Pesquisar este blog

terça-feira, março 10, 2009



A vizinha do 302 !

É característica fatídica do ser humano projetar coisas (a este projetar psicológico que me refiro...)das quais em seus sonhos volitativos as vezes existe alguma noção que tais projetos são inviáveis, irrealizáveis e talvez impróprios, isso quando a pessoa tem alguma noção de bom senso, deixo livre a dimensão dos sonhos, que para mim não passa de mero chiclete da mental.
Mas o que termino por notar, que existe profundamente é uma insatisfação abissal em relação a sua própria viva, suas próprias coisas, e outras tantas insatisfações que tornam-se espelhos que refletem algo que não vai bem...mas não no mundo externo.
Pensava comigo mesmo, temos o mito natural daquilo que não possuímos, que é sempre melhor do que temos, tudo do vizinho é melhor, ao menos a primeira vista...
Marilda era uma mulher vistosa em todos os sentidos, bela, alta, seios fartos, pernas indescritíveis e uma traseira de dar inveja as do falecido Sargenteli, todos diziam que ela não era uma mulher, era uma obra de arte que em algum momento criou vida, uma semi-deusa que tinha tantos atributos físicos, que lhe era dispensável toda e qualquer outra qualidade, uma típica mulher feita para dar prazer, visual, sensorial e claro permitir os nossos vôos da imaginação, essa era Marilda.
Morava Marilda em um prédio de relativa beleza de bons e antigos apartamentos, daqueles que lembram casas sobre o ar e não os modernas latas de sardinha que chamamos de casa,lar apenas por ser senso comum, casada e não tinha filhos, Marilda era uma senhora muito respeitável, um respeitável objeto de desejo de Mário, seu vizinho de porta frontal , Mário era o perfil natural de todo homem quando começa pensar com a cabeça de seu membro ao invés do cérebro, muito embora Mario fosse casado, seu desejo platônico era comer Marilda, naturalmente que o casamento de quinze anos de Mario ia, como poderemos dizer, apenas ia, eram dois estranhos dentro de casa, e na cama dois túmulos lacrados a dormirem de costas um para outro.
Mário nunca traíra sua esposa, mas se Marilda desse bola...não te titubearia, em sua masturbação de banho, chegava quase a falar o nome de Marilda. Dizia sempre para os amigos mais chegados ( homens naturalmente são assim, falamos tudo para os amigos de cerveja, naquela mesa de bar, queremos comer todo mundo, traímos esposas,namoradas e etc...falamos da vizinha gostosa, da colega de serviço que facilita, dos seios fartos de alguma chefe...e por ai vai, a mesa onde existe uma cervejinha em cima e alguns amigos, é mais que um templo,é um santuário de nossa profanidade, remontando o mito dos homens primitivos a volta do fogo, a fazer idolatrias e falar coisas ininteligíveis,zurros,grunhidos e gritos...mas nem toda historia é verdadeira, isso é certo,mas algumas sim...) que se Marilda um dia lhe desse um olhar, um sorriso que fosse, seria suficiente para ele entabular um assunto e partir daí...bem o céu é o limite, os amigos riram com sombras de deboche, pois afinal Marilda era linda e gostosa, mas tinha o típico comportamento de uma mulher glacial, fria, séria, de pouca fala e raros sorrisos...uma combinação perfeita de fêmea e semi-deusa, claro que tudo isso na mente fértil de Mário que tinha em Marilda seu sonho, ela era para ele tudo o que sua apagada esposa não era, a esposa de Mario era bonita, mas nem tanto uma típica esposa...o tempo a convivência, as faltas e o desgaste natural ,sempre nos faz dar a impressão que a esposa está abaixo das semi-deusas repletas de curvas derrapantes, bem para a grande maioria dos homens isso é suficiente ...
Porem, e sempre existe um porem, um dia Marilda deu-lhe um sorriso, foi o que Mario estava esperando, aproximou-se conversou, aquele papo furado que não tem sentido nenhum, mas que no fundo quer dizer: vamos para cama – sorrisos, papos e no outro dia encontram-se no elevador, mais risos, conversas...Marilda revelou-se muito simpática...Mario estava nas alturas quase apaixonado,tudo ia como sempre imaginara, ela sempre muito educada, recatada, um dia convidou-o para entrar em seu apartamento, dizia: venha conhecer minha casa – ele como mosca atraída pelo feromônio da planta carnívora, caiu feito um patinho...
Marilda ao entrar no apartamento e trancar as sete fechaduras ,se transforma em uma mulher literalmente devoradora de homens, pula em cima de Mário que ainda não entendendo o que estava acontecendo, ria um sorriso sem graça e medroso, cabe dizer que fisicamente Marilda era mais forte que Mário, e ele estava em apuros, ela beija-lhe a boca quase sufocando o pescoço de Mario, tira roupa faze-o sugar os mamilos com sofreguidão, aos berros, aos gritos, Mario não sabe o que fazer primeiro...queria Marilda mas não assim...em um momento ela o empurra e dá-lhe um tapa na cara, e diz com sorriso maquiavélico de uma sádica:
-Gosto de homem assim, com jeito de bichinha como você...ria como uma louca...
Mario se questionava como sairia dali, mas Marilda arrancava-lhe as calças, e pegava o humilde e murcho membro que já sentia saudade da esposa querida, que estava no outro lado daquela porta... Marilda mais louca que nunca, berrava dizendo para o membro de Mario erguer-se e nada... por fim profundamente irritada diz a Mario, que a esta altura estava decepcionado e com medo daquela mulher enorme:
-Tu não passas de um broxa mesmo, fica me olhando, quase me comendo com os olhos, mas tu não passas de um merdinha que ainda não se tornou homem - e dava risadas loucas dignas de uma insana advindo dos infernos, por fim abriu uma gaveta e tirou um enorme vibrador da mesma ,junto com uma cinta, bramia o mesmo em riste apontando para Mario dizendo: eu preciso ser satisfeita seja de uma forma ou de outra, este aqui vai ser para você querido...
Mario perguntava :
-Mas porque estas fazendo isso comigo?
Ela respondeu:
-Estou fazendo nada demais sou assim, é minha natureza gosto disso, e pra mim tu não és homem, saia da minha casa imediatamente...já...- o vibrador na mão que mais parecia uma espiga de milho vindo de Itú...Mario se recompõe as pressas..e saia porta a fora, entrando sem sua casa, vai ao banheiro, tira as roupas e banha-se, Marilda se desfez na sua imaginação por encanto, jamais conseguiria olhar para ela novamente, tinha saudades de sua esposa, de sua simplicidade e de seu abraço suave e carinho.

Muito mais importante que projetar é saber se estamos a altura de nosso desejo, a maioria das pessoas deseja o que não tem condições , emocionais, intelectuais, físicas, éticas e financeiras, tal desejo faz-nos pensar e iludir, que a galinha do vizinho é sempre mais gorda, que o a casa do vizinho é melhor, que a vida que esta ou aquela pessoa leva é um paraíso...ilusão, tudo que vemos são aparências,coisas de quem desconhece o ser humano, amigos não se iludam, desconhecemos completamente o mundo dos outros, todos carregam a sua “miséria”, seu jugo, sua cruz...talvez ela seja dourada...mas ainda assim é uma cruz.

Paz profunda a todos.

Ainda em homenagem a Dia Internacional da Mulher, logicamente espero que os possíveis comentários sejam feitos com inteligência de quem entendeu o que eu quis dizer, direi mais uma vez, esqueçam o cenário e entendam o que se passa subjacentemente.

Um comentário:

Anônimo disse...

Adorei,hilário, muito bom....mas coitado do Mário heim....Mas a Marilda poderia ter sido um pouco sádica com ele.
Todos nós podemos e até devemos ter sonhos e alguma ilusão.....mas jamais pensar que o que é do outro, somente por ser do outro, pode ser melhor do que temos.....como diz o velho ditado: nem tudo o que brilha é ouro.
Esta Marilda é uma legítima "Chapeusinho Vermelho".


Toda a PAZ à você meu caro.

Dóris