Pesquisar este blog

sexta-feira, março 13, 2009


Quando Ana se faz Bela.

Naquela manhã Ana Bela saíra decidida, a decisão que lhe vinha carcomendo as entranhas precisa ser tomada, não havia condições, nunca fora inocente era verdade, sabia que cada “pecado” cobrava seu ônus e este as vezes é alto. Ana era uma bela mulher, muito embora de estatura um pouco baixa para os padrões que a sociedade elege, para ser considerados seres humanos, mas a natureza lhe dera de presente uma sensualidade fora do comum, coisa que fazia os homens se aproximarem dela, um poder assim é dantesco e claro cobra seu preço justo, casamentos se desfaziam,namorados que perdiam o interesse pelas namoradas, Ana era uma mulher magnética, dessas que nos aproximados e realmente nos dá choque, um curto circuito fritando neurônios e impulsionando desejos e mais desejos...
A algumas semanas atrás Ana muito voluptuosa e sexualmente voraz, num de seus momentos de arroubo se envolveu Zéfiro, um pedreiro local que por circunstancias e por vontade própria (em outras palavras, ela estava com tesão e Zéfiro era o cara do momento, dia de sorte para ele...) ele era de uma ignorância enciclopédica como diria nosso inspirado Nelson Rodrigues, não faço nenhuma ofensa a profissão, ele seria um jumento ainda que fosse técnico de informática ,professor de matemática etc.. a questão que ele era profundamente primitivo, machista,orgulhoso,desconfiado, rabugento, invejoso, egoísta,mesquinho,obtuso,limitado, preconceituoso,ciumento,e associando-se a isto tudo, uma péssima atuação sexual, porem como entendemos, o álcool é um facilitador que na dose certa torna a mente humana mais liberta de conceitos morai,mas excitável e portanto disposto a fazer e encontrar prazer.
Foi uma festa religiosa que Ana Bela encontrou Zéfiro, uma festa tradicional de cultos afro, muita comida, muita bebida, os desejos olhares de ambos se encontraram, e não mais era preciso dizer mais nada, na saída Zéfiro se ofereceu para levar Ana Bela para casa, chegaram em casa, ambos morrendo de tesão e tudo se deu intensamente, para Ana Bela era mais uma trepada, porque queria gozar pura e simplesmente e adeus, mas Zéfiro um jumento multidimensional, queria algo a mais, queria continuação, (estranhamente os papeis se inverteram, homens não aceitam bem mulheres que agem com nos agimos, ser usado por uma mulher e ser naturalmente descartado, como um absorvente velho, não agrada a grande maioria dos homens, poderíamos classificar isso talvez, como a inveja da vagina, a conotação inversamente proporcional de ciúmes do pênis, segundo conceitos psicológicos...), quando Ana Bela lhe disse logo após o seu orgasmo:
-Bem, agora eu estou com vontade de dormir, então acho que você deve estar com sono também não é?
Zéfiro com alguma dificuldade entendeu que tinha de ir embora, contrariado foi, mas a partir deste dia em diante queria contato constante com Ana, que o repudiava as vezes, e doutras lhe fazia uso mesmo ele sendo horrível de cama, que fazer, quando não se tem o ideal quebra-se o galho com o que aparece, faz-me lembrar de Gibran em o Profeta,” ...quando sentimos sede buscamos saciar-nos até em águas pútridas...” e assim aconteceu.
Numa destas investidas, a tão chamada rapidinha, uma fatalidade infeliz aconteceu, a camisinha rompeu-se, e a porra jorrou abundante, ao ver a tal “camisa” rasgada e pingado Ana relaxou, disse que tomaria a pílula do dia seguinte, pratica normal...tomou e por infelicidade não deu resultado...
Voltando aquela manhã fatídica...
Então tinha já tudo pronto para a abortar, não iria ter um filho daquele imbecil com nome de fauno, mas naquela tarde inesperadamente, teve um sangramento e precisou ser levada ao hospital, para ela o aborto já tinha sido natural e se consumado, economizaria mil reais e uma viagem, um aborto é caro pensava. Ao chegar ao médico, este fez exames de procedência normal, nada era falado, nos pensamentos frios de Ana, a criança já tinha se esvaído pelo sangue que perdera, de alguma forma sentia-se aliviada... quando então um som se fez ouvir sala de exames, nas caixinhas de som do aparelho de ulta-som, curiosa Ana Bela pergunta:
- Que barulho é esse?
O medico com um breve sorriso na cara responde:
-É o coração do seu bebe.
Foi como se tivessem lhe dado um tiro no peito, aquele coração batendo dentro de si, em suas entranhas, não era um bicho que ela pudesse expulsar a chutes e pontapés, não, aquele se disforme se convertera magicamente em um ser humano, tão vivo quanto ela, lagrimas abundantes lhe nublaram o olhar, sentia-se abjeta por tem pensando de forma tão fria, de ter arquitetado o assassinato de seu próprio filho, Ana Bela fora tocada pelo som da vida, dessas coisas mágicas que as vezes acontece no nosso viver, e que terminam por transformar nossa existência profundamente.
Ana Bela não era um tipo moral, e nem tão pouco considerava-se boazinha, como as pessoas gostam ou imaginam que os outro sejam, se não tivesse ocorrido aquele pequeno som, seu filho não faria diferença alguma, mas o som do coração torna tudo diferente...

apenas um pouco que Ana Bela ouviu:


Paz profunda a todos.
Luís Fabiano.

Com este texto encerro as minhas singelas homenagens ao dia Internacional da Mulher, numa tentativa de celebrar o humano em nós, que precisa prevalecer muito antes do gênero que estejamos vestindo,pois inteligência não tem sexo, paz não tem sexo, inspiração e sublimidade não tem sexo.

Nenhum comentário: