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quarta-feira, agosto 22, 2012



Trecho solto...

" Por que Deus, o criador de tudo o que existe no Universo, ao dar existência ao ser humano, ao tirá-lo do Nada, destinou-o a defecar? Teria Deus, ao atribuir-nos essa irrevogável função de transformar em merda tudo o que comemos, revelado a sua incapacidade de criar um ser perfeito?
Ou sua vontade era essa, fazer-nos assim toscos? Ergo, a merda?

Não sei por que comecei a ter esse tipo de preocupação. Não era um homem religioso e sempre considerei Deus um mistério acima dos poderes humanos de compreensão, por isso ele pouco me interessava. O excremento, em geral, sempre me pareceu inútil e repugnante, a não ser, é claro, para os coprófilos e coprófagos, indivíduos raros dotados de extraordinárias anomalias obsessivas. 

Sim, sei que Freud afirmou que o excrementício está intima e inseparavelmente  ligado ao sexual, a posição da genitália – inter urinas et faeces – é um fator decisivo e imutável. Porem isso também não me interessava.

Mas o certo é que estava pensando em Deus e observando as minhas fezes no vaso sanitário .É engraçado, quando um assunto nos interessa, algo sobre ele a todo instante capta a nossa atenção..."

Extraído da obra de Rubem Fonseca – Secreções, excreções e desatinos.

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