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sábado, junho 30, 2012

  * Momento Mestre *

A vida como é - Nelson Rodrigues

- O Decote -

Celulite



Celulite 

Ela me apresentou a bunda...
A superfície lunar nos melhores dias
Cordilheira fétida de promessas naturais
Dizia coisas caóticas a espera que eu dissesse algo relevante?
Péssima ideia...

Sou o suspeito dos suspeitos
Tenho uma canalhice honesta
A paixão se tornou um vicio... o vicio uma virtude...
E a virtude um significado: gosto de bundas.
Fiquei admirando e cheirando aquele rabo maravilhoso
Sorri em mim mesmo

O olho magico do cu
Piscando pra mim, como o olho de Deus ou do outro cara...
Gostar muda tudo... sempre descobrimos tarde demais...
Porque a beleza por si, é vazia...
Eu estava bêbado, o filosofo de porra nenhuma...
Ela parecia linda como sempre... que mais era preciso?
Maldita insatisfação humana...

Então ela vociferou: 
-Olha bem esta bunda Fabiano... Ta vendo isso? Olha o que tem de celulite ai?
É disso que tu gostas ? Hein...
Dei mais um bom gole no rum... decantando ideias 
-Fica tranquila... tua bunda é apenas a ponta de iceberg
-Fria e dura? Ela disse
-Não, ela oculta muito mais que forma ou dimensão...

Ela não queria entender...
-Mesmo com celulite cara?
-Tu és uma mulher de carne e osso... não és uma estatua eterna de praça... sei bem a diferença já tentei enfiar meu pau em uma estatua... não deu...
-Eu queria ser bonita... que merda... que merda...
-Hei baby... tu és... apenas pensa que não é... se você não achar quem vai...
Gostar muda tudo... amor muda tudo... porque a forma é oca...

Houve um silencio... retumbante...
Queremos sempre ludibriar o tempo
Disfarçando o possível... pena a mente não acompanhar isso
Por que como um iceberg
Somos o que não vemos, o fantoche de nós mesmos
O ventríloquo mudo
A bunda dela sorriu pra mim... e peidou cheiroso na minha cara
Eu disse: thank you 


Luís Fabiano.





Pérola do dia:

“ Não sou fiel a pessoas... sou fiel a emoção”.


Luis Fabiano.

sexta-feira, junho 29, 2012

quinta-feira, junho 28, 2012




Navalhadas Curtas: Bar, michê e pipocos...

Existem situações e situações. Por vezes o inesperado é uma pluma celeste, doutras um caminhão carregado a 180 km em sua direção.

Estava sentando no bar, uma vontade de mijar tão grande quanto a minha preguiça de ir ao banheiro. Talvez seja essas porras de intuição ou outra merda qualquer... que gostamos de nomear... Fui.

Então como um desafio tateante nas paredes engorduradas... porra, abro a porta do banheiro e me deparo com um cara, muito alto, com as calças arriadas até os joelhos, e a piroca balançando para os lados, que mais lembrava um jegue... apontando pra baixo a jeba.

Fiquei num impasse, entrava ou não naquele espaço minúsculo? O cara me olha, sorri algo confiante com dentes estragados e diz:

-pode passar companheiro...
-Se liga brother... sai do meio do banheiro porra...
-Ficasse com medo da minha bengala?
-Não... mas isso não quer dizer que me agrade... te liga...sai daí...
-Não posso agora, to dando uma lavadinha nele aqui na pia... to com uma coceira aqui... acho que peguei alguma coisa... tem uns pipocos aqui... quer ver?

Lembrei de tantos lavam as mãos na pia... outros bebiam água dali? Puta merda, os bares estão piorando. A vontade de mijar passou. Não respondi nada pra aquele cara, ele parecia meio monga... sequelado talvez... 
Fui falar com o dono do bar que sorriu... bem, eu percebia que era uma escada em direção ao abismo:

-Fica tranquilo Fabiano... aquele é o Michê Jackson... ele não bate bem não... come umas donas por ai, por grana...  e além do mais, eu também lavo o pau ali não posso criticar né? Qual o problema?

Fiquei olhando o vazio... a espera do que viria mais de pior...

Luís Fabiano.

quarta-feira, junho 27, 2012

- Momento Boa Música -

Zé Ramalho -  Negro amor





Tsunami de Porra

Tínhamos mania de apostar... fosse o que fosse...
Tudo era sempre um bom motivo ou péssimo...
Uma diversão bizarra... confesso...
Quantos tapas uma mãe cuidadosa bate numa criança indefesa...
Quantas chibatadas um cavalo cansado de rua recebe, quando não quer andar...
Quantas vezes uma mulher aleatória tira a calcinha de dentro do rabo...

Como ridículos famigerados sem engano
Relegados a uma ironia tácita, quase cruel
Cães fazendo malabarismo no transito, brincando de tentar morrer ou viver...
Uma espécie de sorteio natural, o qual somos jogados
Sem ter opções
Os méritos e deméritos são a gosma que escorregamos
Então ela me olha e lança um desafio
Em um boquete sem fim... quando bêbado, custo muito pra gozar
Como se minha piroca dura e entupida de sebo eterno

-Quantos jorros de porra tu consegues, agora na minha boca?
-Baby... cinco ou seis jorros bons...
-Eu duvido... cara... no máximo três... e é muito pra ti...
-Ok, eu topo... em minhas punhetas três é o máximo...
-Cara tu é otário...tá valendo?
-Ok... baby mame o papai, com animo como um sorvete de verão...

Ela começou a fazer um trabalho muito bom
Uma operaria em turno integral, malhando a jeba
Eu não estava disposto a perder...
Precisava dar uma pressão extra, então contive a respiração
Duas coisas poderia acontecer: meu cérebro explodir ou o pau arrebentar
Ela fazia malabares com o pau na garganta...
Eu estava forte

Então como uma tempestade de merda encantada
Algo foi vindo...
Sentia-me tonto... o coração disparado e como uma dor eclodindo de dentro
Esporrei a puta como uma cachoeira
O membro pulsa forte como um coração recém-nascido
E seis jorros grossos saem, como um tsunami de sêmen 
Ela se engasga... e vomita um pouco, parecia linda assim...
Afogada, lágrimas nos olhos... sem tristeza 
Tentando rir... eu ria...
Então como um idiota percebi...
Puta que pariu... afinal não apostamos valendo nada?
Foda-se... eu ganhei.

Luís Fabiano.

segunda-feira, junho 25, 2012


Pérola do dia :

“ Um corpo escultural não quer dizer excelente desempenho sexual...
Já trepei com múmias lindas”.

Luís Fabiano



A Cafetina

As linhas mestras de uma sociedade, são norteadas pelos desvios primitivos da alma humana. Um espelho informal de nossas sombras projetadas explicitamente a margem da vida. Inescapável e natural. Precisa-se de um pecador inveterado... para que redenção possa ser vendida, para que tenhamos do que nos arrepender, nos afogar em um mar de culpa licenciosa depois, a guisa de um bem realizado. É um jogo com você mesmo.


A diferença que tais valores vis... estão devidamente camuflados no âmbito social, as vezes nem tanto. E para que a coisa funcione como uma engrenagem ensebada do certo e do errado aplica-se a isso um certo grau de censura informal.


 Aqueles que se apegam a isso como a tabua de salvação, não demoram a se decepcionar. Não há santos... ou tão pouco decaídos eternos, existe um pendulo maldito que nos transporta ora ao céu, ora ao inferno ao sabor de nossas emoções.


Juliete é um destes expoentes sociais. Ex puta inveterada, fumante viciada, alcoólatra castigada e feliz nos melhores dias. Os desvios eram-lhe uma virtude real, sem eufemismos mutantes de uma verdade hedionda. Eis o grande mérito. A beleza insana encena sua peça, retorcendo a bizarrice em flores de primavera.


Conheci Juliete há muito tempo, quando atendia nos quartos do puteiro... fazia quinze programas por dia. Uma maratonista de picas incandescentes. Depois passou a administradora. Eu conheci seu estabelecimento por meio de amigos que iam lá... beber uma cerveja... e colocar as mulheres em seus colos entre risadas galhofeiras e bebidas, uma boa maneira de relaxar a vida. Uns rezam, outros meditam e a grande maioria não faz merda alguma, apenas vive.


Tenho isso pra mim. Vivo a porra da vida com total intensidade, a paixão, o tesão, a vontade visceral, faz com que arranque do trivial algo que preste. Só desejo isso, viver e de vez em quando foder...


O tempo é um lagarto terrível passando... e hoje Juliete não é mais o que era. E creio caro leitor, que a historia começa. Como uma atriz acabada, envelhecida e abandonada por tantos que deu força e fudeu também, era uma espécie de móvel no sótão...


Fui visita-la no asilo, quando soube de sua condição. Não porque eu tenha uma alma maravilhosa. Nada disso. Sou um filho da puta consciente, ligo o filha da putômetro no máximo e vou viver... ela pela sua experiência vasta e vivencias intensa, tem muitas coisas a dizer, e que coisas... inúmeras historias... é isso...


A encontro sentada num banco próximo ao jardim se flores. Fico observando de longe, como se olham peixes em um aquário. Não sei se lembraria de mim. Na verdade eu também não sabia exatamente o que estava fazendo ali... no horário de visitas. 


Realmente Juliete não era mais a mesma mulher. Pesada, sorriso apagado, olhos olhando o vazio... procurando talvez em tal vazio, uma resposta... bem você sabe como é...  a melancolia busca nas dobras da memória respostas impossíveis. Porra... lembrei-me da primeira vez eu a vi.


Uma mulher rápida... sorridente, forte, decidida extremamente bem arrumada cabelos com um viço... nos dedos sempre pendendo um cigarro eterno.
Não tenho como não pensar: envelhecer é uma merda. 
Tentava decidir que se falaria com ela. Sou assim, preciso sentir o momento, as coisas falam nos símbolos recolhidos no éter. Resolvi falar. Aproximei-me:


-Salve Juliete... tudo em paz?
-Quem é você...? De onde vem? É deste mundo?
Olhos vendo o vazio... não me via.
-Juliete... sou eu Fabiano... lembra, eu ia na tua casa... somos amigos... 
bebíamos juntos... tu sentavas no meu colo...


Ela ficou em silencio. A memoria é um buraco de minhoca... por onde escorre as emoções.


-Fabiano? É isso Fabiano?
-Sim Juliete... o que te beijava na boca... na saída... e dizias que um dia casarias comigo...


Algo acontece, seus olhos se enchem de lagrimas... todos temos pontos que atingem a alma... boas memorias, péssimas memorias acho que havia esbarrado em um:


-Sim... sim, eu lembro... Fabiano... é tu? Tu voltaste pra mim... onde tu estavas?
-Coisas do tempo Ju... a gente faz muitas coisas... e algumas se desencontram pelo caminho... mas estou aqui... feliz de te ver...
-Fabiano... Fabiano... como tu me achaste aqui?
-Conheço muita gente... e tu conheces muita gente... me disseram...


Ela oscilava entre a realidade e fantasia. Um fantasma de si mesmo habitando sombras. Uma conversa insana entre os fios de uma logica desequilibrada.


-Fabiano... Fabiano... Fabiano... e o meu filho? Eu tive um filho né? Onde tá meu filhinho...?
-Ju... não sei onde está... nem sei se esta na cidade... faz um tempo que...
-Eu lembro dele... Fabiano... lembro, ele queria ser astronauta... ele ficava na minha volta apontando para o céu... o pai nunca veio ver... Fabiano tu traz meu filho aqui... ele precisa mamar, minhas tetas estão cheias de leite, trás ele pra mim...


Detesto roubar esperanças de alguém, a crueldade das crueldades. Somos assim, nos agarramos o ao que nos faz bem, e que entendemos nós da realidade? Assim como amores do passado que esperamos, a vinda do Messias pra alguns, Deus baixando a Terra para romper com a dor da humanidade...? Um dia de sol, amanha? Sim, esperanças que alimentam a chama, a verdade despida entrelaçada em nossa vida. É uma coisa  boa.


-Ju, eu vou procura-lo sim... mas ele virá depois, tenho certeza, tu sabes como é... astronautas são ocupados, são muitas estrelas no céu...


Ela sorriu pela primeira vez, depois tornou a fica em silencio. Dentro de mim, como os rastros do impossível, desejei rever aquela mulher que conheci, realmente viver é foda, e uma coisa eu digo, não há tempo a perder. Viva essa porra de vida, com amor e fúria, arranque dos dias modorrentos o tesão de fazer algo que goste muito... esse é o encanto.


Nisso a enfermeira veio até nós, dizendo que o sol estava indo, era preciso entrar para o quarto, o frio chega rápido.
A abracei e fui saindo devagar, o tempo havia se distorcido, fiquei cerca de uma hora com ela. Ela dizia pra enfermeira:


-É meu marido ele... veio me ver sabe, é saudade... é saudade... e eu nem estava com o meu vestido novo... o vestido da lua de mel... ele gosta...


Ela gostava de vestidos soltos e decotados, lembro, coisas que são traços marcantes de uma alma. Tentava saber se minha visita havia sido boa pra ela... puta merda, será? Nunca sei a resposta. Só deus sabe.


Quando saia a porta, olhei a noite caindo, horas, dias, semanas, meses e anos... estão enfiados no agora.


Dirigi-me ao Pássaro Azul... o outro lado da moeda, uma putinha nova sorria fácil... bem mas ai começa uma outra historia...

Luís Fabiano.


sábado, junho 23, 2012




Navalhadas Curtas: Vizinha fudidassa...

Minha relação com a vizinhança tem piorado. Não faço questão que melhore. Simplesmente porque eles não ficam calados?
O silencio presume alguma inteligência... e mistério as vezes. Mas não, eles sempre tem uma opinião incrível...


Eu estava saindo do apartamento, então já fui questionado pela vizinha do lado:


-Olha... o senhor vai sair assim de manga curta? Tá certo que tá mais quente hoje... mas pra manga curta é exagero...


Que ela queria? Me salvar da pneumonia eminente? Respondi secamente:


-Não senhora... tá tudo bem... eu ando sempre assim... normal.
-Hummm sei... mas o senhor então deve ter alguma coisa de saúde... pressão alta? Problemas de hormônios... né...o senhor deve tá doente...


Minha paciência havia se fudido com uma piroca de arame farpado. Senti vontade de desossar um urso pardo e pegar a pele. 


-Não senhora... eu não tenho doença alguma... eu ando assim sempre eu disse, o frio a chega as pessoas de forma diferente... né...
-É certo que o senhor tem alguma coisa... é certo... deve ser excesso de juventude...
-Errado senhora... é a senhora que tem excesso de velhice.


Ela estava no elevador com a porta aberta... bem eu resolvi descer pelas escadas.

Luís Fabiano.


Áudio Poema

- Senhor Cinto -


sexta-feira, junho 22, 2012




Sombras da agulha

Realmente não sei o que aconteceu com ela...
Ou talvez nunca tenha sido o que pensei...
No silencio de respostas adequadas
Perfeitinhas...
Eu achava tudo estranho
Como coisas que não se encaixam
Emulando harmonia...
Eu me desliguei...

Fiquei como uma vitima aguardando o bote da serpente
A isso chamo de relação de confiança
Sou uma espécie rara de verme...
Fiquei ali aguardando
Com a voz metálica, ela dava discursos 
E muitas vezes eu a olhava e não parecia ser uma mulher
Embora a xoxota metálica ali estivesse
O cu arrombado sorria vertical em tom rosado...

O resto da mulher não sei onde foi parar...
Vestia-se bem... cuidava da aparência...
Era dura ao excesso como um casco de tartaruga
Então entramos numas de disputar quem era mais duro
Agulhas se tornando laminas...
Laminas se tornando trilhos de aço...
E fomos nos desintegrando, como farelos da alma
Um prédio demorando

Como um pesadelo ao vivo
Gritos, discussões e objetos voadores identificados
Esquivava-me, embora a minha vontade fosse jamais tê-la conhecido
Não consigo odiar a ninguém... lembro que...
Que deitados na mesma cama...
Agulhas que me cravavam entre uma trepada e o sorriso

Tudo terminou como um acidente a 240 km...
Sai ileso como uma farpa que se retorce
Beijando o tempo que adorna a nudez 
Um destino fisgado anoitece 
Sorri diante de um precipício...
Não sei se minhas asas estão prontas... mas...

Luís Fabiano.




Navalhadas Curtas: Nem tão fácil...

Por vezes estou muito tranquilo. Creio que depois das 23:01 eu me torno o herói e o anti-herói  de mim mesmo.
Bebidas amaciam o caráter. Deixei o carro em casa, e fui a pé ao posto de costume. Compro uma cerveja, e fico conversando com seu Bandeira o guarda, apreciando os detritos da noite... algumas putinhas às vezes aparecem por ali... saindo dos seus programas... geralmente estão felizes, bonitas e chapadas... gosto de lugares onde algo acontece...


O telefone celular toca, é serenata do diabo brilhando sobre a mesa, telefones da madrugada são catástrofes digitais .
Era Jéssica, uma amiga...


-Fala Jessy...


Ouço lagrimas ranhentas do outro lado da linha, oh Deus... por quê? Por quê? Diga-me seu dorminhoco eterno... Será que nesta porra de planeta ninguém pode estar sereno?


-Fabiano... aconteceu uma coisa horrível...
-Que foi?...
-Minha família descobriu tudo... que eu amo a Fernanda... que estou com ela...
-É vergonhoso amar agora pô?
-Cara... eles querem que eu termine com ela ou saia de casa... pressão total...
-Puta que pariu... a certeza tem um preço Jessy... e todo amor nunca é fácil...


Ela fungava o ranho... e chorava mais. Eu sigo...


-Olha Jessy... acho que deves falar com a Fernanda... você são maiores e tal... não te apavora não...  eu sou um romântico irremediável... amor não se quebra facilmente pela vontade dos outros... é lutar...
-Ninguém nos entende, ninguém quer entender nada...
-Jessy, nesta porra de vida tudo é um aprendizado... na real que todas as coisas precisam de um tempo... fala com a Fê... fiquem em algum lugar hoje... amanha se pensa, mas uma coisa digo: quando não se pode vencer o inimigo... a gente o engana... pensem nisso, isso da o tempo que se precisa... amor é sempre o mais forte.
-Ta legal Fabiano... valeu...
-Relaxa Jessy...
Não sei se ajudei... mas a resposta era boa pra caralho...

Luís Fabiano.

quarta-feira, junho 20, 2012

Momento Mestre

- Bukowski Tapes 9 -





Calcinhas furadas ao vento

As bandeiras acenam uma fronteira flácida
Como se pudessem traçar riscos na margem do vento
Maquiar a dor entre dentes
Distendendo cordas de nylon a espera do milagre
Como um idiota, fiquei olhando sua dança fútil
O cuidado que ela fazia aquilo...
Era maior que ela tinha para consigo...

Os frangalhos de roupas limpas impecáveis
O espelho de nojos fecundos
Remendos paliativos inapagáveis da alma 
Nossas feridas e cicatrizes por vezes esquecidas 
Afogadas pelo tempo, melhor assim 
Entre a fumaça de um cigarro barato e um trago
Ela regia a esperança na corda sem som

O interminável movimento ordenado
De uma limpeza irritante, fedendo a clorofina
Gosto de limpeza... mas nada de mais
Estava ficando irritado com aquilo
Então ela dependurou uma calcinha puída, furada
Nada sex, bege vomito de cachorro
E imaginei os dentes de sua buceta comendo o tecido entre suas pernas gostosas

Ela pergunta o que eu acho?
Sorri debruçado na ironia:
-Tua xoxota sublima o que tua limpeza soterra – eu disse
A puta não entendeu, ficou sorrindo como se fosse um vazio em paz
O pendulo da inteligência e a estupidez, me faz subir o pau
Então entre a calcinha rasgada, a corda de prendedores e o vento mudo
Ela vem pegar meu pau, diz: gostaria de pendurar teu pau aqui com prendedor
E chupa-lo quando coloco minha roupa...

Fiquei louco, um cavalo no cio e agarrei ali mesmo entre a vizinhança
A corda não resiste, derrubamos o equilibrista
E a calcinha puída mergulha o chão
E ela geme alto como gosto, misto de agonia e amor 
Enquanto nos sujamos submergindo no prazer desgarrado
Bastardos no templo imundo, deitados no chão
A impureza sorvendo rasgos puídos
Transformando frestas em poesia
Como desejos diluídos asfixiando fantasias angélicas.

Luís Fabiano

terça-feira, junho 19, 2012


Pérola do Dia:

" É o elemento sujo que outorga prazer ao acto de luxúria e, quanto mais sujo, mais prazenteiro se torna".


- Marquês de Sade -

segunda-feira, junho 18, 2012




Presas liquidas – Luzes de fumaça.

A vida por vezes pode ser um calabouço de ternura. Doutras, farpas afiadas de um amor esgotado. Não tenho em mim nada pronto. Tenho uma eterna mutação, gosto que seja assim, nesta dinâmica serpenteante, numa convulsão sacudindo intimidades, atenuando agruras e beijando o céu nos melhores dias.


Encerrado no apartamento, uma espécie de pele de pedra encobrindo a minha epiderme. Olhava a rua fria, esvaziando uma garrafa de um... a rua ficando vazia, abrindo espaços para que as aguas estagnadas das valetas e vielas, refletissem a luar... as estrelas, como bênçãos de esperanças malditas, nas promessas silenciosas.


O rum é um pote de veneno... ou um balsamo para feridas. Eu estava em paz demasiada. Queria que todas as serpentes do mundo me picassem hoje, e incendiassem minha alma. Eu gargalho em uma semiescuridão do quinto andar. Pressentido o caos... desejando o caos, sonhando com putas descontroladas, o descontrole fatal rompendo as cordas que sustentam a razão. Arrancando acordes pesados... sujos... fétidos, com o asco que olhamos os vermes existenciais...


Sorri como um doente, me vesti. Olho as horas, são 00h59min. Perfeito. Procurava uma caverna famigerada, sentia falta do cheiro existencial, mescla a brutalidade excitante da vida. A química do demônio, do animal existente em nós.


A porta bate atrás de mim.
Entro no kadett e Velhas Virgens faz o tom, a musica Siririca Baby, a vida é só bronha e siririca Baby.... 


O frio espanta as pessoas da rua, mas os bares são mais fieis que igrejas, os templos estão fechados quando a merda entra a rodo em nossa vida. Não precisei ir muito longe... pensei comigo: como um sou um navio... onde navios aportam? Desci em direção porto. Achei uma pequena porta iluminada, com algumas pessoas bebendo a frente. Todos estranhos, vestidos de negro... outros a procura de uma definição sexual, como anjos balançando entre a pica a xoxota, alguns se drogando, uma musica metalizada fazia o fundo.


Não demorou muito para que eu encontrasse um conhecido. Sempre tem alguém. Rodrigo estava muito bêbado, chapado ao mesmo tempo. A bem da verdade, eu sempre o achei um idiota que não tinha pra dizer ou fazer... mas por estas fatais chatices existenciais, ele não conseguia calar a boca. 


Ele fodia o silencio com uma piroca feita de arame farpado. Mas vejam como é a vida. Agora talvez pela força das circunstancias, eu um pouco mais bêbado e ele também... o que se dizia parecia um pouco melhor, uma coerência etílica:


-Fabiano... porra... tu por estas bandas?
-O porto é meu cara... há muito tempo... sou o dono...
-Porra... porra... porra...
-É, eu não conhecia este lugar aqui... existe a muito tempo?
-Não, abriu hoje... é meu cara...
-Parabéns só gente de primeira hein...


Nisso uma mulher muito magra como um bambu... com os peitos secos, feito uma cabra velha, vomita ao nosso lado... e fica tossindo com um cachorro podre. A vida as vezes é uma opera macabra. Rodrigo da risada e cospe dizendo: O Juh... que tu comeu hoje hein...há,há,há porra, deixa  ver, é macarronada bolonhesa?!


Juh fica muito aborrecida, grita umas merdas pra ele, tentando se recuperar.


-Fabiano – diz Rodrigo – to fechando aqui... e a festinha vai continuar lá em casa... vamos lá?
-Tudo bem, estou para os vermes mesmo...
-Porra... porra... boa essa hein...


Era um completo idiota, eu tinha razão.
O rum me deixa disposto... tinha ideias de beber um pouco mais... talvez dar um boquete pra Juh vomitona quem sabe... e depois ficar de boa, anestesiado deixando a vida escorrer pelas minhas veias.


O meu navio havia perdido o capitão talvez num infarto fulminante, agora os ratos saiam dos porões e assumiam o comando da merda toda. Em mim algo era corroído... como um queijo suíço.
Rodrigo fecha o bar... e lança um convite geral a todos que lá estavam: Pessoal a festa segue lá em casa, let´s Go...


Isso é o mesmo que fazer uma cerimonia para evocar o diabo. Todos, absolutamente todos seguiram pra casa de Rodrigo, num cortejo fúnebre as avessas, a casa ficava a sete quadras dali. 


Subi no kadet e tive uma vontade de encerrar por ali, no zero a zero as vezes é lucro... mas não... quando entro em um parque de diversões, quero ver até onde o trem fantasma leva nesta puta vida.


Cheguei na casa de Rodrigo. Bela casa, já havia muitas pessoas lá, a musica de rave tocava alto ao fundo, com eco dos graves. Uns caras, sem cara de bons amigos na frente, rosto amassado, cicatrizes sonoras, não tinham um bom olhar...


Entrei... bem o que se seguiu, eu tive a impressão que realmente o demônio estava passando férias na casa de Rodrigo. Muitos bebiam alucinadamente... outros já estavam em quase coma... outros muito chapados, dançavam gritando freneticamente, nos cantos mais escuros da festa... homens e mulheres se agarravam numa espécie de suruba informal... não havia fronteira, podia tudo, todos se comiam. Fui até o bar, tem coisas que somente bebendo pra ajudar. No bar tinha um cara...que olhou sensível excessivamente atencioso, sorriu:


-E ai “ preto ”... gostando da festinha?
-Ainda não sei... to vendo o que acontece... me consegue aí uma dose caprichada de whisky?
-Pra ti...tudinho...papito...


Ele sorria com todos os dentes. Qual o preço da gentileza? Foda-se, peguei o drink e sai caminhando, olhando tudo por ali. Precisava sentar um pouco. De alguma forma, eu já não sabia mais exatamente o que queria.


Beber é uma espécie de prece no silencio. Consegui achar um sofá e me joguei nele, enquanto duas minas se beijavam ao meu lado, boa cena. Gosto de cenas eróticas não programadas, estavam felizes, excitadas, se lambiam com graça.


Lembrei de Juh vomitona... onde andaria aquela maluca?
A profusão de cheiros lá dentro...era interessante quase nauseante, suor, perfumes variados, sexo, porra... mais suor. Todos pareciam muito desinibidos. Dois caras no canto, tiram o pau pra fora e ficaram se acariciando, esfregando os membros um no outro...em outro ponto, três mulheres entrelaçavam as pernas, erguendo o vestido... esfregando uma na outra, gemiam alto como gosto. Tive a impressão de estar num pesadelo. Eu estava sozinho...inapelavelmente sozinho. Um estranho naquele ninho... nada contra a putaria...ao caos, mas como a vitima, me entediei deles todos. 


Fodiam como uma maquina registradora...abrindo a gaveta...
Fui mijar...e la estava Juh vomitona. Sorriu mostrando os dentes... aquela magreza era uma piedade que a natureza consentia ao seus vícios.


-Vai mijar? Perguntou Juh.
-Sim vou...
-Deixa eu ver?
-Como é?
-É, so quero assistir... gosto de ver homem mijando...
-tudo bem.


Ela entrou no banheiro comigo... eu realmente estava com muita vontade mijar. Ela fixou o olhar...se ajoelhou e tudo. Um mijo grosso sai. Ela se delicia... masturba-se e ri feliz. Nada mais parecia estranho... quanto terminei ela lambeu aquelas gotinhas ultimas que caem... levantou e foi embora. O pau nem se manifestou... realmente quando as coisas são assim o melhor a fazer é dar o fora. Guardei a ferramenta.


O Rodrigo, o dono da festa havia sumido... mas não havia mais nada. O lugar havia se tornando um caos...um monstro de dentes ferozes atacando os incautos... minhas fantasias por vezes se satisfazem ao ver... sou uma espécie de carrasco saboreando o sangue alheio... fluindo da experiência com a mente... 


Quando finalmente sai a rua... o frio da noite me abraçou juntamente com minha solidão. Acho que fazemos um bom par. A noite avança rasgando a escuridão, enchendo de fantasiosas bailarinas de fumaça...esperanças preenchendo o nosso melhor. Como uma melancolia que goteja...senti saudade...mas de que? Acho que estava precisando de um abraço... mas naquela noite todas as portas estavam fechadas, todos dormiam o sono dos justos e dos injustos... e você o que fazia?

Luis Fabiano.



Pérola do dia :


“ Não somos irmãos perante Deus... tornamo-nos irmãos, depois da terceira cerveja, da terceira dose de whisky... tudo se torna um pouco melhor.”

Luís Fabiano.




Navalhadas Curtas: O embusteiro das Notas

Existem acontecimentos, que somos chamados a testemunhar, querendo ou não. Fatalidade. Isso é uma merda. Você tá ali... então de-repente a porra te atropela.


Estava no bar... e ele deu pinta que quem iria cantar muito. Os músicos locais o chamavam... ele sorria em um “encabulamento” vaidoso.
Então alguém pra dar uma força... trouxe-lhe um cavaquinho.
Sorri e disse a minha companhia: agora começa o show!


Minha ironia pressentia uma catástrofe galopante. O cavaquinho chegou embrulhado em uma capa especial, como um Batman. O cara tinha o tipo que vende só a imagem. Brinco dourado na orelha esquerda, cabelos raspados, estava bem vestido.


Então lhe entregaram o microfone ajustado, o cavaquinho afinado...e ?
Bem, o que seguiu foi uma tentativa de ouvir a voz dele... porem, parecia que estava cantando pelo cu. O publico, como sabemos, é uma vadia e infiel... tentavam conter as risadas, eu também. Mas a bem da verdade ele parecia estar cantando em outro idioma, talvez não deste planeta... filho da puta.


O impagável olhar dos músicos, era uma sirene de fogo num sanatório em plena madrugada. Palmas falsificadas... e todos se olhavam... num misto de piedade e horror.


Por fim parece que ele percebeu o próprio ridículo. Abandonou o palco duas musicas depois para alivio de todos nós.
Porra, ainda bem que existe a cerveja para contemporizar as mazelas humanas.

Luís Fabiano.

sábado, junho 16, 2012

Momento Boa Música ...




quinta-feira, junho 14, 2012


Poesia Fotográfica...








Conspiração dos Idiotas

Eles se sentam a mesa do cybercafé
Eu infelizmente já estava lá...
Começam a vomitar suas teses imbecis
Acomodei-me melhor... o show estava começando
Um deles sorria efetivo, com um pouco de ranho no nariz
O outro cara, era muito compenetrado... em excesso
Citava chavões políticos... e grandes nomes do passado soviético

Pareciam ter a solução pra tudo no mundo...
O mais falador, dava um ar de sobriedade intelectualóide 
Olhando para os lados, como se soubesse os mistérios de toda merda que vivemos
Os detestei como a um vomito de cachorro
O caladão recebia aquelas informações, como se tivesse diante de um ícone
Da lobotomia pós-moderna... era um fraco a cada de pulgas inteligentes

No fundo eram obtusos demais, e isso sempre é perigoso...
Meu café estava péssimo, como traços sem sentido a procura da solução violada
E mesmo desconhecendo aqueles caras... eles me irritaram
Como o mistério de coisas sem sentido
O bar estava entediado
E mesmo a atendente, não tinha uma bunda agradável...

Fiquei com vontade de agitar um pouco as coisas...
Pensei em tirar minha piroca pra fora
E balançar a morcela negra com cabeça de lagarto
Dizendo: olhem aqui, vejam bem o sebo do amor, incrustrado como um piercing do diabo...
Comecei a rir sozinho... embalado pela possibilidade

O cara mais sério me olhou com um pouco de rancor
Não gostava de nada divertido
Talvez mijar sobre eles fosse bacana também... mas lembrei que já mijei sobre alguém...
Mas foi por prazer... (conto em outro momento...)
O cara mais sério falava bem baixo agora, desconfiado... de mim
Então decidi dar motivo real pra ele...
Abri uma agenda... e olhava pra ele sério, fazendo de conta que anotava algo...
Aquilo foi um peido ecoando no abismo...
Um escarro coroado de teoria da conspiração...

Eles ficaram nervosos
Eu levantei, paguei minha conta
Quando estava saindo na porta, acompanhado pelo olhar deles...
Eu disse: Estou de olho em vocês dois, eu sei de tudo...
-Hã ? “Uquê” ?

Luís Fabiano.





Navalhadas Curtas: Indecisão fatal...

Outro bar barato, outra cara amassada e mesmas merdas. Ela fumava um cigarro atrás do outro. Gosto das fumantes, a fumaça é um sinal apache, a nevoa sempre oculta algo.
Ela estava bem acabada. Mas eu não procurava uma nada. Bebia como quem toma um relaxante muscular, álcool torna as coisas distantes...


Então como uma mariposa louca, ela veio até a minha mesa.
-Posso sentar?
-Claro...
-Obrigada... sabe, eu sou uma pessoa muito ciumenta...


Comecei a rir... mas que merda pensei, eu não havia perguntado nada.
-Sei... acontece as vezes, ciúme é uma fraqueza da alma, certezas flácidas, insegurança... qual o problema ?
-É que tentei matar o meu ex-marido agora... com uma facada...


Deus... é a moda. Uma teia armada, por vezes só recolhe merda... parece que a loucura me assalta, mesmo quando estou desconectado.


-Conseguiu?
-Não tive coragem... no final.
-Tudo bem... a maioria não tem... e agora, que pretende?
-Não sei... to perdida... me sinto vazia...
-Não faz nada, ele não tem culpa de nada. A fudida da historia aqui é você... nenhum rabo no mundo vale a prisão... eu acho.


Houve um silencio ruminante... ela acendeu outro cigarro.
-Acho que vou lá tentar novamente...
-Tudo bem, boa sorte.


Ela levantou e saiu cambaleando... com a faca na não... comecei a rir sozinho.
Talvez ela tenha sorte de não ser atropelada por aí...

Luís Fabiano.