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quarta-feira, setembro 28, 2011


Útero da Verdade – Entranhas Aladas


O inesperado é um trem que sai dos trilhos, o pendulo maldito que escapa das presas, e vai chocar-se ao chão, ao infinito no céu de nadas. Gosto disso, gosto que a vida seja assim, que o arrastamento de nossas convicções sejam diluídas, fragmentadas e por fim pulverizadas no éter.

Esse é o preço. Somos levados a dúvida mais extrema, e se de alguma forma mantemos o lastro fundo alicerçado em nosso espirito, bem , alguns chamaram de vitória, outros ato de fé , não faz diferença alguma. No final o que importa é o que é verdadeiro. E nada pode ser medido pelo escambo funesto, a que nos colocamos com intuito subjacente e sórdido.

O cão adestrado a espera do biscoito divino, a puta sem alma arregaçada recebendo a paga por seu serviço. E nenhum ato nobre e liberto de si, asas ao vento sem peias recônditas. Voar como um filho da puta alado, caindo nos braços das putas celestiais e bebendo do maná estelar.

Estava perdido em tais pensamentos, tentando arrancar as peles da verdade, das paredes da alma, o assassino psicopata, esfaqueando inúmeras vezes a mulher amada, com o desejo que jamais perde-la, e quando banhado em sangue tem a certeza que sua alma lhe pertence. Faço isso comigo mesmo, vivo a agonia de torturas auto-impostas, pois algo mais importante que Fabiano existi, e atrás disso que vou a toda velocidade.

O telefone toca.
É Marrí, quase sempre é Marrí. Reclamando de saudades, do meu abandono dos seus braços, das caricias que não faço mais em sua grande buceta. Gosto dela, Marrí tem uma xoxota tão escancaradamente grande, que é capaz de engolir meu punho fechado, como uma jiboia engolindo uma capivara, eu enfiava o punho empurrado seu útero, fazendo movimentos suaves, ela começava gozar como uma égua no cio, lindamente, ejaculando sua porra, urina e alguns peidos fugidios. Boas coisas de Marrí:

-E aí Marrí... diga o que manda... já sei, saudade?
-Oi Fabiano, sim, acho que saudade sempre, tu és uma espécie de praga sem cura...
-Ok Marrí, não precisa exagerar, eu não faço parte das bestas do apocalipse...

Ela ri sem graça, acho que não entendeu, ela é autentica. Nunca banca o que não sabe e dentro de nossa estranha relação, essa verdade era tão exposta, que ambos nos tratávamos com uma certa crueldade caridosa, nossa estupidez e burrice não era velada.

-Mas diga Marrí a que devo a honra desta ligação?
-Preciso falar contigo urgentemente, hoje , agora se possível...
-Alguma desgraça?
-Não, mas eu preciso te ver... olhar nos teus olhos para ver...
-Tudo bem Marrí, eu tenho aquele intervalo as 17:30, eu passo ai no teu serviço, pode ser ?
-Ótimo, te espero.

Dramas femininos pensei. As pessoas são previsíveis, todas. Conheço quase todos os dramas, o suficiente para entender que nada é exatamente como se diz que é, e dependendo do momento do mês, as vezes nada é absolutamente nada. Foda-se, eu iria lá mesmo, primeiro porque não tinha nada melhor pra fazer, então poderia enconcha-la um pouco, enfiar a mão naquela xoxota imensa e ver a cara de safada de Marrí, acho que sua melhor expressão, a Monalisa vagabunda. Então a vida é ou não e uma grande merda?

Chegando ao serviço dela, a secretaria pede para mim aguardar, que a Dona Marrí estava em uma reunião que estava acabando. Fiquei olhando a secretaria, daquelas mulheres inexpressivas, que não provocam nada instintivo, quase assexuada, inodora. Esqueci a puta.

Dezenove minutos depois, Marrí me recebe em seu escritório. Abraça-me forte e minha mão rapidamente procura o meio de suas pernas, que ela com delicadeza tira. A coisa era séria. Não perco tempo:

-Aqui estou Marrí... diga sem anestesia...
-Fabiano, porque tu és assim? Bem, assim, eu queria dizer que conheci um cara...e estamos começando a nos entender e tal...

Sento-me na cadeira calmamente, sabendo o final da conversa.

-Sim Marrí...
-Mas eu tenho por ti algo incomum, por outro lado, sei o que e como tu és, que não vais mudar jamais, tu é um cafajeste assumido e viciado, e quem quiser, que fique contigo assim ou se foda... é isso ainda ? Acertei?
-Sim, você leu a cartilha como uma colegial... mas esta certa.
-Tu não pretendes ficar comigo, como uma mulher exclusiva, uma mulher que te ama cara... que faria qualquer coisa por ti...?
-Marrí, agradeço, eu não sou assim, não tenho as convicções serpenteantes dos homens comuns, sou um filho da puta assumido, um selvagem e não desejo ser domesticado, das oito vezes que isso aconteceu em minha vida, acabou em merda, não tento mais...
-Bom Fabiano, então acho que nós não nos veremos mais, tudo bem?
-Claro Marrí, isso é lindo, vai em frente menina, o amor é algo que vale a pena ser vivido, viva com esse cara de sorte que você esta, seja uma ótima mulher para ele, linda e verdadeira.

Ela me abraça com força e tem as malditas lagrimas nos olhos. Sentia-me tranquilo, em paz e meus sentimentos para com ela eram verdadeiros, no fundo quero que todo mundo se dê bem, e seja feliz como for possível nesta vida, porque no fim das contas é isso...

Gosto de despedidas limpas como essa, mas nem sempre funciona. Geralmente sou chamado de canalha frio e calculista, nada contra isso, apenas que isso não é verdade.
Como pesar emoções na balança impalpável da alma, a forquilha desnuda da essência luminosa que nos anima, como pegar com as mãos o que esta entrincheirado nas dobras do coração ?


Luís Fabiano.

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