabeça macabro, sabem como é, é como olhar a própria merda depois de cagar.
Voltei pra mesa. O estava cheio, todas as espécies haviam saído suas tocas famintas, e a noite parecia promissora.

Gosto sentar sozinho, como um pescador do inferno. No Telão Seu Jorge fazia o som, uma boa energia no ar. Creio que podia terminar a noite assim. Não sou ambicioso. Então Babete entra. É uma travesti que conheci por aí. Estava muito transtornada, com raiva e o rosto estava sangrando um pouco no supercílio  Jogou-se na cadeira vaga:

-Não acredito... Porra... Como cai nessa de novo... olha o estrago...
-Boa noite Babete, hei que deu?
-Um cliente me jogou porta a fora com o carro, com ele em movimento...
-Bah, o boquete deve ter sido horrível...

E no meio daquilo, ela realmente se ofendeu, o ego esta presente onde menos esperamos. Pingos de sangue caindo sobre a mesa e dentro do copo... Parei de beber.

-Como assim? TU TA LOCO CARA? O MEU BOQUETE É O MELHOR DE PELOTAS!!! TENDEU!!! EU CHUPO UM PAU COM MAESTRIA... MINHA BOCA É DE VELUDO...
-Calma Babete... eu apenas...
-TU APENAS O CARALHO CARA!!! TU NUNCA DEIXOU EU CHUPAR TEU PAU... QUE SABER, VAI A MERDA FABIANO...

Levantou e saiu. Todos me olhavam.

Luís Fabiano

sexta-feira, agosto 24, 2012




Sangue, educação e uma chupada


Poucas coisas são tão românticas, quanto observar uma mulher trocar o absorvente interno. A cena era linda. O copo de whisky estava sobre a pia do banheiro, ela de pernas abertas no vaso, puxando aquele cordão fininho e sangrento, sorrindo com uma felicidade angelical.

Eu estava na porta. Já isso várias vezes, não me choco. Mas ao que parecia, a operação de remoção estava complicada, por algum motivo o cheiro não era dos melhores. Cheiro de sangue é bom (eu gosto), faz pensar em coisas selvagens, canibalismo talvez. Mas um sangue velho... Meio podre tem um cheiro pesado e ferroso.

Rose havia esquecido que estava menstruada e também do absorvente dentro dela... Porra como se esquece disso? Mas ela é meio assim com tudo. Meio desligada. Gosto dela porque é original.

Nunca fica tentando disfarçar nada, nunca fica enrolando ou mentindo, não se preocupa com coisas que não pode controlar. Creio que todos têm este problema. Temos uma cisma com um suposto controle de tudo. Mas ela passa indiferente a muitas coisas, não sei exatamente se é sua filosofia de vida, ou é meio maluca mesmo, quem sabe meio limítrofe ou tonta?

-Porra Rose... Esse troço tá aí há quanto tempo dentro de ti ?
-Bah...bah... Acho que coloquei no meio dia... Esqueci total... Muito trabalho... Sabe... (ria)

Ela foi tirando aquilo, tava meio preto. E acho que era um OB super-ultra-grande... Aquilo dava para tampar uma cratera lunar. Que xoxotão! Quando finalmente saiu tudo, dava pra ouvir alguma coisa caindo na agua, umas placas de sangue talvez. Gostei. Ela se sentia aliviada.

Não sei se foi o cheiro que impregnou o banheiro, a cara de satisfação dela... sei lá... O meu pau subiu. Tomei um gole de whisky, abri o zíper diante dela sentada no vaso. Fez aquele risinho de puta, que toda mulher faz diante um membro duro de seu macho. Ela tirou minha ferramenta pra fora, deu uma mamada carinhosa, como se tocasse uma sonata de Beethoven, uma Ave 
Maria. Relaxei encostado na parede ela no vaso. Naquele instante não existia mais nada no mundo, aquele cheiro, aquela boca o whisky e as estrelas.

Mas o mundo não é perfeito. Alguém deu porradas na porta... Um tranca-foda destes da vida. Ela queria seguir chupando... Mas algo estava errado.
-Não sei Rô, talvez melhor abrir...
-É? Tem certeza?
-Tenho certeza de porra nenhuma... Mas não sei... Tem algo estranho...

A pessoa parecia desesperada na porta, batia continuamente num ritmo frenético. Uma metralhadora de angustia, tentando acertar o alvo... O inimigo, a fera prestes a atacar, a fuga de merda, adrenalina saltando pelo rabo.

Guardei o pau e fui até a porta. Quando abro uma mulher seminua cai dentro do vão da porta, em lagrimas desesperadas...
-Aí... Por favor, moço, me acolhe... Moço... Por favor, não me põe pra rua... Me ajuda...
Tive aquele momento em que calculamos se devemos ajudar ou não... Lá do banheiro Rose gritava: quem é Fabiano? Que houve?Diz...
-Tudo bem entra aí... Vamos conversar...

Ela tentava esconder os seios com as mãos, roupa rasgada... Eram tetas desesperadas muito lindas, brancas como papel com bicos rosados como um por do sol de deslumbre.

Então entramos, sentamos na sala. Rose veio, quando viu a vizinha ali chorando, sentou-se com ela e abraçou, o que se seguiu foi curioso:
-Madalena... O que foi? O André descobriu né?
-É... Ele já vinha desconfiando, ele quer me matar, diz que sou a cria do capeta... Que eu trouxe o inferno pra dentro da casa dele.
-Não foi por falta de aviso... Eu te disse... Quando existe amor, as coisas precisam ser resolvidas rapidamente... Se não tudo vira problema...

Madalena me olhou. Olhar repleto de algo que não decifrei, era uma rasura de culpa flamejante, com um visgo de cuspe estelar, medo que aperta o cu e estraçalha o caralho de Deus.

Então Rose me disse:
-A Madalena esta apaixonada por uma amiga nossa, a Simone... Elas são lindas juntas. Mas o André é um tipo violento, e os filhos dela estão com ele... Ele diz que ela só sai daquela casa morta... Diz ele: casamento é pra sempre.
-Entendo, homem de princípios... Violentos... Mas princípios... É uma merda. Tudo isso porque ela se apaixonou por outra?
Madalena me olha:
-Ele jamais entenderá, eu mesma não entendo, depois de quarenta e cinco anos... Me apaixonei por uma mulher... tu sabes que é isso? Minha cabeça da voltas.
-Nem sempre existem explicações para algumas coisas... Uma coisa, o coração não erra, amor é amor aqui ou na puta que pariu... O André que se foda.

Estávamos todos calmos. Então alguém bate a porta. Uma batida quase delicada. Rose levou Madalena para o quarto. Eu fui abrir a porta. Esperava o pior... Tenho isso comigo, é melhor sempre pensar que você vai se fuder... 

Depois o que vem de bom é lucro. Estava pronto pra tomar uma facada, uma porrada, um tiro? Abrir uma porta, é como bater um pênalti.
-Pois não...
-Por favor, senhor, a senhora Madalena esta aí dentro?
-Não, creio que não.
-O senhor pode estar escondendo uma ordinária, canalha... Que não vale o come...
-Sei, mas então creio que não é caso. E outra, quem é o senhor?

Toda aquela respeitabilidade de tratamento, era tão asséptica que nem parecíamos seres humanos. Uma limpeza completa de vida e caráter assim, não é uma característica do ser humano. Até existem algumas pessoas que são assim, mas elas não são normais, tem alguma psicose qualquer, são doentes.

-Sou o marido da mesma... Ela não vale nada, mas eu a quero de volta! Bem, se ela aparecer por aí, o senhor, por favor, a mande pra casa, as crianças estão precisando dela...
-Tudo bem, farei isso. Boa noite senhor.

Uma coisa que aprendi, me fudendo muito por aí: Nunca brigue com alguém a noite, faça isso sempre durante o dia. A noite demônios sopram tudo para o pior...  Não sei como ela iria resolver o problema, o cara não era dos grandes, era magro e fraco, um soco no meio do peito, ele fica com falta de ar... Já era o homem. É preciso saber improvisar. Tinha pensado em acerta-lo. Mas aquela educação toda, eu teria de pedir licença pra dar um soco nele...

Fui até o quarto, Madalena ainda estava chorando. Pensava nos filhos, em Simone e no medo daquele homem. Era a presa acuada na caverna, a fera a espreita com aquela educação psicopatológica... A raiva contida em brutais razões de um amor repleto de passionalidade. Tudo que se pode fazer, é ganhar um tempo. O tempo é uma serpente que se retorce e mais cedo ou mais tarde, ele nos expõe, nos ataca e fere ou premia.

Aquela noite Madalena ficaria sem os filhos e com um aperto no peito. Rose e eu não foderiamos, a noite seria longa.
Éramos os três porquinhos diante de um matadouro, aquele cheiro de sangue ainda persistia no ar, vinha do banheiro, mas creio que este seria o único sangue da noite.
Esperávamos amanhecer... O amanha sempre é melhor.

Luís Fabiano.







Estava tão solida em sua beleza
Quanto lava incandescente diante de um oceano
Dois pesos... Duas medidas
Sorrindo fácil, mas algo sempre falta...
Esse é o ser humano, um insatisfeito eterno
Mordendo uma paz enferrujada...

Luís Fabiano

quarta-feira, agosto 22, 2012

Momento Mestre 

Bukowski Tapes #12



Pérola do dia:

Quando vemos um rabo maravilhoso, temos a impressão que aquele rabo dará uma foda maravilhosa. Isso é pura enganação, isso depende de como as coisas são feitas, habilidade é coisa rara ”.

Luís Fabiano


Trecho solto...

" Por que Deus, o criador de tudo o que existe no Universo, ao dar existência ao ser humano, ao tirá-lo do Nada, destinou-o a defecar? Teria Deus, ao atribuir-nos essa irrevogável função de transformar em merda tudo o que comemos, revelado a sua incapacidade de criar um ser perfeito?
Ou sua vontade era essa, fazer-nos assim toscos? Ergo, a merda?

Não sei por que comecei a ter esse tipo de preocupação. Não era um homem religioso e sempre considerei Deus um mistério acima dos poderes humanos de compreensão, por isso ele pouco me interessava. O excremento, em geral, sempre me pareceu inútil e repugnante, a não ser, é claro, para os coprófilos e coprófagos, indivíduos raros dotados de extraordinárias anomalias obsessivas. 

Sim, sei que Freud afirmou que o excrementício está intima e inseparavelmente  ligado ao sexual, a posição da genitália – inter urinas et faeces – é um fator decisivo e imutável. Porem isso também não me interessava.

Mas o certo é que estava pensando em Deus e observando as minhas fezes no vaso sanitário .É engraçado, quando um assunto nos interessa, algo sobre ele a todo instante capta a nossa atenção..."

Extraído da obra de Rubem Fonseca – Secreções, excreções e desatinos.

terça-feira, agosto 21, 2012

Navalhadas Curtas: Elas são sete... Agora talvez menos uma




Navalhadas Curtas: Elas são sete... Agora talvez menos uma

Aquela conversa começou mal. Acho que ela estava naquele período... Ao menos a cabeça dela estava ferrada.

A boa disposição havia acabado. Eu ainda estava tranquilo. Gritos não me assustam, armas não me assustam, ameaças muito menos. Todo mundo tem direito e ficar zangado, não é?

-Fabiano, me diz agora e sem enrolação... Quantas mulheres tu estas agora?
-As que são importantes?
-Não... Todas elas... T-O-D-A-S ! ! !
-OK baby, relaxa... Deixa ver... Com você são sete... acho que é isso...

Acho que aquele numero foi expressivo e inesperado pra ela.

-Cara, que isso? Como tu consegues ? Eu sou a mais importante delas?
-Eu não preciso conseguir nada, deixo tudo fluir como está... Não minto, se der galho sabe como é... Todo mundo já sabia... Não há inocentes neste jogo...

-E a minha importância? Hein ?Diz...
-Não existe isso comigo...
-Cara vai embora da minha casa agora... Chega vai! Vaaaaiiiiiii!
-Tudo bem amor...

É, estar comigo não é nada fácil.

Luís Fabiano.






Tribunal Invisível

Eu dou muitos motivos
Para que naturalmente se irritem...
Dou mais motivos ainda que causam lagrimas
Mas como uma lamina abandonada sobre a mesa
Ela não é nada além de uma lamina em descanso...

Eu ainda estava naquela...
Avaliando minha culpa entre copos de cerveja,
Fodas mal dadas, olhos quem não me encaravam diretamente
E a lacuna repleta de ansiedade que isso gera... Mas não em mim...
Como num tribunal de silêncios
Rasgando pensamentos tentando encontrar a verdade
Remoendo emoções

Então subitamente me senti em paz
Mesmo diante de toda merda feita e das que farei...
É como tudo que não se pode voltar ou refazer
Não sei o que esperavam de mim
Minha verdade é um doloroso carinho
Uma corda suspensa segurando o encanto e uma lamina
Embalando a beira do abismo

Eu me absolvo sem medos fudidos...
Posso tomar outro copo de rum
E foder com o resto da humanidade lentamente
Entrando em todas as xoxotas e rabos molhados de esperança
Penso em você, sua mãe, irmã e vó... Tudo bem
Afinal você dorme tranquilamente também...
Enquanto alguém por aí toma um tiro, morre de fome ou adoece
Assim você me entende

Me sinto tranquilo
E essa noite, as estrelas parecem confete prateado
Pontilhando meus devaneios de esperança
Uma orgia que faz encontrar...
Não sei se ela tornará a me abraçar da mesma forma
Nunca há como capturar certezas nada
E longe, muito longe eu ouvi a buzina do trem...

Luís Fabiano


segunda-feira, agosto 20, 2012

- Momento Boa Música -

- Mercedes Sosa - Serenata para la tierra de uno - 





Pérola do dia:


" Claro que não há explicação pra quem tem bom gosto e quem não tem. O que para um homem é buceta, pra outro é masturbação..."



Charles Bukowski.


Dica de Filme: A Sound of Noise -  (O som do ruído)2010

Em uma palavra: o filme é do caralho ! Poderia encerrar o comentário ai.
Mas tudo bem. 
O filme fala a música urbana, exatamente aquela música que todos detestamos, ambulâncias, gritos, buzinas, carros acelerando, o anúncio politico gritante, pessoas rindo, chorando e essas merdas todas que fazem parte do nosso cotidiano, fora do tom...
Então um grupo de supostos “terroristas”, resolve transformar a cidade toda em uma imensa orquestra ao preço que for. Os protagonistas são músicos e invadem certos locais comuns ( hospitais, bancos, delegacias, auto-estradas...) pra fazer do caos, música.
Ao encalço deles, um policial frustrado por não ter dons musicais... Ironia. É isso. Se quiser saber o resto vá ver... 
Curti muito, e na real quer saber? Vou ver novamente.
Bom filme... Curte o trailer aí...

Luís Fabiano.




Ela disse que sabia o que estava fazendo...
A consciência por vezes nos tapeia de certezas
Um dia, os dentes da verdade voraz, ferem nossas entranhas
Aí, tudo muda subitamente... 
E percebemos, sem anestesia
O que sentimos...


Luís Fabiano

domingo, agosto 19, 2012




Navalhadas Curtas: Elevador Glsbtsabcdfghijlmno...

Por que, eu pergunto?
Moro no quinto andar... O quinto inferno, e um elevador. Chegava com a minha refeição noturna de um domingo; latas e latas de cerveja. Pronto para ficar de boa, bebendo e escrevendo minhas merdas existências. Essa é a minha pica virtual eternamente dura.

Entro na porra do elevador. La dentro um cara fortão e desconhecido estava encostado na parede interna. Tinha apertado o botão do sétimo andar, ok, eu apertei o quinto.

A porta demorou pra fechar, e não sei por que o cara cravou os olhos em mim.
Me fixou... O tempo todo. Fiz o possível pra deixar pra lá:

-Boa noite – educado às vezes...
-É... Muito boa noite... ui...
Senti o clima.

Fiquei na minha. O cara ficou me encarando direto... Então quando o elevador arrancou... estávamos no segundo andar... Ele:

-Tu acreditas em relações homossexuais?
-Claro que sim... Contando que não seja comigo.
-Sei... Tu és destes tipos... O futuro é diversidade viu...
-Tudo bem... Eu curto diversas bucetas.

O elevador anunciou: quinto pavimento.

Luís Fabiano.

Pérola do dia:

Gosto de mulheres que se sintam meio
 vaca na cama, mas com um sorriso leve de um anjo”.


Luís Fabiano

sábado, agosto 18, 2012








Navalhadas Curtas: Nem nome, nem onde  ou por que...

Algumas dores explodem como uma espinha infamada. Assim, inesperadas. É foda.
Eu terminava de comer minha torrada, depois de um daqueles fudidos da vida. A lancheira estava meio vazia e meio cheia... Então os olhos dela, a desconhecida, eles se nublam e começou a chorar como uma criança querendo um afago.

Confesso se fosse um homem nem olharia... Mas toda lagrima sempre oculta algo. Então em um gesto incomum, tive vontade de falar com ela:

-Oi desculpa aí... Mas o que houve? Fala aí... Talvez faça bem apenas falar...

Ela tentando se controla.

-Não moço, melhor não... eu não...
-Isso, tu não me conhece. Então isso não é perfeito? Então eu posso julgar a situação sem carga emocional, não to envolvido, não tenho nada haver...
Então ela chorou com mais vontade... A abracei pelo ombro. Deixei a crise passar.

-É... Talvez tenhas razão. Vou ser direta: eu tô grávida. Eu amo muito o cara que to namorando...
-Bacana... E?
-Bem, ele deixou bem claro desde o inicio pra mim, que não queria filhos... Não queria de forma alguma nem em pensamento... Eu aceitei, e me cuidei muito, mas sei lá... alguma coisa deu errado com o anticoncepcional...e agora é isso.

-Falaste pro cara?
-Sim, ele me disse que já havia avisado... Então que eu precisava fazer uma escolha... Bem, ele falou com muita tranquilidade, calmo, sereno e com um sentimento...  Estamos juntos já há cinco anos...

-Bom, e aí? Tu tá a fim de ter esse filho? Ou tens condições de resolver isso de boa, e ficar com o cara tranquilamente?
-Quando eu penso em perder o Jorjão, tenho vontade de tirar na hora... Sem dó ou dor. 

Mas aí penso no futuro... Sabe, e se depois de algum tempo, ele me deixar?? Entende?
-Porra... mas quem controla o futuro? Tá ligada? Tens que pensar agora, resolver agora a coisa, no presente, amanha foda-se, é outro dia. A felicidade garota, não mora no amanhã... É hoje ou nunca...

Os olhos dela brilharam... Não sorriu apenas em silencio deglutindo os dentes de uma serra afiada. Fiquei ali em silencio também. Aquilo foi só. Então depois de uns nove minutos, ela levanta, me da um abraço e diz: Valeu.

Luís Fabiano