Pesquisar este blog

sábado, novembro 21, 2009


Uma atendente, quase amor.

Gosto de sair e olhar lojas, raramente compro alguma coisa. Não sou consumista fatal. Tenho mais o perfil de cliente “masturbador”, fico ali, cara de panaca sem escolher nada, olhar perdido, errante, e pobre atendente ansioso, a espera de uma possível comissão, eu não era um cliente, era um numero possível na sua carteira, eu era a picanha do final de semana, a cerveja ou o presente de sua esposa. Se eu fosse este ultimo, certamente seria um adultério, ele não ficaria feliz.
No final de um tempo, digo que achei tudo bonito e saio de mãos abanando, e feliz.
Não é proposital isso. Sou assim. Mas aquele dia pude ver e sentir talvez, que tudo não se trata de dinheiro e comissões polpudas, se puder existir sacanagem é melhor ainda. Entrei na loja para olhar, um voyeur econômico, olhar é barato e alimenta sonhos, sonhos bestas é verdade, sonhos que preenchem o tempo e nos dão uma certa noção de importância.
Ninguém sonha em ser uma pessoa melhor, uma humanidade melhor, sonho com fim da guerra e outras coisas utópicas que idiotas como eu perdem tempo em pensar. É isso, o autentico idiota de Dostoievsky.
Então ela veio para perto de mim, a vendedora, morena de pele branca como a neve, um sorriso cativante e passo sedutor, longos cabelos negros. Entre meus mesquinhos pensamentos especulei:
-Aí vem a gostosa sedutora, me acompanhar, me ofertar alguma coisa, veio demonstrar sua atenção, cheia de segundas intenções, vem putinha, vem pro papai! Cheguei a rir sozinho da besteira.
Ela:
-Boa tarde Sr, em que posso lhe ser útil?
Minha ironia fatal, eu só queria olhar as coisas, mas fiquei com vontade de dizer em que utilidade ela teria, mas respondi contido:
-Ta tranqüilo moça, to aqui apenas olhando, gosto de olhar.
Ela sorriu, vi todos os seus dentes perolados e respondeu:
-É, olhar é inicio de um namoro ás vezes, pode virar casamento...
Sorri ,não queria levar aquele papo a frente,mas fui educado,sempre somos educados com gostosas:
-É, casamento não é um assunto que considero bom moça, se fosse depender deste tema para comprar algo, jamais teria comprado nada na vida.
Ela, ai ficou matutando um pouco, talvez tivesse percebido a bola fora, mas ainda sorria, a vendedora gostosa atrapalhava meus sonhos fúteis,as vezes é assim, é ótimo ficar mergulhado em futilidade, eu tinha pouco tempo, e papo furado de vendedor cheira sempre a uma punheta sem gozo.
Fiquei olhando os eletro eletrônicos, sinceramente não iria comprar nada ainda que tivesse grana, é assim, tem coisa é interessante apenas olhar, pensar sobre elas,imaginar, essa distancia mantém alguma respeitabilidade pelo consumo.
Você não precisa ter tudo, alias precisamos na verdade de muito pouco, mas a vida, o sistema acicata nossa ambição latente, dá-nos a impressão que nunca temos o suficiente, em tudo é assim, nada suficiente, nem beleza, nem amor, nem carinho, nada é suficiente.
Como ela continuava ali, olhando, sorrindo comecei a analisa-la mais detidamente , li seu nome no crachá, Luisa, eu sorri para ela:
-Somos charas, eu sou Luis.(mais papo furado)
Ela:
-Veja seu Luis, isso é uma casualidade, talvez em nome disso o Sr deveria comprar...
Eu, com certo enfado e irritação, gostosas irritam também:
-Comprar o que? Ou quem ? Que tu me sugeres...
Cravei meu olhar nos peitos dela, grandes, volumosos prontos para pular do decote apertado.
Ela percebeu, fiz de propósito. Ela não se acanhou:
-Escolha a vontade.
Ambos rimos.
Eu:
-Tá bem. Por agora estou bem...vou indo.
Quando tava saindo na porta, olhei para trás, ela me olhava, sorri e pisquei o olho. Fui embora.
A verdade que toda aquela atenção de gentileza me fez pensar.
Sempre que mulheres são tão gentis comigo, tenho vontade de transar com ela, não sexo grosseiro escrachado não , é praticamente fazer amor. Uma espécie de agradecimento informal.
Um carinho, gentileza, atenção é quase um pedaço de amor afinal.

Paz profunda.
Luis Fabiano.

Nenhum comentário: