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segunda-feira, março 30, 2009


Espelho
Diogo Nogueira

Nascido no subúrbio nos melhores dias
Com votos da família de vida feliz
Andar e pilotar um pássaro de aço
Sonhava ao fim do dia ao me descer cansaço
Com as fardas mais bonitas desse meu país
O pai de anel no dedo e dedo na viola
Sorria e parecia mesmo ser feliz

Eh, vida boa
Quanto tempo faz
Que felicidade!
E que vontade de tocar viola de verdade
E de fazer canções como as que fez meu pai

Num dia de tristeza me faltou o velho
E falta lhe confesso que ainda hoje faz
E me abracei na bola e pensei ser um dia
Um craque da pelota ao me tornar rapaz
Um dia chutei mal e machuquei o dedo
E sem ter mais o velho pra tirar o medo
Foi mais uma vontade que ficou pra trás

Eh, vida à toaVai no tempo vai
E eu sem ter maldade
Na inocência de criança de tão pouca idade
Troquei de mal com Deus por me levar meu pai

E assim crescendo eu fui me criando sozinho
Aprendendo na rua, na escola e no lar
Um dia eu me tornei o bambambã da esquina
Em toda brincadeira, em briga, em namorar
Até que um dia eu tive que largar o estudo
E trabalhar na rua sustentando tudo
Assim sem perceber eu era adulto já

Eh, vida voaVai no tempo, vai
Ai, mas que saudade
Mas eu sei que lá no céu o velho tem vaidade
E orgulho de seu filho ser igual seu pai
Pois me beijaram a boca e me tornei poeta
Mas tão habituado com o adverso
Eu temo se um dia me machuca o verso
E o meu medo maior é o espelho se quebrar.

Dizem que filho de peixe, peixinho é, Diogo Nogueira seguiu as lides do pai, herdando talento e dom, um carisma do que se deixa para trás, ma segue-se olhando para frente, a homenagem é bela e a indicação do Cd tambem, curtam.

Diogo Nogueira:

segunda-feira, março 23, 2009


Feuer Frei! (tradução)
Rammstein

Abrir Fogo!
Aquele que conhece a dor será repreendido
do fogo que queima a pele
eu lanço uma luzem meu rostoum grito quente
Abrir Fogo!

Bang bang.

Aquele que conhece a dor é enobrecido
do fogo que arde em desejo
um golpe impactante
no colo dela
um grito quente
Abrir Fogo!
Bang, bang!
Abrir Fogo!

Perigoso é aquele que conhece a dordo fogo que queima a alma
Bang, bang.
Perigosa a criança consumida pelas chamas
com fogo que da vida separa
um grito quente
Bang bang.
Abrir Fogo!

Sua sorte
não é minha sorte,
é meu infortúnio.
Bang Bang.
Abrir Fogo!

Rammstein é uma banda que foi alcunhada por este nome, em função de uma desgraça, três aviões caem sobre uma platéia matando setenta(numero cabalistico), o vocal grave atordoante de Till Lindemann,que teve uma vida mais rock roll possivel,naturalmente tambem quase como um clichê tinha ódio dos pais, um pouco de raiva do mundo ( quem não tem as vezes...),
fazem um som metal alternativo, carregado de drama e rancor,o fogo é um pouco para lembrar que o inferno existe, e talvez esteja muito mais próximo do que imaginamos, boa música apreciem carinhosamente.

Rammstein:

sexta-feira, março 20, 2009


Little Wonders (Tradução)
Rob Thomas

Pequenos Milagres

Esqueça tudo isso, tire esse peso dos seus ombros
Não percebe que a parte mais difícil já passou?
Deixe dentro de você, deixe sua claridade te definir
No final o que passamos serão apenas lembranças

Nossas vidas são feitas desses pequenos momentos
Desses pequenos milagres, dessas anças e voltas do destino
O tempo passa, mas esses pequenos momentos, esses pequenos momentos permanecem
Deixe para lá, deixe seus problemas ficarem para trás

Deixe brilhar até sentir tudo a sua volta
Não me importo se é comigo com quem você precisa desabafar
Nós vamos superar tudo.
No fim o que realmente importa é o coração

Toda a minha aflição desaparecerá de algum modo
Mas não posso me esquecer como que me senti agora.

Boas palavras para momentos em que sentimos as portas se fecharem para nós, sabemos que tristezas são naturais, mas existem momentos que parece que tudo se torna tão fatal,tão escorregadio, e por besteira que possa parecer precisamos de uma boa palavra,isso pode ser um pequeno milagre, por vezes todos precisamos de um pequeno milagre mas que possamos nos tambem ser um milagre a vida, parte de nosso afeto , carinho e amor.
Entrego esta musica carinhosamente a todos, apreciem com desejo e amor.
Fraternalmente
Fabiano.

Senhoras e senhores Mister Rob Thomas:
clipe da musica

Ao vivo e acustico:


A história de Zeca Piroca



A história de Zeca Piroca

Existem personagens marcantes. São a bizarrice superlativa daquilo que somos em aspecto diminutivo, guardadas as proporções, poderia dizer que somos os pequenos polegares olhando o gigante, e naturalmente nos estarrecendo de sua dimensão. O nosso horror, deve-se a muitos motivos que são geralmente mesquinhos, do tamanho de nossa primitiva ignorância: inveja, orgulho, senso de castração e uma moralidade exacerbada, o resultado desta mistura bem elaborada, torna-se nós.

Zeca Piroca morava em bairro suburbano era uma manifestação performática de si mesmo, alto, magro, negro, vestia-se com simplicidade e era um trabalhador honesto, mas é estranho assim pensar, embora ele fosse totalmente “certinho” parece que a natureza fez-lhe um detalhe anatômico algo que por si só, seria a sua danação eterna.Todos de sua rua e bairro sabiam deste” pequeno” detalhe, que em verdade fazia toda a diferença, ao menos na concepção das pessoas.

Como pode-se pressupor Zeca tinha um pênis com dimensões totêmicas, sim passava dos trinta e seis centímetros, e claro essa virtude lhe rendeu apelidos dos mais diversos chamavam-no: o homem jegue, tripé de mesa, adestrador de sucuri, anaconda black–men e outros tantos que encheriam estas ignóbeis paginas. 

Com esta fama toda, as mulheres do bairro não passavam nem perto dele, era como se ele fosse amaldiçoado, ao vê-lo elas mudavam de calçada apenas para se sentirem violentadas virtualmente em sua pudica maneira de pensar, as que eram mais carolas( disse carolas, não caralhos, não confundam porque o tema é sui-generis tudo fica muito perto...),alem de mudarem de calçada ainda faziam o sinal da cruz, mas Zeca passava quase indiferente a tudo isso, para ele era natural ser uma anomalia, o tempo nos faz acostumar com cada coisa, o que ele lamentava no seu intimo, era a sua solidão sem fim,as mulheres não se aproximavam porque temiam  o órgão, como se o mesmo tivesse vida própria, e fosse erguer-se,  num golpe de insanidade se dirigisse as suas “santas”,”puras” e “virginais” conas... assim, Zeca tinha momentos que não sentia-se humano, fora reduzido a um mero pau, um pau imenso era verdade, mas um pau triste, sem vida e só, numa condição dessa, quem não broxaria?

Ainda que entupíssemos os rabos de viagra, seria de todo inútil, pois existem coisas que vão muito além de nossa carne flácida, de nosso tesão e de nosso simplório entendimento...mas sempre existe um dia...

Zeca que então era tão comportado, como uma estatua de moralidade sente-se enfadado de seu destino, queria que sua mente fosse mais relevante que seu membro (diga-se de passagem eu tal pensamento advindo de um homem comum,chega ser quase uma obscenidade, porque em geral é o contrário que 
desejamos), mas começou a fazer provocações usando seu pau, dava aquela famosa coçadinha nas bolas, que neste caso transformava-se em uma imensa coçada, sempre que podia exibia seu membro semi rijo, sem o menor pudor, sorria com ares de vingança quando as pessoas saiam correndo apavoradas, ele chacoalhando aquela clava negra.

Um dia cansou-se de tudo isso, das provocações, das brigas, das evangélicas, das carolas e de um dia para outro desapareceu como se nunca tivesse existido, deixando literalmente um imenso vazio ( tal qual uma vagina recém penetrada fica entre aberta a espera...vazia...) todos sentiram a falta do pau de Zeca Piroca, pois sendo um bode expiatório da insanidade alheia, agora não mais teriam o membro sobre o qual chorar suas próprias mazelas, tudo fica reduzido a uma estranha saudade, que não interpretamos assim, o certo era que Zeca tinha um membro imenso, mais certo ainda que tal membro, na forma de uma idolatria censurada e quase divinizada, não sairia dos corações e mentes de todos aqueles que maldiziam o pau de Zeca Piroca, soa realmente estranho pensar que um pau, possa entrar no coração, uma vez que sua principal manifestação seja entrar em tantos lugares, tão mais agradáveis , não?

Por vezes o destino é realmente estranho, a dor que sentimos é falta da dor que causamos a outrem, nossa maneira camuflada de dizer, que mesmo a contragosto as pessoas exercem, papeis importantes em nossa vida, um nada, um desconhecido ainda que não entendamos, tem sua contribuição.

ps: ao fazer este texto lembrei de uma ótima conversa que tive uma profissional do amor, não que ela tivesse me prestando o serviço na hora deste papo, mas aquelas conversas que vem de um lugar desconhecido e que não levam a lugar nenhum, Jussara me contava que conhecia a habilidade de um homem na cama por coisas exteriores que ele trazia consigo, claro que comecei a rir e fiquei me questionando a respeito da minha desenvoltura, deixei para lá, enquanto ela me narrava:
-Se o sujeito tiver um carro grande e muito possante, já sei que é fraquíssimo de cama, se o cara usar uma gravata larga e que passe seriedade é outro muito fraco de cama, já sei disso a pratica me levou a esta perfeição - dizia isso mascando chiclete e fazendo bolinhas, seguiu falando:
-Agora se o cara chega com aquele jeito de quem não que nada, meio com jeito de Zé-ruela, já sei que estes fazem valer o dinheiro, dão um cansaço, dão aquela arregaçada que fico sem sentar normalmente uns dois dias.
Sinceramente não sei em que fui enquadrado, bem tem coisas que é melhor nem saber.



Paz e luz em teu caminho.

Luís Fabiano.

quinta-feira, março 19, 2009



O mundo de faz de conta...

Para que em breve descanso de uma consciência em tormentas,
Faz silencio agora, e por um momento que a imaginação
Nos catapulte , por magia o que era e já não é mais...
Se ontem os sonhos nos embalavam a alma em nuvens de algodão, é claro,
Que nunca o serão para sempre...
pois a fria realidade natural e crua do viver, eterna devoradora de sonhos...
Mas por instante que fosse, gostaria que meu pensar, fosse verdadeiro e que o trágico de meu viver não passasse de pesadelo fátuo, cujo o despertar dissipa como o sol e para longe leva, brumas e obscuridade,tédio fadiga.
Por insofismável manifestação bruta, arranha minhas entranhas, num querer apenas de si, como não fazer para que então, o que perenemente ainda habita em mim, meio fera e meio homem,meio anjo, meio demônio ?
No fiel de uma balança, desperta o que predomina em oculto em mim, parte daquilo que não sei, casca de noz de embrionária consciência, que pare, nos evos dos tempos sem tempo.
Em meio daquilo que deveria ser,restos reais do que é, e se em um louco pensar nosso coração, como um corcel alado ganha espaços infindos, certo é que, no solo que ele encontra descanso e alimento, buscando a seiva da vida...
É preciso pensar com ares de infinito tendo os pés tal qual raízes entranhadas na terra, imitação de arvores que se esticam aos céus, altas, lindas em sua quietude, assim entendo os loucos, os lunáticos e todos os malucos mergulhados num mundo a parte, faz de conta que todos somos normais, faz de conta que todos somos tão reais...
A tentação é imensa de querer assim sentir, no entanto é preciso ser tão real...é realmente preciso?

Paz profunda a todos.
Luis Fabiano.

Holding Back The Years (tradução)
Simply Red

Querendo Voltar Os Anos

Querendo voltar os anos
Pensando no medo que eu tive por tanto tempo
Quando alguém ouve
Escuta o medo que se foi

Estrangulado pelos desejos do destino
Ou abertos para os braços daquilo que realmente Importa
Isso chegará para mim cedo ou tarde

Querendo voltar os anos
Uma chance para escapar de tudo que eu conheço
Segurando as lágrimas
Pois nada aqui cresceu

Eu desperdicei todas as minhas lágrimas
Eu desperdicei todos esses anos
E nada tinha a chance de dar certo
E nada jamais pode ...

Eu continuarei segurando os anos
Eu continuarei segurando os anos

Eu desperdicei todas as minhas lágrimas
Eu desperdicei todos esses anos
E nada tinha a chance de dar certo
E nada jamais pode ...

Eu continuarei segurando os anos
Eu continuarei segurando os anos

E eu digo ... hoje terminou
É tudo que eu tenho hoje
E é tudo que eu tenho a dizer

O tempo que passa consome tudo, com ar fatal e hora doce como quem espera mudanças gratuitas, sabemos que existencialmente nada é assim, tudo requer por pouco que seja nossa razão,emoção e luta, jamais se deve, por mais difícil que seja, alimentar cicatrizes, devemos enaltecer a serenidade da cura, cura da alma, do corpo, das emoções.
Dos passos dados o improvável retorno, como pegadas na beira da praia que se apagam e não voltam jamais , é assim que Mick Hucknall deixa expressar com leveza, que muitas vezes estamos fazendo coisas em função de nosso passado, gestos repletos de prisão, a ideia é libertar-se, agora neste momento.


Simply Red:


Pérolas:

"Você sabe muito bem que, quando está a fim de uma mulher, não a ganha coçando o saco ou escarrando. A minha maneira de não ser um sujeito escroto é cultivar um sofisticadíssimo senso de escrotidão. Interiormente, não tenho nenhuma rigidez afetiva, pelo contrário, tenho até uma certa obesidade afetiva. Talvez essa rigidez que passo seja uma espécie de filtro para também não ficar aberto a qualquer um que chega. Eu sou composto de uma grande fragilidade."


Paulo Cesar Pereio.

terça-feira, março 17, 2009


Sim, catar lixo tem uma estética toda especial. Não, exatamente, a estética do belo, do decente, mas ,ao contrario, a estética do feio, do disforme.Uma arte!
O cultor dessa arte é o extraviado.
Em outras palavras, é um purista do horrendo, cujo olhar é experimentando, agudo, tão experiente e pretensioso quanto o experto do belo.
Com esses tipos aprendi a ver a beleza na imundície, sobretudo conferindo-lhe primitivas noções de mais valia.
Excelso foi o mais notável mendigo que conheci .Junto com Tomé,formam uma dupla e tanto.
Sujeito muito alto – beirando aos dois metros de altura – envergava avantajado gibão encardido pelo tempo e uso. Nos pés sandálias de peregrino.Os cabelos eram cumpridos e brancos .Barba enorme, eriçada;tinha-se impressão de que dela emanavam raios. A tiracolo levava um estojo de violino, com o instrumento cuidadosamente acondicionado.
Excelso era capaz de traçar o perfil psicológico de quem quer que fosse apenas pelo lixo. Um psicólogo dos dejetos.
-Artista do lixo – dizia ele com acentuado ar professoral – precisa ter olho clinico. O segredo é não ter pressa.Deve-se olhar o latão de lixo com um garimpeiro observa um pedra não lapidada.Dá-lhe o devido valor, por que de fato tem valor.O lixão deve ser revirado como quem remexe um canteiro de violetas dos Alpes, sentindo-lhes todos os eflúvios.Deve-se percorrê-lo como um peregrino em demanda da Terra Santa, em profundo estado de meditação.A razão de todo esse cuidado é uma só:o lixo tem uma essência.O objetivo maior do catador compenetrado e inteligente é encontrá-la."

Manoel Magalhães - O homem que brigava com Deus.


ps:Logicamente amigos, o Magalhães não está se referindo ao lixo como o entendemos.

segunda-feira, março 16, 2009

Ultimo suspiro

A vida é ou deveria ser para nós um mistério a ser decifrado a cada dia, quase todas as coisas que concebemos como prontas, certas e por sua vez inalteráveis são imprecisões do nosso perceber a existência, porque mesmo que invisivelmente aos nossos sentidos, todas as coisas a nossa volta são e estão diferentes do ontem e não serão iguais amanhã. Logicamente isso soa bastante estranho a primeira vista, mas pessoas que gostam de física, entenderam isso com alguma serenidade, é uma espécie de auto engano de nós para conosco mesmo, nos faz bem entender que tudo é igual...como uma pequena dose de veneno que tomamos homeopaticamente na tentativa de ludibriar o mistério de viver.
Nossos sentimentos não são os mesmos, nosso pensar não é o mesmo, nossos desejos também não...alguns desejos se apagam com o tempo, e assim vivemos a vida como se não fossemos partir, alias as pessoas tem ojeriza de pensar na Dama da foice, quando ela é tão natural e necessária como acordar e perceber-se vivo...
Juca sempre fora obeso, sua mãe desde pequeno o elogiava por suas banhas sobressalentes, e estranho mas ao menos antigamente todos acham criança gordinha bonitinha, bem hoje em dia elas praticamente já nascem bulemicas e anoréxicas como manda o “padrão” existencial de elegância e boa saúde, mas Juca ou Juquinha como era chamado, o contraditório de seu nome, crescera sendo sempre humilhado pelos outros em função de sua gordura,no entanto Juca era de grande sensibilidade, ele canalizara sua sensibilidade para artes, ainda na adolescência aprendeu a tocar violino, passava horas a fio perdido nas agudas notas do violino, havia momentos que arranhava-o com fúria, e outras era uma brisa tênue.
Sozinho,sem amigos, Juca cresceu se tornaria um adulto algo problemático, muito tempo sozinho e em contato com a arte, levá-lo-ia a ataques de insanidade eventuais.
Morava em um apartamento com os pais já idosos, quando do nada saia falando com seres invisíveis, como que os enxotando de seu quarto, gritava a plenos pulmões de forma insana:
-Saiam, saiam, filhos do demônio, filhos da puta...voltem para o inferno de onde vieram, crias do Diabo...
Falava isso babando-se e com os olhos esbugalhados, seu pai e sua mãe já estavam acostumados com seus ataques, já haviam percorrido a via sacra, de médicos, padres, espíritas, evangélicos e nada, parecia que nada fazia efeito no caso de Juca, justamente neste dia ia um Pai de Santo para ver se resolvia o problema de Juca, que todos tinham por possessão demoníaca.
A campainha toca e ao abrir-se porta se depara que aquele cidadão baixinho, gordinho,todo vestido de branco, com uma quantidade infinita de colares nos pescoço, falando com um sotaque de quem já está “incorporado de um preto velho”,um imenso charuto entre os dedos que faria Fidel sentir-se humilhado, pede licença arrastando os pés, dá dois passos dentro da casa e começa a respirar forte, já dizendo:
-Hum...hum...hum...ambiente carregado..hum..hum..trabalho forte aqui..hum...hum..
Neste ínterim, pede para ver Juca que no seu quarto, estava sentado olhando para o vazio como sempre gostava de ficar quando estava calmo e não tocando violino, o pai de Santo é introduzido ao local, e como por magia “negra”, Juca fica profundamente irritado, e começa a enxotar os demônios como sempre fazia, a esta altura o Pai de Santo, rodava, bufava, tossia,falando daquele jeito de preto velho e nada...e Juca:
-Sai daqui demônio filho da puta eu vou te devolver ao inferno com teu fedor...
Falava isso já cuspindo no Pai de Santo que a esta altura estava perplexo e assustado,atarantado mesmo, então Juca num gesto poético, arria as próprias calças e começa a cagar no meio quarto, o pai de santo já estava desincorporado a esta hora não sabia o que fazer, Juca põe-se a atirar merda sob as alvas vestes do pai de santo e em cima de todos que ali estavam, todos saem desesperados do quarto, fugindo porta a fora, enquanto a merda voava para todos os lados...Juca aos berros dizia: Tomem, demônios, tomem...
Esta foi a ultima investida da família na cura possível de Juca, naquele mesmo dia mais calmo, Juca pegou seu amado violino e tocou Adagio ao Luar de Albinoni, beleza infinita, levando as notas a mais sublime afinação, ninguém sabia o que se passava na mente e no coração de Juca, mas aquilo que ouviam, parecia ser tocando por anjos e não daquele homem repleto de fúria em eterno transtorno bi-polar,entre o amor e a insanidade...
Entendia, que ele exorcizava os próprios demônios, que na dimensão de seu pensar criaram vida e tinham formas, os espíritas pensavam que ele via os espíritos das dimensões mais inferiores da espiritualidade,mas Juca era um homem atormentado por suas próprias loucuras e sublimado por sua arte, podemos pensar que todos somos meio assim, se por um lado somos relativamente bons por outro algo carece, as vezes não percebemos muito bem o que seja, mas nosso proceder o sabe e nosso sentir o comprime.
Naquela noite Juca foi no banheiro, na madrugada, levara seu amigo violino consigo, sentou-se no “trono”e entre um peido e outro olhava o violino que estava diante de si, que ficava cada vez mais longe...longe.
Quando todos acordaram pela manhã, Juca estava no vaso sanitário de porta aberta e morto, o violino sobre a pia, tendo por base uma toalha branca,alva como uma alma, tal qual um templo ali estava adormecido...

Onde existem sombras é certo que também existem luzes.
Paz e luz em teu caminho.
Luis Fabiano.
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Albinoni, Adágio ao Luar:




"Encontrei a escravidão muda que prende a vida de um homem a uma esposa que ele detesta e coloca o corpo de uma mulher na cama de um marido odiado, amortecendo ambas as vidas espiritualmente.
Encontrei a escravidão surda que sufoca a alma e o coração, tornando o homem o eco vazio de uma voz e a pobre sombra de um corpo."

Kahlil Gibran - Segredos do Coração

sábado, março 14, 2009

Trecho Solto - Mandrake


Baby diz para Mandrake:
-Você já amou alguém na vida? Você é pedra, é um gelo, vai morrer sem amar ninguém, que nem o super homem ...
Mandrake responde:
-Eu amo sete mulheres, sete, conta de mentiroso, sete mulheres, entre elas tem uma negra, uma japonesa e etc..
Baby diz:
-Não acredito.
Mandrake responde:
-Não acredita em que, na negra ou na japonesa?
Baby:
-Não acredito que você consiga amar alguém.
Mandrake:
Amo, amo qualquer mulher que vai pra cama comigo, enquanto dura o amor, eu amo feito louco.

Mandrake episódio 1 - O Rio de Janeiro não é o que se vê do Pão de Açucar.

sexta-feira, março 13, 2009


Quando Ana se faz Bela.

Naquela manhã Ana Bela saíra decidida, a decisão que lhe vinha carcomendo as entranhas precisa ser tomada, não havia condições, nunca fora inocente era verdade, sabia que cada “pecado” cobrava seu ônus e este as vezes é alto. Ana era uma bela mulher, muito embora de estatura um pouco baixa para os padrões que a sociedade elege, para ser considerados seres humanos, mas a natureza lhe dera de presente uma sensualidade fora do comum, coisa que fazia os homens se aproximarem dela, um poder assim é dantesco e claro cobra seu preço justo, casamentos se desfaziam,namorados que perdiam o interesse pelas namoradas, Ana era uma mulher magnética, dessas que nos aproximados e realmente nos dá choque, um curto circuito fritando neurônios e impulsionando desejos e mais desejos...
A algumas semanas atrás Ana muito voluptuosa e sexualmente voraz, num de seus momentos de arroubo se envolveu Zéfiro, um pedreiro local que por circunstancias e por vontade própria (em outras palavras, ela estava com tesão e Zéfiro era o cara do momento, dia de sorte para ele...) ele era de uma ignorância enciclopédica como diria nosso inspirado Nelson Rodrigues, não faço nenhuma ofensa a profissão, ele seria um jumento ainda que fosse técnico de informática ,professor de matemática etc.. a questão que ele era profundamente primitivo, machista,orgulhoso,desconfiado, rabugento, invejoso, egoísta,mesquinho,obtuso,limitado, preconceituoso,ciumento,e associando-se a isto tudo, uma péssima atuação sexual, porem como entendemos, o álcool é um facilitador que na dose certa torna a mente humana mais liberta de conceitos morai,mas excitável e portanto disposto a fazer e encontrar prazer.
Foi uma festa religiosa que Ana Bela encontrou Zéfiro, uma festa tradicional de cultos afro, muita comida, muita bebida, os desejos olhares de ambos se encontraram, e não mais era preciso dizer mais nada, na saída Zéfiro se ofereceu para levar Ana Bela para casa, chegaram em casa, ambos morrendo de tesão e tudo se deu intensamente, para Ana Bela era mais uma trepada, porque queria gozar pura e simplesmente e adeus, mas Zéfiro um jumento multidimensional, queria algo a mais, queria continuação, (estranhamente os papeis se inverteram, homens não aceitam bem mulheres que agem com nos agimos, ser usado por uma mulher e ser naturalmente descartado, como um absorvente velho, não agrada a grande maioria dos homens, poderíamos classificar isso talvez, como a inveja da vagina, a conotação inversamente proporcional de ciúmes do pênis, segundo conceitos psicológicos...), quando Ana Bela lhe disse logo após o seu orgasmo:
-Bem, agora eu estou com vontade de dormir, então acho que você deve estar com sono também não é?
Zéfiro com alguma dificuldade entendeu que tinha de ir embora, contrariado foi, mas a partir deste dia em diante queria contato constante com Ana, que o repudiava as vezes, e doutras lhe fazia uso mesmo ele sendo horrível de cama, que fazer, quando não se tem o ideal quebra-se o galho com o que aparece, faz-me lembrar de Gibran em o Profeta,” ...quando sentimos sede buscamos saciar-nos até em águas pútridas...” e assim aconteceu.
Numa destas investidas, a tão chamada rapidinha, uma fatalidade infeliz aconteceu, a camisinha rompeu-se, e a porra jorrou abundante, ao ver a tal “camisa” rasgada e pingado Ana relaxou, disse que tomaria a pílula do dia seguinte, pratica normal...tomou e por infelicidade não deu resultado...
Voltando aquela manhã fatídica...
Então tinha já tudo pronto para a abortar, não iria ter um filho daquele imbecil com nome de fauno, mas naquela tarde inesperadamente, teve um sangramento e precisou ser levada ao hospital, para ela o aborto já tinha sido natural e se consumado, economizaria mil reais e uma viagem, um aborto é caro pensava. Ao chegar ao médico, este fez exames de procedência normal, nada era falado, nos pensamentos frios de Ana, a criança já tinha se esvaído pelo sangue que perdera, de alguma forma sentia-se aliviada... quando então um som se fez ouvir sala de exames, nas caixinhas de som do aparelho de ulta-som, curiosa Ana Bela pergunta:
- Que barulho é esse?
O medico com um breve sorriso na cara responde:
-É o coração do seu bebe.
Foi como se tivessem lhe dado um tiro no peito, aquele coração batendo dentro de si, em suas entranhas, não era um bicho que ela pudesse expulsar a chutes e pontapés, não, aquele se disforme se convertera magicamente em um ser humano, tão vivo quanto ela, lagrimas abundantes lhe nublaram o olhar, sentia-se abjeta por tem pensando de forma tão fria, de ter arquitetado o assassinato de seu próprio filho, Ana Bela fora tocada pelo som da vida, dessas coisas mágicas que as vezes acontece no nosso viver, e que terminam por transformar nossa existência profundamente.
Ana Bela não era um tipo moral, e nem tão pouco considerava-se boazinha, como as pessoas gostam ou imaginam que os outro sejam, se não tivesse ocorrido aquele pequeno som, seu filho não faria diferença alguma, mas o som do coração torna tudo diferente...

apenas um pouco que Ana Bela ouviu:


Paz profunda a todos.
Luís Fabiano.

Com este texto encerro as minhas singelas homenagens ao dia Internacional da Mulher, numa tentativa de celebrar o humano em nós, que precisa prevalecer muito antes do gênero que estejamos vestindo,pois inteligência não tem sexo, paz não tem sexo, inspiração e sublimidade não tem sexo.

Gotas de Beleza:


"Quando choramos, nossas lágrimas caem
no coração da Vida, como caem gotas de orvalho dos olhos da Noite no coração da Aurora."

Khalil Gibran

quinta-feira, março 12, 2009



Tears in heaven
Eric Clapton

No dia 20 de março de 1991, às onze horas da manhã, Conor Clapton (com quatro anos e meio de idade) morreu ao cair da janela do 53º andar de um prédio de Nova York. A empregada deixou a janela parcialmente aberta, e Conor caiu no telhado de um prédio adjacente. Ao saber da morte do garoto, ela sofreu um colapso nervoso e teve de ser sedada e hospitalizada.A morte de Conor inspirou Clapton a compor Tears in Heaven que, segundo ele, o ajudou a aceitar a perda. Nunca foi planejada sua publicação, mas foi publicada mesmo assim. A mãe de Conor, Lori Del Santo, recusou-se a escutar a canção.

Naturalmente não é preciso dizer mais nada, pouco entendo de perdas e neste nivel emocional, de certa forma me tornei invulnerável a elas o me leva a uma certa impertubabilidade,a musica é linda e melancólica com a suave rouca voz de Eric.
Serenidade profunda a todos.

Luis Fabiano
.
Eric Clapton:
http://www.youtube.com/watch?v=AscPOozwYA8


Pérolas...


" Você pode chifrar uma mulher à vontade que ela tira de letra, mas ela não suporta ciúme de útero. Eu nem estava casado com ela, mas fiz um filho em outra mulher..."


Paulo Cesa Pereio


quarta-feira, março 11, 2009



O dizer, o Calar.

Para escrever com beleza e verdade,
é preciso que se extraia as palavras das emoções ,
verte-las da alma, é preciso...
torcer a alma, levá-la a agonia, ao sacrifício pleno,
a magnitude da sublimidade,beber da pura essência do si,
fonte única e simbólica do ente humano.
Arranco de meu coração o que o amor é capaz de inspirar,
e o que em minha profunda ignorância,
sou capaz de entender,descerro o ordinário em mim, nada mais .
Por vezes sou poesias, por vezes lágrimas, por vezes o rugir primevo de uma fera
,o ressonar de um criança, as palavras que calam mas que dilaceram como gritos mudos, e em momentos sou a saudade daqueles que se vão,
puxa a saudade...

O meu olhar ganha os espaços infinitos,
a procura... mas o silencio é minha resposta.
O que ontem eram sombras, hoje é serena luz de longínquos luminares,
O tempo em graça a mim emprestou sua boa vontade e com os
Tropeços da estrada, abrigo de minha dor o gestar
de entendimento e alguma emoção,
Não foi sem farpas
e ferimentos que aqui chegamos,
mas que sei, que mesmo em
Empedernido coração,
flores também nascem...
nasce agora e sobeja teus frutos.

Paz e luz em teu caminho.

Luís Fabiano.

Pérola do dia:



Pérola do dia:


“As pessoas querem abraçar o mundo, mas como fazê-lo se não possuem braços?”


Eduardo Monks

terça-feira, março 10, 2009



A vizinha do 302 !

É característica fatídica do ser humano projetar coisas (a este projetar psicológico que me refiro...)das quais em seus sonhos volitativos as vezes existe alguma noção que tais projetos são inviáveis, irrealizáveis e talvez impróprios, isso quando a pessoa tem alguma noção de bom senso, deixo livre a dimensão dos sonhos, que para mim não passa de mero chiclete da mental.
Mas o que termino por notar, que existe profundamente é uma insatisfação abissal em relação a sua própria viva, suas próprias coisas, e outras tantas insatisfações que tornam-se espelhos que refletem algo que não vai bem...mas não no mundo externo.
Pensava comigo mesmo, temos o mito natural daquilo que não possuímos, que é sempre melhor do que temos, tudo do vizinho é melhor, ao menos a primeira vista...
Marilda era uma mulher vistosa em todos os sentidos, bela, alta, seios fartos, pernas indescritíveis e uma traseira de dar inveja as do falecido Sargenteli, todos diziam que ela não era uma mulher, era uma obra de arte que em algum momento criou vida, uma semi-deusa que tinha tantos atributos físicos, que lhe era dispensável toda e qualquer outra qualidade, uma típica mulher feita para dar prazer, visual, sensorial e claro permitir os nossos vôos da imaginação, essa era Marilda.
Morava Marilda em um prédio de relativa beleza de bons e antigos apartamentos, daqueles que lembram casas sobre o ar e não os modernas latas de sardinha que chamamos de casa,lar apenas por ser senso comum, casada e não tinha filhos, Marilda era uma senhora muito respeitável, um respeitável objeto de desejo de Mário, seu vizinho de porta frontal , Mário era o perfil natural de todo homem quando começa pensar com a cabeça de seu membro ao invés do cérebro, muito embora Mario fosse casado, seu desejo platônico era comer Marilda, naturalmente que o casamento de quinze anos de Mario ia, como poderemos dizer, apenas ia, eram dois estranhos dentro de casa, e na cama dois túmulos lacrados a dormirem de costas um para outro.
Mário nunca traíra sua esposa, mas se Marilda desse bola...não te titubearia, em sua masturbação de banho, chegava quase a falar o nome de Marilda. Dizia sempre para os amigos mais chegados ( homens naturalmente são assim, falamos tudo para os amigos de cerveja, naquela mesa de bar, queremos comer todo mundo, traímos esposas,namoradas e etc...falamos da vizinha gostosa, da colega de serviço que facilita, dos seios fartos de alguma chefe...e por ai vai, a mesa onde existe uma cervejinha em cima e alguns amigos, é mais que um templo,é um santuário de nossa profanidade, remontando o mito dos homens primitivos a volta do fogo, a fazer idolatrias e falar coisas ininteligíveis,zurros,grunhidos e gritos...mas nem toda historia é verdadeira, isso é certo,mas algumas sim...) que se Marilda um dia lhe desse um olhar, um sorriso que fosse, seria suficiente para ele entabular um assunto e partir daí...bem o céu é o limite, os amigos riram com sombras de deboche, pois afinal Marilda era linda e gostosa, mas tinha o típico comportamento de uma mulher glacial, fria, séria, de pouca fala e raros sorrisos...uma combinação perfeita de fêmea e semi-deusa, claro que tudo isso na mente fértil de Mário que tinha em Marilda seu sonho, ela era para ele tudo o que sua apagada esposa não era, a esposa de Mario era bonita, mas nem tanto uma típica esposa...o tempo a convivência, as faltas e o desgaste natural ,sempre nos faz dar a impressão que a esposa está abaixo das semi-deusas repletas de curvas derrapantes, bem para a grande maioria dos homens isso é suficiente ...
Porem, e sempre existe um porem, um dia Marilda deu-lhe um sorriso, foi o que Mario estava esperando, aproximou-se conversou, aquele papo furado que não tem sentido nenhum, mas que no fundo quer dizer: vamos para cama – sorrisos, papos e no outro dia encontram-se no elevador, mais risos, conversas...Marilda revelou-se muito simpática...Mario estava nas alturas quase apaixonado,tudo ia como sempre imaginara, ela sempre muito educada, recatada, um dia convidou-o para entrar em seu apartamento, dizia: venha conhecer minha casa – ele como mosca atraída pelo feromônio da planta carnívora, caiu feito um patinho...
Marilda ao entrar no apartamento e trancar as sete fechaduras ,se transforma em uma mulher literalmente devoradora de homens, pula em cima de Mário que ainda não entendendo o que estava acontecendo, ria um sorriso sem graça e medroso, cabe dizer que fisicamente Marilda era mais forte que Mário, e ele estava em apuros, ela beija-lhe a boca quase sufocando o pescoço de Mario, tira roupa faze-o sugar os mamilos com sofreguidão, aos berros, aos gritos, Mario não sabe o que fazer primeiro...queria Marilda mas não assim...em um momento ela o empurra e dá-lhe um tapa na cara, e diz com sorriso maquiavélico de uma sádica:
-Gosto de homem assim, com jeito de bichinha como você...ria como uma louca...
Mario se questionava como sairia dali, mas Marilda arrancava-lhe as calças, e pegava o humilde e murcho membro que já sentia saudade da esposa querida, que estava no outro lado daquela porta... Marilda mais louca que nunca, berrava dizendo para o membro de Mario erguer-se e nada... por fim profundamente irritada diz a Mario, que a esta altura estava decepcionado e com medo daquela mulher enorme:
-Tu não passas de um broxa mesmo, fica me olhando, quase me comendo com os olhos, mas tu não passas de um merdinha que ainda não se tornou homem - e dava risadas loucas dignas de uma insana advindo dos infernos, por fim abriu uma gaveta e tirou um enorme vibrador da mesma ,junto com uma cinta, bramia o mesmo em riste apontando para Mario dizendo: eu preciso ser satisfeita seja de uma forma ou de outra, este aqui vai ser para você querido...
Mario perguntava :
-Mas porque estas fazendo isso comigo?
Ela respondeu:
-Estou fazendo nada demais sou assim, é minha natureza gosto disso, e pra mim tu não és homem, saia da minha casa imediatamente...já...- o vibrador na mão que mais parecia uma espiga de milho vindo de Itú...Mario se recompõe as pressas..e saia porta a fora, entrando sem sua casa, vai ao banheiro, tira as roupas e banha-se, Marilda se desfez na sua imaginação por encanto, jamais conseguiria olhar para ela novamente, tinha saudades de sua esposa, de sua simplicidade e de seu abraço suave e carinho.

Muito mais importante que projetar é saber se estamos a altura de nosso desejo, a maioria das pessoas deseja o que não tem condições , emocionais, intelectuais, físicas, éticas e financeiras, tal desejo faz-nos pensar e iludir, que a galinha do vizinho é sempre mais gorda, que o a casa do vizinho é melhor, que a vida que esta ou aquela pessoa leva é um paraíso...ilusão, tudo que vemos são aparências,coisas de quem desconhece o ser humano, amigos não se iludam, desconhecemos completamente o mundo dos outros, todos carregam a sua “miséria”, seu jugo, sua cruz...talvez ela seja dourada...mas ainda assim é uma cruz.

Paz profunda a todos.

Ainda em homenagem a Dia Internacional da Mulher, logicamente espero que os possíveis comentários sejam feitos com inteligência de quem entendeu o que eu quis dizer, direi mais uma vez, esqueçam o cenário e entendam o que se passa subjacentemente.

Pérola do dia plus:

"O homem não precisa ter pau grande, ele precisa apenas fazer cara de quem tem pau grande."


O gênio, Paulo Cesar Pereio.

segunda-feira, março 09, 2009


O Pastor
Madredeus
Composição: Pedro Ayres Magalhães / Rodrigo Leão / Gabriel Gomes / Francisco Ribeiro

Ai que ninguém volta
ao que já deixou
ninguém larga a grande roda
ninguém sabe onde é que andou

Ai que ninguém lembra
nem o que sonhou(e)
aquele menino canta
a cantiga do pastor

Ao largo
ainda arde
a barca
da fantasia
e o meu sonho acaba tarde
deixa a alma de vigia
Ao largo
ainda arde
a barca
da fantasia
e o meu sonho acaba tarde
acordar é que eu não queria.

Como ovelhas que por vezes se desgarram do rebanho, por vezes nos perdemos de nós mesmos, o olhar vagueante a algo que nos de o norte de paz e serenidade, a boa rota. A musica cantada e dramatizada por Tereza Salgueiro, enche-nos de encanto por seu drama repleto de beleza, uma espécie de dor que nos catapulta a um estado de reflexão serena.
Sim, o Bom vigia, a alma como diz a canção, inspirando gratos sonhos os quais nos levam a sentir a pensar, em que o novo nos permeie o coração.
A musica fala a nosso Ser.

Paz profunda.
Luís Fabiano.

Senhoras e senhores, Madredeus:



"Ser si mesmo e não ter medo de estar certo ou errado é mais admirável do que a fácil covardia de render-se à conformidade."

Irvin Wallace

domingo, março 08, 2009


A historia de Dalva.

Amanhecia mais um dia, destes dias comuns o qual de não esperamos que nada de incomum aconteça, aquela senhora acordava em seu nicho de miséria e podridão, ela era mais uma daquelas pessoas da rua, que são considerados zeros sociais, sim, feia, suja muito longe do padrão elegante que as mulheres tem para si, como um ideal ser alcançado quase significado de vida, não digo que isso seja mesquinho longe de mim, mas certamente não é tudo! O nome dela era Dalva, seu rosto carcomido pelo tempo, suas vestes, trapos e farrapos espelho de uma alma que muito sofreu mas que não obstante a tudo estava viva, ergueu-se de seu buraco da rua, onde os transeuntes passavam indiferentes, como nós passamos indiferentes aos cães sarnosos, simplesmente nosso olhar não enxerga-a mais, Dalva habituara-se a isso com tempo, sabemos que quando a dor é muito forte, para alem de nossas capacidades nossa mente entra em colapso, e nos aprisiona em algum lugar oculto de si mesmo, na fuga da misericórdia ou na benção divina de tentar nos proteger. Sua mão estendida para o nada, na tentativa de quem sabe conseguir algo para o café, aquele era mais um dia, enquanto sua mão verdadeiro galho seco que oscilava esticada no deserto existencial, sua mente viajou, não sei se vitima de suas alucinações, ou pela fome ou pelo extenuar de uma condição difícil... Agora, via-se linda em um vestido branco, sim, branco como os da princesas, sentia-se uma princesa, dançava com um leveza esplendida, aquela musica tocava e levava cada vez mais, seu corpo agora extensão de sua alma, dançava, sim, era bailarina e agora estava se apresentando, o publico fixo, olhava com encanto profundo, todos os seus passos, ela leve,linda mal tocava o solo, parecia flutuar no palco como dizer e desdenhar de nossos primitivos sentidos...a musica baixa um pouco, e ela lentamente vai dobrando-se ao solo, como flor ao anoitecer, as luzes diminuem e tudo fica quase silencioso...um torpor no ar,nuvens de gelo seco. Então ele entra sim, o príncipe entra e como que uma brisa soprando, ela ergue a fronte e seus olhos se tocam na imensidão do silencio, a musica lentamente vai aumentando, e ela Dalva, bailarina, mulher vai levantando-se, os passos agora são juntos, partilhavam da beleza naquele palco, a musica ergue-se mais e ele a ergue para o alto, ela braços estendidos como a querer tocar as estrelas do firmamento, mais um rodopio um breve sorriso surge em sua face, brilho suave luz de luar, o príncipe lentamente a vai baixando, e agora ele lentamente vai ajoelhando-se, como a entender que era um súdito de seu amor, queria a sua mão, queria ter aquela beleza ,estar com ela. Dalva aceita, a musica ergue-se novamente, como coroando a sublimidade de ambos, o mundo torna-se pequeno para tanta felicidade, rodopiam no palco mais uma vez e musica termina subitamente, o publico em pé ovaciona, delira, queriam que aquele momento não terminasse nunca, jamais, gritam vivas, suas mãos abanam aos bailarinos com a querer captar-lhes a eternidade, sim aquele era um desses momentos eternos da vida... Dalva chorava copiosamente, perdida entre sua imaginação e a realidade, via-se bela e a mão, galho seco esticado...cumprimentava um publico invisível...então como sói poderia acontecer nestes momentos especiais, ela viu um rosto amigo, que a olhava com compaixão, coisa de pessoas raras que tem um perfume na alma, Dalva saiu do transe e dizia: - Meu príncipe, onde está meu príncipe... – a mão esticada ainda... Mas aquele rosto amigo também enrugado e cabelos nevoados, apenas disse com amistoso amigo: -Venha comigo,nos cuidaremos de você. - pego-lhe a mão ajudando-a a erguer-se novamente... E Dalva olhos marejados, via entre lágrimas aquele rosto lhe era familiar...seria o príncipe? Não sei, a verdade que Dalva não foi mais vista nas ruas de nossa cidade, por vezes a misericórdia nos afaga, dando-nos a certeza que Ele está aqui.

Paz profunda a todos.
Luís Fabiano.


Sigo minhas singelas e desimportantes homenagens ao dia Internacional da mulher, como a dizer que existem mulheres de todos os tipos, como e sem significados, como expressões naturais da natureza humana, muitas vezes maquiamos nossas emoções e justificamos uma coisa por outra, nem sempre tudo é tão nítido para nós ou nem sempre conseguimos ver a beleza, a dor que nos atinge, por vezes vai repercutir longe, em algum lugar que não nosso coração. A luta não deve ser de mulheres, mas da raça humana, para que todos possamos aprender a viver dentro do bom senso e entendimento, a luta é aprender a compreender o outro e conseguintemente a si mesmo.

Olhar-se no espelho


Oi, bom te ver assim tão despido,

como se nossos silêncios se

encontrassem e a música

na alma nos inspirasse, momentaneamente

como se a vida falasse

a vida, e nos gestasse,

despertasse-nos

nossas almas se amam,

na beleza e na quietude, como

peregrinos que matam a saudade

que lhes carcome o coração.

Vendo as estrelas, mas afastados pelos abismos

do tempo e do espaço.

Quando vi-te, sabia, minha alma ama a tua...como partes do espírito Divino

O qual cada um de nós é poeira imersa no espaço, sem inicio e sem fim..

Minha alma ama a tua por ti mesma,

nem pelo meu querer e nem por sonhos

que o tempo carreia, sim, o brilhar de teus olhos é meu, reflexo de ti mesma.


Paz e harmonia.

Luís Fabiano.

sexta-feira, março 06, 2009



Perfume do amor Humano.

Existem coisas que são pura poesia, e mesmo vistas de perto soam como que uma falta de realidade profunda , porem as vezes nossos sentidos nos traem e de algozes passamos a vitima, de caçadores literalmente viramos a caça, tenho certeza muitos apreciaram o infeliz acidente que terei a honra de narrar, coisas reais repletas de odor.
Não desejo aprofundar-me muito, mas o amor, por vezes o amor se cobre de cheiros estranhos, que faz nos lembrar a nossa falhabilidade e se por vezes ,ele tem encantos maravilhosos capazes de nos elevar as alturas e as culminâncias da sublimidade, por outras nos faz pensar a que ponto um ser humano pode descer ainda que equivocadamente (não estou falando de humilhações, longe de mim, o texto no andar de sua manifestação explicar-se-á naturalmente...) afinal, quando se ama, tudo transforma-se em um amalgama onde misturam-se cheiros, gostos,desgostos,injurias e delírios, a amor que mais posso dizer?
O nome dele é Darlão, este nome que nós o rebatizamos em função de sua estrutura física, alto, forte e barbudo praticamente um símio moderno, ele mesmo se ironiza de sua situação, reunidos estávamos a debater assuntos mesquinhos e masculinos, usando naturalmente a terminologia técnica adequada para expressar nossa natural feliz brutalidade, praticamente era uma celebração do grotesco com o primitivo, riamos e narramos nossas historias pitorescas e experiências com as ditas “bucetas” que comemos na vida.
Historias que infelizmente são repletas de situações fartas de desastre e diversão, coisas que o tempo talvez se encarregue de desfazer...se for possível.
Darlão tomou a palavra como o mais velho da turma,e começou a nos contar a sua tragicomédia:
-Fui ai numa festa destas particulares, sabem como é, festa em casa né, já sai de casa a meio pau, tinha tomado umas vodkas e um limãozinho, desceu redondo já me deixando assim meio turbo, o mundo já se tornara um lugar melhor, sabem como é, um trago e ficamos prontos pra fazer merda ou se da bem...
Riu, deu uma tossida e seguiu neste tom.
-Chegando lá, encontrei umas parcerias coisa e tal, e já mergulhei na gelada, fui tomando na manha, tava até feliz, mas ai né, pintou um trocinho, papo vai papo vem, ficamos ali na boa conversando, era bonitinha meio baixinha e tal, mas tranqüilo, tinha uns peitões, dava pra ver pelo vestido, achei massa, disse pra mim mesmo, hoje vai rola,o tempo foi passando e a festa foi ficando assim meio parada, claro né meu, o pessoal se arrumava e saia fora, disse pra ela:
-Bah, e aí, que acha de nós ir embora daqui? Vamos na avenida, conversar, talvez comer algo, que acha ? (... na verdade eu queria mesmo era dizer, seguinte, vamos pro motel que eu to afim é de te comer, deixa de frescura...) é, mas dei aquela ensebada que faz parte da enrolação, na real mesmo queremos é a diversão, e o papo é só um detalhe para chegar a ela pelada.. -
Darlão riu descaradamente, cuspindo algo sólido no chão...
Claro que ele desconhecia o futuro, pois se conhecesse certamente teria ido embora para casa, dormir com os anjos talvez, mas por vezes não ouvimos a voz que nos diz silenciosamente... empolgado a exaustão Darlão seguiu:
-Ela fez aquela carinha de safada, essas caras que agente gosta e claro, e as minas quando tão afim agente tá ligado, o brilho do olho dizia: Vou dá pra ti!!!
Rimos todos numa concordância profunda que embora apreciemos as “mulheres ditas direitas”, nosso trato e desejo é que elas sejam plenas e totalmente, irrefreavelmente, loucamente nossas vagabundas e vadias... Foi uma risada em coro quando vaticinei esta pérola, fui ovacionado entre risos e deboches...e Darlão seguia feliz:
-Fomos embora, na Avenida Bento, parei o carro numa parte mais escura e tal e ficamos ali naquela papo furado, papo sem fim para mim,tomamos mais algumas geladas, e ai o bicho começou a pegar.Começamos naquela esfregação, e beijos e mordinhas e tal, aí ela sugeriu irmos para um local mais escuro, não pensei duas vezes, levei o carro para uma rua perto de casa (nem cogitamos em motel tamanha loucura, e foi até melhor, eu tava meio sem grana e ai já viu, perto do final do mês, mas cara o barato sai caro...).Parei o carro e aí já era, levantei o vestido, e fizemos de tudo foi massa, disse pra finalizar rindo pra ela:
-Monica, vamos fazê esse anelzinho?
-Ela riu, e foi logo ficando na posição que o banco do carro permitia, começamos devagarzinho...até que ela fez uma cara meio estranha...e disse:
-Tira devagar por favor...a voz era um gemido e um desespero juntos...
Eu pensei comigo, bah machuquei o rabo da mina...fui tirando lentamente...e então a surpresa espetacular em sobre a minha pessoa...
Cara, tentei relaxar, mas estava tudo cheio de cocô, o banco do carro, os tapetes ,o painel...e ela desesperada pedia desculpas e mais desculpas, mas estranhamente quanto mais desculpas pedia mais saia cocô, creio que ela estava com uma espécie de “diarréia de amor”,um piriri, desarranjo, uma desanda...ela não conseguia conter-se...
Por fim parou, e eu a levei para casa, meu ato de misericórdia suprema...
Fiz o possível para deixar o carro o mais limpo e perfumado, mas sempre que entro nele como se fosse uma aura, a presença de Monica me vem a mente, sim Monica e seu cheiro de amor.
Perguntei:
-E aí Darlão nunca mais viste ela?
-Sim, nos vimos, mas fizemos de conta que não nos conhecíamos...
Eu apenas ri.


Ps: com o texto acima comecei a fazer as minhas humildes homenagens a dia Internacional da Mulher, afinal minha opinião pessoal e totalmente desimportante,não precisamos de dias para marcar algo que deve ser labutando ainda hoje, todo o santo dia, todos querem ter seu dia e deitar nos louros de uma lembrança que por vezes pouco significa em termos práticos, lamento, não desmereço luta alguma , mas é preciso que se entenda que ela ainda não terminou, ganhou novo aspecto,uma nova aparência, e claro muito da primitiva força se perdeu, ou quer dizer, se vendeu.

Paz profunda a todos.

Luís Fabiano.

Pérola do dia:


Enquanto Freud revirava-se no caixão...

“ Homem que é homem, dá e não vira veado.”

Máxima de uma amiga.

quinta-feira, março 05, 2009


Coração Tranquilo
Walter Franco
Composição: Indisponível



Tudo é uma questão de manter
A mente quieta
A espinha ereta
E o coração tranquilo


Existem coisas que não precisam se acrescentar nada, sua simplicidade gritante evoca em sua essência um mantra de otimismo ante os percalços da existencia, mais prece que isso é impossível.
Paz aos que querem paz...
e claro, guerra aos que sentem prazer assim.

Fraternalmente

Fabiano.

Walter Franco:
http://www.youtube.com/watch?v=MAqCJ3S-Klc

quarta-feira, março 04, 2009



Ardente e tão seco

Arde em mim anseio profundo, se de ti, não sei...
Queima minhas entranhas, na delicadeza de quem apenas quer belezas
e brisas suaves, afagos das estrelas, canção de emoções, sentidas
e algumas que o tempo carreou por ai..como fragmentos de mim.
Inflama meu querer, como dor que não dá descanso ao corpo e a alma,
a espera de seu repouso, e assim pousa suave e silenciosa, como uma borboleta, borboleta esquecida de seu rastejante passado...a flutuar em sua glória.
Abrasa-me, um permear de nostalgia, na doce impressão de
momentos que vão e vem vapores de memórias,
sim mensagem ocultas, feita hora sorrisos, e hora lágrimas,como quisera brindar
a todos, com o manjar e o maná de alegrias etéreas.
Mas não, o mesmo sol que acaricia é o mesmo que calcina,
a mesma noite que trás silêncio e nos ilumina com o luar, é palco
daqueles que se perdem nos vãos do caminho,mas como evitar?
Não, em mim contrai-se o coração
em mudo desespero talvez...a querer tua paz. Mas poderá meu pobre querer dar-te, o que por tuas próprias garras atiras ao abismo?
O magma incandescente que queima no rochedo de minhas rijas imperfeições, anseia pelo mar que acalanta em sua margem, refrigera meu ser e
da descanso ao meu arder, comunhão feita de complementos.

Paz e luz em teu caminho
Luís Fabiano.