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segunda-feira, novembro 30, 2009



Marta ficou velha.

Tenho uma certa fascinação com tempo,é involuntário. Possivelmente por dar-me conta de meu próprio tempo, passa muito rápido, um piscar de olhos, bem já não temos o tempo que tínhamos, e se nos perdermos em “besteiras”, percebe-se a inutilidade, isso sim é terrível.
Nada de clichês tipo, a minha mente é sempre jovem, meu corpo que envelhece,mas minha alma é de criança, nada disso.Sem apelos,sem clichês de autoafirmação, sem maquiagem.
Tenho a certeza que velhice vem, e mais rapidamente quando a capacidade de fazer merda na vida toma proporções criticas. Preocupações demais, fantasias demais, problemas demais, futuro demais, passado demais, e vida presente de menos. Se for assim, se é pra ser assim,é calvário informal.
Trabalhava vendendo carros, aliás carros terríveis, muito ruins mesmo, importados da antiga Rússia de martelo e foice.Carros duros, pesados, funcionavam a gasolina e não a vodka como se pode presumir.Eu vendia aquilo, e estranho vender esperanças de algo que não é bom, e você ter de ser totalmente desonesto e afirmar com um sorriso idiota:
-Senhor, é um carro excelente, veja a cor, bancos de couro, um motor russo forte, muito valente, compre e o senhor vai ser feliz. Sem duvida alguma.Tenho certeza.Dou garantias.
Era tudo mentira. Com meu terno alinhado e minha gravata vermelha, era um palhaço mentiroso que pensava apenas na comissão.
Vendi vários, e ate hoje durmo em paz. Era trabalho e eu precisava trabalhar, quando se precisa trabalhar, ganhar dinheiro a honestidade absoluta é um acessório. Ou você acham que eu iria dizer que o carro não prestava?
Quem faz propaganda contra si mesmo? A limites para tudo, o sistema funciona assim.
Na verdade nada disso realmente interessa,são lembranças que trazem mais lembranças.
A esposa do dono da empresa que realmente é relevante. Todos os funcionários eram apaixonados por ela, apaixonados não é bem o termo.
Tínhamos um tesão nela.Como era linda, alta,morena cor de cuia, olhos claros, um sorriso lindo, um corpo escultural e absolutamente elegante.Vestia-se simples, mas a elegância de Marta era algo,educada parecia pairar acima de todos sem ser esnobe.Flutuava.
Nem sempre a mulher do chefe é interessante. Mas Marta era, e tinha algo que gostava muito. Usava cabelos curtos.
Realmente não sei de perto. Ela nos tratava a todos com educação, coisa que o marido não fazia, éramos uma espécie de lixo bem vestido para ele, o patrão nunca foi gentil. Eu era um homem jovem de vinte e cinco anos. Já com poucas fantasias mas algo tonto. A esposa do patrão inspirou algumas masturbações, talvez fosse uma espécie de vingança idiota a prestação. Era bom pensar em Marta, seu corpo, suas roupas,suas lingeries, seus vestido juntos, ela era um verdadeiro presente a fantasia.
O patrão, tinha um tesouro e não percebia.Quase sempre é assim. Contava suas peripécias com a bebida, os verdadeiros fiascos que fazia nas festas que iam, ele achava graça, ela sentia vergonha. Lembro que estava narrando este fato a um amigo:
-Cheguei em casa podre de bêbado.A Marta tava dormindo, tentei chegar devagar, sem fazer barulho, mas tropecei na cama, e quando caí sobre o colchão, já caí vomitando encima dela! Um horror, ela ficou furiosa comigo. Mas no outro dia, me perdoou.Sempre perdoa a tonta.
Risadas,elogios,ironias.
Eu escutava em off,falou outras coisas, as discussões que tinham, os tapas que ela recebia, e chorava apenas. Eu sentia asco pelo cara. Não gosto de violência. Se uma relação não dá mais. Já acabou, não precisa de dramas e ataques de orgulho ferido. Estas coisas tornam os finais uma merda maior ainda.Queria dar uma porrada nele por muito motivos, por me fuder no serviço descontando salário injustamente, por bater naquela mulher linda. Não se bate em mulher, mesmo que seja uma cadela.
Hoje eu estava andando pela rua, meu passeio de folga, habitual, momento de criação, onde penso ou não penso em nada, deixo fluir recebendo o beijo do vento.
Quando passo por ela. Era a dona Marta a esposa do patrão. Como o tempo pode ser cruel. A idade chega, ela estava muito alquebrada, eu a reconheci, e parei, infelizmente tenho boa memória, disse:
-Ola, dona Marta, lembra de mim?
Ela parou, ficou pensando um pouco, disse com voz rouca:
-Teu rosto não é estranho. Mas não lembrando de onde...
Eu sorri, e ela disse:
-Já sei, tu és um ex funcionário de meu ex- marido,na loja de carros.
Eu:
-Exatamente, apenas achei a tua frase cheia de ex, ex isso, ex aquilo.
Ela riu: é verdade, mas a vida e assim, agente vai mudando e aquilo que não tem consistência, vai se perdendo.
Achei a frase verdadeira, porem amarga.
Eu brigava com meus pensamentos, aquela mulher linda,de voz suave de antes, que inspirava minhas punhetas, agora estava ali, magra demais, com muitas rugas, o cabelo curto e algo branco, não me inspirava a nada.
Uma senhora de sessenta e cinco anos. Confesso que olhei bem para o corpo dela para ver se encontrava resquícios da mulher que foi. Olhei bem. Os seios ainda eram grandes, bem erguidos pelo sutiã. Não estava gorda, a barriga parecia rija.
Acho que ela percebeu, e riu:
-O tempo passa meu filho.
Eu concordei, e me despedi com educação. Não foi bom encontra-la. Entendo as realidades da vida, sei que se fica velho, e se morre.Sei. Mas embora a Marta real agora foi a que vi no calçadão,eu prefiro a que ficou na minha memória.
Aquela beleza ela nunca perderá, é eterna, é disso que tanto falo por ai. A vida é o momento, o segundo que se vive, eterniza tudo, constrói uma lembrança que jamais substituirá o presente, mas afaga a alma em esperança, só de pensar.
Lembrei das pessoas que amo. Que estão próximas e longínquas, vontade de abraça-las uma a uma, dizer mais uma vez o quanto são importantes.O tempo que se tem na vida não é o que se imagina, é este segundo, não o perca.

Paz profunda.
Luis Fabiano.



Trecho...

“ Volto lentamente para o apartamento e escrevo um carta para Glória: ”Quando eu voltar,vou levar um chicote para você.Muito amor. Muito carinho, beijos, pinto e chicote. Nunca na sua vida você teve um homem assim, nem vai ter depois. Você me inspira. É uma coisa espiritual e física ao mesmo tempo. Você desperta dentro de mim o anjo e o demônio. E portanto vamos aproveitar agora porque o futuro é hoje.Gostaria de morar com você em uma casa grande.Só nós dois,com um cachorro preto de que você goste.E você não poderia raspar nem as axilas e nem as pernas.Nada.Nem desodorantes nem perfumes.Você e eu.Ao natural.
Sozinho e selvagens em um casa nos arredores de Havana. Longe das pessoas que se intrometem e perguntam. E engravidar você. Sonho engravidar você, possuir você. Linda, com seu barrigão enorme, para ser adorada.
Vou adorar você. Com seu bebê e seus peitos, que vão ficar grandes, jorrando leite. Vou adorar você como nunca imaginou que um homem pudesse adorar alguém.
Você me deixa louco.”

Pedro Juan Gutierrez - Animal Tropical.

domingo, novembro 29, 2009



Minha noiva, é um cadáver.

É claro que ninguém mais se surpreende com nada. Os acontecimentos mais bizarros da vida, são narrados como uma serenata cotidiana, um desfile de notícias estranhas, que pelo contato terminam por parecer comuns. Cai tudo numa vala de indiferença.
Morte, sangue, crimes de diversas montas tudo fica muito semelhante, comum e sem graça. E foi exatamente assim que dei-me conta de minha estéril vida de “casado”, sinceramente não gosto desta palavra “casado”, sempre soa pesado demais.Não gosto de pesos.
Mas o que era um inocente namoro, converteu-se naturalmente em uma vivencia em comum.Com direito a eu te amo e tudo.
Tenho este terrível vicio de deixar o barco correr, não tomo decisões, deixo elas transitarem, e as vezes sou arrastado a abismos e doutras guindado aos céus. Em primeira instancia Viviam era “maravilhosa”. Como gostaria que tudo permanecesse em primeira instancia. Nada é assim.
Três meses depois de estarmos morando juntos, havia em mim um tédio sem fim. Chamem do que quiser, um amor instantâneo, uma paixão e um tesão que acabou mais rápido que tudo. Penso nisso com um pouco de raiva as vezes, mas me acalmo, não tem porque, mais uma relação das infinitas que tive.Vala comum das indiferenças.
Não agüentava aquela casa sempre em festa,cheia de gente. Horrível, chegava a noite queria descansar a cabeça, talvez receber um abraço, um beijo carinhoso, muito carinhoso. Não acontecia. O local onde morava, uma espécie de porto seguro do inferno, repleto de educação, sorrisos, boa noite, abraços fracos,tapinhas nas costas e mais sorrisos, claro, tudo regado a bebida, sempre tinha bebida.
Nada contra a bebida,ela me foi um grande auxiliar, porque embriagado tudo tinha sentido, uma vida que não era a minha, mas que ia se adaptando como baratas se adaptam a qualquer ambiente.Estes dias vi uma barata dentro da geladeira, viva, estava viva! Fiquei feliz por ela.
A relação começou a morrer, definitivamente foi quando o sexo que já era meio fraco, simplesmente acontecia apenas uma vez por semana, quando acontecia. Não sei porque Viviam gostava de quarta feira, eu já sabia tudo de cor.Aprendo padrões rapidamente.
Era hora de deitar, ela deitava-se nua, essa era minha deixa, deveria acontecer beijos, uns abraços, e a coisa ia para um papai e mamãe, detesto esta posição. O que mais me aborrecia era a ausência de paixão, de tesão, de cheiros fortes, de uma pegada mais ousada.Ela era certinha demais.Não gosto disso.Sexo deve ser entrega com voracidade, sem limites ou restrições morais, não foram poucas vezes que broxei com ela.
Viviam não tinha cheiro, nenhum cheiro, sou do tipo primitivo.Acho que a boceta deve cheiro de boceta, aquele aroma de urina, suor e sucos vaginais, este é o cheiro perfeito,perfume dos que entendem de prazer.
Posso dizer que cada mulher tem o seu, todos são maravilhosos.Viviam não tinha cheiro.Tédio, trepavamos por alguns minutos, ela gozava, as vezes eu gozava, e estranhamente ela levanta-se para lavar-se, não gostava de dormir melada, como me dizia em tom solene.
Aquela limpeza toda era um verdadeiro nojo. Tão limpa, tão sem cheiro, tão nada,e eu, tão ausente.
Com meio ano de relacionamento, tinha a certeza que nada daria certo, mas sou do tipo que esgota tudo, deixo chegar ao meu limite e vou embora, não gosto de explicar, explicar o inexplicável? Trocar ofensas, xingamentos e alimentar ódios sem fim. Sou mais odiado que amado, sei que gostar de mim não é muito fácil, nem quero que seja.
Um dia no alto de uma bebedeira olhei para Viviam, lembro que a vi rindo com todas aquelas pessoas, tinha uma plastia de felicidade, um risada ensaiada artística, falsa.
Ali ela morreu para mim. Estou acostumado com a morte, já a vejo como um evento natural e sem problemas, tudo morre, crianças morrem, coelhinhos peludos morrem, tubarões também, e alguns seres humanos já estão mortos em vida, fechar os olhos é apenas um ignóbil detalhe.
No dia seguinte fui embora, peguei minhas poucas coisas, e parti, como todos os aspectos desagradáveis que envolvem uma separação. Separação sempre é uma merda, gostaria que as coisa ocorressem simultaneamente, silenciosamente e em paz.Um espécie de nado sincronizado de emoções.
Mas não é assim, o adeus envolve uma guerra, envolve orgulho ferido, egoísmos machucados, perda de tempo e a caça de um culpado.Sempre tem que ter um culpado.Não tenho problemas com culpa.
Viviam, a noiva cadáver, fez o que pode para me prejudicar, se ela tem razão ou não isso não faz o menor sentido.O tempo passa, e consome tudo, lágrimas secam,arrependimentos vêem a tona, mas não comigo.Fico só e em paz,só o quero é ficar assim, com alguma tranqüilidade e vivo de alguma forma.

Luis Fabiano.
Chama da paz.

sábado, novembro 28, 2009

Dica de DVD: Tangos e Tragédias.

Sensacional, talento para dar e vender, humor e inteligência na graça desta dupla. As musicas repletas de um sentindo mais profundo que o mero entretenimento barato, show para rir e pensar ao mesmo tempo.
Sem duvida alguma um dos melhores Dvds que vi este ano.
Escolhi a musica epitáfio, por ser uma grande letra. Na vida não temos tempo para perder, este tempo não existe, os anos passam rápido e é importante colecionarmos momentos felizes, muito aprendizado e sorrisos que pudermos fazer nascer na face alheia.

sexta-feira, novembro 27, 2009



As flores de Amanda.

A gravidez a havia deixado horrível. Não lembrava em nada a mulher leve, bela e de sorriso fácil e fútil. Agora, ao final da gravidez, era um chumbo em todos os sentidos, mau humor e um pouco de arrependimento.
Deveria ter feito o aborto no inicio da gestação, mas agora, aquilo nadava dentro de suas entranhas. Não teve coragem, e agora o risco seria grande demais.Pensaria em outra solução depois.
Lembrava bem daquela noite, em que transou com um desconhecido, festa, muita bebida e tesão, entregou-se fácil demais, queria um pouco de prazer para aliviar distrair, como um escambo consigo mesma, o cara era tão bonito, valia a pena. Depois, sempre tem depois.
Preço alto demais, as vezes é assim,agora é tarde.
Nunca mais o viu.
Passou por ele uma vez quando estava na rua, a barriga enorme, ele fez que não a viu,para alguém fácil, isso tornava-se tão difícil.Gerou um bastardinho, sem pai e com uma mãe arrependida,segundos de prazer que se estendem para o futuro.Que esperar do futuro? Que futuro?
Os nove meses passaram muito rápidos,quando viu, estava a uma semana do nascimento, não sentia-se mãe em nada, nem sabe o que sentia. A questão não era dinheiro, tinha condições, seu trabalho como jornalista rendia bem, mas Amanda era uma mãe triste. Teve muitos planos em mente, e muito poucos realizados, agora este filho do destino,da burrice,do prazer e da dor.
Nasceu Marlon, deu este nome porque amava Marlon Brando,um nome que não havia escolhido antecipadamente, alias não tinha antecipado nada, o bebê tinha poucas roupas,e ela foi sozinha ter o filho no hospital, orgulhosa, não gostava de pedir ajuda. Orgulho demais envenenando sua maneira de viver.
Quando ouviu pela primeira vez o choro de Marlon, teve um tremor estranho, uma breve queda de pressão, desfaleceu, ouvia apenas ao fundo aquele chorinho que foi sumindo, sumindo...acordou, estava no quarto, o bebe dormia ao seu lado, olhar aquele rostinho pela primeira vez, dormia suave, tão pequeno, tão fofinho.Ali, Amanda virou mãe.
Aquele pequenino tão frágil, fez apagar todo o passado pesado, o descaso dela, o pai desconhecido, aquilo tudo nada mais significava, da desgraça de sua vida sem sentido até ali, o porto seguro de Marlon. A mente viajou, lembrou de suas violetas, esquecidas, secas e sem cor.
Gostaria de devolver-lhes vida , como a vida era importante, mesmo a sua.
Os dias que sucederam, foram de nascimento para Amanda, renasceu, entregou-se a maternidade, virou a melhor mãe de primeira viagem, dormia pouco, alimentava-se quando podia, e vivia um instante de todo especial.
Foi ficando com olheiras, não sei como vocês entenderão, mas ela não estava feia, seus olhos tinham o brilho de cintilantes estrelas, estava feliz, um esgotamento suave, um cansaço flutuante, palavras contraditórias que querem dizer que o corpo pesava, mas a felicidade não.
Marlon crescia, já fazia três meses, ele estava lindo, os bebês são sempre bonitos, talvez nem sejam tanto.Mas nossa esperança é tanta, amor, carinho e dedicação, são transformadores da realidade pessoal, por conseguintemente do mundo.
Mudamos pela beleza próxima a nos e pelas dores em nós.Talvez filhos alheios não nos digam nada, nem nos interessam, mas o rosto sereno e adormecido de Marlon...
As violetas de Amanda, voltaram a florir, cores diversas se multiplicavam. Ainda não sabia do futuro, não pensava nisso, vivia o momento, devagar e de cada vez, Marlon iria crescer, sabia que teria de dizer duras verdades para ele um dia.Queria apenas que ele não ficasse triste com ela, mas a seu tempo, não agora, não agora.

Paz profunda.

Luis Fabiano.

Trecho...

“-Quantos homens você teve?
-Dez ou doze, não sei ao certo.
-Sei,e bons amantes?
-Raros.
-Que profissões eles tinham?
-Teve de tudo,universitários,empresários,artistas,milhonario,pobre e um caminhoneiro.
-Esse era o tipo.Nunca trepou com você dentro do caminhão?Fez você chupar enquanto ele dirigia pela estrada?Levou você para um boteco vagabundo,para bater uma punheta nele debaixo da mesa?
-Não,não,não, ohhhh.
-E que tipo de caminhoneiro era esse? É uma vergonha para categoria.
-Não,ah,foi por pouco tempo.Só duas semanas.
-Teve mais algum trabalhador?
-Não.
-Todos eram intelectuais.
-Ah, você não sabe nada da vida.
-O que você tem contra intelectuais?
-Nada.
-Mas não gosta deles.
-Como amantes não são grande coisa, na maioria dos casos.Alguns,sim,mas tem de procurar muito bem.
-Você é um intelectual.
-Eu? Não acho."

Pedro Gutierrez - Animal Tropical.

quarta-feira, novembro 25, 2009


Pérola do dia:


Lí a Bíblia estes dias. A vida é um eterno remake.”

Fabiano.


Cansaço de Isolda.

Foi a muito tempo. Ao amanhecer as coisas sempre são melhores, ao menos se tem esperanças que isso ocorra. Talvez seja algo muito pessoal, as vezes confundo as coisas. Acordo pela manha sempre excitado,nada demais, tesão do mijo como dizem.
Isolda dormia indiferente a mim, semi nua uma visão agradável e lamentável ao mesmo tempo. Como um balde de gelo, lembrei da noite anterior.
Era sempre assim, brigas, discussões, sempre por muito tempo, nunca menos de duas horas, quase diárias.Talvez fosse nosso vicio, triste vicio, machuca e expõe o melhor e o pior do ser humano, as vezes quase não humano.
Éramos bons nisso. Aquela discussão toda, depois de ânimos mais tranqüilizados, ficavamos excitados e tínhamos um sexo muito bom,sexo da reconciliação é sempre ótimo, repleto de ternura e amor.Isso compensava tudo.
Mas por quanto tempo?
Sempre me perguntava isso, me preparava para o pior, é bom saber que as coisas podem piorar, torna a dor um pouco menor, uma anestesia mental.
Na noite passada ela me bateu na cara a primeira vez. Isso não era bom, violência em discussões sempre faz as coisas piorarem, e no calor de tapas e gritos, podemos perder a mão e a coisa ficar muito feia, sangrenta.
Mas não eu. Não gosto de violência assim, prefiro ficar calado, esgoto a pessoa de tanto falar, perdem as forças e trepamos,não é tão fácil assim,mas é assim.
Olhei o seio nu de Isolda, como era bonita. Assim dormindo, pacifica e doce. Pensei nas feras da floresta, uma leoa dormindo, uma serpente adormecida, são belos.
Nosso maior problema era o ciúmes dela. Sou sincero. Não sou o tipo bonito, charmoso, rico e nada disso. Mas os feios também amam. Sou comum, porque ter ciúme de alguém comum? Nem bonito, nem feio, nem muito burro e nem muito inteligente?
Não entendia, ou melhor entendia, a insegurança é sempre prato principal que alimenta tais pensamentos.
Pessoas fracas, inseguras facilmente abaladas pelas brisas da vida. Isolda tinha certeza convicta que eu tinha outra mulher. Acho que nem poderia. Trepavamos todos os dias, sempre duas vezes, pela manhã e a noite quando chegávamos cansados do trabalho, discutíamos até as três horas da manhã, sempre por besteiras. Ela via alguém olhando na minha direção, era suficiente. Me perguntava áspera:
-Quem é aquela vagabunda? De onde tu conheces? Estas sorrindo para ela?
Já conhecia esse jogo de trás pra frente. Sorria irônico e pensava comigo:E vai começar o espetáculo.
Quando se discute tanto, se aprende a inutilidade de argumentar. Ninguém vai convencer ninguém. Coloca-se podres para fora, vísceras cheias de merda, mal cheiro, tudo que se diz sempre piora. Me calo, ela discutia praticamente sozinha.
As vezes ate abria um livro, isso sempre piorava a coisa.Fica louca totalmente. Coisa horrível de ver, não recomendo, a vida tem coisas horríveis assim, sabemos que existe e queremos distancia.
Não sabia se acordava Isolda. Eu de pau duro. Toquei de leve no seu sexo, estava gostoso, molhada e com um cheiro maravilhoso, coloquei um dedo e depois dois. Ela foi acordando, a leoa acordava,bocejando e soltou um breve gemido baixinho desses que gostamos de ouvir.
Adoro trepar pela manhã.É uma boa maneira de começar a vida,relaxante.
Ela abre os olhos, e sorri com doçura. Pede que eu coloque os dedos mais fundo. Adora meus dedos. Pede para não parar, atendo ela com prazer, como ficava linda assim. Porque a vida com ela não podia ser assim tão somente?
Amaria para sempre.Mas o dia estava começando apenas, dia longo e cheio de surpresas.
Ela goza. E cuida de mim, oralmente ela é eximia, poucas mulheres sabem fazer oral com a alma, Isolda sabia. Engolia todo, descia a garganta e me olhava nos olhos. Não resisto assim, a leoa assim, me cativava, repleta de beleza e luxuria, amor dever ser assim.Não seguro e gozo abundantemente, na boca.Ela engole tudo, adora.
Bem, agora era preciso levantar. Enfrentar o dia, enfrentar a fera, esperar a guerra, virar caçador outra vez.

Paz errante.
Luis Fabiano.

terça-feira, novembro 24, 2009


Trecho:

“-Escute Glória, o que é isso agora? O que você quer?
-O que eu quero? O que qualquer mulher quer: casar,viver com você,ter filhos, que goste de mim, que seja meu marido, ter a minha casa.Ter o que é meu, e organizar a minha vida.”

Pedro Juan Gutierrez.

Tentando Fugir

Deixa-me sair daqui.
Agora.
Não quero ver teu olhar, que ferem caladamente, mil
Dardos, pregos de Cristo.
Dores da alma.
Saio abrindo espaços, os pensamentos me sufocam, não quero
Nem falar, nem sentir, nem olhar.
Tudo que se quer,
É ficar quieto um pouco, só um pouco.
Mas esses
Dardos...não.
Ganho o espaço, tento respirar a plenos pulmões.
Corro insano,
o vento sopra, e uma breve sensação de estar voando,
alto
Longe, de dardos e merdas existenciais.
Um pequeno silencio, é bom,
algodão embebido.
Quando se fica machucado longo tempo,
tempo demais,
começa-se a morrer lentamente.
Não existe brilho nos olhos,
e nada encanta,
tudo empalidece.
Entendemos isso, assim é o fim,
sempre é assim.
Mas não quero sentir isso, por isso corro.
Rápido.
Braços abertos.
Fecho os olhos, vento e escuridão,
Assim esta melhor.
Nada mais tem importância,
nem dardos, nem merda, nem dor atroz.
Só o que existe, é o vôo.
Fico cansado, de correr tanto.
Vou parando, percebo a inutilidade,
é preciso abrir os olhos.
A paisagem não muda, eu não mudo.
Mas para quem a dor é constante,
uma breve fuga é tudo.
É tudo que eu tenho.
Tudo.

Paz errante.
Luis Fabiano.

domingo, novembro 22, 2009

A vida como ela é: Fome de Beijos.

Uma coisa seja dia:as grandes tempestades se anunciam com pequenas brisas.Ensinamento velho porem não ultrapassado.O amor tem destas facetas, o ciúme muito longe está de ser amor, é antes sim doença,e precisa em alguns casos internação.
Nunca tive ciúmes em toda a minha vida, tal passionalidade é sempre desastre, confunde emoções e torna o amor exatamente o que ele não é. Sem posse, sem fronteiras.
Na loucura de Fonseca e Vilma, existia um amor, mas que certamente não era um pelo outro.As vezes a fome pode matar.


Pérola Dominical:

“-É sim Pedro Juan.
-Vargas Vila escrevia muito claro: seduza, corrompa,vicie as mulheres.Todas são putas.Tem a alma de putas.”

Pedro Gutierrez – Animal Tropical.

sábado, novembro 21, 2009


Uma atendente, quase amor.

Gosto de sair e olhar lojas, raramente compro alguma coisa. Não sou consumista fatal. Tenho mais o perfil de cliente “masturbador”, fico ali, cara de panaca sem escolher nada, olhar perdido, errante, e pobre atendente ansioso, a espera de uma possível comissão, eu não era um cliente, era um numero possível na sua carteira, eu era a picanha do final de semana, a cerveja ou o presente de sua esposa. Se eu fosse este ultimo, certamente seria um adultério, ele não ficaria feliz.
No final de um tempo, digo que achei tudo bonito e saio de mãos abanando, e feliz.
Não é proposital isso. Sou assim. Mas aquele dia pude ver e sentir talvez, que tudo não se trata de dinheiro e comissões polpudas, se puder existir sacanagem é melhor ainda. Entrei na loja para olhar, um voyeur econômico, olhar é barato e alimenta sonhos, sonhos bestas é verdade, sonhos que preenchem o tempo e nos dão uma certa noção de importância.
Ninguém sonha em ser uma pessoa melhor, uma humanidade melhor, sonho com fim da guerra e outras coisas utópicas que idiotas como eu perdem tempo em pensar. É isso, o autentico idiota de Dostoievsky.
Então ela veio para perto de mim, a vendedora, morena de pele branca como a neve, um sorriso cativante e passo sedutor, longos cabelos negros. Entre meus mesquinhos pensamentos especulei:
-Aí vem a gostosa sedutora, me acompanhar, me ofertar alguma coisa, veio demonstrar sua atenção, cheia de segundas intenções, vem putinha, vem pro papai! Cheguei a rir sozinho da besteira.
Ela:
-Boa tarde Sr, em que posso lhe ser útil?
Minha ironia fatal, eu só queria olhar as coisas, mas fiquei com vontade de dizer em que utilidade ela teria, mas respondi contido:
-Ta tranqüilo moça, to aqui apenas olhando, gosto de olhar.
Ela sorriu, vi todos os seus dentes perolados e respondeu:
-É, olhar é inicio de um namoro ás vezes, pode virar casamento...
Sorri ,não queria levar aquele papo a frente,mas fui educado,sempre somos educados com gostosas:
-É, casamento não é um assunto que considero bom moça, se fosse depender deste tema para comprar algo, jamais teria comprado nada na vida.
Ela, ai ficou matutando um pouco, talvez tivesse percebido a bola fora, mas ainda sorria, a vendedora gostosa atrapalhava meus sonhos fúteis,as vezes é assim, é ótimo ficar mergulhado em futilidade, eu tinha pouco tempo, e papo furado de vendedor cheira sempre a uma punheta sem gozo.
Fiquei olhando os eletro eletrônicos, sinceramente não iria comprar nada ainda que tivesse grana, é assim, tem coisa é interessante apenas olhar, pensar sobre elas,imaginar, essa distancia mantém alguma respeitabilidade pelo consumo.
Você não precisa ter tudo, alias precisamos na verdade de muito pouco, mas a vida, o sistema acicata nossa ambição latente, dá-nos a impressão que nunca temos o suficiente, em tudo é assim, nada suficiente, nem beleza, nem amor, nem carinho, nada é suficiente.
Como ela continuava ali, olhando, sorrindo comecei a analisa-la mais detidamente , li seu nome no crachá, Luisa, eu sorri para ela:
-Somos charas, eu sou Luis.(mais papo furado)
Ela:
-Veja seu Luis, isso é uma casualidade, talvez em nome disso o Sr deveria comprar...
Eu, com certo enfado e irritação, gostosas irritam também:
-Comprar o que? Ou quem ? Que tu me sugeres...
Cravei meu olhar nos peitos dela, grandes, volumosos prontos para pular do decote apertado.
Ela percebeu, fiz de propósito. Ela não se acanhou:
-Escolha a vontade.
Ambos rimos.
Eu:
-Tá bem. Por agora estou bem...vou indo.
Quando tava saindo na porta, olhei para trás, ela me olhava, sorri e pisquei o olho. Fui embora.
A verdade que toda aquela atenção de gentileza me fez pensar.
Sempre que mulheres são tão gentis comigo, tenho vontade de transar com ela, não sexo grosseiro escrachado não , é praticamente fazer amor. Uma espécie de agradecimento informal.
Um carinho, gentileza, atenção é quase um pedaço de amor afinal.

Paz profunda.
Luis Fabiano.

...

A passionalidade é algo profundamente irritante. Ninguém pensa além de sí, tudo que é dito e escrito é entendido a luz de nossa própria sombra.”

Fabiano.

sexta-feira, novembro 20, 2009


Pérola do dia:

Hoje e o Dia da Consciência Negra. Michael Jackson morreu sem celebrar esse dia, pois não tinha consciência que era negro.

Danilo Gentili.


Vem cá Totó, vem...

Gosto de caminhar em meus intervalos de trabalho. Me faz bem, respiro o ar da rua, e aproveito para pensar algo útil ou nada, talvez mais útil, gosto do meu trabalho, mas ele não necessariamente criativo, é repetitivo, natural e previsível. Informática tem glamour no nome, mas não passa de um martelo sofisticado.
É exatamente como vejo as pessoas, repetitivas.Nada me surpreende ou excita excessivamente, nada. Gosto que seja assim, é um pouco frio, mas me da paz. Sou assim.
Na rua me detenho a ver tipos, identifico com um olhar o tipo humano ali, como disse, as pessoas são previsíveis, dentro de uma esfera de comportamento humano e reações, tudo é possível.Todos somos capazes de fazer qualquer coisa. Gostamos de negar, é mais limpo e educado negar, negar nossa própria brutalidade e também negar nossa angelitude. Os detalhes me fazem pensar, o grosseiro não.
O detalhe é o tom de voz, o jeito de olhar,a maneira de andar. Voltava da minha caminhada, aquele dia nada havia me chamado atenção, havia um pouco de revolta por causa disso, pensava: realmente todos estão literalmente virando merda! Todos comuns demais, asco.
O que tirava um pouco minha passiva revolta, eram bundas, adoro bundas, todos os tipos,pequenas, enormes e gordurosas, essas ultimas em especial, adoro enfiar meu nariz entre as nádegas volumosas e ficar ali, perdido em um universo a parte de cheiros.Isso me faz bem, e as vezes me eleva.
Próximo ao meu trabalho um mendigo me chama atenção. Mendigo comum, sujo, jogado no chão, um irmão aos os de Deus, embora ele o tenha esquecido.
O mendigo chamava um cão, muito bonitinho de rua, mas parecia bem cuidado, limpo e jovem. O cão fazia festa para os transeuntes indiferentes. Diminui meu passo. O mendigo chamava, e o cão totalmente indiferente a ele. Os passantes indiferentes ao cão, que seguia latir, queria brincar.
Achei aquilo muito estranho,sucessão de indiferenças. O cão não percebia o mendigo.
Mas porque?
Um vira lata dá atenção gratuita a todos por nada.
Parei de andar disfarçando olhar uma vitrina tola, queria saber o final daquela historia. O cão começa a afastar-se, o mendigo, levanta-se, agora quer o cão. Em mim pressinto algo de mal, não sei, fiquei com pena do cão, pena antecipada talvez. Ele apressa o passo, e pega o cão pelo rabo, gritos do animal, então o mendigo agarra o cão, trás para junto de si, pelo pescoço, o cão não sente-se a vontade, quer ir embora, não suporta o mendigo chato.
O mendigo tenta seduzir o cão(a miséria também dá propina), dá a ele migalhas de um pão velho, comida sempre seduz.Não aquele cão. Assim que o mendigo aliviou a pegada, fugiu em disparada, deixando seu algoz para trás.
O mendigo, sentou-se novamente no chão, as pessoas passavam indiferentes, tentou esticar o corpo ali próximo a valeta úmida. Um silencio, vi na sua face um lagrima tímida, dessas que são espremidas de grandes dores. Alma corroída como os trapos imundos que usava. Indiferença até de um cão? Me parecia a gota d’água. Ficou ali, imóvel. Eu tinha a certeza que ele queria morrer, as pessoas não sabem lidar bem com indiferença. Sentem-se chicoteadas, as vezes fundo demais.Não senti pena .Era o que era,vivemos em muitos mundos, existem universos entre nós e os outros.Tentava lembrar se em algum momento da minha vida, se a indiferença me causou alguma tristeza.
Não lembro, não sou de me entristecer, nem mesmo quando vale a pena, conservo sempre a armadura polida.
Fiquei feliz pelo cão. Não queria carinhos forçados, afagos cheios de interesse, não. O bom sempre é espontâneo e livre. É horrível ficar preso a emoções ruins, a carinhos que não se quer, a beijos mornos ou um gozo sem vontade.
Fui embora ,deixei o mendigo e a miséria de suas lagrimas,o cão feliz por aí em algum lugar. Era preciso ir trabalhar,sempre é preciso fazer alguma coisa.

Paz profunda.
Luis Fabiano.

quarta-feira, novembro 18, 2009


Pérola do dia:

“ Uma excessiva assepsia, em se tratando de comportamento humano, me causa uma náusea inconsciente. Deve ser ,porque sinto algum mal cheiro latente.”

Fabiano.


Sede de amor.

Impossível deixar de lembrar de Sônia. Mesmo agora que o tempo já encarregou de destruir a mulher que ela era, não preciso repetir, o tempo passa, e tudo cai, bundas caem,seios caem, os cabelos e os dentes também, a flacidez toma conta é como se fossemos nos transformando em gelatina...
lembranças ficam.
Quando a conheci ela exercia a mais antiga das profissões, ou por outra como diz meu amigo Magalhães; “ ela era uma prostituta vocacionada”. Adorava o que fazia e fazia muito bem, posso falar por experiência própria, este tipo não existe mais, sem romance, sem carinhos ,sem chamar de meu amor, sem nada, só dinheiro pouco ou muito, só dinheiro.
Ela começou com essa vida por que quis,nada destas desculpas mitológicas da atualidade: ela esta fazendo para pagar a faculdade; é apenas por um tempo; não pretendo ficar fazendo isso, e outras tantas asneiras, a busca de uma justificativa qualquer. Verdade seja dita, dar é muito fácil, é dinheiro garantido rápido, praticamente no ato!
Quando as coisas ficavam “duras” demais, nada que um gel lubrificante não resolva...escorrega para dentro gostoso, ao som de uma caixa registradora, a cada orgasmo a gaveta abre, cédulas se espalham.
Mas Sonia era diferente, amava o que fazia, saiu de casa com dezenove ou vinte anos e ganhou a rua da cidade, franguinha nova, natural que abutres lhe dessem a direção certa para o erro, estranhamente o erro, o pecado, a infâmia torna-se apaixonante, os vicios do amor.
Logo meteu-se em uma casa dessas, que guardam putas a granel, todos os tipo, cores e sabores.E ali tornou-se eximia, falava baixinho, tratava os clientes como esposas e namoradas não tratam, sim, carinhosa ao extremo e sem pudores,sem limites, a cada cliente um amor diferente.
Não foram poucos que quiseram arrancar Sonia daquele lugar, dar-lhe o lugar da esposa rançosa, opaca e indiferente. Nunca quis, não estava a procura de marido, mas amor...
Eles sempre voltavam. Ela linda, perfumada e com olhar de pecado, aqueles longos cabelos negros soltos,e minúscula lingerie, amor a primeira vista .
Atendia apenas três por dia, nada mais, fazia parte das suas regras, fazia com tempo.
Eles chegavam com flores, jóias, dinheiro e até a aliança do casamento, ela sorria suave, dizia para guardar a aliança, porque ele iria precisar dela mais tarde, quando voltasse para casa. Como toda profissional Sonia era especialista em oral, fazia com tanta maestria que raros agüentavam até o final, gozam antes, com profundo sofrimento.
Dirão os mais incautos:Sonia era só mais uma chupadeira, nada mais.
Ledo engano amigos. Isso é uma verdadeira arte, capaz de arrancar-nos a alma e elevá-la as alturas, como qualquer coisa que se faz com vontade plena, colocando o coração e a plenitude do ser, isso é capaz de nos guindar a transcendência, uns pintam, outros escrevem,outros interpretam e Sonia suga,e naqueles breves segundos, existe silencio em nossa alma.
Certa feita, após o ato consumado com antigo cliente, este muito tranqüilo e abraçado a Sonia, pergunta-lhe coisas tolas, ela em silencio, mas uma pergunta termina por levar Sonia a falar:
-Sô, porque você não vai embora daqui? Ter uma vida normal, como uma mulher comum? Seria tão mais simples.
Um breve silencio e Sonia responde:
-Que mulher quer ser uma mulher comum? Eu não quero.Quero ser feliz, mesmo que seja por pouco tempo. Não quero carinhos mornos de um marido de anos, não quero ver-lhe todos os defeitos e sorrir dizendo que esta tudo bem, não quero que o tempo faça ele esquecer a mulher com quem se casou.Nada disso. Dou-lhes um pouco de minha vida,seus casamentos seguem felizes e eu encontro a paz aqui, onde quer que eu esteja.
Beija-lhe a boca, beijo longo e molhado.
Ele olha no relógio, já havia passado mais de três horas, sentia-se feliz, alma plenificada. Acostumara-se a Sonia, mas era preciso ir embora, agora.

Luis Fabiano.

Trecho...

“Geralmente nos mesmos construímos nosso infernos e nossos paraísos. Para tanto, qualquer lugar pode ser um lugar maravilhoso. Ou terrível. Passei muitos anos fabricando meu inferno. Só que não percebia. Fiz tudo escrupulosamente, mas ao mesmo tempo foi inconsciente. Quero dizer, durante muitos anos agi como um autômato. Agora, tinha uma bomba relógio nas mãos.
E me explodiu na cara no verão de 1990. Claro que me deixou destruído e sem saber o que fazer. Uma tarde de setembro,descobri um ar de felicidade nos olhos de minha mulher. Movimentava-se como uma gata. Era evidente que tinha outro homem e, furtivamente, tinha acabado de estar com ele. Voltava feliz e se amargurava quando me via. Agora escrevo isso com dor e sem ódio, mas naquele momento ficava todo arrepiado.”

La Vida Frugal - Pedro Gutierrez.

segunda-feira, novembro 16, 2009


Entre pétalas e lábios.

As flores a deixavam molhada, não tinha como não ceder aos caprichos de seu homem. Não prestava e ela sempre soube disso, mas agora não fazia mais diferença, o tempo se encarrega de transformar convivências em intimidades informais, casamento sem cerimônia.
Ramon um autêntico amante latino, quando a queria, ele a tinha,com ou sem flores.
Rosa havia tido todos os homens que queria, era linda, elegante e educada, mas por estes mistérios inexplicáveis do amor, tinha uma predileção por Ramon, gostava nele tudo, o cheiro, aquela barba por fazer, o olhar de cafajeste e suas irritações e grosserias.
Entendia como seu charme,o homem com jeito de mau e coração grande.
Mas quando amava, era insuperável. Entre carinhos, afagos, beijos, nunca faltava uns palavrões, cabelos puxados e essa coisa que caracteriza uma boa pegada, entre um carinho e outro, um tapa fazia bem, mais que bem!
Tentava em vão não sentir ciúmes, sabia que Ramon tinha outras, tudo que queria era ser a única, mas como ?
Não era possível, ele não era domável, selvagem e sua beleza era essa sua liberdade. Ao entardecer gostava do por do sol, fazia poemas e beijava quem tivesse sido a felizarda que estivesse ali, com ele compartilhando a luz de um dia que acaba.
Belo pela liberdade.
Foi assim que Rosa Consuelo entendeu o amor, o seu amor por Ramon. É claro que uma vez pensou em encontrar um marido bom, amável e casar-se na igreja, queria tudo certinho. Mas o sonho foi se dissipando, Ramon apareceu a seduziu(não era vitima,deixou-se...)e adentrou seu coração para nunca mais sair.
Desde de então vive brigando consigo mesma,sofreu muito por não entender aquele homem,espontaneamente ela o amou, terna e profundamente.Era só seu em um platonismo fiel.
Depois, ela o viu nos braços de outra, e outra, e mais outra. Sentia asco de si, uma putinha nos braços de um libertino, vago e podre! Dizia todos os xingamentos que conhecia, vociferava sutilezas dignas de rameiras. Ramon ouvia, mas não ouvia, tinha ar indiferente ou sorria.
Mil promessas Rosa fez, de nunca mais tocar nele novamente.
Tudo em vão. Bastava Ramon olhar, aquele olhar canastrão, Rosa sentia-se molhada, tenra, úmida e querendo...
Não havia quem não falasse mal de Ramon, diziam a boca pequena, ele era o capeta, seduzia as mulheres, e todas caiam apaixonadas. Mas logo isso se tornaria besteira, era visto na rua, bêbado, falando com a língua grossa sendo consolado pelos cães que lambiam a sua cara. Chacota do povo.
Com o tempo Rosa foi perdendo as pétalas, o tempo nunca é generoso com ninguém, e de tanto pensar, de tanto doer, entendeu seu drama. É assim, quando entendemos o que se passa conosco ganhamos a liberdade.
Amaria Ramon para sempre, não tinha como ser diferente, mas já não queria aprisiona-lo mais, o amaria como ele é, o amaria por ela mesma, tudo que Ramon lhe desse era lucro pleno, e como um pássaro que jamais conheceu a grades, ali entre seus braços ele se alimentava e ganhava o céu.
Grandioso é quem aprendeu a amar, sem querer nada, apenas amar.

Luis Fabiano.

Trecho

Bom,o que quero dizer é que fomos nos aproximando sem perceber.
A solidão é terrível. Agente se afeiçoa até por um cachorro ou por um gato, que são animais idiotas, como não me afeiçoar por essa mulher quente e depravada?O melhor de tudo é isso: a sua depravação, a sua total ausência de decência, de normas. A grande puta. Se um dia escrever sua biografia, não sei como fazer para não pensarem que é só pornografia pesada. Ninguém vai acreditar que é um romance verdadeiro sobre uma mulher doce, que se enrosca no meu pescoço e me seduz com sua maçã. E me prende e me hipnotiza até que por fim aparecem sobre nossas cabeças os querubins e a espada flamejante e nos expulsam do paraíso.

Pedro Juan Gutierrez - Animal Tropical.

domingo, novembro 15, 2009

Dica de Filme: Uma Prova de Amor.( My Sister's Keeper)

É um filme para quem tem coração forte.Fala sobre doença, de perdas, e sobretudo do momento que se vive a dor de todos os quilates, as dificuldades, e expõe, mais que regras convencionais do certo e do errado, é preciso compreender o momento.Tudo que se tem é o momento.
A obra é linda, e vai mostrando nossas facetas,nossas limitações e essa tentativa, esforço de entender o porque nem tudo da certo.
Recomendo ver o filme com um lenço a mão, pois a dor nos irmana e por alguns momentos realmente nos sentimos humanos.

Luis Fabiano.

sábado, novembro 14, 2009



Trecho:
"É, é . Maldosíssimo.
Não acredito. Não sou maldoso e não vou acabar louco.
Talvez o que eu precise seja uma mulher como ela:doce,cheia de amor e serenidade.E com os pés bem plantatos na terra.Quando estou com ela ,a raiva baixa a um nível suportável.Tenho muitas cicatrizes.Acho que é um problema meu e não depende de mulheres doces ou amargas."
Pedro Gutierrez - O Insaciavel Homem Aranha.



Vagina Nua...

Mais que os labirintos molhados de teus lábios.
É a sede que sinto por tua alma, inalcançável
Côdea seca, indiferente a mim.
De meus beijos, lambuzar-me em ti, o gosto
Do fogo, calcina doces pensamentos,
Acorda a fera, a besta que suga,
que cheira, que molha e devora.
Embala o sonho de nosso querer, diante de ti
O perfume inebriante de um céu próximo, e
Em meu desespero em ter-te, esqueço-me
É preciso ser suave com maldade...e,
Como em flor de primavera,
tu abres inchada, orvalhada...lágrimas de desejos.
Ambos fechamos os olhos, toda a musica ouvida
São gemidos de dor que não dói,
Suspiros longos
A beleza de uma sinfonia quase muda.
A cada toque,
um acorde, cada beijo
Nos perdemos em querer.
Pudesse ser simples tão só assim,
e nos meus afagos
O amor, corpo nu, um abraço interminável,
Um gozo sem fim.
Minha língua te afaga mais uma vez.


Penetrar entre lábios molhados é muito fácil.
Fazer a alma gozar...

Luis Fabiano.

sexta-feira, novembro 13, 2009


Pérola do dia:

“ A vagabunda de um homem, é sempre a mãe de um outro.”

Monks.

Trem fugitivo (Runaway Train) Tradução
Soul Asylum

Ligo para você no meio da noite
Como um vagalume sem luz
Você estava lá como um maçarico queimando
Eu era como uma chave que gostaria de te acender
Tão cansado que não podia nem dormir
Tantos segredos que não pude guardar
Eu prometi a mim mesmo que eu não iria chorar
Mais uma promessa que eu não pude cumprir
Parece que ninguém pode me ajudar agora
Eu estou bem no fundo
Não há saída
Dessa vez eu realmente me perdi

Trem fugitivo, nunca vai voltar
Caminho errado numa estrada de mão única
Parece que eu devia chegar a algum lugar
Por algum motivo eu não estou nem aqui nem lá
Você pode me ajudar a lembrar como sorrir?
Fazer Por algum motivo tudo parecer valer a pena
Como será que fiquei tão cansado?
O mistério da vida parece tão desbotado
Eu posso ir aonde ninguém mais pode
Eu sei o que ninguém mais sabe
Aqui estou eu apenas me encharcando na chuva
Com uma passagem para um trem desgovernado
E tudo parece simplório
Dia e noite, terra e céu
Às vezes eu simplesmente não acredito

Trem fugitivo, nunca vai voltar
Caminho errado numa estrada de mão única
Parece que eu devia chegar a algum lugar
Por algum motivo eu não estou nem aqui nem lá
Comprei uma passagem para um trem fugitivo
Como um maluco rindo da chuva
Um pouco incomunicável, um pouco insano
É apenas mais fácil do que lidar com a dor

Trem fugitivo, nunca vai voltar
Caminho errado numa estrada de mão única
Parece que eu devia chegar a algum lugar
Por algum motivo eu não estou nem aqui nem lá
Trem fugitivo, nunca vai voltar
Trem fugitivo, destruindo o trilho
Trem fugitivo, queimando nas minhas veias
Eu fujo, mas sempre parece igual.


quinta-feira, novembro 12, 2009


A boa sogra.

Ver um ser humano muito de perto é uma experiência que pode ser perturbadora. Mantenha uma distancia respeitável das pessoas, e seu respeito poderá manter-se. Quer perder o respeito por alguém, intente conhecer a fundo qualquer um, a decepção é certa.
Quando Antonio começou a frequentar a casa da namorada, nunca pensou que encontraria uma sogra tão boa, solicita e atenciosa. Tinha seus quarenta e sete anos, mas uma juventude de alma, sorria alegre, tinha uma leveza que não se espera de uma sogra alguma.
Como já se sabe, toda sogra é sempre imprestável e megera, é uma convenção das relações em família.
Respeita-se por educação.
Naturalmente existem exceções, mas ainda assim não a beijamos na boca.
Rita sua namorada, era mulher com seus vinte e quatro anos, linda flor, um corpo invejável.Os pombinhos se amavam era verdade, e dona Neuza estava feliz.
Tinha um porem.
Mesmo sem querer Antonio olhara as curvas da sogra, e mentalmente fizera uma comparação com a namorada, ainda bem que pensamentos não podem ser ouvidos, seria a condenação de todos. Dona Neuza sempre vestia-se com gosto, dir-se-ia, que melhor que a filha,e não obstante toda a atenção de Dona Neuza, mantinha-se distancia, sabia-se gostosa, quente.
Dona Neusa gostava de ficar fumando no terraço e mesmo com asma, entre uma tosse e outra seu olhar ficava perdido, que pensava Neuza?
Aquela casa de duas mulheres, passou a ser o paraíso de Antonio, mãe e filha cheias de atenções, e em suas fantasias mais canalhas, imaginava que talvez elas quem sabe e mais ele...
Mas não, Neuza mantinha a distancia cordial, com uma respeitabilidade de juiz, mas obviamente, a mente humana sempre trai, em algum momento. Quando Antonio fazia amor com Ritinha, vinha o fantasma da sogra na mente, e já começava a imaginar que estava com Dona Neuza,os gemidos de Neuza, o corpo de Neuza.
Um dia destes inesperados, durante a transa, o nome da sogra escapou da boca de Antonio como um suspiro, quase um gozo. A sorte que Ritinha estava tão preocupada em agradar, não ouviu o namorado dizer o amoroso nome da mãe.
Neuza era um tesão, vamos e viemos, uma linda asmática, tossia a quase botar os bofes para fora, a tosse fazia os seios balançarem em uma espécie de dança macabra, seios turbinados de Neuza chocalhavam em uma blusa decotada, era uma autentica poesia de mamilos.
A noite quando Ritinha e Antonio se recolhiam, ainda ouvia-se a tosse de Neuza no seu quarto. Mas lá uma verdadeira transformação estava em andamento.
Na quietude da noite, trancada em seu quarto Neuza virava, uma loba. Destrancava do armário roupas de couro negras, botas com pontas metálicas, salto fino, soltava o longo cabelo negro, pintava-se pesadamente.
Quando estava pronta, linda Lady Sado, lambia o própria imagem no espelho, e lá vinha a tosse maldita, a cada tragada, vestida daquele jeito, a tosse não parava.Era como uma punição do inferno.
Sexy, olhava-se e tossia com vontade, as vezes a doença tem outros lados, Dona Neuza ficava mais que gostosa com aquela coqueluche interminável.

Entre doença e a excitação.
Fabiano.


Pérola do dia:

“ Tentamos expressar sempre o que sentimos. As palavras são um artifício, porque simplesmente não podemos tocar o corpo nú das emoções.”

Luis Fabiano.

Trecho

Aos vinte anos, eu acreditava que a vida era infinita e inesgotável, e que se podia obter tudo,até os extremos ilimitados.
Agora, trinta anos depois, por fim entendo como é: É preciso concentrar muita energia em ponto só, feito raio laser. E isso poucos conseguem. Cada dia esta projetado para tirar o foco do sujeito. Até que o sujeito se perder e não sabe mais nem onde está, nem por que chegou até ali, nem como.”

Pedro Gutierrez – O insaciável Homem aranha.

quarta-feira, novembro 11, 2009

Uma Questão de Sentimento
(Matter of Feeling )Duran Duran -Tradução.

Como é a sensação quando todo mundo te rodeia?
Como você lida com isso?
As multidões te fazer se sentir só?
O que você diz quando as pessoas vêm tentar te obrigar a se definir?
Os conhecidos sorriem, mas não há nenhuma compreensão nisso
Como, depois de algum tempo, você continua a cair da mesma montanha?
Tente explicar isso, mas nada realmente chega tão alto assim
Saia sorrateiramente de manhã, o amor já é passado para você
É um hábito que você está criando, este corpo desesperado por algo novo.
Apenas uma questão de sentimento
Esses momentos de loucura certamente vão passar
E as lágrimas secarão enquanto você parte
Quem sabe, você pode achar algo que dure
A emoção é um jogo, guardado para uma segunda chuvosa
Mas você ri do mesmo modo, pois caiu um toró no domingo
Ligue para seus números, nunca deixe os zeros te colocarem pra baixo
Como é a sensação?
o tempo é pesado demais para segurar?
O que quer que você decida no momento é sagrado
Sempre que você desacelera para ver a vida passar
(Refrão)
Saia sorrateiramente de manhã, o amor já é passado para você
É um hábito que você está criando, este corpo desesperado por algo novo
Apenas uma questão de sentimento
Esses momentos de loucura certamente vão passar
E as lágrimas secarão enquanto você parte
Quem sabe, você pode achar algo que dure
Uma questão de sentimento, uma questão de sentimento...

Duran Duran canta suave, a voz de Simon é algo leve como um pedido, marcou época.
A letra fala do que muda, tudo muda sempre, nossa emoção busca saciar sua sede e matar sua fome, e para isso é preciso ser diferente, querer, talvez querer você...algo.
Curta com despojamento e sorria com suavidade no final.
Luis Fabiano.

Pérola obscura:

“ O jornalismo televisivo, causa a impressão que são as novas rameiras tecnológicas, a beira do rio, lavando roupas e falando das novidades repetidas do povoado.”

Ontem e hoje vi o que se falava sobre o apagão nos três canais de maior audiência no país. Vi e ouvi coisas como: Com o apagão, tudo ficou muito escuro; e agora sem a falta de força, não é possível fazer nada; o pais esta as escuras; etc..etc...Impressionante um verdadeiro furo jornalismo,o apagão não deixou só o país as escuras.

Luís Fabiano.


Valéria

Todos temos pecados, uns mais outros menos, particularmente não é problema, infâmias existem entre atos carinhosos, resquícios de um primata a guisa de homem evoluído, mas por dentro, por dentro uma brasa queima em emoções sem fim, dolorosas as vezes e raivosas outra,e com ternura raramente.
Existem momentos que não se quer pensar em nada,alma calcinada e tudo é dor, Valéria saiu de casa, sem rumo, pela praia a noite, havia chegado ao ápice de tudo. Aquela casa, os móveis aquele conforto sem fim, o marido que a matava com seu amor, jamais tivera imaginado que amor também ”mata”.
Vira na novela hoje, a personagem, espelho de suas angustias:
-Numa relação o amor não é tudo...
Riu seco.
Tudo que sempre acreditou era o amor, imaginava que amor devia ser eterno, o casamento indissolúvel, aquelas juras todas, isso era tão perfeito quanto as fotos defronte o bolo, sorrisos em uma festa. O problema talvez fosse a perfeição, em demasia.
Marco sempre foi tão atencioso , ele é tudo que uma mulher quer, tudo mesmo: profissional bem sucedido, gentil, educado, amoroso, inteligente e o corpo tava legal, isso deveria ser felicidade certa.
Não somos seres que apreciam a perfeição, uma reta interminável, somos seres de mão dupla essa é nossa dor e alegria também. Valeria respeitava Marco, e o amou, mas porque o amor foi fenecendo como as estações que se vão?Não entendia. Se tudo era tão bom, isso não deveria ser estragado nunca. Mas não.
Via os dias passarem, e o amor de Marco parecia aumentar, e o dela escorria por um ralo, seu desespero era saber uma causa especifica, causas especificas não funcionam bem quando se trata de coração humano, somos movidos por tantas coisas que calam fundo em nós, e as vezes por rasteiros pensamentos que nos arrastam por ai...
Marco ia se tornando insuportável, aquele amor todo machucava...Marco, por favor me deixa um pouco só?
Ele sorria, gentil, feliz e dizia sempre:
-Claro, depois falamos.
Era tudo que eu não queria ouvir.
Talvez nos faltassem problemas, todo casal tem algum problema, e o problema deveria nos irmanar, nos fortalecer criar uma cumplicidade a mais. É faltavam problemas.
Sentia-se boba pensando nisso, sabia que o amor não se cria em um pote, ou ele nasce pelas combinações químicas do corpo e da alma ou ele não é nada.
Valeria tivera dois homens em sua vida, um namorado da juventude, inocente e depois Marco preencheu todos os espaços de seu coração, em sua lembrança ele era tudo em sua vida. Tudo? Cuidado com isso.
Porque tudo desbota?
A saudade do passado espreme lagrimas, nunca é possível voltar no tempo, vamos sendo empurrados, tocando gado pela vara dos dias a frente sempre a frente. Gostaria de esquecer tudo isso, tanto dilema, e simplesmente abraçar Marco como antes?
O amor dele me machuca tanto, vou me sentindo uma pecadora sem redenção, uma Maria Madalena apaixonada pelo nada, pelo desconhecido, porque precisava ser assim? Dizer para Marco que estava indo embora, é terrível demais, queria tanto que ele a mandasse embora como uma cadela, seria mais fácil, com indiferenças é sempre mais fácil lidar, mas quando se ama e você precisa ir embora, destruir o coração de alguém, como se faz isso com delicadeza?
Mentir seria muito pior.
Amor acaba sim, e não precisa ter uma causa, nem traição, nem diferenças sem fim ou violência, sentia isso na pele, as noites são sempre terríveis, como se sombras soprassem coisas más.Voltarei para casa, e pela manhã iria dizer a Marco que tudo estava acabado.
Fim.

Nunca se tem como medir uma dor, o que para ti é picada de uma agulha no dedo, para outro é uma lança cravada no peito.

Luis Fabiano.

terça-feira, novembro 10, 2009



Velório é afrodisíaco

A criatura humana é um sofisma de si mesma, por isso mesmo sempre abre precedentes interessantes, as vezes estranhos, eu gosto de estranhezas, aquela sensação que não se sabe bem o que é e nem tão pouco de onde vem.
Em tais momentos, a caixa de pandora se abre e o que espera ?
Mesmo as bizarrices precisam ser equânimes para que se tornem divertidas, pecar por excesso estraga a piada, mas a verdade que gostamos de passar o tempo, e como diz o poeta o tempo nos enterra.
Joelmir sempre fora boa pessoa, ao menos que se sabia dele(as vezes o que não se sabe de uma pessoa, a torna respeitável), tinha uma certa discrição nos atos, naturalmente se tornara pessoa melhor agora que um infarto havia tolhido sua vida assim, tão de-repente.
Foi no escritório, uma dor aguda no peito e caiu como se fosse um ator hollywoodiano, em câmera lenta, uma representação soberba do fim. A comoção foi geral, com quarenta e dois anos?
Era um jovem como dizem os mais velhos( o conceito de juventude evolui a medida que envelhecemos, tenho a impressão que seremos todos jovens com uma centena de anos...).
Deixara uma viúva jovem de trinta e seis primaveras, absolutamente linda, charmosa e com uma elegância que os próprios participantes do velório se entreolhavam em um consentimento silencioso.A verdade porem, que ela enquanto choravam o morto era apreciada digamos por outros ângulos, o vestido negro algo justo marcava uma bunda generosa, que certamente enquanto o morto era devorado por larvas, ela estaria sendo um profundo desperdício.
Uma coisa eu afirmo, ninguém conhece ninguém, e na hora morte, bem menos ainda, tudo se torna uma incógnita, nebuloso e esquecido.
As pessoas iam chegando uma a uma, falavam com a viúva, que estranhamente não deixava correr uma única lagrima, se tinha alguma dor era tão profunda, mas tão profunda que não foi possível encontra-la, alguns comentavam a boca pequena:
-Pobre mulher, tão traumatizada, um choque não consegue nem chorar.
Concordavam outros com aceno de cabeça.
Não tinha filhos, os pais já haviam morrido, de forma de que dona Marli, estava só, talvez mais que só. Aqueles óculos negros, possivelmente ocultavam mais ainda, ficava ali impassível, e em dado instante dava sinal de alguma impaciência, sorria triste com muita discrição.
Em determinado instante foi no banheiro, por muitos motivos, tentar aliviar a dor e a bexiga, no caminho depara-se com um homem que dava ares de seu marido morto, os olhos se fixaram, e o homem, um destes vagabundos de cemitério, ocioso, fumava e tinha um sorriso enigmático, percebia a viúva gostosa.
Ela passou perto dele, entrou no banheiro, lá dentro, uma sensação estranha a dominava, uma espécie de confusão mental, saudades de Joelmir? O amor entre eles era estranho lembrava, mesmo com uma mulher tão bela, ele não a tocava muito, o sexo era como feriados em ano bissexto, naturalmente entre a dor e a fome tudo termina por confundir-se, com a saudade e o amor.
Enquanto mijava abundantemente, lembra-se que Joelmir não era tão bom assim, um desfile de defeitos vinham a memória, justificativas era verdade.
A noite vinha caindo, e as últimas gotas de urina pingavam no vaso.Marli queria expulsar aquele sentimento malsão, quando o banheiro ficou quieto, solitário.
Acariciou-se, sentia –se molhada, excitada, aquele homem lá fora a olhara com desejo, entregou-se a um prazer solitário, mentalmente imaginava o caixão do marido rodeado de flores, os amigos canalhas de Joelmir que chegavam, aquelas velas lindas,as rosas, as coroas de flores, por fim aquele homem que sorria, gozou rapidamente,sem culpa.
Sempre gozava só, Joelmir enfim agora estava duro, as vezes o prazer vem depois, muito depois.
Até que a morte os separe.

Luis Fabiano.

Insight:

“Com Julia não consigo trepar tanto.Não me excito bem.
Deixo que ela tenha três ou quatro orgasmos e pronto.Me entedio. Cada dia gosto menos das brancas.Nos deitamos um ao lado do outro.Sem Falar.Nem uma palavra de amor.Apenas uns beijos insossos.Não sei como é possível ela ter tantos orgasmos.Será que não percebe que isso aqui já acabou? Não entende que continuamos juntos por inércia, declinando? Porra de mulher mais obstinada e persistente!
Continuamos suando como dois burros.”

Pedro Juan Gutiérrez - O insaciável Homem-Aranha.

segunda-feira, novembro 09, 2009



Vedete sem palco.

Tempo amigo fiel e ingrato com seu brando carinho ajuda a fechar tantas feridas, cava a memória nos fazendo evocar lagrimas e sorrisos, momentos de relevância profunda e a saudade do que em algum instante foi banal, puxa que saudade.
No semblante sulcado de Olivia, olhar brilhante e o pensamento como um dossel sem fim, as lembranças fazem bem e são castigos também, via-se linda em palco iluminado, usando poucas roupas, cantava,dançava era admirada por todos, os homens desejavam-lhe o corpo, promessas sem fim de amor eterno, flores e tantos sorrisos fáceis, o som do aplauso.
A vida era uma eterna festa, um imenso palco sem fronteiras,era uma personagem constante, afagavam-lhe o corpo, mas nunca quiseram a sua alma. Achava uma lástima.
O brilho do palco da uma impressão de eternidade como o amor, sabe, como um sonho feito visível, imaginemos nossos sonhos mais queridos, tornando-se realidade? Queria ter sido mãe, mas Deus havia negado isso, talvez ele não goste dos artistas que se exibam assim? Sorriu sem graça, mas sabia que não era assim, pensava: gosto de brigar com Deus as vezes, ele talvez preste mais atenção em mim.Pirraça de criança.
Seu pensamento derivava: tudo que se tem é um instante, o segundo de eternidade que faz toda a diferença, a beleza da vida esta em saber mergulhar neste tempo tão curto e extrair-lhe o melhor, nosso melhor.
O cigarro ia consumindo-se em silencio, deixando uma cinza entre seus dedos.
Arrependimentos?
Não, de forma alguma, fui estrela linda, brilhei pelo tempo que uma estrela brilha, encanta, enamora, inspira tantos amores e carinhos, e nos enche de esperança em uma longa noite escura.
Olivia, agora via a vida pela aquela janela, os movimentos eram mais difíceis, olhar se corpo assim, dava-lhe enfado e alguma indignação, tinha que ser assim?
Tempo, tempo.
Sorria como uma criança,quando se passa por muitas coisas na vida, tudo se compensa em si, e não há revolta.
A memória seguia se curso,barco sem destino certo.
Aquele homem a queria como esposa, era muito feio lembrava,dizia que não tinha muito dinheiro, mas sabia que ela era o amor de sua vida, pelo seu olhar, Olivia riu muito dele, era debochada e irônica nesta época, afinal tinha todos os pretendentes que quisera, todos , mas porque lembrava-se do feio agora?Saudade do banal quem sabe.
Talvez por sua fidelidade.
Ao final de seus últimos espetáculos, teria que disputar com as mais jovens, cheias de curvas e de sorriso fácil, sentira-se ridícula, era melhor deixar os palcos,era o momento, os fãs já não mais levavam flores ao camarim,i a sendo esquecida como um móvel usado que não combina mais com a casa.
Naquela noite despiu-se diante do espelho, queria ver a verdade nua, sentiu vergonha de si, os seios flácidos já não eram mais os mesmos, ela já não era mais a mesma.
Alguém bate a porta.
O pensamento errante segue desatenta ao som da batida, aquele dia havia sido o mais triste de sua vida, o divorcio do palco, um amor que acaba, uma pequena mala de lembranças velhas com as roupas de cena, quando estava a porta de saída olhou para trás, um ultimo olhar, um adeus. Lagrimas abundantes.
Alguém bate a porta novamente, insiste.
Era melhor parar de pensar tudo aquilo, já passou o tempo já passou.
Levantou-se com dificuldade e abriu a porta, ali diante de um buquê de rosas as mais lindas que já viu, estava ele, o olhar era o mesmo e sorrindo disse:
-Vim visitar a artista que ainda hoje embala meus sonhos, como você continua linda.

Paz e esperança profunda.
Luis Fabiano.

Pérola do dia:

" Não gosto de gente, em princípio, e particularmente de gente que não conheço.Não é timidez, é uma mistura de tédio, indiferença e desprazer. "

Paulo Francis.

domingo, novembro 08, 2009



O prazer é uma gozada!

Impressionante, que labirintos o homem é capaz de criar para si mesmo, quando no afã de atingir alturas e pícaros se lança a desejos infames, algo que lhe de um sentindo profundo da vida, e possivelmente reluzindo nas gotas de esperma ele encontre, uma vida latente a espera do milagre da criação, poesia infame para o ordinário.
Essa é a historia inglória de Anselmo, cresceu em vulgar ambiente o que lhe valeria as inspirações mais curiosas, seu pai um autêntico amante latino, com todos achaques de sentir-se conquistador, consumia as mulheres que caiam em sua conversa fiada, e foi neste ambiente de traição e erotismo, que Anselmo evidentemente desejou ser como o pai!
Porem algo faltava, teve sua primeira experiência na adolescência e desde ali uma profunda insatisfação nasceu, terrível, achava que tanto esforço para gozar deveria no mínimo render mais que uns dois ou três segundos de prazer? Considerava uma verdadeira miséria, o ridículo original de um esforço grande,suor para tão pouco?
Por favor não se enganem, Anselmo não tinha ejaculação precoce,ele tinha uma insatisfação profunda,o pico gozo do homem é rápido e passa como um super sônico, e advêm aquela infalível vontade de dormir ou acender um cigarro, um tempo necessário a recuperação!
Diga-se de passagem ,que neste instante o homem mesmo os mais carinhosos e românticos tem vontade que a mulher se cale, e não fique querendo,abracinhos, carinhos, afagos, a gozada nos dá uma ingratidão profunda quase beira um asco, mas existe a etiqueta sexual, sorrimos, abraçamos e tudo bem, gratidão emulada.
É claro que Anselmo iria desenvolver uma tara, pela tal gozada de coelho do homem, ainda mais que depois de alguns estudos preliminares e rústicos, descobrira que o porco conseguia gozar por vinte minutos ou mais, não negou a si mesmo a inveja, logicamente o desejo ser um porco rosado e feliz gritando alto em um orgasmo interminável.
Aquilo passou a ser o centro de sua vida, em sua busca, começou a estudar orientalismo, sexo tântrico, kama-sutra, respiração yogue, alimentação a base de ostras atrás do zinco elemento essencial a porra, torna-se um verdadeiro religioso do pecado, encerrava-se horas fazendo experiências estranhas, solitárias uma masturbação sem fim.
No entanto mesmo com tanto esforço, não obtinha sucesso, tentou a abstinência, diziam que se acumulasse uma grande quantidade de esperma, poderia aumentar seu recorde que era uma gozada de cinco segundos ejaculando, cronometrava como um juiz!
Em termos de sexo não existem limites para a criatividade humana, Anselmo agora se familiarizava-se com o sadomasoquismo, lera alguns relatos masculinos e femininos que mediante algumas pancadas e torturas era possível gozar por muitos e muitos segundos, seus olhos brilhavam como se houve encontrado o santo graal!
Contratou uma profissional do assunto, a noite em sua casa, a luz da lua cheia, toca a sua campainha Lady Jessy, uma morena alta como um zagueiro, de fala firme, vestida de negro, roupa de couro com detalhes metálicos afiados e pontiagudos.
Anselmo estava fascinado, era uma deusa de prazer.
Ela mal entrou na porta e as coisas esquentaram rapidamente, um grito selvágico, ordena a Anselmo ajoelhar-se, ele obedece e recebe como premio um tapa forte no rosto, a dor e a mão pesada de Jessy, lhe acordam, aquilo era o inicio do seu pesadelo amado, ela abre a roupa e uma calcinha em couro, meias arrastão negras ,ela grita o tempo todo: vai escravo, lambe meus sapatos...vai se porco de merda!!
Um chicote aparece, e Anselmo semi nu, recebe um castigo, adrenalina, agitação, o tempo parece parar, só existe a voz de Jessy. Por fim, Anselmo totalmente nu, e Jessy em pé, acaricia seu membro ereto e molhado com o salto do sapato agudo, pisando e causando dor, aquilo provoca um gozo involuntário, aos berros ordena que ele pare agora, ela que decide quando o animal deve gozar!
A felicidade de cada um é sempre um mistério, no ápice do prazer, Anselmo goza loucamente , e quando pensa que acabou Jessy aplica-lhe um chute carinhoso nos testículos, selvagem grito e o gozo se prolonga mais e mais...a perder o tempo, entre esperma e sangue, eis um mais um homem feliz.
Não tenham duvidas, sempre quando se quer muito algo, necessário um sacrifício, a dor é premio que antecede um grande prazer, as vezes.

Uma breve chicotada em todos.
Luis Fabiano.

Pérola do dia:

“ Gosto de surubas emocionais, neste ínterim sou um autêntico pervertido.Uma corda bamba estendida entre ódios e amores.”

Luis Fabiano.

sexta-feira, novembro 06, 2009



Inocente carreira!

A conversa era emulação, no pior requinte do linguajar chulo, grosseiro quase ininteligível, a baça luz naquela esquina, trevas, atmosfera abafada, não havia conforto algum, apenas um negócio sujo:
-E aí meu, tá embaçado na área.
Responde o cliente:
-Calma ai brother,to vindo na boa,na paz, quero afinar a naréga!
O vendedor não convencional ri seco:
-Bota a grana, e a partir daí nós conversa.
Alguns tostões amostra, torna flexível toda má vontade alheia, com o produto na mão foi para o lar, recanto de tranquilidade e paz, cheirar sua branca, sem problemas, tranquilo, quieto quase em oração, solitário cheiro de prazer!
Detesto temas modernos demais, tem um cheiro azedo, são sempre óbvios sem surpresas, trágicos e repetitivos, por isso mesmo invisíveis, uma constante informação que mascara a real intenção.
Nada de teoria da conspiração,lógica pura.
Minha posição é para além de pueril abordagem,meu enfado de campanhas contra drogas chega ao asco profundo,pelo imenso erro de abordagem, hora amigos, o trafico e o traficante só prosperam porque existe o bom cliente, que inversamente é chamado de vítima!
Não é vítima é culpado e cúmplice.
Antes que os mais moralistas se ergam, cabe dizer que já vi pessoas envolvidas com todo tipo de droga, do nobre rico que compra speed-ball(duas gramas de heroína por uma de cocaína) ao ridículo fumador de crack em sua nóia interminável, gradualmente indo para uma loucura sem volta.
A campanha está equivocada.
O que deveria existir era uma campanha para elevar os níveis da qualidade de vida das pessoas, no sentido emocional, no sentido mental, dar-lhes bons exemplos e o prazer de mostrar a tranquilidade de uma vida boa,harmônica !Isso nunca é alardeado, isso não é importante!
Isso é caro demais, para todos, para pais que não tem tempo para seus filhos, para escolas que não querem cuidar seus alunos, para todos que em verdade querem omitir-se, como se faz em quase todas as coisas em se tratando de Brasil, tudo é omitido e esquecido facilmente.
Acho ótimo, lindo e poético dizerem aos gritos e vestidos de branco: Não usem drogas, não fumem crack etc..etc...passaeatas ante drogas, anti violência anti todas as merdas da sociedade produz... curiosamente quando os passeantes da campanha chegam em casa, comemoram a eficiência da passeata, com alguma cervejinha ?
Pera aí, uma cervejinha não faz mal...?!
Claro que não.
Acho meio estranho, porque ninguém faz uma campanha anti - alcool?Anti fumo. Motivos lógicos não é, ninguém quer abrir mão da bebida sofisticada e social, de final de semana e outras tantas desculpas de bebedores.
Apenas para constar, se o crack é caminho sem volta, tenham a certeza que o viciado em álcool é a mesma coisa, só muda o produto,muda o vício.
E a questão financeira talvez ?
Hipoteticamente, vamos imaginar que o estado lucrasse com os impostos das drogas, será que existiriam estes problemas e estas campanhas todas ?
Entenderão que estou de má vontade em relação a intenção positiva e inocente das pessoas, não é isso, boa vontade tão somente não basta, boa vontade para desfazer um tornado,um maremoto, é nada.
Ironia e cinismo de minha parte eu sei, não tenho e nem procuro soluções,não acuso ou tão pouco defendo nada, eu sou só uma campanha muda.
Gostaria de campanhas que incentivassem as pessoas a serem mais humanas, mais seguras, mais verdadeiras, mais integras, uma campanha para tornam o ser humano, humano, porque quando isso é encontrado em sí não existe nada que te possa abalar.

Paz profunda.
Luis Fabiano.