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sexta-feira, setembro 30, 2011

Fechando a Semana...

Elvis Presley - Bridge Over Troubled Water

Arrepiante…



Navalhadas de um mundo Deformado:


Restos da abundancia – fragilidade da merda

O terrível engolfado em nossa modorra existencial, catapulta-nos as zonas infernais, onde os demônios dançam a macabra dança. Demônios regurgitados do espaço, que deixamos para nossas trevas pessoais.

Meu olhar descansa inquietudes afiadas. Enquanto tento fazer minha trajetória ordinária, no meu intervalo de sempre. É sempre o sempre, os passos que tentam destilar paz, puta que me pariu... que paz?

Na esquina da minha casa, enquanto eu tentava alçar esse voo num céu sem nuvens... um desconhecido. Um destes milhões de desconhecidos, que não fazem diferença irônica alguma para nós. Que morrem a pencas sem que notemos.

Abria a lata do lixo, dali pescava um saco furado de arroz nauseabundo e velho... lixo fétido, em acirrada disputa com ratos densos e caldo de esgoto...

Descobre-se a estreita distancia
A moldura dos devaneios sem raiz
Onde a sombra de nossas opulências brilhantes
Repousa sorridente emborcada sobre fragilidades tantas
Encanto em mar ao sabor do tempo
Enseada de destinos partidos
Ondas que vem e vão iguais
De desimportâncias que gritam em desespero lancinante
Enquanto o rascante é engolido como mel
Ilusões espremidas das necessidades plenas
Abortando anjos e filigranas luminosos
Chafurdando no asco a deriva
A procura de pedaços de salvação.

Queria fica indiferente aquilo... como ficamos anestesiados com as catástrofes do mundo, depois de repetidas um milhão de vezes. O vomito converte-se em licor, o nojo ganha suavidade, o desespero perde a cor... que merda. Creio que se tivesse ali, uma anestesia imediata, capaz de jogar tudo num mar de indiferenças, terreno confortável que conhecemos bem.

Fixei meus olhos nele, neste nada cuspido de Deus, olhei-o bem, para que sua visão me navalhasse as vísceras. Aquele arroz se desmanchando entre os dedos sujos, mas não havia tempo para nojo. Existem coisas maiores. Ele um nada, pessoas passavam olhando mergulhadas na normalidade patológica de suas autopenitencias. Eu o pior deles, sentindo meus caninos crescerem enquanto traço estes restos intragáveis...

Por do sol distraído
Procuro os recantos da alma
Onde jaz nossa quintessência enfraldada
O diáfano sem destino
Tentando iluminar a casca, a armadura
A seda de aço machucada
Impotência dos desvalidos da outra margem
Sementes ainda não rompidas do querer
Intenções riscando o céu
Pedaços a serem completados
Amor a procura de asas
Pólen ao vento
Vazio abraçado a beijos errantes
Quer um pouco de arroz?

Luís Fabiano.

quinta-feira, setembro 29, 2011

Momento Mestre

Nelson Rodrigues – A vida como ela é

- Delicado –





Tetas de Marta

Eu a vi quando ainda eram duas
Fantasticamente aberrantes
Enormes apelos no silencio
Gestando prazeres e vícios
Não poucas vezes suguei aqueles bicos de ferro
Sentindo-os mais duros que o fanatismo hediondo dos vencidos
Onde tudo são aparências repetidas que nos levam ao céu ou inferno

Então a dor desceu como um anjo mau fulminando
Veio galopando do invisível
O verme caçoante da natureza frugal
A inveja dos demônios filhos da puta
Roedores da sombra humana
Como um fruto maduro não colhido
A teta esquerda extirpada
E com ela
Um pouco de si esvaiu

Marta não era mais Marta
O brilho quedou-se para si
Em fina ponta de desesperança
Com doces gotas de amargura
Quando me mostrou o vazio esquerdo em cicatriz viva
Sentia-se a pior das piores
Entre as vagas e pestilentas ilusões diluídas

Abracei-a ternamente
Tirei-lhe a roupa toda
Lambi a cratera do ex-seio
Quis entrincheirar-me dentro dela
Onde a ponta das tetas não alcança a alma

Fodi-a como se fodem as virgens
Fui seu bezerrinho faminto
Aplacando dores
Sugando a direita
E naquele dia ela entendeu
Que é preciso preencher vazios da vida
E lá dentro
Os filamentos do espirito se tornaram luminosos.

Luís Fabiano.

quarta-feira, setembro 28, 2011

Pérola do dia :


“ Para se tornar o grande amante, o magnetizador e catalizador, o foco ofuscante e a inspiração do mundo, o individuo precisa primeiro experimentar a sabedoria profunda do grande idiota. O homem cuja grandeza de coração conduz á loucura e á ruina, é irresistível à mulher.”


Henry Miller - Sexus

Útero da Verdade – Entranhas Aladas


O inesperado é um trem que sai dos trilhos, o pendulo maldito que escapa das presas, e vai chocar-se ao chão, ao infinito no céu de nadas. Gosto disso, gosto que a vida seja assim, que o arrastamento de nossas convicções sejam diluídas, fragmentadas e por fim pulverizadas no éter.

Esse é o preço. Somos levados a dúvida mais extrema, e se de alguma forma mantemos o lastro fundo alicerçado em nosso espirito, bem , alguns chamaram de vitória, outros ato de fé , não faz diferença alguma. No final o que importa é o que é verdadeiro. E nada pode ser medido pelo escambo funesto, a que nos colocamos com intuito subjacente e sórdido.

O cão adestrado a espera do biscoito divino, a puta sem alma arregaçada recebendo a paga por seu serviço. E nenhum ato nobre e liberto de si, asas ao vento sem peias recônditas. Voar como um filho da puta alado, caindo nos braços das putas celestiais e bebendo do maná estelar.

Estava perdido em tais pensamentos, tentando arrancar as peles da verdade, das paredes da alma, o assassino psicopata, esfaqueando inúmeras vezes a mulher amada, com o desejo que jamais perde-la, e quando banhado em sangue tem a certeza que sua alma lhe pertence. Faço isso comigo mesmo, vivo a agonia de torturas auto-impostas, pois algo mais importante que Fabiano existi, e atrás disso que vou a toda velocidade.

O telefone toca.
É Marrí, quase sempre é Marrí. Reclamando de saudades, do meu abandono dos seus braços, das caricias que não faço mais em sua grande buceta. Gosto dela, Marrí tem uma xoxota tão escancaradamente grande, que é capaz de engolir meu punho fechado, como uma jiboia engolindo uma capivara, eu enfiava o punho empurrado seu útero, fazendo movimentos suaves, ela começava gozar como uma égua no cio, lindamente, ejaculando sua porra, urina e alguns peidos fugidios. Boas coisas de Marrí:

-E aí Marrí... diga o que manda... já sei, saudade?
-Oi Fabiano, sim, acho que saudade sempre, tu és uma espécie de praga sem cura...
-Ok Marrí, não precisa exagerar, eu não faço parte das bestas do apocalipse...

Ela ri sem graça, acho que não entendeu, ela é autentica. Nunca banca o que não sabe e dentro de nossa estranha relação, essa verdade era tão exposta, que ambos nos tratávamos com uma certa crueldade caridosa, nossa estupidez e burrice não era velada.

-Mas diga Marrí a que devo a honra desta ligação?
-Preciso falar contigo urgentemente, hoje , agora se possível...
-Alguma desgraça?
-Não, mas eu preciso te ver... olhar nos teus olhos para ver...
-Tudo bem Marrí, eu tenho aquele intervalo as 17:30, eu passo ai no teu serviço, pode ser ?
-Ótimo, te espero.

Dramas femininos pensei. As pessoas são previsíveis, todas. Conheço quase todos os dramas, o suficiente para entender que nada é exatamente como se diz que é, e dependendo do momento do mês, as vezes nada é absolutamente nada. Foda-se, eu iria lá mesmo, primeiro porque não tinha nada melhor pra fazer, então poderia enconcha-la um pouco, enfiar a mão naquela xoxota imensa e ver a cara de safada de Marrí, acho que sua melhor expressão, a Monalisa vagabunda. Então a vida é ou não e uma grande merda?

Chegando ao serviço dela, a secretaria pede para mim aguardar, que a Dona Marrí estava em uma reunião que estava acabando. Fiquei olhando a secretaria, daquelas mulheres inexpressivas, que não provocam nada instintivo, quase assexuada, inodora. Esqueci a puta.

Dezenove minutos depois, Marrí me recebe em seu escritório. Abraça-me forte e minha mão rapidamente procura o meio de suas pernas, que ela com delicadeza tira. A coisa era séria. Não perco tempo:

-Aqui estou Marrí... diga sem anestesia...
-Fabiano, porque tu és assim? Bem, assim, eu queria dizer que conheci um cara...e estamos começando a nos entender e tal...

Sento-me na cadeira calmamente, sabendo o final da conversa.

-Sim Marrí...
-Mas eu tenho por ti algo incomum, por outro lado, sei o que e como tu és, que não vais mudar jamais, tu é um cafajeste assumido e viciado, e quem quiser, que fique contigo assim ou se foda... é isso ainda ? Acertei?
-Sim, você leu a cartilha como uma colegial... mas esta certa.
-Tu não pretendes ficar comigo, como uma mulher exclusiva, uma mulher que te ama cara... que faria qualquer coisa por ti...?
-Marrí, agradeço, eu não sou assim, não tenho as convicções serpenteantes dos homens comuns, sou um filho da puta assumido, um selvagem e não desejo ser domesticado, das oito vezes que isso aconteceu em minha vida, acabou em merda, não tento mais...
-Bom Fabiano, então acho que nós não nos veremos mais, tudo bem?
-Claro Marrí, isso é lindo, vai em frente menina, o amor é algo que vale a pena ser vivido, viva com esse cara de sorte que você esta, seja uma ótima mulher para ele, linda e verdadeira.

Ela me abraça com força e tem as malditas lagrimas nos olhos. Sentia-me tranquilo, em paz e meus sentimentos para com ela eram verdadeiros, no fundo quero que todo mundo se dê bem, e seja feliz como for possível nesta vida, porque no fim das contas é isso...

Gosto de despedidas limpas como essa, mas nem sempre funciona. Geralmente sou chamado de canalha frio e calculista, nada contra isso, apenas que isso não é verdade.
Como pesar emoções na balança impalpável da alma, a forquilha desnuda da essência luminosa que nos anima, como pegar com as mãos o que esta entrincheirado nas dobras do coração ?


Luís Fabiano.

terça-feira, setembro 27, 2011

Trecho Solto...

Acho que Flora foi a mulher que mais gostou de trepar comigo; talvez mais ainda depois que nos separamos. As feministas que me desculpem, mas é do caralho saber que há na cidade pelo menos uma mulher disposta a te amar a qualquer hora do dia ou da noite. É ligação, transa, curtição.

Flora até reclamava quando eu ficava muito tempo sem aparecer, o que de fato acontecia nas minhas eventuais fases de vacas gordas e fodedoras.”






Reinaldo Moraes – Tanto Faz e Abacaxi

Poesia Fotográfica




Graxa dos Céus

Ela sorria confiante
Certezas como dunas
Tempo que escoava na poeira em seu nariz
Gostava de fazer aquilo idiotamente
Entorpecida , doidona e louca
A puta

Mergulhava em mares de porra hedionda
Trepando maquinalmente
Drogando-se como uma indústria poluidora
Depois vinha Madalena
Como uma cadela que recém pariu
Querer carinhos outros
E beijos demorados
Caricias intimas
Sanar arrependimentos

Não sei por que vinha a mim
O pior de todos
O que não podia oferecera nada
O ladrão das esperanças benditas
Ateu místico de rezas sem voz
O impuro maldito das lagrimas nascentes

Dava-lhe meus braços
Meu pau
E os farelos do resto
As vezes adormecia assim
Enquanto eu era invadido pelo que não tolero
Pena famigerada transformando acalanto em esgoto
Permanecia quieto deixando os vermes comerem meu peito lentamente

Então ela acordava para seguir o vício
Levava consigo o pior de Fabiano
Como um sebo luminoso de paz
A gordura encardida e fétida de amor sem amor
Eu ficava bem
Ela eu não sei.

Luís Fabiano.

segunda-feira, setembro 26, 2011

Momento Boa Música

Elomar – Incelença do Amor Retirante



Coroa Cravejada de Merda


Gosto quando os momentos da vida são intensos como um afresco, mole e aberto a vicissitudes da existência, um feto recém-nascido, frágil, um espécime de vermezinho, protótipo de ser humano, repleto de promessas falhas.

Sentir-se engolido pela amalgama da vida, tragado como um cigarro e lentamente infectando o sistema, vida matando vida, poluindo as nascentes inocentes, pervertendo as emoções inesperadas, levando-as a onde elas devem chegar. Não o berço da pureza maldita, entre as chamas dançantes da ilusão, fulgurantes da forma maquiada, a perfeição sem perfeição, a puta com as emoções afogadas, arrancado justificativas do éter, enquanto inquieta espera a recompensa em notas sibilantes.

Aquela noite, depois de brigas homéricas como sempre, eu decidi ler Aldous Huxley, a medida do Contraponto infame de minha paciência galopante se esvaia, galope fracassado, pois Lucia tinha o dom profundo de arrancar meus culhões e minha paciência. Um dom dado por Deus, irritar-me dia após dia. Com isso eu me tornava pior. Disso me orgulho. Ir ficando pior é uma evolução as avessas, ficando mais frio que iceberg, mais duro que titânio, e ante os golpes nefastos de problemas quase inexistentes, eu já conseguia não me importar com mais nada.

Naturalmente, isso tornava tudo muito pior. E acho que disso também me orgulho. Infelizmente gosto de sentir o galope do inferno, o diabo acendendo a fornalha sorridente, sussurrando doenças, violando o inviolável. Ela era assim, e eu um pouco pior e ambos chamávamos isso de amor. Em muitas vezes em minha vida, o que salvava um pouco a relação eram as boas fodas. Mas este é um capitulo muito especial.

Quando se discute muito, cria-se um maldito vicio. Tenho pra mim, que nos tornamos toxicômanos viciados na recompensa das discussões que duravam horas. Depois de trocarmos uns bons empurrões e tapas, tudo se transformava em foda, foda da esperança, a foda de deus, a supernova explodindo em porra alada, enchendo o cu do universo. Isso ás vezes era bom.

Mas normalmente terminávamos pior que começávamos. Eu broxava de tanto pensar em justificativas, para aqueles problemas inexistentes. Pois assim é a alma insegura. Ela cria fantasmas, nos vãos escuros de si mesma, alimenta o pior e vomita a bílis negra e nefasta do horror, do medo, da perda enquanto fantasmas balançam no varal, entre suas calcinhas sujas.

Neste dia especificamente, Lucia havia chorado muito, e a briga já durava três malditas horas, a criança felizmente dormia, enquanto nos trocávamos argumentos do amor ou desamor. Da minha morbidez indiferente, eu tratava as pessoas, quase todas como se já estivessem morta, ela não gostava de estar incluída neste grupo. Queria um tratamento especial, queria estar viva para mim, queria ser o que não era, porem nunca fez para merecer.

Comportava-se como os mortos. Aquele maldito comportamento me afastava dia após dia, uma tartaruga de intenções se afastando silenciosamente sem rastros. E creio que se não fossem as fodas aladas, não teríamos durado os nove meses.

Discutíamos longamente a ponto de não mais existir argumentos, essa parte era boa. Eu fazia um exercício de exaustão intelectual, conseguia apartar todas as emoções , isso me deixava em paz e distante, de certa forma me convertia em um boneco de palha, que falava.

Então vinham as agressões físicas, copos voadores, facas com asas, tapas de marreta, gritos alucinantes, empurrões do vento, essa era nossa serenata da “sedução”, passos a beira do precipício, que eu temia, temia que um dia... porra, um dia aquilo iria terminar de forma terrível, não de minha parte, tenho frieza suficiente para não matar ninguém, não importa o motivo.

Mas ela, quando me atirou a faca errou, senti que estávamos tendo algum probleminha. Pensando mais friamente, acho que ela deveria ter acertado, acho que seria uma caridade, sair do planeta terra, como mártir da miséria. Mas éramos ambos fracassados demais.

Exaustos, púnhamos fim naquilo nos abraçando em derrota, que poderia dizer? Que o amor venceu ? A puta que pariu com esse tipo de amor. Éramos vencidos pela desgraça, o cavalo cansado morria, precisa de agua, de descanso.

Então trepavamos loucamente, gemendo com loucura, ainda se estapeando, enquanto a porra era bombeada pela buceta, eu gostaria de explodir o útero daquela vagabunda, que a foda se convertesse em martírio, rasgando suas entranhas com a piroca de gilete, um picador de gelo gravando a cada estocada no útero, dilacerando ovários.

Por fim colocava no cu, e adorava ver aquela rosa grande se abrindo em flor, dilatando, tornando-se um túnel negro, enquanto aquele cheiro maravilhoso de merda e porra era lançado ao ar como um incenso , a doce paixão dramática encenava sua tragédia, em suspiros do horror e gozo. Então tirava o pau de dentro dela, agora uma mangueira languida, a minhoca sebenta e marrom.

Quando puxei a glande pra fora, lá estava ela. E sorri o sorriso dos filhos da puta, aquilo era mais que bosta. A glande estava em toda a sua volta com uma boa quantidade de merda cheirosa, de uma boa textura. Arranquei aquilo com dedos lentamente, olhando de perto, tirando a coroa de merda, enquanto Lucia olhava com ar de nojo, talvez de si mesma, de sua merda.

A maldita alegoria daquilo, acho que era o melhor, meu picador de gelo arrancava merda de dentro dela. Aquele cheiro mexeu comigo, o brutal volta... ela não queria começar tudo novamente, queria se banhar, não aguentava a própria merda, mas era tarde eu já estava com uma ereção fantástica.




Luís Fabiano.


domingo, setembro 25, 2011



Templo Solitário Templo

Outra vez tudo caia por cima de mim
Meteoros agudos riscando a alma em breu
Entre as finas felpas de todas as tentativas
Então de novo tudo desmaiava em exaustão
A tela em borrão
Traços sem promessas

Era preciso erguer-se novamente
Para mais um round de merda
Enquanto o vento soprava vísceras
As fagulhas não se apagavam no espirito em promessa
A porra da existência sussurrando tudo emborcando o contra
Para ver sarcasticamente o que faremos

Sentia o sangue na garganta
Era preciso decidir
Correntes ou vento
Sucumbir ao empuxo dilacerante dos sonhos borrados
Ou
Erguer-se de toda a merda, em inquebrantável desejo de vencer
Ondas do mar que não cessam jamais
Ambulância deslizando tentando calar agonias...
Tentar...tentar e tentar... o grande filho da puta alado volta
O anjo broxa das asas quebradas
O sebento luminoso dos espinhos de Deus

Ultimo folego ainda
Escarra o sangue da alma
Entre o suor, as lagrimas e o olhar do tigre
Ergo-me novamente e seja como seja
O ferro engolido pela ferrugem ali
Da lama nascendo o lótus
O mediador reinicia a luta
Sorrio de mim mesmo
Eu não desisto
Já venci.


Luís Fabiano.

sábado, setembro 24, 2011

Trecho solto...

“ Não estou com sono. Estou excitado talvez.O bom agora seria se Julia gostasse muito de mim e me deixasse de pau duro ao cheirar suas axilas. Uma boa trepada é sedativa .A gente se descarrega e pronto. Dorme como um urso. Ah, mas não. Ouço enquanto ronca grosseiramente. Parece um caminhoneiro , porra! E fico de mau humor. Vim todo feliz com meu pargo, me deito junto dessa mulher e já estou irritado e com vontade de lhe dar um empurrão e joga-la fora da cama.

Me levanto. Olho o relógio de novo. Duas e dez. Vou até a cobertura tomar a fresca e me desanuviar um pouco. Não há brisa. Calmaria. O morro lança seu jorro de luz, um bêbado canta com a voz na garganta no Malecon. As ruas desertas. É tudo simples. Momentos de prazer e momentos brutais. Se alteram. E isso é tudo.”



Pedro Juan Gutierrez - O Insaciável Homem-Aranha

sexta-feira, setembro 23, 2011

Pra Fechar a Semana

Velhas Virgens – Abres Essas Pernas



Navalhadas Curtas: Coito Interrompido...


Quando eu abri a porta do quarto inocentemente, lá estavam eles felizes, imitando uma maquina a vapor, infelizmente, se assustaram quando os vi. Minha mulher saltou da cama nua, e veio ao meu encontro, expressão de medo. Com todas as justificativas do mundo, enquanto eu estava ainda entrando.

O cara, um desconhecido pirocudo, se cobriu e não fez ares de valente, parecia mais assustado que ela. Lembro que senti o cheiro agradável de sexo no ar. É realmente muito bom. Não sei por que se assustaram. Não sou violento, e que me recorde, jamais fiquei enciumado por ninguém. Mesmo gostando da pessoa, não acho um bom sentimento. É como se eu dissesse, podem-me cornear, é tranquilo, sou um cavalheiro.

Então me sentei na cama onde eles trepavam. Olhei para os dois, que não entendiam minha reação sem reação. Não estava chocado, alias parecia que aquilo acontecia para mim todos os dias. Sorri de mim mesmo. Eu queria ver televisão deitado.

Olhei novamente para os dois que começavam a vestir-se, e disse para eles ficarem a vontade, afinal, aquilo não era uma suruba, não é?

Peguei uma camisa e sai tranquilamente como se nada tivesse acontecido. Curiosamente, eu me sentia vitorioso. Não me interessavam julgamentos ou coisa alguma. Pensamentos eram errantes, e sinceramente eu já não sabia se era de todo injustiçado. Não creio nisso. Acho que não, tenho convicções profundas que sou o mais filho da puta de todos, então é zero a zero.



Luís Fabiano.


quinta-feira, setembro 22, 2011



Pedrinhas

Gosto de caminhar no largo do Mercado
Nas calçadas esculpidas de pedrinhas brancas e pretas
Desenhos incertos que se desmancham
Engolidos pelos tempos idos
Bonitas e quase melancólicas calçadas

Hoje os desenhos se mesclam a lama das ruas gritantes
As pedrinhas faltantes
A saudade e ausência
Formas disformes em querer
O que deveria ser escapa
Esquece abraçado a diluídas memorias
E a alguns parcos sentimentos

Gosto de caminhar ali ainda sim
Em meio ao lixo fragmentos do lixo
Obras em feridas abertas
Olhos vazados
Tempo com dentes afiados
É uma calçada

Não sei bem o que sinto
Vou atrás da sensação enfiada em minhas entranhas
Vícios e paixões em declive
Alma que se mistura a tudo e parte
Chão que se mescla aos desejos imprecisos do entardecer

A doce sensação de uma paz intuitiva e resgatada
Das pedra sem pedra
Inteirando o amor vaporoso
Sussurrando saudades infinitas
Suprimindo o vazio das pedras que se perdem a eira
Com os pedaços de minha alma que o tempo consome
Pena que é uma calçada pequena.

Luís Fabiano.

Trecho solto...

“ Tem um problema com os escritores. Se o livro de um escritor foi publicado e vendeu um montão de copias, o cara se acha um grande escritor. Se o livro de um escritor foi publicado, e vendeu um numero razoável de copias, o cara se acha um grande escritor. Se o livro de um escritor foi publicado, e vendeu muito poucas copias, o cara se acha um grande escritor.

Se o livro de um escritor nunca foi publicado, e o cara não tem dinheiro suficiente pra publica-lo por si mesmo, ai é que ele se acha de fato um grande escritor.

Mas a verdade que há muito pouca grandeza. Quase inexistente .Invisível. Pode estar certo de que os piores escritores, são os que têm mais autoconfiança e se põem menos em duvida. De qualquer jeito, é melhor evitar os escritores; é o que sempre tentei fazer, mas é quase impossível. Eles sonham com uma espécie de irmandade, de união. Nada disso tem coisa alguma a ver com o escrever, nada disso ajuda na máquina”.




Charles Bukowski – Mulheres.

quarta-feira, setembro 21, 2011

Poesia Fotográfica



Navalhadas Curtas: Gotas de porra ilusória


Fui ao banheiro ter meu momento de rei, enquanto lia uma carta. Ela me enviou uma carta de verdade. De papel perfumado e tudo, letras mal traçadas em linhas de agonia precisas. Achei horrível para ser sincero.

Vivemos hoje em um maldito mundo, onde não se pegam coisas de verdade... dinheiro... fotos... documentos e certificados... tudo é virtual e distante, algumas pessoas também.

Aquela carta era uma afronta dupla. Nela o conteúdo bizarro, sugeria viver uma mentira. Ter um relacionamento falso, sem sexo, longos papos filosóficos, uma brincadeira de adultos, sem graça. Ela parecia emocionada.

Não tenho nada contra mentiras. Mas não tava a fim de fazer coisa alguma.
Nada de mentir que meu pau se ergueria majestosamente sem vontade, ou que a sua xoxota tem uma cascata inesgotável de prazer, que tudo isso bastaria. Besteira, não basta.

Fiquei olhando a carta, cheia de sentimentos notáveis da raça humana... mas foda-se. Um cadáver não sorri, um natimorto não chora, um peido se perde em uma noite cheia de estrelas.
Aquele papel perfumado e macio da carta determinou o seu fim. Limpei o rabo com os sentimentos dela.

Luís Fabiano.


terça-feira, setembro 20, 2011




Sementes do Asfalto

Ela brilhava fantasticamente naquela esquina escura
Estrela vagabunda em seu palco de misérias emborcadas
Vendedora de ilusões despejadas a preço baixo
Vontades engolfadas
Afogadas
Medos que se desenham ao som da grana
No fim das contas tudo é isso apenas

Não existe alma na xoxota
Nem cantos sagrados nas tetas
Enquanto homens excitados como bezerros gemendo
Entram um atrás do outro
Rasgando, rompendo, dilacerando
Ao som dos gemidos falsos sem eco
De um prazer falso como um jato de porra
Asco verdadeiro quase eterno

Estava doidona outra vez
Disposição para romper átomos
Escrúpulos vendidos
A fronteira das indiferenças ausentes
Dos lábios e pirocas que se tornam sem cor
A máquina de foder eterna e chorosa
Ligada a 220
Justificativas vazias
Em la puta vida
Filhos do fantoche mudo

Ilusões que desfilam nuas
Debaixo do asfalto frio
Nascendo entre os carros que atropelam a si
Flores cinzas e sujas
Braços secos tentando agarrar estrelas
Esperança
Na bolsa a ancora e o terço de Deus
Aqui
Xoxota ainda molhada do esperma alienígena
Enquanto tenta se equilibrar
No fio de uma navalha cega
O próximo vampiro pousa
Outra e outra vez.

Luís Fabiano

segunda-feira, setembro 19, 2011

* Momento Mestre * 

Nelson Rodrigues – A vida como ela é

- Gastrite -



Navalhadas Curtas: Consulente de Fantasias


O amor tem limites, mas a estupidez humana é infinita. Logo a estupidez é superior ao amor. Venho tendo comprovações disso, dia após dia, no ordinário viciado da existência.

Aguardava minha vez de tomar um passe. Observando de longe um consulente falando com a veneranda entidade espiritual, que olhava com paciência os rogos desatinados e de pouquíssimo sentido:

-Então o senhor vai me ajudar, não é?
-Dentro daquilo que for possível meu filho - responde a entidade.
-Pois é, então assim, eu preciso ganhar na Mega Sena amanhã... o senhor vai me ajudar, né?

Eu estava em off, queria rir, mas não era um bom momento pra isso.

A entidade ficou em um silencio prolongado e constrangedor, enquanto o consulente pedia outras tantas coisas...

-Eu conheci uma moça assim, eu quero ela pra mim... o senhor poderia ajudar também né? Ela é a mulher da minha vida... o senhor fará ela gostar de mim?

Aquele silencio era cortante, uma navalha flutuante inçada por gás hélio de ilusões, balançando sobre a cabeça daquele consulente improprio. A entidade olhava-o com pena. Quando finalmente se calou, o espirito com uma expressão tranquila disse:

-Filho volta aqui outro dia, quanto teu espirito realmente necessitar. Os espíritos não são Casinos ou agencias de encontro, isso você tem na terra. Vai em paz.


Luís Fabiano.



Andróginos

Ela vem anoitecendo lentamente
Bebendo da minha umidade
Deslizando nos silêncios da paixão
Serpente lubrificada nos canos da ternura
Escorregando dentro e fora

Ele suavemente
Contorcendo-se em aspirações sem imagem
Virando e revirando afagos e carinhos
No frisson das partes que se enrijecem
Roçam ,amolecem, abrem e se fecham

Vamos nos entregando cumplices de um crime calado
Suspiros e sonhos que desenham ondas enternecidas luxúria
Sussurros de segredos benditos e malditos
Confissões, preces e rogos a Deus e o Diabo
Voz sem voz
Suplícios sem dor
Sacrifícios de agonizantes lágrimas sorridentes
Sorrisos errantes de putas e putos que se encontram
Os pelos quentes que se atritam com fome e sede
Enquanto corpos se tornam almas
Capturadas na verdade nua
De entendimentos subjacentes

Agora somos a ponta incerta da vida
Onde fim e começo perdem a distinção
Entrelaçados ao nó da volúpia
Desejo único
A gozada celestial enquanto anjos cagam bênçãos
O mar já não faz mais distinções

Homem ou mulher desaparecem no breu
No calor molhado da neblina de fogo
Para além da fronteira de quem é quem
Bundas, pau, xoxota, bocas, pelos e axilas
Misturam-se ao tempo que escorre
Os beijos que não terminam
Almas sorvendo a baba de Deus
Entre estrelas sem asas
No voo sem volta do trapezista.

Luís Fabiano.

sexta-feira, setembro 16, 2011

Fechando a Semana
Tereza Cristina - Tristeza Pé no Chão



Escravos e torrentes

Ele era um escravo maldito
Um chafariz de porra celestial
Lançando ao céu como cometas do desespero
O escravo mais devotado ao prazer
Beijava a bunda dela
Como se ajoelhasse diante dos santos
O sacrílego honesto de desejos inflamados

Incendiaria o inferno
Aforaria o céu em ondas intermináveis de lascívia
E quando a apoteose exaurir-se em descanso
Seu espirito flutuará com sede de espirito
Seus olhos semicerrados procuraram os anjos infelizes
E quem sabe
O verme do arrependimento carcomerá teu ventre

Escravo maldito
Foderia as axilas de Maria
Embalaria sonhos de recompensa e salvação
Quando tudo conduz ao nada
Pois dos doces prazeres engendrados na alma
Somente em teus sonhos como a liberdade
Asas longas batendo contra o vento

Caricias invioladas do amor
Riscando e penetrando o clamor silencioso
Escravo
Rompe teus grilhões ilusórios
Tecidos de tua prisão sem grades
Goza sim
Mas com teu espirito
Espalha teu ectoplasma como rastros de amor
Magnetismo das intenções
Desmaterialização de tua pior essência
Cascão das sombras o peso das asas

Miro o céu
Em uma noite linda
Como um peregrino da esperança
A saudade de estar lá no éter
Saudade de mim
E de tudo aquilo que não perdi.

Luís Fabiano.