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segunda-feira, agosto 30, 2010


Amor instantâneo

Quando entrei, ela me fixa
Fui a trabalho
Seco e óbvio, uma máquina
Ela sorri facinho
É gentil demais
Atenção demasiada
Quer saber de mim
Que faço, como faço porque faço
Saio da indiferença que me é normal
O animal e mim acorda lentamente
Tigre silencioso
Começo sentir seu cheiro
Como um veneno que adormece o cérebro
O serviço é esquecido
Fico naquele papo besta
Cujo objetivo único, fazer o pau subir e as pernas abrirem
Amor amor amor
Ela aceita tudo que digo
-Quero tirar a virgindade de uma égua...
-Que lindo. Que lindo. Tu és lindo.
Rimos como imbecis da natureza
Ela aproxima-se, é fatal
Beijo cheio de toda a canalhice do mundo
O serviço esperava
Minhas mãos percorrem a bunda imensa
Os dedos escondem-se em todas as fendas
Geme, me chama de amor e delira
Sou eterno amor
Goza como uma porca virgem
E nunca mais quer se livrar de mim
Me quer ontem, hoje e amanha
Como for

Luís Fabiano.

Vibrador de carne.

Gilda me liga na manha cinza de um domingo. Cedo demais pra mim. A muito começo a não gostar de telefones. Eles sempre me dão péssimas notícias. Ligações de madrugada ou pela manhã cedo não podem ser boas.Pode ser um trauma, ouvi muitas ameaças por telefone.
Ela queria confessar-se. Eventualmente me aluga como seu pseudo-psicólogo, padre, pastor, pai de santo. Seu casamento estava desabando lentamente como um barranco velho, á muito tempo.
Que ela quer? Conselhos? Puta que pariu, não consegui manter nenhum relacionamento descente por mais de alguns meses. Mais por culpa minha. Aquilo certamente fazia parte da ressaca de domingo. No sábado rum, carne e solidão. Sentia-me realizado. E agora Gilda.
Minha voz matinal é a melhor, rouca e grave:
-Fale Gilda...diga lá o que houve? Bom dia ou não...
-Oi Fabiano, tudo bom? Como tu estás ?
Começo a rir.
-Você ligou pra saber como eu estou ?? Só isso, nossa quanta gentileza...faça o seguinte vá pro final da historia por favor...o tempo é sono...
-Tu ta mal humorado ?
-Deveria?
-Não, sabes como é, eu descobri outra amante do Julio...
-Porra, este cara é um Dom Juan, preciso falar com ele para descobrir o segredo.
Ela começa a chorar no telefone. Somos amigos de escola, ela sempre foi frágil demais. Emoções a flor da pele são um problema. Quem não cuida bem de suas melhores emoções naturalmente se ferra muito na vida. Sofre demais até entender como cuidar-se melhor. O telefone parecia diluir-se.
Não sentia pena ou mesmo ficava tocado. Mas precisava dizer alguma coisa.Ela queria ouvir alguma coisa. Minha vontade era mandá-la calar a boca. Mas minha educação é mais pela minha indiferença a estas coisas.
-Eí Gilda, se acalme, talvez seja o momento de você tomar uma atitude real, não é? Depois da terceira amante, creio que, ou você aceita e relaxa na boa com a concorrência. Ou dá um foda-se geral. Manda o cara embora e assume a encrenca. Mas é importante ter uma atitude clara para contigo mesma. Uma atitude nítida vai te deixar em paz de qualquer jeito. Tanto com uma ou com outra decisão.
-Pra ti é fácil falar. Tu nunca sentiu ciúme, nunca se sentiu traído, nunca deu bola pra isso.Se te traíssem tanto ta fazia. Nem sei se tu amou algum dia...
-Gilda a ressaca já é tediosa demais.Eu não tenho culpa do Julio gostar de comer outras. Eu gosto. Você não gostou do conselho, vá em paz e me deixe dormir.
-Tu não estas entendendo ou tu é um idiota mesmo. Quero sair contigo.
-Sei, agora? Que papo estranho.
-Não, mas quero fazer isso contigo.Tu é meu amigo não é ?
Tentei lembrar detalhes do corpo de Gilda. Ela era o tipo grande, alta e gorda. Era meio vesga. Estranhamente não senti vontade de trepar com ela. Defeitos físicos pra mim são virtudes. Acho que quanto mais defeitos melhor. E embora ela tivesse um olho no gato e outro no peixe, tinha boas tetas. Toquei no pau e nada aconteceu. Esse é um autentico termômetro.
-Esqueça Gilda. Creio que tens problemas pra resolver com o Julhão comedor.Depois que tua cabeça tiver melhor, bem quem sabe né...
Ela ainda chorava, fungava minhas entranhas pelo fone. Ressacas podem sempre ser pioradas. O fone ficou em silencio. Eu não tinha mais nada pra dizer que ela quisesse escutar. Minha cabeça doía, meu pau mole, queria dormir mais, e tudo que tinha era o silencio na linha.
-Desculpa Fabiano. Desculpa. Acho que não deveria ter ligado, eu precisava falar algo...desculpa.
-Tudo bem.
Ela desliga o telefone. Abro a janela, a manha cinza invade meu quarto. Conselhos matinais e de ressaca, para tudo terminar em uma trepada? Não no domingo. As vezes me esqueço de desligar o telefone, preciso lembrar disso com mais freqüência.

Luis Fabiano.
A paz é o telefone Off
.

sábado, agosto 28, 2010


Conversas Malditas:

Limpa a garganta e diz:
-Com toda licença poética.Tenho pra mim que as mulheres foram, são e se perpetuarão putas.
-É.
-O problema, é que antes faziam isso com mais graça, com mais beleza. Sutileza sensual. Hoje é só vulgaridade. Hoje é um açougue informal. Sem preliminares, a carne joga-se dos ganchos...
Risos.

Luís Fabiano.

sexta-feira, agosto 27, 2010

Pra mim a melhor da semana.
Encontrar Tim Maia é um grande prazer. Fechar a semana assim neste ritmo, com sua poderosa voz e a grande banda Vitória Régia, é fechar com chave de ouro.
Curtam devagar é muito bom.



Auge

Ela tossia com ardor
Os pulmões chiavam um pouco
E tudo estava bem
Era o auge
Agora caminhava na ponte
Olhava para baixo
Sorria para morte
Pular ou não
O auge
Ela me bate na face
Direita e esquerda
Cospe e sai de perto
Sou um verme, diz
Meu, teu auge
Vagava sem emprego
Sem amigos,
sem beijos ou abraços fáceis
Um papel na lixeira, mais um
Indiferente, inexistente
Auge
Respirava com dificuldade
O ultimo hausto chegava
Todos olhavam
A espera “dela” chegar
Fecha os olhos
Auge
Deitados na cama
O pau de chumbo
Não aponta o céu
Ela consola
Ele lamenta
Nada acontece
Auge
Nos olhamos pela última vez
Ela desaparece como vento
Eu fico e choro
Auge.

Luis Fabiano.

Cada um, com sua própria cruz

O sonho estava ótimo. Uma cachoeira que descia abundante sobre o vale. Eu me banhava em suas aguas caudalosas. Até aí tudo bem. Então a verdade quando acordei, estava mijado. Mais que uma criança de colo até o pescoço e sem fraldas.
Daniela que estava ao meu lado. Dormia pesado e bêbada. Nosso costume. Só foi dar-se conta aos quarenta e cinco do segundo tempo. Tomou um bom e cheiroso banho de mijo. A bem da verdade não fiquei chateado pelo xixi. Estas coisas a agua resolvem facilmente. Mas o sonho, aquela cachoeira dourada, o sol a pino, eu me sentindo purificado. Por fim a miserável realidade. Dei-me conta que é exatamente assim.
Irremediavelmente abro os olhos, digo:
-Puta merda...puta merda...que merda...
Neste meio tempo Daniela acordou. Foi como se tivesse tomado um choque na bunda, salta da cama pingando o dourado perfume. Sua expressão era profundamente transtornada. Com as mãos na cintura, e uma camisola transparente sexy. Ainda olhei detalhes.
-Que merda Fabiano, tu mijou tudo, olha isso aí...puta que pariu...
-Cerveja demais e poucas idas ao banheiro, desculpe.
-Desculpe? Levanta daí, que horror. Olha o cheiro. Um homem velho se mijando como bebê, tu não acha que já passou da idade ? Vais usar fraldas também ?
-Calma Dani. Foi a primeira vez que isso aconteceu. Eu levo isso pra lavanderia e tudo certo. Que tanto problema?
-É a primeira vez e última. Esse é o teu problema Fabiano, nada é problema pra ti, nada...tudo tu acha normal tá tudo bem, deixe assim...és assim o tempo todo. O mundo pode tá se caindo e apenas dizes, tudo bem...tudo bem...
Senti que caminhava em túnel de merda escorredia. O mijo começava a gelar minha alma. E aquela discussão iria longe demais. Eu estava deitado e ficando sem paciência. Ela louca, e ambos molhados. Éramos irmãos. Começava a entender o significado da gota d’água que transborda o copo. Certamente um copo de mijo.
Fui levantando devagar ao som das marteladas de Dani. Não sei estou perdendo o sentido, mas não sentia nojo . Alias que eu me lembre não sinto nojo de nada, destas coisas palpáveis. Meu nojo é subjetivo. Sinto nojo das torpes intenções humanas. Da mão oculta que bate, e se esconde.
A verdade porem é que Dani bebia tanto quanto eu. E agora tentava moralizar a situação. A hipocrisia dela me causava asco. Se tivesse sido o contrário, eu beberia até a última gota do xixi dela, com todo prazer, rindo. Besteira.
Fui pro banheiro, tirei a camiseta, a única peça que estava. Ela reclamava dos lençóis, do travesseiro, do colchão, tudo molhado. Eu queria rir mas era impossível. Seria colocar gasolina no incêndio. Afinal de contas eu já tinha mijado em outras camas.
-Olha isso, tu tá mijando tudo onde tu caminhas, cara que merda cara, olha isso...
Sonhos perdidos. Dani e eu estávamos em final de carreira. Algumas noite e ambos morremos. Ela me suportava na casa dela. Achou que eu era um homem perfeito por uns dias. Sempre acham isso. Esquecem completamente que minha educação e gentileza, procedem mais de meu desprezo, que de supostas qualidades que tenha.
Por fim Dani dispara:
-Chega, pra mim chega. Tu me desculpa, mas acho que deve pegar tuas roupinhas e ir embora agora.
-Tudo bem.
Já esperava isso. O sonho sempre é algo mais brilhante e colorido. A realidade mesmo rica é sempre miserável e pobre, perde para imaginação. Fico com a miséria, ela é turva, grosseira e muitas vezes deturpada. Mas eventualmente algo ali brilha, algo nos encanta, algo nos faz ver estrelas por um segundo. É por isso que vivo, para tentar ver estrelas.

Luís Fabiano.
A paz brilha um instante e satisfaz tudo.

quinta-feira, agosto 26, 2010

Para lembrar: Mais uma vez Tarantino e a grande Salma Hayek.
Dance diaba, dance com a cobra nas mãos. O filme é Um Drink No Inferno. Eu sugaria a unha do pé dela suja.



quarta-feira, agosto 25, 2010


Pérola do dia:

“ O que sinto não condiz com o que penso, que também não condiz com o que sou. ”

Fabiano.
Saudade

Ontem fui
Hoje sei
Amanha não
Caçador de estrelas vazias, cálidas
Passos lentos,
sem destino
Tenho o que sou, nada mais
Quero respirar profundamente
Deixar que as feridas sequem ao vento
E que elas brilhem, depois
Me afaguem talvez
como outrora
Ainda sem querer
Apenas sejam o que são.
Uma coisa apenas
No final
Seja eu.

Luís Fabiano.

Nem melhor, nem pior.

Quando olhei nos seus olhos, entendi em um segundo o que suas palavras não conseguiam expressar. E aí você não sabe exatamente o que é o melhor ou tão pouco o pior. Pensei que tudo resumia-se a ser certo ou errado.
Conheci Matilda e percebi que tudo nela, tinha um cheiro de artificialismo. A verdade tem cheiro característico. Nem sempre é bom. As vezes é um peido azedo, doutras cheiro de mar e salino. Lembro que ela detestava o próprio corpo gordo. Eram reclamações e mais reclamações. Uma ladainha interminável.
Dei atenção nos primeiros momentos. Depois aquilo tornou-se uma mesa de centro. Sabemos que tá ali, mas não tem a menor importância. Creio que foi aí que os dentes dela começaram a aparecer . Fui dando-me conta que era uma autentica filha da puta. Ou talvez ela fosse apenas tão egoísta como eu. O que nos tornava iguais. Gosto dos filhos da puta.
A verdade que Matilda não era bonita. Mas eu nunca fui muito bom nisso. Beleza estética. Olho tudo com outros olhos. Além do mais, ela não iria passar de uma namorada. Tive, tenho e terei muitas mulheres. Ela queria subir de posto. Queria noivado e toda a porra. Queria amor eterno, casamento e dividir a merda toda. Não tenho mais disposição para isso. Aprendi a olhar para tudo e todos, como tivessem cem anos. Em cem anos nada é o que é e nem tem tanta importância assim.
Não suportei a cotidiana irritação e cobrança dela. Um belo dia tivemos uma conversa frontal como uma guerra anunciada:
-Quando nós vamos casar Fabiano?
-Nunca.
-Como assim? Porque ?Que isso?
-Eu não pretendo casar, nem contigo e nem com ninguém. Não creio mais em nada disso, meus sonhos emocionais estão mortos.

Alí lágrimas demais, amargura e pura decepção. Ela me deu uma porrada na cara por iludi-la. Nunca prometo nada, por isso fico livre. Não consegui ficar bravo com ela. Chorava copiosamente, transformando a maquiagem em uma pintura. Era uma Monalisa borrada. Os olhos negros, manchados, por fim me expulsou porta fora. Me deixei levar fácil. Não sentia-me culpado. Achei que aquilo era o fim. Mais um fim.
Comigo o fim nunca é exatamente o fim. Sempre existem rebarbas, arremates. Todos geralmente cansativos e regados a mais lágrimas. As trepadas descontroladas, os gritos, novos xingamentos e por fim uma briga final. Todas seguiram este padrão. Sou bom de criar padrões. No final sempre se comportam da mesma maneira. Então mais ódio. Eu as deformo pelos meus defeitos.
Nunca mais vi Matilda. Nosso ultimo encontro, trepamos e depois ela imaginou que uma trepada dava direitos as diretrizes deu meu coração. Isso não existe. Não tenho nem coração e nem tão pouco diretrizes. Vivo o que surge e neste interim é impossível controlar-me.
Depois que saímos do motel a deixei em casa, ela dispara:
-Então amanha nos vemos? Poderíamos almoçar juntos, como antes...
Ela queria o passado. Fazíamos muito isso. Passado deve estar sempre bem enterrado. Apenas respondi:
-Não iremos almoçar. Não como fazíamos antes. Nada é como era antes. Um dia agente torna a sair novamente se tu quiser. E nada mais.
-Mais que merda Fabiano...tu és um merda. Tu não leva nada a sério. Ninguém pode confiar em ti.
-Ei calma, tudo isso por um foda? Confiança?
Ela desce do carro, e da maior porrada com a porta. A porta ficou inteira. E esse foi nosso fim. Uma viagem dramática repleta de chateações. Isso é uma marca de minhas relações. Depois em alguns casos mais graves, vêm as depressões, alguma doença somática e em alguns casos a loucura. Acho que sou uma espécie de veneno.
Matilda ainda estava gordinha naquele dia. Vestia-se bem e usava um perfume chamado Anais-Anais. Creio que o perfume era uma ironia. Ela não gostava de sexo anal. Fresca demais. Certamente que não iriamos casar. Não tinha nada suficiente. Nem amor, nem cumplicidade, nem mesmo dividimos os peidos um com o outro. Tinha vergonha de mijar na minha frente. Tais coisas são sempre a ponta de iceberg.
Hoje a reencontrei. Sem duvida ela não é mais mesma. Pelo tom de nossa conversa ainda continua sendo uma filha da puta. Apenas uma filha da puta doente. Mas essencialmente ainda é a mesma. Eu fazia minha caminhada poética. Quando vi aquela mulher seca, arrastando-se como um caracol sem brilho. A reconheci pelo rosto. Ainda veste-se bem. Porem não tem mais graça.
-Oi Matilda...tudo bom ?
-Oi Fabiano, tudo bem, vamos indo..né...
Pela resposta, precisava dizer mais alguma coisa? Me preparei para ouvir, o que mais as pessoas sabem fazer. Contar suas tragédias. Ninguém conta nada bom. Todos são enfáticos, viscerais ao colocar suas merdas na vitrine existencial. Lambuzam-se de merda, esfregam nos transeuntes, um autêntico show de misérias.
-Que houve Matilda?
-Tô doente.
-Bom, isso dependendo do que for pode se lutar e ficar bom.
-Esse é o inicio do problema, tenho uma doença desconhecida. Me deixa fraca, sem energia e por vezes dá dores em todos os ossos. Fiz diversos exames e nada. Tudo é um mistério. Vários exames que fiz deram que estou normal. Olha pra mim? To normal? Tem gente pensando que estou inventando, que estou louca...louca...tu acha que estou louca ?? Hein?
Não deveria mas acabei rindo. Todos os loucos dizem que são normais.
-Não Matilda, porem agora estas com o corpo que sempre quisesse ter não é mesmo ? Lembra? Tu dizias que queria ficar bem magrinha...
Começa a chorar como uma criança. Acho que arranquei a casca de uma ferida. Faço isso sem querer ás vezes. Cada vez que tento ser Poliana é um autentico desastre.Por isso passei a me abster de ser gentil ou mesmo educado. Passo um bom verniz em mim, todos acreditam no que veem, e isso basta. A vida segue feliz.
Achei melhor ir embora. Uma educação limpa como papel higiênico no rolo. Disse:
-Desculpe Maltida. Não foi minha intenção provocar nada.
-Tu sempre dizes isso ( fungando o nariz)...é impressionante ..
-Matilda, não dê uma de coveiro as avessas.
-Idiota.
Não iria discutir mais nada. Desta vez sem adeus. Tardes poéticas convertem-se em tarde de inferno em um piscar de olhos. O sol morria lentamente, Monalisa anoréxica, chorava como uma tempestade sem fim, merdas nas esquinas, todos passando batidos e correndo. Nem beleza, nem luar. Porque sempre tem que ser assim? Deixei-a para trás, mas já estava todo vomitado.

Luis Fabiano.
Cave um pouco em você mesmo, e encontrará merda fresca.

terça-feira, agosto 24, 2010




Ela chega venenosa
Vestido negro
Sem sutiã
Bicos de ferro
Calcinha enfiada nas carnes
Autêntico tanque de guerra
Um pelotão de fuzilamento
Eu ali
Sempre quis morrer
Conheço todos os jogos
Seu andar doce mente tudo
O Toque do salto
Perfura meu coração
Rasga minha mente
Como facas a procura da alma
Sabemos onde isso nos leva
O pior é sempre saber onde isso nos leva.

Luís Fabiano.

segunda-feira, agosto 23, 2010


Uma noite, perdas e ganhos.

Existem dias que não deveriam existir. Seria melhor para todos. Dias em que os peidos fedem mais, o arroto trás o gosto de bílis. E por mais que você tome banho, á sujeira ficará encrustada em sua alma.
Tem dias que não gosto de tomar banho. Já tive mais disso. Com a idade e a necessidade, você vai perdendo certos vícios. Moldando-se a tudo, até não mais saber quem você é. Para melhor e para pior. Não pense que estou exagerando. Um olhar calmo e frio sobre isso, perceberás a mão oculta o empurrando.
Naquele dia realmente não estava de boa vontade com nada. Tinha que ir ao um casamento. Destas coisas sociais e familiares, que todos gostam de ir, para supostamente prestigiar os noivos. Mas sabemos que é uma cortesia paga com comida e bebida. No fundo é assim.
Então tratei de dar um jeito no meu terno. Creio que fiz mais isso em consideração a minha mãe e irmã. Porque pelo restante de minha família. eu não tenho vamos dizer assim, muita afinidade. Eles não gostam de mim e nem eu deles. Nos suportamos educadamente. Me taxam como a grande maioria das pessoas que me conhecem. Me chamam: louco.
A algum tempo atrás me sentia ofendido. Fui dando-me conta de minha idiotice. Hoje não sinto mais assim, muitas coisas. Gosto de gente sincera. Hoje o que me ofende é a emulação, a mentira a simulação. Isso me incomoda drasticamente. Porque percebo o ar daquilo que não é. Embora existam mentirosos muito bons. Conheço alguns.
Eu já estava um pouco mais irritado a tarde. Não sei bem porque. Tratei não preocupar-me.Não tenho pretensão de saber todos os detalhes de mim e de ninguém. O terno ficou em boas condições e pronto. Preto como um anú, discreto e com a gravata italiana dava um toque especial. Tornar-me invisível.
Quando abro a porta do quarto, meus familiares elogiam. Meu humor havia acabado definitivamente. Estava quase arrependido de ter aceito ir. Fomos para o casamento.
A igreja cheia dava mostras da importância. Para passar o tempo, fiquei lembrando da despedida de solteiro de um amigo. Ali estava mais agradável. Tinha cerveja, cinco mulheres, quinze caras. As putinhas sobre uma mesa, rebolando de fio dental enterrado em suas carnes, suando, e de vez em quando mostravam a xoxota. Cinco belas xoxotas. Me senti no paraíso. Apenas vê-las assim, me fez bem. Tão saudáveis, mexendo com graça suas bundinhas e tetinhas. Que pode ser melhor? Fiquei sentado observando, enquanto elas se esfregavam no noivo e nos amigos. Era uma satisfação da alma, meu pau não subiu.
Voltei a mim. Encontrei muita gente na igreja. Estranhamente muitos supostos inimigos meus. Eu não tenho inimigos. Eles que acham que sou. Não posso fazer nada. Mas sabia que aquela noite não poderia terminar melhor que aquilo. Azar, foda-se.
Encontrei um primo em segundo grau, que havia namorado uma de minhas ex-esposas, era apaixonado por ela. Dava em cima dela sempre. Ao menos queria comê-la. Ele me chamava de perdedor, fracassado, boçal e idiota. Hoje estava casado com outra mulher. Será que deveria me vingar? Deixa pra lá. O cara me olhou e não cumprimentou. Eu disse boa noite e olhei para linda bunda de sua esposa. Ficou nisso mesmo.
Bem a cerimonia foi boa, porem demorada. De minha parte eu olhava todo o cortejo por detrás das aparências. Um filme por detrás do filme. Isso que me interessa. A maioria das pessoas que ali estavam, eram frequentadores de todas as espécies de cultos afro-brasileiros. Tínhamos um amplo cardápio: umbandistas, quimbandistas, candomblé, nação e outros que desconheço a nomenclatura.
Todos faziam a sinal da cruz de Jesus, com cara de católicos praticantes desde a infância. Sorri para mim mesmo. Bem, talvez eles sejam melhores que eu, afinal creem alguma coisa. Minha crença esta seca a muito, como um deserto. Vivo por minhas idéias, é tudo que tenho.
Finalmente a cerimonia acaba. Todos saem felizes e querendo respirar na rua. Meu mau humor, a gravata, a garganta seca. Fui levando tudo para festa. Creio que ali foi a pá de cal. Nos sentamos todos bonitinhos em cadeiras muito arrumadas. Todos comportando-se como não se comportavam na vida real. Tudo demais, educação demais, gentileza demais e pose demais. Inclusive minha mãe. Tudo tão certinho, tudo tão correto, tudo tão perfeito. Me senti cansado e mais que irritado. A culpa era minha. Talvez até pudesse abstrair disso. Tenho facilidade para isso. Finjo muito bem. Mas não hoje, não estava afim de negociar comigo mesmo.
Dei um tempo estratégico na festa, o suficiente para noivos chegarem, cumprimentar e desaparecer mais rápidos que um jato de porra. Já estava pensando no que iria fazer. Tirar aquela roupa, ir solitariamente para uma churrascaria. Minha irmã tenta tirar uma foto, quer que eu sorria. Impossível, não gosto de sorrisos para fotos. Gosto de sorrisos naturais.
Por fim consigo sair da festa ileso ou quase. Chego até meu carro e tem um bilhete no vidro. Que isso? Nele estava escrito: Eu vou te matar, podes esperar.
Não estava assinado, mas parecia uma brincadeira ou não. Apenas pensei: ei amigo entre na lista. Deixe o perdedor em paz. Amassei e joguei fora na rua.
Fui para casa tirar a roupa. Me livrei dela. Vesti um bom jeans, uma camiseta e uma jaqueta. Estava perfeito. Fui a pé para churrascaria. Estou saindo do apartamento para rua, sou atacado por um cara desconhecido:
-E aí dos meu, me consegue ai algo pra mim?
-Não tenho.
-Que isso dos meu, vais me quebra essa aí? To precisando pro leite das criança.
-Cara hoje não tenho.
-Que isso cara, tais te fazendo aí...sei que tu tens... deixa eu ver ai...
-Sai cara.
Então esse cara que não sei de onde saiu, me puxa pela jaqueta. Imediatamente agi, fiz totalmente sem pensar, dei um soco que lhe pegou no queixo. Ele cai no chão. Foi muito rápido e um bom soco. Imaginei que o filho da puta fosse levantar. Mas estava a disposto a pisoteá-lo se ele fizesse menção disso. Mas não, ele apenas rosnou:
-Tá cara deu...não precisava isso...pra que isso...sai fora...
Não pedi desculpas. Não me sentia arrependido, o cara não deu-se conta que aquele sábado a noite, ele era a literalmente a gota d’água. Quando você esta no limite, as vezes pode acontecer isso. Você acaba ferindo, mas depois já e tarde demais. Pela adrenalina do momento minha irritação havia passado. Na verdade sentia-me feliz, consciência em paz. Segui pra churrascaria, sentia a alma leve. Hoje eu não havia perdido, hoje não.

Luís Fabiano.
Perca tudo na vida, mas não se perca da paz.

sexta-feira, agosto 20, 2010

Pra fechar a semana então Pedro luis e a Parede cantando Bezerra da Silva - O verdadeiro Canalha,

Manchas e um poodle


Manchas e um poodle.

A mente por vezes é uma enorme catapulta. Você pensa em algo, imediatamente é lançado pra lá. Com toda a pose e achaques. Com as bênçãos de Deus ou as maldições do diabo. Tudo isso fez sentido quando eu olhei um punhado de merda seca, entre as roupas dela. Longa historia.
Eu dirigia devagar, gosto de andar devagar e pensando. Lá estava eu indo atender mais uma cliente. Não quero entrar nos detalhes de minhas clientes. Mas, mais de noventa por cento dos meus clientes são mulheres. Dei-me conta disso estes dias. Sou muito lento para perceber as coisas.
Não sei se significa alguma coisa. Mas mesmo que eu não toque em todas, me sinto bem próximo. Gosto de mulheres. Todos os tipos, expressões e formas. Não tenho preconceitos.
Cem por cento delas está só, ou pelo menos não tem marido. São separadas, possuem namorados esporádicos, uma trepada ou outra, mas nada sério.
Todas frequentam falidas páginas de relacionamento. Algumas tem um desespero quase incontido. Como uma incontinência urinaria. Outras realmente piraram a muito. Solidão demais eu acho. Nada pior que uma buceta lagrimosa, a espera de seu pau encantado que nunca vem. É o que mais tem.
Fui lembrando de características semelhantes entre elas. Todas possuem animais de estimação. Cães ou gatos. Costumam trata-los melhor que de crianças abandonadas ou mendigos do inferno. Falam como se os bichos fossem bebês.
Tive muitas surpresas ao atendê-las. Uma vez, uma me esperou de robe em cetim rosado. Não tinha nada por baixo. A garrafa de vinho já tinha passado da metade. Ela queria, eu fiquei afim, sou sensível. Não arrumei o computador, mas sujamos a sala dela de vinho e porra. Boa cliente, ainda pagou.
Deixo os pensamentos inúteis para trás. Chego á casa da cliente. Um bom apartamento no centro da cidade. Ela fazia o mesmo perfil. A idade estava chegando, a queda hormonal fatal, começava a aplicar-lhe os primeiros golpes.
Os olhos opacos, as peles sem viço, uma planta cuja a raiz vai secando. Ela poderia resolver isso facilmente. Mas parecia não querer. Um pouco deprimida. Ficou um pouco jogada depois que o marido a trocou por uma de vinte. Clássico perfil imbecil masculino.
Lembrei de Lucrécia, uma amiga. Hoje com quase setenta anos. Eventualmente ainda nos pegamos, ela gosta de sexo e faz muito bem. E nada de xoxota com textura de lixa. É melada, muito melada, uma moça de vinte anos. Geme como uma égua no cio enquanto suas carnes balançam ao som da batida de minhas bolas.
Toco a campainha.
-Oi Fabiano, tudo bom ? Vai entrando...
-Tudo tranquilo.
Entrei e ela me levou ao seu quarto, onde estava o computador. Falou dos problemas que estava apresentando. O quarto estava bagunçado. Roupas atiradas na cama. Disse pra mim não reparar aquilo. Realmente não reparo. Falou pra mim ficar bem a vontade(ela não sabe o que esta dizendo), pois iria para o banho. Fiquei.
O concerto foi relativamente rápido. Porem não pude deixar de notar uma calcinha usada sobre a cama. Azulzinha e sujinha, com detalhes em renda e pequena, muito pequena.
Arrastado pela curiosidade e instintos animais, a peguei da cama. Coloquei direto no meu nariz. Um cheiro forte, acre, denso maravilhoso. Senti-me transportado ao céu. Abri a pequena peça, ela estava manchada. Um pouquinho de merda seca, e algo amarelado na parte frontal. Mijo ou gozo.
No quarto pequeno poodle, me olhava curioso. Apenas levantava as orelhas mas não fazia nada. Se fosse um pitbull? Coloquei a peça onde estava. A cliente surge enrolada em uma toalha de banho.
Porque ela fez isso? Disse que havia esquecido de mim, e se desculpa. Tudo bem. Pra mim é normal todos me esquecem, mais rápido que um jato de mijo.
Ela pega a roupa e vai para outro quarto vestir-se. Quando volta dá-se conta da calcinha suja e tenta recolhe-la com descrição. Mas meu olhar é fatal. Ela sorri sem graça. E pede desculpas. Digo:
-Tudo bem, acontece, fique a vontade.
-Quanto é?
Pensei em dizer: é sessenta e mais a essa calcinha suja aí. Mas fiquei só no sessenta mesmo. Hoje eu fiquei só no sessenta. Acho que eu deveria ter gozado naquela calcinha.
Luís Fabiano.

Eis tudo que vejo

Tento olhar para os fatos da vida com certa calma. Muito embora algo rosne dentro de minhas tripas. Uma calma simulada muitas vezes. Maquiagem de puro desespero. Penso: não queria que assim fosse .
Olho a face das pessoas, as que conheço, as estranhas e as outras. Semelhantes trágicos que todos carregamos em algum lugar. Limpos, bonitos, bem vestidos e andrajosos. Não julgo nada. Sou mais um leproso entre leprosos. Uma alma cansada, entre os pilares de nossa pseudo sociedade perfeita. Caminhamos todos juntos, tentando não enlouquecer. Apenas tentando.
Naquela esquina, vi a farsa que permeia as relações humanas. Olhei-a nos olhos. A mão que se esconde ferina em tapa oculto. Os dentes afiados como navalhas, escondidos prontos para rasgar. Reconheço que os justos também estão por ai. Mas onde estão ? Que não os vejo? Que ninguém os vê? Quem os vê?
E isso é o espelho de tudo. Da sociedade, das instituições, da autoridade, da ciência. E todo o resto que aplaude.
Então ele foi pra casa. Era exemplar pai de família. Sua amante ficou na esquina sorridente com a calcinha enfiada no rabo, o próximo encontro. Ele faz pompas de sua irrefutável moral.Um faz de conta de si mesmo. Sua esposa acredita, os filhos acreditam. Eu também.
Ela defende o criminoso. Sabe de sua verdade, seus motivos, sua crueldade, insanidade e oque for. Ele é preso, ele é estuprado, ele é tratado como lixo, ele é um animal que ficará pior. Ele guarda a raiva em si, um dia sairá. Nada tem a perder. Nem eu. E você?
A instituição faz de conta que funciona. As pessoas fazem de conta que é justa. E todos nós aceitamos porque também fazemos de conta que acreditamos.
O outro comete o mesmo crime. O dinheiro entope-lhe o rabo. Um melhor advogado, uma melhor estrutura, a justiça já não é a mesma. Nada de igualdade, vamos com calma Doutor... Quer um cafézinho? É possível abrandar a pena, o senhor é membro ilustre da sociedade? Então. Fique tranquilo, eu também sou.
Ela adoece. O hospital estrangulado, agonizando vomitando gente por todos os lados. Que dor forte, mas não é urgente aparentemente. O olhar rápido do atendente, não vê nada. Nem sangue, nem saliva, nem coração.
Tecla seu maldito computador. Que merda, o sistema parou? Vamos reiniciar tudo novamente. Espere um pouco ok? Na fila. Um pouco. Eu espero.
A ambulância grita, pedaços humanos destruídos, fragmentados. Horrível acidente. Tudo se perdeu. Ela ainda esta ali, mas agora já pode morrer, que Deus a receba nos portões do céu, por que a terra a dispensou, foda-se. A mim também.
Médicos saem pra fumar, cagar, mijar. Fumam. Mas não é estranho? Alguém que me diz que não fume, e fuma? Não fume você se filho da puta, me deixe em paz. Ninguém acredita nele e em ninguém. Tudo assim. Um faz de conta que a saúde é importante, mas não tanto assim. Talvez um dia seja. Porque nada é tão importante. Nem eu e nem você.
Chego em meu serviço. O chefe enlouquecido, com raiva do mundo, com raiva da vida, com raiva de Deus. Desconta em mim, e em todos. Teve uma ejaculação precoce a noite passada, uma broxada talvez, ou qualquer outra coisa assim, que importa o motivo. Precisa motivo? O amor por sua mulher acabou, ele finge que ama, ela finge que acredita. Alguém precisa levar a culpa disso. Todos levamos, esta dentro do salário.
Tem mais, sempre tem mais. Olho políticos bem vestidos, bonitos quase feitos de plástico. Sorriso pronto e eterno, com uma caneta na mão mais potente que um AR-15. Uma assinatura e tudo feito, limpo. Acabam as economias para saúde, emprego, segurança. Não é assim? Estamos pensando em vocês eleitores! Não conseguimos dormir, o estado é o pai. Um pai ausente que mata por subterfúgios, por omissão, pelo silencio. Mais um dos que fingem que as coisas funcionam. Não funcionam. A politica é a maneira de dizer que as coisas funcionam sem funcionarem. No fundo são todos iguais.
Ambulâncias que gritam, amante sorrindo na esquina, criminoso não arrependido, médicos fumantes, computadores de merda que travam, instituições falidas.
É preciso olhar com piedade para todos. Não sei como. Nada de ser bom samaritanismo. Mas é preciso entender a fragilidade do ser humano. Sua débil vontade. Lutamos para que as coisas deem certo. Mas no fundo sabemos que nem sempre é assim. O pênalti é cobrado pra fora. O soco pega no queixo,nocout. E precisamos dormir descansar.

Luis Fabiano.
Hoje,paz o caralho.

quarta-feira, agosto 18, 2010

Bem,bem, bem...existem coisas que não é
preciso dizer absolutamente nada!

Blue Bird


Blue Bird

Ela adentra o Bar gritando com alguém invisível a plenos pulmões:

-Essa bucetinha é minha, aqui só bucetinha... há há há.

Onde estava sentado permaneci. Conversamos entre três. Cerveja e recordações de infância. Não devemos lembrar de pequenas merdas que fazemos na vida. Devemos nos ocupar das grandes. Essas sim, são capazes de mudar tudo. 

Tem mais culpa, mais argumento e mais dor. Somávamos nossas coleções de nadas existenciais. A grande verdade que a maioria da humanidade, não faz a menor diferença se deixar de existir. E agora, aquela maluca adentra, fazendo seu espetáculo, chamando atenção.

Ali não era nenhuma novidade. Todos são mais ou menos assim. Existem lugares que reúnem tipos assemelhados de pessoas, uma lei de afinidade que a natureza faz muito bem. Voltar ao Blue Bird, sempre é uma experiência única.


Ali se reúnem o bando mais feliz de derrotados. A derrota não é algo tão mal assim. Nos consolávamos abraçados uns aos outros. Entre baldes de merda, cigarro, bebida e drogas e o resto que ninguém fala.
Ao fundo de nossa conversa, aquela mulher visivelmente alterada. Produtos para alterar a mente demais. Falava sozinha sem parar, gritava palavrões as vezes. Bem, eu preciso pouca coisa, realmente muito pouca coisa para que o calhorda em mim desperte. Calhorda sofisticado, com vontade de comer o mundo inteiro. 


Tem algumas mulheres que conseguem fazer isso acontecer, num piscar de olhos. Outras jamais conheceram. Falta algo.
Comecei a olhar a maluca com outros olhos. Longos cabelos negros tingidos, sobrancelhas grossas, que mais lembravam um marandová, a boca rasgada como de um curinga, botas de salto negro, jeans surrada, boas tetas e uma bundinha de mosquito. Ela era horrível, portanto perfeita.
Marcelo que estava comigo me chama:

-Ei cara, acorda, tu desligou? Tá em transe. Ta olhando aquela maluca com cara de tarado...
-Não tenho cara de tarado. Sou completamente tarado. Coisas de química cumpadi, coisas além da imaginação...(disse qualquer coisa)
-Tchê, acho o Bukowski ai tá fritando teu cérebro. Aquela mulher é lésbica meu, o negocio dela é outro, esquece. E outra de graça hein: é transtornada, nóia total, tu vai te dar mal.

Na mesa, o Bukowski encostado na parede, nos olhava. Ultimamente tenho carregado ele para todos os lados. O livro já esta seboso demais de tanto andar por ai. Devo estar ficado maluco também. Então tudo certo. Mas sinceramente a alma de Bukowski, anda junto com este livro. As pessoas o vem onde estou, e o pegam. Ficam olhando, folhando, fazendo caras e bocas, como se a alma do velho Buko tivesse entrando pelos seus cús.

No trabalho, no bar, na casa de amigos onde quer que seja. E sempre dizem algo assim: Puta merda, esse cara era foda...
A maluquice nos acompanha. Naquele momento conversamos sobre lembranças que não tinham mais sentido. Fingi conversar, enquanto olhava a maluca. Em determinado instante ela se desentendeu com uma outra mulher lá.


Mulher maneira de falar, era enorme, cabelos raspados punk, uma imensa barriga, pelos embaixo do braço e debaixo do queixo. Realmente um tipo atraente. Ficaram trocando empurrões, e a gorda deu uma porrada mais forte. Todos riram, a maluca se calou, como se tivesse fechado a tampa de um túmulo. Que cena. Gosto de mulheres brigando, atirando objetos, pegando facas, navalhas estas coisas.


Então ela ergueu-se triste, foi para o balcão. Já estava quase desistindo quando ela me olhou e ficou encarando por alguns segundos. Ela gostava de confusão, queria confusão. Talvez estivesse procurando a morte? Veio na direção de nossa mesa.


-Agora tu tá fodido camarada...querias, agora já era - diz Marcelo cagado, um autentico cagão.
-Fica frio Marcelo, ela é mansa, e tá até desarmada...


Ela chega como um vulcão prestes a explodir. De perto era pior.

-E ai ó, que foi? Tais me encarando aí...que é ? To de devendo alguma coisa?
-Calma, calma. Não quero brigar contigo. Sou da paz. Relaxa ok?
-Mas tu estavas me encarando, que é hein?
-Não. Estava te olhando, como se olha uma pintura, uma arte, você gosta de pintura?
-É sei. Tens cara de tarado, que foi tu gostou do que viu?

Começo a rir. Ela estava realmente invocada.

-Contigo não tem preliminares antes? Beijinhos, carinhos, mãos, essas coisas que fazem o orvalho aparecer...
-Olha aí cara...vou te mostra uma coisa seu filho da puta...

Ela abre o jeans e baixa as calças ali mesmo. Estava sem calcinha. Não tinha muito pudor. Mostrando uma enorme e peluda buceta. O bar em ebulição bate palmas para o strip-tease gratuito. Fiquei olhando, foi algo de surpresa. Então ela pega os grandes lábios olha bem nos meus olhos e diz:

-Aqui ó nunca vais colocar nada, nunca, aqui é só bucetinha...só...viu otário...

Achei uma linda declaração de originalidade. Acho que foi a primeira vez que abriram uma buceta na minha frente, e eu fiquei só olhando. Dono do bar não gostou nada daquilo. Foi empurrando ela pra fora, dizendo para ela não voltar mais lá, entre outras coisas. Ela sai sob protesto e aplausos de um bar em chamas. Como costumo dizer, depois da meia noite pouca coisa pode ser boa mesmo.
Marcelo me olha e diz:


-Que foi isso cara?
-Isso foi um show Marcelo.

Fiquei pensando comigo. Ela poderia ser o que fosse. Mas em outro momento vou conversar com ela. Tanta insanidade e espontaneidade juntas. Ela deve ter algo a dizer. Todos temos.


Luis Fabiano.

terça-feira, agosto 17, 2010


Trem a 250km

Ela mexe-se rápido
Com pernas fininhas e tetas murchas
Fala como uma metralhadora giratória
O rosto descarnado
Olhos verdes, bonitos e sem brilho
Não perde tempo com nada
Corre ao banheiro
Volta outra
Havia nevado lá
Mente abastecida, e mente
Acelera forte,
Agora é um trem bala,
flutua nos trilhos
O maquinista louco
Corra mais, acelere ao máximo
Fala mais
Tiros disparados a esmo
Em uma noite sem fim
Balas perdidas
Tem disposição faminta
Sorri demais a beira do abismo
O trem pesado
Vagões
Frustrações, tristeza
amores perdidos
Toda a tragédia humana
Indiferença fria dos transeuntes
Querem chegar mais rápido, onde?
Onde esta o piloto automático?
Onde freia essa merda?
Não dá pra parar?
Não dá.
Passa por nós rápido demais
Não há como para-la
O maquinista está quase morto
É só aguardar a
beleza do som...bateu.
A tempestade rasgou a noite.


Luis Fabiano.

segunda-feira, agosto 16, 2010


Veneno

Ela me aspira forte
Atinjo seu cérebro
Um jab de um canhoto
Fica em pé, mas já é tarde
Quando se da conta
É tarde, sempre tarde

Outra coloca-me em sua seringa
Ela não é minha heroína
Sou mais forte
sua derrota e sua fatalidade
Escolhe o braço esquerdo
Entro veias adentro
Atinjo o coração
Torno-me fogo
torrando a alma
Arrastando-a ao demônio.
Ainda assim não percebe
quando perceber
Será tarde demais

Outra, serve-se de mim em um copo largo
Vai tomando-me devagar
Como quem toma uma cerveja infinita
Vários goles
Todas me colocam pra dentro de si diretamente
Querem isso como quem deseja a morte
Se tomasse cianureto,
seria mais saudável

Sou a anaconda que enrola-se no coração
Repleto de beijos
O abraço carinhoso,
cheio de paixão
Torna-se forte demais
Comprimindo veias
Explodindo tudo
Devorando a alma
Mas ainda assim não percebem,
Porque quando percebem é tarde demais

Luis Fabiano.

Decoração sanitária.


Decoração sanitária

Alguns dias são cinzentos. É preciso dar um tom de cor a eles. Naquele sábado a noite, tingi o meu de vinho. Um bom garrafão tomado em doses homeopáticas, com minúsculos pedacinhos de carne e linguiça. A pedida que mais me apetece.

Fiquei nisso por horas. Sentindo o entorpecimento da consciência, como arma pronta pra disparar em qualquer direção. Agosto é o mês mais fodido do ano. Recordações demais, tristezas demais e esperança nenhuma.


Ziguezagueava no apartamento. As paredes macias e frias com a cor gelo. Arrastando-me e enchendo mais uma taça. Última taça, como uma ultima dança, o ultimo beijo e a ultima gozada. Posso morrer agora.

Deito-me e adormeço como um anjo bêbado. Confesso que detesto sonhar. Não sonho de olhos abertos e nem tão pouco de olhos fechados. Tive a grata felicidade de assassinar todos os meus sonhos quando era muito jovem. E gosto deles bem mortos. Não tenho planos de nada, de realizar nada, de encantar-me com nada. Prefiro a objetividade de um céu concreto, cor de cimento. Se algo ocorrer além de disso, ótimo. Se não ocorrer nada, ótimo.

Mal fecho o os olhos começa o maldito sonho, uma sessão de cinema obrigatório. Nele aparece um tal de Luiz Herculano. Quem diabos é Luiz Herculano? Queria conversar, mas eu não queria saber o que ele tinha a dizer. Um cara alto e barbudo, parecia um jogador de basquete americano.

-Ei Fabiano, tenho algo importante pra te dizer amigo.
-Amigo? Que eu me lembre compadre, eu só tenho um amigo. E ele não é você.
-Pra que tanta hostilidade? Calma.
-Não é hostilidade, estou bêbado, e quero dormir tranquilo. Sem sonhar, detesto sonhar. Me da dor de cabeça quando eu acordo.
-Eu sou Herculano, o escritor morto.
-Ok, Hércules, sou papai Noel, coelho pascoa e um gnomo tudo junto.
-Você tá de mau humor hein? Isso é bom. Amigo, vim te falar sobre a escrita transgressiva, isso te interessa ainda ?

No sonho aquilo me deu uma sensação agradável. Foi como se alguém tivesse feito carinhos no meu pau. Um carinho no pau é bom, até quando é ruim.

-Bem Herculano, então diga...
-Não vim te instruir...vim conversar apenas.
-Sei.

Eu me sentia duplo. Um cara com consciência no corpo e aquele cara que era eu conversando com Herculano. Lembro que ele ficou falando um monte coisas, e que em determinado instante me cansei dele.

Acordei ás dez horas da manha com uma forte dor de estomago. Isso era esperado, um garrafão depois, alguma consequência é esperada. Mas não fiz fiasco algum. Não estava com dor de cabeça. Pensei: porra o vinho era bom pra caralho mesmo...he he he.

Então fui para o banheiro tentar me aliviar. Sento no vaso e sinto que algo tomba na agua fria do sanitário, causando um tsunami que molha a minha bunda. Ual. Que estrago. Limpo o rabo e tem muito sangue no papel.
Jesus, será que estou começando a menstruar ? Tudo certo. Me ergo e dou uma boa olhada no troço. Achei no mínimo curioso. Era a maior bola se sangue ou algo parecido que havia saído de mim. Que porra é essa?

Não tinha cheiro de merda fresca. Aproximo bem o meu nariz e cutuco com o dedo, para ver se a coisa fica clara. Quando faço assim, aquela bola abre-se como se fosse uma rosa. Rosas de sangue, tinge a agua do vaso completamente. A forma era bonita, quase artística. Tanto que me esqueci que poderia ser algo grave. Mas não poderia chamar ninguém pra ver. Não tinha cheiro de rosa, não tinha cheiro de merda.

Fiquei olhando aquilo. As vezes as coisas que saem do nosso interior, nem sempre são merdas completas. Dou adeus, puxo a descarga.

Luis Fabiano.

domingo, agosto 15, 2010


Pérola Dominical

“ Não pretendo relacionar-me mais com pessoas de” verdade”. Meus personagens são muito melhores. Falam melhor, bebem melhor, trepam melhor e estão sempre próximos a mim, entre vapor e névoa. ”

Luís Fabiano.

sexta-feira, agosto 13, 2010

Dica de Filme: Death Proof – Prova de Morte.

Tarantino caminha a passos largos para insanidade. O filme é delirante.Cara de Tarantino, diálogos intermináveis e caóticos. Discussões em cima de temas que se perdem, e um cara com firmes propósitos de matar.
As vida é caótica, mas por pior que sejam os propósitos, tenha-os claros para si. Mas sempre lembrando que a futilidade custa caro, embora não pareça.

Luis Fabiano.



Pérola :

“...não é apenas o foder e o chupar
que alcançam o interior do homem
e o amaciam, são os extras,
está tudo nos extras.”

Charles Bukowski.

Três contra um.

Aquela semana havia estado em três buracos diferentes. Não foi meu recorde, mas havia sido uma boa semana. Não programo maratonas sexuais. Talvez pela influência lunar, mas as mulheres estavam particularmente muito animadas aquela semana.
Realmente não sei se satisfiz a todas. Acho que não. Fiz meu esforço, bebi algo, trabalhei devagar, não gosto de pressa, entre beijos e abraços. Foi bom. Misturei meu cavanhaque aos pelos de suas xoxotas em chamas, e a outros orifícios suculentos.
Toquei no meu saco. Tive a impressão que haviam sugado toda a porra possível de meu reservatório intimo. As vezes acho que as bolas deveriam ser perto do coração. Talvez tivessem sugado minha alma por ali também.
Isso me fazia lembrar enquanto mijava. Veronica, uma ex-amiga. Sou um cara tenho ex muitas coisas. Até coisas que não se poderia ter ex. Veronica tinha uma sede que jamais era aplacada. Era uma grande gozadora. Em uma noite disse pra mim que havia gozado quinze vezes comigo. Não acredite, mas parecia um bom numero. Não me senti mais macho com isso. A verdade que existem mulheres que mesmo não gozando, fazem você se sentir com as maiores colhões do mundo. Um olhar repleto de hiatos diz tudo. Inexplicável beleza muda.
Ficamos horas de papo furado. Entremeando uma trepada, bebidas e contos de nossas vidas em desalinho. Era um bom passatempo. As vezes sexo é uma luta de boxe. Nada preenche espaços, a não ser gemidos. Ela era o tipo gritona.
Veronica orgulhava-se de ter tido uma grande quantidade de parceiros. Segundo os cálculos dela, mais de seiscentos homens a haviam comido de todas as formas:
-Este numero é oficial? Pergunto rindo.
-Hum, hum...conto desde que era muito jovem...comecei com meu pai, depois vieram ,tios, primos, amigos e por ai foi.
Não me surpreendi. Tinha impressão que aquele assunto começava a descer uma longa escada. Certamente bateríamos as portas do inferno emocional. Coisas que todos carregamos.Conheço a alma humana. Ela grita por lugares mais inesperados. Em Veronica gritava pela buceta e pelo cú.
-Veronica, você deve ser um poço de doenças...você já teve ???
-Não, eu sou limpinha. Uma DST as vezes. Afinal, quem de vez em quando não tem algo? Um corrimentinho? Nada que um remedinho não cure.
-Sei, sei.
Ela sempre falava em tom diminuitivo as coisas. Isso era irritante. Mas era o jeitinho dela. Tinha prazer em minimizar tudo. Subterfúgios da mente.
Mas quando ela terminou de dizer isso, não preciso dizer que olhei direto para meu pau. Serei eu a bola da vez? Não entro em desespero facilmente. Mas pensei em entrar debaixo do chuveiro e dar uma escovada nele. Coisas psicológicas. Você começa a falar em coceira, daqui a pouco sente coceira. Você já teve chato? Eu tive.
Isso passou. Mas tratei de mudar de assunto. Ela gostava de detalhes mórbidos. E eu de estilhaços de alma. Mas tudo que Veronica podia me dar era sua xana.
Terminei de mijar.
Três mulheres diferentes, eu me sentia um derrotado. Haviam levado a porra toda. Tudo bem. Mas algo incomodava. E não era DST, chato ou outra destas merdas que se pode pegar fazendo sexo. Algo incomodava onde bucetas maravilhosas e cús cheios de flores não podem alcançar. É lá.

Luís Fabiano.

quinta-feira, agosto 12, 2010

Rammstein - Angel


Pó e ossos.

Ela senta-se a mesa
Com três longos trilhos de neve a sua frente
Estava animada demais
Uma criança com brinquedo novo
Eu na quinta cerveja
Meus movimentos lunares
Ela cheira a primeira
Os olhos brilham como diamantes de bosta.
Ela vai novamente
Penso: talvez depois da terceira ela queira me dar
Magra demais, ossos e peles
Cabelos desgrenhados e sujos, boca rasgada
Hálito do inferno
tetas ausentes e sugadas,
Pernas, tacos de sinuca, de um jogo que ainda não terminou.
Já vi cadáveres melhores que ela
Ela cheira a terceira, diz esta pronta
A cerveja no fim
Pensei em come-la,
temia morrer assassinado entre as pernas daquela ossada
Ela sorri feliz, feliz demais.
Era como nadar em um mar interminável de merda
Um precipício, uma cachoeira de cagalhões
Vou no banheiro,
ela vai atrás de mim
Tento mijar,
ela olha meu pau como um urologista.
Que coisinha diz...
Termino de mijar e ela me chupa
Isso parecia tudo.

Luís Fabiano.

Navalhadas Curtas: Adeus é uma porta.

Ela tinha uma faca nas mãos, dizia que iria matar-se. Eu parado no vão da porta, preocupado com minhas roupas amassadas naquela sacola de supermercado. Ela vociferava em dor:
-Se tu sair por esta porta, eu mato.
Fez esta cena colocando a lâmina nas veias do braço. Não conseguia me importar com ela. Sou assim mesmo, desligou-me facilmente de tudo. Quando você vê esta cena várias vezes, com personagens diversos, vai ficar impressionado porque? Sentia-me elogiado.
-Não coloque a faca assim, tem que ser meio de lado - disse eu.
-A é? Olha aqui... – fez um pequeno corte, e o sangue caiu no chão...
Pensei comigo: Nossa quanto amor. Mas ainda não sentia-me tocado. Um amor de verdade faz cortes mais profundos e bem maiores. Ela queria atenção. Minha taxa de atenção havia expirado. Convivências próximas demais me fazem mal. Precisava de ar.Sempre preciso de ar e espaço.
-Coloque um band-aid nesta merda aí. Limpe o chão, não faça cicatrizes desnecessárias no corpo, por mim. Não por mim.
Juntei o resto que faltava e sai. Quando olhei para trás. Ela parada a porta, um pulso sangrando e lágrimas nos olhos. Parecia uma santa imaculada. A cena era mais linda que os sentimentos dela.

Luis Fabiano.
Pela manha acordo, fico pensando: de onde virá a facada, o tiro a tragédia.

quarta-feira, agosto 11, 2010


Criaturas da noite (hominis nocturna)

Começo a ficar com ojeriza da noite. Poucas coisas ficam saudáveis depois da meia noite. Constata-se isso, saindo este horário de casa. Na hora grande. Dia destes, inventei dar um passeio noturno, solitário. Comungar com as estrelas. Prazerosamente solitário. O carro deslizava nas avenidas, vielas e becos.
Me perguntaram dias atrás, porque falava de becos escuros, em uma cidade como Pelotas? Disse o cara:
-Não estas em Londres camarada...
-Vai te fudê.
Olhei pra ele. Não estava afim de discutir nada. Acho um perigo pessoas que não se conhecem muito. Infelizmente, este grupo é grande, maioria da imprestável humanidade. Ás vezes gostaria de ser bem melhor que eles. Mas sei que em muitos casos sou pior. O verme. Um pior bem envernizado.
Não tinha disposição para conversar. A maior parte do tempo não falo absolutamente nada. Apenas minha boca se mexe. A noite fria estava agradável. Pessoas circulavam na rua. Eu tinha entusiasmo de fazer merda. Ainda não sabia bem o que. Um grave defeito. Nunca sei o que vou fazer. Encosto o carro na Deodoro.
O Liberdade brilhava aquela hora. Gosto daquele lugar. Boa musica, alguma malandragem, mas nada muito nocivo. Quando entro, uma senhora cantava um bolero emocionado, era aplaudida, entre sorrisos e baforadas de cigarro. Sentei e tomei uma cerveja. Um solitário sempre chama atenção. Mesmo um solitário perdedor. Baratas, aranhas e outros bixos estão atentos.
E as criaturas da noite são predatórias. Uma mulher que conversava com outras duas. Não era bonita, o tempo não havia sido gentil com ela. Cabelos longos, pintados de um loiro com raízes negras. Um grande casaco branco, uma saia escura acima dos joelhos. Uma mistura boa. Nada nela prometia muito ali. Mas as pernas eram boas.
Passa por mim, pede licença, roça as pernas em mim, sem querer imaginei. Mas uma coisa é preciso saber. Nada a noite é sem querer. Tudo é intencional. Quando volta, para me pergunta:
-Fogo?
-Ainda não estou, essa é a primeira cerveja.
Da uma risada, como uma galinha engasgada. Diz:
-Não é isso, tens fogo para acender o cigarro?
-Tenho.
Ajudo-a com o cigarro, ela fica por ali ciscando. Um cigarro depois, éramos íntimos. Contou sua vida inteira. Decididamente, não gosto de saber da vida ninguém. Nem gosto de falar da minha. Na verdade já sei todas as vidas. Você vê uma, vê todas. Dramas emocionais, dramas de saúde, algumas poucas felicidades, amores perdidos, sentimentos destroçados, coisas impensadas e suas consequências, morte e o resto. Esqueci alguma coisa?
Como é esperado, tudo isso me é tedioso, previsível até o osso. O que mais detesto em todos. Todo aquele papo besta, pra ela abrir as pernas no final. Preço alto demais.
Olhei-a nos olhos, achei melhor ir embora. Fui parar em um outro bar não muito longe dali. O publico era outro. Alternativo. Quando as pessoas falam isso, referem-se sempre de forma rotulada, gays, lésbicas, travestis, drogados, bêbados, emos, metaleiros, tribos e loucos de toda sorte. Os meus mestres. O segurança na porta me olha. Cara de buldogue mau humorado.
O lugar é uma espelunca fumegante. Retalhos de alma com sabor de inferno, enxofre.
Era mais alegre, pessoas tentavam divertir-se. Uns dançavam, outros se drogavam, ainda outros se agarravam, com garras expostas, paixão, fervor, carência e desejo. Via isso em seus olhos vermelhos. Trens em alta velocidade. Prontos para descarrilar. Pedi mais uma cerveja, não faria mal. Afinal a morte esta sempre a espreita.
Logo fiquei uma vontade mijar. Pergunto onde é o banheiro para o cara do balcão, ele aponta um canto meio penumbroso e sujo. Paredes escuras.
Vou até lá. Quando entro, no canto mais escuro próximo ao mictório. Dois caras tentavam trepar. Tudo bem.
-Da licença, preciso mijar – disse me anunciando.
-Mija aí meu...
Me apontou o sanitário cagado. Perfeito. Quando você esta se mijando, um sanitário cagado pode ser um paraíso. Ao fundo um dizia para o outro:
-Vai, enfia esse troção em mim. Arregaça minha a rosquinha.
-Toma então...
-Huuuu
-Tá seco isso, cospe ai...vai..dá uma molhada e me beija...
-Isso atola até os ovos...enche meu rabo de porra...
O cara mandava bala . Eu mijando, ouvia estas palavras carinhosas. Fiquei na minha. Mas foda-se, minha arma era o mijo. Nem olhei para o lado. Acho que mijei quinhentos litros, as ultimas gotas caíram na cueca. Senti que correu pela minha perna algo quente. Acho que foram mais que algumas gotas. Que merda. Isso às vezes me acontece. Mijo secará.
Voltei ao balcão. Ainda não me sentia satisfeito. Não me referia necessariamente a sexo. O cardápio noturno estava variado. Preciso alimentar-me de uma boa dosagem do lixo humano. Me refiro a lixo implícito, subjetivo. Lixo atômico. Emoções destruídas, uma sede desesperada de afeto, capaz de tudo. Matar, morrer, expor vísceras. A solidão que dorme em cada um. A fuga agoniada para algum porto seguro. Os braços de um(a) canalha, que vai te deixar pior em troca de te deixar melhor. A malicia que serpenteia, os dentes afiados o vampiro.
Olho para o lado, na mesa uma mulher esquálida entupia o nariz de pó, coçava a narina. Parecia estar feliz. Tudo que vi nela, foram restos. Se agarrando a um pedaço de felicidade possível. Não a censuro, somos assim. Precisamos de pedaços de felicidade.
A cerveja estava terminando. Um travesti chega no balcão. Tetas grandes, cabelo loiro comprido, uma minissaia preta e uma boca arredondada, que parecia uma bucetinha. Então fala com uma voz de locutor de radio am:
-Pierre, me da uma dose de whisky.
A voz não combinava com aquele corpo. Fiquei na estética entre as pseudo-mulheres que ali estavam ela era a melhor. Comecei a pensar. Talvez fosse melhor voltar pra casa. Bater uma punhetinha e dormir.
A traveca de voz grossa me olha. Vem na minha direção. Me achou com cara de cliente. Eu pensando em misérias e uma punheta:
-Então querido, gostou de mim?
-É, tu estas bem.
-Então vamos? Fazer amor gostoso...hein..que tal ?
-Creio que hoje não. Além do mais tu pareces um tenor, por favor não leve como ofensa...
Disse isso já me levantando.
-Vai á merda idiota. Um dia verás o tamanho do meu “microfone”.
-Ei relaxe. E guarde este clitóris de Itu pra quem gosta.
Ficou falando mais algumas coisas que não dei atenção. Deixei o Pavaroti de saias e fui embora. Juntei minhas coisas e levei o resto de mim mesmo pra casa. Dirigindo devagar, o carro parecia que andava na espuma de uma onda.

Luis Fabiano.
O vazio é pior veneno. Você morre estando vivo.

terça-feira, agosto 10, 2010


Pérola do dia:

“ Um bom livro é como uma injeção na testa. Passa o crânio, vai na alma. ”

Magalhães.

segunda-feira, agosto 09, 2010


Navalhadas Curtas: Mendiga Darth Vader.

O caixa eletrônico tem alma. Literalmente uma alma fria e calculista. Chego para pegar uns míseros trocados de final e mês. Cinco ou dez reais. Antes de chegar lá, tenho outros obstáculos. Uma mendiga obesa a porta do banco. Fazia cara teatral de coitada:
-Dá um trocadinho, quando sair? Dá um trocadinho quando sair?
Dizia isso abrindo a porta do banco, que estava aberta. Passava ali o dia inteiro. Era uma boa estratégia, afinal é preciso estar perto do dinheiro para conseguir dinheiro. Quando chego perto dela, ela repete a ladainha.
Mas pra mim tudo deve ter um preço razoável. Olhei-a bem, investigando o corpo. Era muito gorda. Cento e cinquenta quilos mais ou menos. Acho que não passava fome. Qual o problema? Meus valores não são atributos palpáveis. Meu olhar escrutinador tentava achar uma ponta desejável nela. Adoro gordas, meladas sujas dispostas a gemer muito. Os peitos eram flácidos, porem grandes.
Gordura e gostosura por todos os lados! Uma bunda enorme. Isso é bom. Aquela calça de strech, dividia a enorme xana em um V frontal. Me senti satisfeito. Chego á frente do caixa eletrônico. O de notas de vinte e cinquenta não me servia. Achei o que pagava em notas de dois reais e cinco. Perfeito. Peguei o resto do dinheiro. Sai a porta, disposto a dar a nossa pedinte uns dois reais, pelo serviço.
Vejo que o celular dela, era muito melhor que o meu. Brilhava vermelho, sensível ao toque. Ela discava com alegria o pequeno telefone. Olho mais uma vez para a xana dividida. E pergunto:
-Tu me consegue um trocadinho aí?
Os que passavam ficaram me olhando. Tiro meu telefone e mostro pra ela, que me olha e dispara:
-Saí fora com este lixo...
Em um instante a mendiga doce e gentil, tirou a capa negra, se transformara em mais um Darth Vader. Puta merda, poucas coisas na vida são verdadeiras, acho que nem a miséria é mais.

Luis Fabiano.

domingo, agosto 08, 2010


Pai, rum e aborto.

Não tenho o perfil de lamentações. Não funciono assim. Tenho uma capacidade de matar emoções, de uma forma quase instantânea. Num piscar de olhos paro de sentir, como se nunca tivesse sentido. Isso geralmente confunde as pessoas. Por ser assim, escutei todo tipo de ladainha ruminante. Não faço drama com nada. Como barata, me acostumei. Afinal não posso esperar que as pessoas entendam tudo.
Todos carregamos nossas loucuras. Ou somos carregados por elas as vezes. Não explicarei isso, não posso fazer nada, para ser entendido. Não tenho interesse nisso. Escolha a versão de Fabiano que mais gostar, e tudo certo.
Quando acordei hoje, estava com uma dor de cabeça. Ressaca do rum. Depois de outras bebidas de ontem, o rum foi a pá de cal. Fui dormir como um bebê. Um bebê sem pai. Era preciso levantar. Uma guerra silenciosa. O apartamento abandonado a sí mesmo, sugeria paz. Fui na cozinha, tomei agua, e olhei através da janela. Um pai, ajeitava as roupas de seu filho, pedaço de gente.
Fiquei nostálgico. Fui pego de surpresa por lembranças encarceradas e saudades. Os dias frios de agosto não fáceis. Fiquei olhando a cena em silencio. Lembrei do tempo de meu pai vivo-morto. O tempo por mais longo que seja, é curto. Sempre é curto. Engoli navalhas. O amei muito. Não tenho costume de ter saudade nada. Resolvo isso com um movimento de pensar.Me permiti deixar levar. Não creio que ele estaria orgulhoso de mim.
Alguém que não tem planos na vida, que não espera nada, que não deseja absolutamente nada. Que ás vezes duvida de Deus. Que vive cada dia, sem nenhum propósito.
Meu prazer é poder acordar pela manha, pra mim já bom. Lembro que ele apenas tinha uma preocupação: que eu fosse melhor que ele. Um propósito muito difícil, era absolutamente original.
No episódio de minha primeira separação, me ajudou a carregar as roupas e livros, as únicas coisas que levei. Deixei pra trás, casa, carro e outras coisa. Deixo sempre uma trilha de coisas para trás. Ele bate no meu ombro, diz: As coisas se compram com trabalho, a paz de espirito não é bem assim.
Eu estava em lágrimas naquele dia. Só chorei na primeira separação. Chorei porque ainda existia tolice em mim, o suficiente. Hoje a tolice já esta mais equilibrada. A cabeça latejava, procurei um remédio, não tinha. É preciso matar no peito todas as dores.
O domingo não seria bom. Achei melhor dar um basta naquele pensamento. Guardo preciosidades em mim, protejo bem. Mas ás vezes olho para não me esquecer. É importante cultivar em si bons momentos. Eles podem te salvar.
Volto ao quarto. Sentia-me sufocado por mim mesmo. Por um momento, passam idiotices na mente. Levar flores no cemitério? Não. Mas lá no cemitério, também esta aquele foi meu filho. Que por uma destas fatalidades da existência, não conseguiu chegar a este mundo vivo. Lembro dele morto, era preciso olhar. Dei o nome a ele de Raul, tinha meu nome no final. Agosto, Agosto. Se tudo tivesse dado certo, estaria com dez ou onze anos. Tudo isso já? Teria sido eu um bom pai? Teria orgulho? Repetira este filme da vida? Não sei. Como tudo em minha vida segue um caos, as coisas iriam se construindo, a medida que fossem acontecendo. Tentaria ser melhor. Mais responsável pelos meus sentimentos. Ao menos iria pensar em alguém as vezes.
Eu lembro que até aquele dia, não tinha sentido a dimensão paternal. Não tinha conseguido sentir-me pai. Mas por alguns minutos senti.
Não quero destilar o pior. Deixei o rio transbordar, a melhor maneira de santificar e livrar-se de nossas dores. A cabeça era um chumbo. Respirei profundamente, fui vestindo minha armadura. A velha e boa armadura. A katana me acena, pego-a na mão. Tiro até a metade da bainha. Não posso tira-la toda, pois quando sai totalmente, é preciso corta algo, matar algo.Mas hoje não.
O brilho intenso da lamina reflete meu olhar. Me sinto melhor, e vou abandonando os pensamentos densos. Assumindo a mim mesmo, o pior e o melhor em um trago.
Agora vou para o banho, a cabeça é um dilema. Um remédio e estarei novo. A noite tem mais rum ou vinho, isso é certo. Guardo a espada, me sinto confortável de armadura.

Luís Fabiano.
A paz as vezes é um estilhaço de lembranças.

sexta-feira, agosto 06, 2010


Pau de Ouro.

Estou longe de ser um perito na arte do amor sexual. Como tudo em mim, é meio errante, fica ao sabor do luar. Filosofia de cama é ótima, quando tudo funciona. Estávamos sentados na nela, enquanto eu enrolava minha broxada natural. O membro flácido, como uma lombriga morta, gosmenta e sugada. Asas de chumbo ao solo.
Tem vezes que o dia bom. Bebidas demais, trabalho demais e desculpas de menos. E foda-se, já era sua transada. Ela com cara de quero mais, tentava ressuscitar o morto, fez respiração boca a boca, mas nada.
Os homens sempre se preocupam em ser viris demais, naquele dia eu não esquentei. Tinha alguma coisa errada ali. Mas não achava que fosse comigo. Carolina, uma amiga de foda, só era intima por causa do sexo. Não era exatamente meu padrão de mulher. Eu já havia dito a ela. Achava limpinha demais. Tem um cheiro de sabonete em todos os cantos do corpo. Perfume em excesso e onde estaria a alma dela?
Talvez esse fosse o problema. Minhas maiores broxadas foram com mulheres limpinhas demais. Certinhas demais. Normais demais. Sou primitivo e brutal, preciso de cheiros naturais. Mesmo depois de uma mijada, sua xoxota tinha cheiro de perfume. Carol não tinha cheiro de mulher. E achava o máximo.
Somos amigos e tínhamos esta parceria sexual e nada mais. Formalidade demais. Gosto de relações assim. Depois daquele dia, decidimos botar um ponto final na jogada. Sexo precisa química, muita química. Ela é um stradivarius, e o máximo que sei tocar é um pandeiro. Fui embora daquele apartamento sufocante.
Dei um abraço e desejei que ficasse em paz. Carol estava com uma carinha triste. Talvez com um orgasmo entalado. Teria de resolver com seus dedinhos mágicos.
Chego em casa as três da manhã. A uma hora destas tem se a impressão que a noite acabou. Pensei comigo: Deite-se Fabiano, durma tranquilamente, amanha pela manhã, masturbe-se devagar e tudo estará certo, vida nova.
Rí de mim mesmo. Nunca ninguém ou nada me consola. Tenho que me virar sozinho mesmo. Sempre é assim. Não tinha outros problemas pra resolver, nem agonias inquietantes. Vou tentando me libertar todo os dias, pouco a pouco. A liberdade é a capacidade que você tem de da liberdade, as pessoas e as coisas ao mundo a sua volta.
Você abre um cadeado, e suas asas ganham as alturas. Emoções que se aprisionam, medos que enclausuram e você a procura da chave o tempo todo. Em você mesmo. Você é o berço da dor e o mar ondulante da felicidade. Conceitos simples e desafiadores, somente na porrada vamos entendendo isso.
Sempre desligo o celular quando chego em casa. Esqueci-me. O telefone celular brilha, olho. Uma outra amiga. Esta de mais tempo. Mais experiente, mas frustrada, mais carente, mais louca, mais hot crazy! Atendi, ela seria meu anjo:
-Fale Helena...
-Nossa, que voz em gatão? Tua voz da madrugada, sempre sugere que não prestas...
-Não diga? As três e meia da manha, pouca coisa não é pecaminosa na vida...
-Ual, estas com o humor ótimo, to vendo...to animada.
Eu com humor ótimo? As pessoas realmente não sabem nada de minha vida. Ninguém sabe nada da vida de ninguém, é tudo uma idéia vaporosa.
-Legal Lena, e então ?
-Vem pra cá vem, vem...acabei de chegar de um jogo de cartas, tenho boa bebida e estou sem sutiã...que tal?
-Lena você esta em depressão? É bipolar? Estas feliz demais. Gente feliz demais, tem alguma coisa errada, você não acha?
-Que nada. Você vem ou não vem?
-Tudo bem, me dá quinze minutos, para eu retocar o blush!
Ela gargalha no telefone, como uma galinha que cacareja, e desliga.
Não sabia se era a coisa certa a fazer. Mas Lena parecia estar bem, antes de amanhecer eu iria embora. Geralmente quando acorda pela manha, esta depressiva. Ela tem os motivos dela, os filhos, parecem que foram paridos por outra mãe. Não a visitam, nem ligam. O ex marido, arrumou uma mulher vinte anos mais nova que ela. E ela pirou um pouco. Agora ficamos nisso.
Sei que ela tem um, dois ou três caras que ficam com ela também. Então somos quarto. Mas ela tem me chamado com alguma frequência. Gosto dela por muitos motivos. Entre eles, ela sempre me dá bons textos.
Quando cheguei no apartamento de Lena, todas as luzes estavam acesas, o som estava ligado, com um daqueles forrós que detesto. Era a festa de uma solitária. Mas ela estava exatamente como disse que estava. As tetinhas murchas soltas. Estava um pouco alta.Ela tomou o anti-depressivo com vodka. Não façam isso em casa. Falava como uma matraca:
-Fabianooooo vem pra festa...vem....
-Já estou aqui Lena...
Ela me abraça e nos beijamos. Esta com cheiro de vodka e cigarro. Na hora meu cajado ergue-se. Era isso. Lena tinha cheiro de devassidão. Os instintos gritavam nela. Era meio destrambelhada, mas foda-se, iria salvar minha noite.
Nos beijamos, mais e mais, arrancamos as roupas. Trepamos ali mesmo na sala com as cortinas abertas. Meti fundo, ela gemia como uma gata, aos uivos. Você já ouviu um gato no telhado? Fizemos uma gritaria infernal. Não sei como alguém não falou nada. Tudo certo.
Gozamos, ela deitou-se ao meu lado. Havia se tranquilizado, parecia um passarinho, bem quietinha. Apenas abraçada.
Do nada ela pergunta sussurrando:
-Fabiano, quantas mulheres te querem?
-Que? Que eu saiba nenhuma. Talvez somente as que não me conhecem. Não sou exatamente um dom juan, nem tenho grana, nem sou bonito e não sou o pai da foda...
-Mentira tua.
-Não tenho problema em mentir.
-Deves ter várias que te querem...
-Pare com isso, eu não sirvo para coisas profundas.
Ela ergue-se um pouco pega meu pau na mão. Fica olhando. Fico esperando qual será a próxima maluquice. Não quero falar de mim, e nem dos problemas dela. Se ela começar, vou embora, minha prática predileta.
O membro fica rijo novamente, ela o beija demoradamente e diz:
-Não é um grande pau, mas é de ouro. É de ouro
Não pude conter o riso. Nunca tinham me falado isso. Tudo que escutei em minha vida foram coisas contrarias isso. Elogios praticamente não existem minha vida, e quando tem raramente acredito. Agora o pau valia alguma coisa.

Luís Fabiano.

Pérola do dia:

“ Meu céu é uma porção de xoxotas, livros e alguma grana comer algo. Acho que são as únicas coisas que espero da vida.”

Luís Fabiano.

quinta-feira, agosto 05, 2010

Secretária Rabuda.



Secretária Rabuda.

Senta-se uniformizada por detrás da mesa.
Unhas pintadas de vermelho
Sente-se bem no uniforme alinhado.
Tudo tão certo
Tudo tão reto.
Tudo a beira serena de um vulcão.
Assim espera.

Eu chego
Vem gata, ronronando, no cio e sorrindo
Quando nos encostamos
Entramos em curto.
Beijos molhados
Tetas duras
Mãos que escorrem.
Meu pau apontando para o céu.
Nada mais existe.
Tudo tomba

Roupas se despedaçam
Corpos se fundem.
O gemido é uma sinfonia.
Mozart, Wagner, Beethoven...
Todos ali, entre meu pau e aquela cona peluda.
Nos abraçamos, como uma chuva fina.
No ar, corpos suados.
Ela vira de costas,
gostamos assim...

Abre as pernas, inclina o corpo pra frente
O olho negro pisca pra mim.
Beijo-o com delicadeza
A rosa de merda abre-se gentilmente.
Vou entrando devagar.
Ela geme e me empurra.
Fico olhando entrar,
Sendo engolido por aquela bunda de neve.
Sumo inteiro.
Vou trabalhando devagar,
A maior rabuda do mundo.
Toda deliciosa.

Uniformes disformes,
Palavras distorcidas.
Gozamos, entre porra chocolatata e amor.
Ficamos parados, grudados,
como o cão e cadela

A bunda mais linda.
Tenho vontade de morrer grudado ali.
Nas doces nádegas da rabuda .


Luis Fabiano.

quarta-feira, agosto 04, 2010


Carta Bomba.

Nunca recebo nenhuma correspondência relevante. Tudo resume-se a contas, cobranças e propagandas fúteis. Um verdadeiro lixo. Mas hoje havia uma carta endereçada a mim, do Acre? Que porra é essa? Fiquei surpreso, as pessoas ainda escrevem cartas? No Acre não tem email ?
A vida hoje é eletrônica, pessoas virtuais, tele presença, sexo digital amor eletrônico e todas estas merdas tecnológicas, que nos iludem a respeito de nossa própria evolução.
Quando olhei o nome do emissário, não sei o que senti. Uma mulher do meu passado. Um frio percorreu a espinha. Lembrei das noites tórridas que tive com ela. Noites de sexo insano e nenhuma prevenção.
Tivemos varias idas e vindas. Namoramos, casamos, separamos, namoramos, ela tornou-se minha amante e por fim, separamos definitivamente. Enfim um cenário completo drama. Tudo isso acompanhado de toda a ladainha emocional. Brigas, álcool e depressão. Não me deprimo. Ela gostava de beber, gosto de mulheres que bebem. Ficávamos muito loucos, dispostos a tudo. Beth era uma “égua”. Negra clara, alta, coxas grossas com pelinhos, cabelos curtos, sorriso largo e tetas mais duras que chumbo flutuante.
Ficamos neste jogo uns oito meses, depois ela foi embora da cidade em função do seu trabalho. Ela tinha alguma grana, estava disposta a me bancar como dizia, rindo e irônica. Eu achava engraçado, estava tudo bem, não tenho orgulho nenhum.
Não tenho alma de cafetão, mas quem não gosta de mordomias? Ela me buscava no serviço, me levava. Trepávamos muito, até na escada do prédio. Dizia que me amava. Quando você ouve isso tantas vezes isso, é como se a campainha estivesse travada. Bom, sei apenas que ela era ciumenta, controladora e direta. E eu pervertido. Sempre gostei de bundas, pequenas, grandes, moles, esticadas, velhas, magras, gordas, sujas, limpas, peidantes. Realmente não tenho preconceitos. Um dia olhava descaradamente para uma bela bunda loira, Beth viu. Digamos que aquilo foi a gota de transbordou o copo. Ela já estava saturada e eu também, então tudo certo. Brigamos por uma bunda bonita.
Ela me bateu no rosto, foi embora, nunca mais nos falamos, fim de jogo. E agora aquela carta que mais parecia um documento impresso. Será que sou pai e não sabia? Talvez a cópia de uma certidão de nascimento? Beth gostava que eu gozasse bem no fundo, dizia o tempo todo. Então:
-Vou ser mãe de um filho teu! Vai, seu merda, goza no fundo...bem no fundo me enche de porra...
Doces memórias. Era obediente. Fazia e não me preocupava com que ia dar. Nunca me preocupo. A vida é as vezes um ato errante. Ou não me preocupava, até aquela carta. Isso já fazia alguns anos, ela foi embora com raiva de mim. Poderia ser uma vingança macabra. Abri a carta ansioso. Minha decepção. Não era nada disso. Uma carta longa digitada no computador. Eis algumas partes:

“Oi Fabiano, tudo bom ?
A vida é estranha , mas tenho me lembrado muito de ti, não sei se pela distancia por causa da minha solidão por aqui. Não gosto daqui. To aqui a trabalho, não adianta, não fecho com as pessoas aqui, sou uma estranha total.”
“Acabo ficando com as memórias boas de tudo que se passou. E mesmo tu não prestando, tens um lado agrada a alma de uma mulher, mas acho que tu já sabes isso. És um canalha carinhoso.”
“Ninguém é perfeito. Sinto saudade da tua voz, teu olhar sacana e de coisas malucas que dizes quando estas bêbado.”
“Mesmo com o episodio final que terminou por nos separar, não consigo sentir raiva de ti. Como tu consegues isso? Ás pessoas brigam contigo, dizem coisas terríveis, mas passa a raiva some...”

Não era o que imaginei. Alias nunca a vida é o que eu imagino. Sou um completo idiota. A carta tinha outras coisas, mas nada filhos perdidos ou bastardinhos. Se ela tivesse tido um filho, o bastardinho certamente viria com uma peixeira em punho, dar fim em mim.
Dobrei a carta e tornei a guarda-la no envelope. Não me fez bem ler aquilo. Por que entrei neste clima de paternidade, assim repentinamente? Deve ser o maldito mês de agosto. Um mês repleto de datas significativas.
Este mês tem dia dos pais, também é o mês que meu pai faria aniversário e também o mês que ele morreu. Me entristeci um pouco.
Fiquei parado no portão do prédio. Senti-me distante, fiquei olhando o céu cinza e frio, um silencio em mim que urrava e despedaçava minhas entranhas. A saudade por vezes é sufocante.

Luís Fabiano.