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quinta-feira, agosto 12, 2010


Navalhadas Curtas: Adeus é uma porta.

Ela tinha uma faca nas mãos, dizia que iria matar-se. Eu parado no vão da porta, preocupado com minhas roupas amassadas naquela sacola de supermercado. Ela vociferava em dor:
-Se tu sair por esta porta, eu mato.
Fez esta cena colocando a lâmina nas veias do braço. Não conseguia me importar com ela. Sou assim mesmo, desligou-me facilmente de tudo. Quando você vê esta cena várias vezes, com personagens diversos, vai ficar impressionado porque? Sentia-me elogiado.
-Não coloque a faca assim, tem que ser meio de lado - disse eu.
-A é? Olha aqui... – fez um pequeno corte, e o sangue caiu no chão...
Pensei comigo: Nossa quanto amor. Mas ainda não sentia-me tocado. Um amor de verdade faz cortes mais profundos e bem maiores. Ela queria atenção. Minha taxa de atenção havia expirado. Convivências próximas demais me fazem mal. Precisava de ar.Sempre preciso de ar e espaço.
-Coloque um band-aid nesta merda aí. Limpe o chão, não faça cicatrizes desnecessárias no corpo, por mim. Não por mim.
Juntei o resto que faltava e sai. Quando olhei para trás. Ela parada a porta, um pulso sangrando e lágrimas nos olhos. Parecia uma santa imaculada. A cena era mais linda que os sentimentos dela.

Luis Fabiano.
Pela manha acordo, fico pensando: de onde virá a facada, o tiro a tragédia.

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