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sábado, agosto 31, 2013

Mariana



Mariana
 Ela é das mais leves
E tem a inocência de menina
Como se fosse uma ciranda com a própria vida
É muito fácil gostar dela
Mariana risos
Mariana gritos
Mariana criança
Depois Mariana forçou casar
E o traço vil do viver
Fez suas marcas...
Tenta alimentar sua criança
Mas a realidade de mulher...mãe, esposa, trabalhadora
Cobram seu preço
Sim...
Quando olha-se no espelho
Pensa: não era para ser bem assim...
Mariana rugas...
Mariana inquietudes
Mariana...Marianaaaaaa?
Então
Apega-se com todas as forças ao que tem
Raiz sugando a terra
Beijo de roda
Ciranda de viver... cantigas de infância
O tempo fecundando o tempo
Vestindo o presente de passado
Expondo fendas que não se preenchem
Mariana desajeitada
Mariana brinca
Mariana esconde-esconde
Ontem vi mariana...
E ela não me olhou nos olhos
Sorriu de mentira
E nós sabíamos o que havia...
E creio
Que você também sabe.


Luís Fabiano.

Vizinha safada




Navalhadas Curtas: Vizinha safada

A pena virtual por vezes se vê diante de paradoxos.Chafurdar o íntimo do humano é fatalmente deparar-se com a merda ok? Ok.

Então assim ele me falou assim: Pois é Fabiano... a minha vizinha é um quadro. Ela tem vinte anos... e casou com o vovô de sessenta anos.
Claro que me interessei na hora: e ai?

-Bem, o vovô tem posses...ela anda muito bem arrumada, o cheiro perfume bom... francês com certeza. Ela é toda bonita, gostosa mesmo... bem arrumada, cabelo e pele bem tratada... e ama o vovô de verdade.
-Porra...grana compra até o amor verdadeiro...rs
-Então ela foi numa conhecida loja do calçadão... ta ligado? Aquela...e tal...
-Sim, sim...
-Bem... o lance que ela com toda aquela “fineza” e grana, estava colocando as roupas da arara, pra dentro da bolsa, tava roubando...na laje...
-Grã-finos “não roubam...” há, há, há... aí recebe outro nome né...
-Que nada... aí os atendentes desconfiaram na hora... chamaram a segurança... ai começou o show... a vadia sentiu o drama, e se fez! Desmaiou, ta ligado? Pra escapar do flagra, simulou ataque cardíaco e tudo mais...
-Puta merda...caruda ...o negócio é vencer o sistema, venceu?
-Não... a coisa andou...foi levada pela Samu, e depois foi liberada, mas aí a coisa apertou pra ela... o pessoal da segurança pegou ela, e rolou uma pressão...
-Ai fudeu...
-Isso mesmo...fudeu mesmo... dizem aí, que ela teve prestar um “servicinho” pra se livrar.Um servicinho duplo ta ligado? Dizem as más línguas... ela contou a história pra vizinha....e ai foi pro mundo...
-Putaqueopariu... é o que eu digo, se existe duas fendas ou mais no ser humano...elas serão usadas, ao mesmo tempo eu não sei... O inferno é outros mesmo. Da vizinha pro mundo... é bem isso aí mesmo. Vizinhos são foda.


Luís Fabiano.



sexta-feira, agosto 30, 2013

Dica da Helô X


  DICA DA Dj Helô     

Sexta-feira... dia de dica da Dj Helô.
A grande voz de Ellen Oléria chega até nós hoje, na música Zumbi... 
O final de semana ta aí... a curtida e fazer coisas bacanas.

E amanha dia 31/08 tem festa da Helô... no Pop Rock pós 23:30... é isso.
Grande findi a todos.

FIO DA NAVALHA



trecho solto



 Trecho Solto...   

"Portanto devo refazer o conto.
 Agora esta muito mais forte. Sem uma única mentira Só mudo os nomes. Esse é o meu oficio: revolvedor de merda. Ninguém gosta disso. Não tapam o nariz quando passa o caminhão do lixo? Não escondem as latas de lixo nos fundos das casas? Não ignoram os varredores de rua, os coveiros, os limpadores de fossas? 

Não sentem nojo quando ouvem a palavra carniça? Por isso tampouco sorriem para mim, e olham para o outro lado quando me vêem. Sou um revolvedor de merda. E não que esteja procurando alguma coisa na merda. Geralmente não encontro nada. Não posso dizer-lhes: ”Oh, olhem só, encontrei um brilhante no meio da merda, ou encontrei uma boa ideia no meio da merda, ou encontrei uma coisa bonita”. Não é assim.

Não procuro nada e não encontro nada. Portanto, não posso demonstrar que sou um tipo pragmático e socialmente útil. Só faço como as crianças, que cagam e depois brincam com a própria merda, cheiram, comem e se divertem até que chega mamãe, tira ele da merda, dá banho, perfuma e ralha com eles, dizendo que não podem fazer aquilo.

Só isso. Não me interessa o decorativo, nem o bonito, nem o doce, nem o delicioso. Por isso sempre duvidei de uma escultura que foi minha mulher durante algum tempo. Havia em sua escultura um excesso de paz para que pudesse ser boa. A arte só serve para alguma coisa se é irreverente , atormentada, cheia de pesadelos e desespero. So uma arte irritada, indecente, violenta, grosseira, pode nos mostrar a outra face do mundo, a que nunca vemos ou nunca queremos ver, para evitar incômodos a nossa consciência.
Pronto .Nada de paz e tranquilidade. Quem conseguiu o repouso no equilíbrio esta perto demais de Deus para ser artista  ".

Extraído de:

Trilogia Suja em Havana – Pedro Juan Gutiérrez



quinta-feira, agosto 29, 2013

Drogas


Navalhadas Curtas: Drogas ?

O problema não são as drogas, são os maus drogados. Sabe... os caras que perdem o controle, nervoso, o cara à beira do ataque. Isso é foda. O mau bêbado também é foda...e tem outros...

Estava no Blue Bird, e um cara desconhecido puxou uma conversa fiada:
-Sou muito louco sabe... é... drogadito...
-Ok.
-Sou chapado, e to aí me recuperando...ta ligado...
-Legal meu chapa... então melhoras pra ti.
-Só quero um motivo pra me chapar hoje... to na pilha...

Aquilo foi o limite.

-Tudo bem brother...te dou uns motivos ai... simples, pensa na violência, na guerra, nas putas solitárias em casa, no teu pau que não sobe mais, pensa em câncer em uma UTI, em Deus morto ao meio dia...no diabo cagando pra ti no inferno... na tua volta pra casa, na mulher que tu não tens, na punheta matinal e o céu fugindo de ti... quando a tua chapa passar...a ressaca de amanhã...

Ele ficou me olhando... em silencio.
Então saiu.


Luís Fabiano.

Pelotas Tatuada


       # PELOTAS TATUADA #       


Rua Alberto Rosa n 306


quarta-feira, agosto 28, 2013

Dica de filme - Vou Rifar meu coração


Dica de Filme:Vou Rifar meu coração   

Quem não sente ou já sentiu dor de amor? Perdeu teu homem? Perdeu tua mulher?? Puta merda. É foda isso nós sabemos.
Vou Rifar Meu Coração é do caralho por causa disso.

Fala da “ breguice ” que é ter emoções. Usando de personagens da vida real, mulheres que traem, putas, homens canalhas e outras espécies da humanidade, vai expondo a real da emoções e das relações... a contradição que é por vezes sentir o que você sente por alguém.
É quando a porta do teu quarto se fecha... o que você sente com a outra é problema seu...e só você sabe... só você.

O documentário tem ícones da música, Lindomar Castilho, Nelson Ned entre eles o falecido Wando dando seu testemunho, a respeito da paixão e o amor. O filme é excelente...encanta pela simplicidade da coisa real.

Se tu não tiver com muita dor de cotovelo ai... olha o filme...é massa.

Luís Fabiano.
Curte o trailer ai:




Pedras, xoxotas, sambão e um pouco de merda - Final.




Pedras, xoxotas, sambão e um pouco de merda

Parte final.

Lembrando...

Trabalhadores, pedreiros, pintores, lixeiros, domesticas, gente que se fode dia a dia não para viver mas pra sobreviver, e que na sexta-feira, exorciza os seus demônios. Boa gente.
Eu era um estranho naquele ninho...mas eu sou um estranho no ninho onde quer que eu esteja. Eu acostumei.

Estamos sempre procurando a irmandade de deus... mas que porra...não somos inocentes encontrando inocentes, somo criminosos cúmplices de um crime... um crime que não fazemos a noção que cometemos. Inconsciência, inconsequência, ignorância, uma belicosidade silenciosa como vermes nas entranhas do peito. Mas também fodam-se, eu não iria resolver o problema da paz mundial... não sou candidato a miss nem algo parecido...
Fui procurando espaço entre a multidão.

Por vezes muita gente me assusta, mas me sentia a vontade a ali... uns dançavam, muitas mulheres, cheiro bom de humanidade, que é um cheiro meio sujo... um dia de trabalho, suor, fritura, urina, um pouco de esgoto e banheiro congestionado perfume barato, tudo misturado. Respirei profundamente isso. Uma lufada existencial quase bestial invadiu minha intimidade. Consegui chegar ao balcão.

Um velho comia um patê de porco e tomava cerveja, outro comia torresmo com cachaça. Excelente mistura, me senti tentado. O atendente parecia indiferente a tudo:

-E ai amigo... que tem pra beber?
-Gelado cara?
-É pode ser...
-Nada. A cerveja chegou ainda pouco e tá meio quente... mas também ta frio né...há,há,há
-Tudo bem... traz ai.
-Você que sabe...

Ele trouxe aquela merda, de uma marca das mais horríveis. Pensei comigo: “esse é o jogo...”
Fiquei tomando aquela porra no balcão. Meu olhar passeava, agora com o devido combustível, eu estava afim de sacanagem.
Sou assim...deixo as coisas irem surgindo aos poucos. O sambão animado, Almir Guineto tocando, e todos cantando junto num coro desafinado. Então fiquei de olho numa linda mulata. Parecia ser muito poderosa...se é que vocês me entendem. Fazia o tipo de mulher que gosto... grande, bunda grande, coxas grossas, com barriga e ficava requebrando aquela bunda imensa na frente... e de vez enquanto olhava pra traz. Sabia o material que tinha. As mulheres não gostam que eu fale assim... mas a verdade é que: somos animais... você não consegue ver as emoções ou pensamento das pessoas através do corpo... tudo vemos inicialmente é o corpo e como signos do ocultos, feromônios... a dadiva a oferta...o que você tem a oferecer? O que eu tenho a oferecer a você? Animais e negar isso...me parece falta de humildade.

Sorri pra ela...e a safada retribuiu...começava a me sentir bem. Então como imãs fomos nos atraindo magnetismo boca do lixo. Ela mexia aquela bunda... eu encostado no balcão, éramos vulgares ao extremo. Ótimo. Ela vestia aquela calça justa de náilon, marcando muito a calcinha minúscula... e ela veio vindo lentamente. Ela gostou de mim e eu dela. Puta merda como eu gosto disso. A vida feita de olhares e desejos. Tanta conversa por vezes atrapalha tudo...me sentia um touro, ela era a minha vaca premiada, eu era o cão, ela minha cadela... onde tudo aquilo nos levaria? Não sei, só aquilo já tava bom. Foda-se.

Então ela chegou junto ao balcão... a música estava terminando...ela ainda balança aquela bunda linda. A apoteose dos desejos inflamados em mim. Toquei no meu pau que estava duro. Tudo música. Então...a música para e ela estava ao meu lado:

-Princesa... a tua bunda é linda...

Ela me olha...eu esperava o pior.

-Hummm tu gostou negão?
-Sim...ela é um poema, uma nona sinfonia...
-Já me disseram muita coisa da minha bunda... mas que é um poema nunca....(risos)

Ela sorriu...isso é bom.

-Tenho vontade de te ler por completo... ler todos os teus poemas e sinfonias...
-Então lê amor...lê tudinho…eu deixo...

Então como autômatos das cavernas...nos beijamos em meio à multidão... minha língua entrelaçou-se a dela... rostos colados, lagartos apaixonados, ela explorava a minha garganta e eu a ela...um beijo que incendiaria oceanos de tristezas e incendiaria cruzes do apocalipse. Agora tudo poderia não fazer mais sentido algum... que sentido?
Que merda... que porra... a vida... foda-se eu, foda-se você, foda-se a humanidade.

Trouxe ela junto ao meu corpo...acariciando aquela barriga linda, o velho do torresmo comenta: Olêlê...mas que beleza...(ouço risos...laterais).
Quando nos desgrudamos...o mundo girava, ela sorria, algumas pessoas nos olhavam...e o sambão recomeçou animado... eu tava afim de tira-la de lá o mais rapidamente possível... mas ela queria dançar mais.
Bebi mais daquela cerveja quente horrível e depois bebi mais um pouco, depois comecei com a caipirinha dela, e ali começava a minha “oração”... e em seguida eu estava dançando pagode com ela... juntinho, exatamente como eu detesto. Mas esse é o cortejo da merda existencial... é a dança fudida do acasalamento.

Eu bêbado danço até balé, depois de um pouco alcoolizado. Tudo começava a fazer sentido. Até aí eu nem o nome dela eu sabia. Creio ser melhor assim. Como cúmplices do crime, não deixamos testemunhas ou endereços. A noite avança...agora já passavam das quatro da manha...o bar começava a dar o ar de cansaço, como um estivador alquebrado depois de um dia daqueles... as pessoas iam embora devagar... nos matos e carros, ouvia-se alguns gemidos...o prazer. Então peguei a negra pela mão...e disse:

-Vem...

Ela não disse nada, veio doce como uma puta encantada.
Entramos no kadett... começamos a nos beijar loucamente, deixando as mãos passearem para todos os lados... suas tetas grandes e macias...muito grandes...fui arrancando sutiã...e o bico negro e muito grande estava agora em minha boca... eu era um bebê do mal sugando aquela teta linda...ela gemia alto...e depois gritava besteiras...” me mama, meu chupa filho da puta me chupa meu filho, me come...”aquele bico preenchia minha boca...lindo...fomos tirando a roupa... a estas alturas, já não queria ir para lugar algum mais...eu a queria...minhas mãos foram para dentro da calça justa dela... encontrando uma xoxota grande...peluda e muito molhada...dois dedos entram rapidamente dentro dela... tiro os dedos...e coloco na minha boca, o gosto dela é forte....molhada, molhada demais...uma mulher desejando toda a putaria possível, é como uma santa desejando os milagres dos céus.

Ela veio pra cima de mim...como uma leoa, abriu o zíper...e começou uma mamada linda...a beleza original da poesia irretocável, ela sugava com força, queria arrancar meu pau do origem... dedos dentro daquela buceta linda...grande...engolidora, ela jorrava prazer...um liquido viscoso com cheiro forte o gozo, um gozo intenso, a maneira de gozar que algumas poucas mulheres conseguem...raras alias... então ela sobe em cima de mim...e fode, fode e fode como uma cadela no cio...a mulher original. Gosto de desejos intensos... todos eles... gosto do ódio original, gosto da raiva autentica, do amor sem segundas intensões... senti que poderia morrer ali mesmo...e por algum instante desejei morrer mesmo... nos braços de uma puta desconhecida.

Tudo já teria valido a pena. Somos animais...ela esfregava aquela xoxota a base do meu pau...uma esfregação gostosa quase tão boa quanto uma penetração (nunca esfregou a buceta no pau? Então faça...) tudo ficando molhado...minha roupas, o banco do carro...os gritos e gemidos da desconhecida...uma loba uivando...meus uivos...vidros embaçados... pessoas rindo lá fora...escuridão. Gozamos...exaustos, insanos e em paz. Que sentimento melhor é possível sentir entre os pecados? A loucura encontra a paz, o espirito a matéria. Então a  xoxota dela “peida”, por causa do ar empurrado pra dentro...o que é normal... mas ela fica envergonhada, diz que não é peido...sorri.

-Meu bem... você pode peidar na minha cara...que tudo vai estar bem...

Ela sorri. Achei que era um bom momento pra perguntar...

-Qual o teu nome princesa?
-Não...não há nomes negão...e eu não sou princesa... to mais pra bruxa...
-Uma bruxa bem gostosa...
-Tu não sabe quem eu sou...
-Acho que não quero saber...nada de espelhos se quebrando...o céu se partindo...nada...

Ela fica me olhando... ela havia entendido o que eu disse.
Como uma  brisa silenciosa, ela foi se recompondo, lentamente enquanto os sons da noite invadiam espaços, meu olhar é uma dança acompanhado, ela recolocando a calcinha minúscula...linda...o sutiã...com um jeito sensual... aquilo era despedida... não sou bom com despedidas... então ela abriu a porta do carro... me olhou e saiu, sem dizer coisa alguma.

Desconhecida mais uma entre um labirinto... eu também era. Deixei que ela sumisse na bruma da noite...engolida pelo comum... e tudo que dela ficou em mim... é o que fica das pessoas que convivem conosco, lembranças as vezes boas... dei a partida no carro mergulhei eu também no labirinto, queria adormecer e sonhar com fantasmas, com deusas e se possível não acordar nunca mais.

Luís Fabiano.




terça-feira, agosto 27, 2013

Janaina



Janaína
Ela é, como um beijo suave
Nas pétalas da seda
Ondas serenas pela manhã
A vontade
Uma fagulha desejando incendiar
Gosta do que é simples
Janaina é
Janaina foi
Janaina será
Pensamento respirando emoções
Desejos transpirando em silêncios
Não quer se machucar mais
Mas esconde suas cicatrizes
Entre ontens e revezes...
Que por vezes gritam saudades...
Por vezes Janaina suspira e se retorce
Tenta não pensar...
Então
Torna-se firme
Rocha de espuma
Apaziguando inquietações, suas e alheias
Janaina doce
Janaina diluvio
Janaina passos firmes
Por vezes pensa no amanhã
Filhos, amor, uma canção e ele.
Então respira
O melhor sempre amanha
O pior se finda nas caricias do ontem
Como o inverno afagando o verão
Sorriso de Janaina
Pólen fecundo
Florescendo lentamente suas rosas
Janaina
As rosas de Janaina.


Luís Fabiano.


segunda-feira, agosto 26, 2013

Um balcão Um banco



Um balcão, um banco

Um dia cinza
Um tempo
Um copo de rum
Os desatinos encontrando um porto, meio seguro

Enquanto o cheiro de cebola gratinada
Salpica universos e desejos tantos
A tarde regando vontades
Enquanto lá fora, a chuva pura, corre para as sarjetas
Emoções se rasgando entre o límpido e o sórdido

Putaria entrelaçada a alma
Ternura confessando-se
Crimes em mim
Teus crimes
Nossos crimes

Somos filhos da puta encantados entre destilados
Destilando o nosso melhor
Como a lama das ruas
Sublimando o céu...
E o beijo no inferno com línguas de fogo

Gosto de ser parte de ti
A pior parte
A que fede, a que fode, a que rasga e a que faz doer
Bebo do teu suor, sangue e mijo...
Enquanto o cansaço nos assola
Quero ser o teu pesadelo
Quero que sejas minha vampira, puta e insana

E quanto tudo apontar
Para o desconhecido
A confiança seja o leme...
Ainda que mergulhemos em redemoinhos sem fim...
Estaremos...
Abraçados.


Luís Fabiano.




domingo, agosto 25, 2013

Poesia Fotografica




Pedras, xoxotas, sambão



Pedras, xoxotas, sambão e um pouco de merda

O tempo não estava dos melhores. O frio estava castigando profundamente a cidade. Pelotas não é Europa, com toda certeza...mas o frio é grande, a umidade também. Umidade congelante, que de certa forma tornando a vida das pessoas uma merda. Penso sempre em quem tá realmente fudido da vida... dormindo por ai... sem casa, cama ou banho. Eu disse que penso nisso... mas como você, também não perco minha noite de sono por causa disso. Não sinto culpa, e nem você também. Portanto amigo...somos cúmplices silenciosos do crime. OK a vida segue.

A sexta-feira se arrastou pesadamente, o dia soprando frio roubando qualquer disposição. Mas sou do contra. Um resistente, creio que é isso que precisamos, ser mais resistentes ao que queremos e ao que não queremos. 

Da janela do trabalho, observava a noite caindo, noite sem promessas, pensei comigo: “porra Fabiano, e ai? Que vai ser?”. Mas as respostas não vieram. Um predador precisa caçar, precisa matar, precisa saciar suas vontades. Na maior parte do tempo me sinto um predador. Por outro lado, nunca tenho planos pra nada. Nunca penso previamente em que vou fazer... deixo a vida se desenhar. 

Prefiro assim...faço o contrário. Torno o improviso um plano, torno o eventual um plano... mas nada de linhas perfeitas indicando caminhos “certos”. Não.
Finalmente a hora de sair. Quando cheguei a rua, aquilo era um frio, chuva e pessoas se escondendo. Nada promissor. Foda né? Fazer a cosia acontecer quando tudo conspira a favor é fácil, quero ver você virar o jogo quando esta quase sendo nocauteado pela vida! Respirei profundamente e peguei o kadett. 

No estacionamento os caras pareciam felizes, e logo entendi por que. Uma gostosa, estava lá, com aquele frio todo, ela era um desafio de pernas expostas numa minissaia linda. Fazia o perfil comum, bonita, meio loira e meio morena, vestia preto e as nuas... ela desce do carro e expõe uma calcinha mínima... e isso lhe conferiu a gentileza de todos...até a minha. Ela sorria leve, estava sozinha. Olhei bem pra ela... toquei no meu pau por cima da calça... ela viu mas se fez. As mulheres gostam de olhar estas coisas, mas ficam na delas, discretas mas ali dentro existe uma alma... as vezes uma vadia, as vezes uma puta e outras uma freira tentando silenciar todos estes desejos. É uma pena.

Sorri pra puta e ela se foi. Isso era uma indicio da noite.
Peguei o carro. Liguei o rádio. A vida começa ai. Deixei o rádio tocando barão vermelho... e sai lentamente. Ruas molhadas, luzes dos postes refletindo no asfalto, pareciam estrelas desmaiadas com toda a merda existencial escorrendo. Dia perfeito, noite vazia. Peguei meus caminhos tradicionais. 

Estava disposto a conhecer algo novo. Dei uma pequena volta pela cidade... indo até a zona norte lá no final...depois voltei. Putas em um posto de gasolina vagavam a esperam de caminhoneiros. Eu as conhecia... eram boas meninas... todas viciadas em drogas em crack principalmente. Trepavam para sobreviver e para satisfazer o vício. Parei o carro pra conversar com elas:

-E ai Juju... como tá a noite?
-Uma merda Fabiano... porra...ninguém quer meter com a gente...há,há,há...

Juju não é exatamente bonita... dentes fudidos, jeito de suja, mas as tetas estavam boas. Ela tem uns vinte e seis anos...mas parece ter o dobro.

-Fabiano...tu não quer ser o meu cafetão não?

Por um breve instante a ideia pareceu boa... mas não...o cafetão dela teria que lidar com uns tipos complicados e mais o vício de Juju. To fora.

-Não Juju... eu te agradeço o convite.
-Quer que eu te chupe? To precisando comprar uma pedrinha...
-Não Juju, mas toma aqui...dez pila... isso deve te ajudar...
-Bah cara tu é o meu herói... quando tu precisar...quando tu quiser...pode me comer toda...tu é o cara.

Não sou o cara, eu era uma nota de dez reais pra ela... e uma pedra em seu caminho. Quer dizer mais uma ´pedra em seu caminho.

-Legal Juju, tem uma boa noite se for possível... beijo amor.
-Beijo amor.... Fabiano eu te amo.

Que merda. Você faz ideia de quantas vezes eu já escutei isso na minha vida? Quantas seriam sinceras? Eu seria apenas como Juju, viciadas em alguma coisa? Vá saber. Voltei a minha trajetória. Queria agora um bar... mas não poderia ser um bar comum... queria um boteco. Lembrei de uma que havia ido uma única vez. No carnaval próximo a passarela do samba.  Eu havia comido uma passista num matinho próximo. Boas lembranças.

O boteco era daqueles sórdidos...sujos e nem nome tinha. Cheguei lá mais rápido que um jato de porra em direção ao óvulo. Era isso, eu iria gestar o infinito de merdas...daria luz ao demônio, beberia o néctar do inferno e se tudo desse certo...bem...

Chego ao bar, que fica em uma rua esquiva próximo ao sambódromo. Gostei do que vi...o local parecia o Vesúvio pronto pra explodir. Um sambão improvisado lá dentro, sem aparelhos de som...era um cavaco, um surdo, um violão e um pandeiro. E ali as pessoas que costumo dizer que são de verdade. Trabalhadores, pedreiros, pintores, lixeiros, domesticas, gente que se fode dia a dia pra sobreviver e que na sexta-feira, exorciza os demônios. Boa gente.

Eu era um estranho no ninho...mas eu sou um estranho no ninho onde quer que eu esteja.

Segue...

Luís Fabiano.




sexta-feira, agosto 23, 2013

Bandidão Porra




Navalhadas Curtas: Bandidão Porra

Meu prédio...meu prédio e meu prédio. A convivência com as pessoas ali é difícil. Tenho noção profunda que sou um péssimo vizinho. Bêbado, música alta e pouquíssimo social. Mas tenho umas vizinhas que gostam... talvez sofram de síndrome de Estocolmo!  Já sai com algumas delas... deixa pra lá.

To descendo as escadas lentamente para ir trabalhar... então me deparo com uma porta entreaberta no terceiro anda com alguém de costas olhando pra dentro... fazendo o que? Sei lá...talvez observando o vazio existencial. Era a mulher do sindico. E vocês sabem...todo sindico é foda!
Então ela se vira de supetão...e dá um grito olhando para mim... onde estava eu parei, entre os degraus...esperando o próximo capitulo. Ela se deu conta do mico:

-Ai...seu Fabiano, eu pensei que era um bandido... (rindo amarelo)

Esse era aquele momento de ser educado, tranquilo e dizer politicamente correto “que nada dona Maria... tá tudo bem”. Mas creio que isso seria fácil demais...e certamente não sou das coisas fáceis. Então...fechei a cara entrando em um personagem:

-Que é dona Maria...que é? Hein... tu tá certa...eu sou bandido mesmo...tá ligada? Hein?
-Aii que isso seu Fabiano...o senhor tá de brincadeira...há, há, há,

Agora quase furioso.

-Quem tá de brincadeira aqui Maria? Hein...isso é um assalto (aos gritos no corredor e indo pra cima dela).

Ela fecha os olhos...baixando o rosto, agora assustada de verdade. Então...como um bipolar programado, eu pertinho dela e sorri com suavidade, voltando ao “normal”.

-Calma dona Maria...que a senhora tá fazendo?

Ela sorri sem graça.

-Seu Fabiano...o senhor em assustou...
-Mas eu não fiz nada.
-O senhor disse que era um bandido...
-Eu não disse nada disso. A senhora tá bem?
-Sim...sim obrigada.
Segui me caminho...escada abaixo...sempre pra baixo.

Luís Fabiano.


quinta-feira, agosto 22, 2013

Entrevista - Beatriz Ribeiro


        FIO DA NAVALHA - ENTREVISTA       

     Beatriz Ribeiro       

Fio da Navalha teve o prazer de entrevistar Beatriz Ribeiro, esportista e fisiculturista. 

Um papo tranquilo indo para além do esporte.
No olhar acurado de Bia, você vê a verdade... uma verdade que nem sempre vai agradar, mas é verdade.

Beatriz é Fio da Navalha, uma mulher inteligente, vencedora e um grande coração.

Senhoras e Senhores - Beatriz Ribeiro.

Fio Da Navalha.




Falta...




Falta do que está

Estranho como as dores rescendem
Como promessas são quebradas
E a poeira se acumula sobre os livros e estantes
Uma bíblia, que você deixou entreaberta

No banheiro sujo de sangue...
Ainda não sei, se da tua menstruação
Ou de nossas brigas
As cartelas de aspirinas vazias...
E as roupas velhas que você não quis...
Tua música horrível
Teu péssimo gosto...

Tuas calcinhas amarelas rasgadas
O gosto ácido da tua buceta peluda
Gosto do nojo de tuas lembranças
E de todas as mentiras que contamos um para o outro
Infames deitados ao sol dos justos
Mentiras cientes, quase verdades

Engodo do prazer
Teu amor, um cheque sem fundo
E tua fúria selvagem
Tua putaria eterna ao lado de deus
És a vala das saudades
E a solidão de um copo de rum
És o encanto fétido de nossas piores emoções
E nada disso está aqui...comigo
Nada.


Luís Fabiano


quarta-feira, agosto 21, 2013

Pelotas Tatuada


 PELOTAS TATUADA 


Rua Benjamin Constant n 1366

terça-feira, agosto 20, 2013

Fim.




Fim.

O corredor estava cheio
Pessoas de branco e preto
Sons de lamúrias
Choros
E preces
A canção que aperta o peito

Você sabe...
Um dia soube...
É a hora
Fui visita-lo...
O lençol branco
Limpo...limpo...
Cheiro de remédios e borracha
Tubos e líquidos diversos
Uma apoteose às avessas
Seguro sua mão fria...aqui...
Ele me sorri...
Um sorriso que não conseguimos fazer no dia a dia

Traço único das energias que se vão
E durante uns minutos
De um tempo sem tempo...
Não dissemos nada... absolutamente nada
Eram olhos
Lagrimas mudas

E um véu descendo lentamente ao fundo
Como as luzes que se apagam
A vela tremulante ao vento...
O vento soprando as velas da nau
Ancora sendo erguida
Asas se abrem
E os olhos se fecham...

Neblina passando entre meus dedos...
Aroma que não se captura
Visgos da memória
Sulcando
Sulcando
Sulcando.
E você virando pensamento e emoção
A tua vida agora não está por fora
Mas dentro de mim.

Luís Fabiano.