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sexta-feira, março 20, 2009

A história de Zeca Piroca



A história de Zeca Piroca

Existem personagens marcantes. São a bizarrice superlativa daquilo que somos em aspecto diminutivo, guardadas as proporções, poderia dizer que somos os pequenos polegares olhando o gigante, e naturalmente nos estarrecendo de sua dimensão. O nosso horror, deve-se a muitos motivos que são geralmente mesquinhos, do tamanho de nossa primitiva ignorância: inveja, orgulho, senso de castração e uma moralidade exacerbada, o resultado desta mistura bem elaborada, torna-se nós.

Zeca Piroca morava em bairro suburbano era uma manifestação performática de si mesmo, alto, magro, negro, vestia-se com simplicidade e era um trabalhador honesto, mas é estranho assim pensar, embora ele fosse totalmente “certinho” parece que a natureza fez-lhe um detalhe anatômico algo que por si só, seria a sua danação eterna.Todos de sua rua e bairro sabiam deste” pequeno” detalhe, que em verdade fazia toda a diferença, ao menos na concepção das pessoas.

Como pode-se pressupor Zeca tinha um pênis com dimensões totêmicas, sim passava dos trinta e seis centímetros, e claro essa virtude lhe rendeu apelidos dos mais diversos chamavam-no: o homem jegue, tripé de mesa, adestrador de sucuri, anaconda black–men e outros tantos que encheriam estas ignóbeis paginas. 

Com esta fama toda, as mulheres do bairro não passavam nem perto dele, era como se ele fosse amaldiçoado, ao vê-lo elas mudavam de calçada apenas para se sentirem violentadas virtualmente em sua pudica maneira de pensar, as que eram mais carolas( disse carolas, não caralhos, não confundam porque o tema é sui-generis tudo fica muito perto...),alem de mudarem de calçada ainda faziam o sinal da cruz, mas Zeca passava quase indiferente a tudo isso, para ele era natural ser uma anomalia, o tempo nos faz acostumar com cada coisa, o que ele lamentava no seu intimo, era a sua solidão sem fim,as mulheres não se aproximavam porque temiam  o órgão, como se o mesmo tivesse vida própria, e fosse erguer-se,  num golpe de insanidade se dirigisse as suas “santas”,”puras” e “virginais” conas... assim, Zeca tinha momentos que não sentia-se humano, fora reduzido a um mero pau, um pau imenso era verdade, mas um pau triste, sem vida e só, numa condição dessa, quem não broxaria?

Ainda que entupíssemos os rabos de viagra, seria de todo inútil, pois existem coisas que vão muito além de nossa carne flácida, de nosso tesão e de nosso simplório entendimento...mas sempre existe um dia...

Zeca que então era tão comportado, como uma estatua de moralidade sente-se enfadado de seu destino, queria que sua mente fosse mais relevante que seu membro (diga-se de passagem eu tal pensamento advindo de um homem comum,chega ser quase uma obscenidade, porque em geral é o contrário que 
desejamos), mas começou a fazer provocações usando seu pau, dava aquela famosa coçadinha nas bolas, que neste caso transformava-se em uma imensa coçada, sempre que podia exibia seu membro semi rijo, sem o menor pudor, sorria com ares de vingança quando as pessoas saiam correndo apavoradas, ele chacoalhando aquela clava negra.

Um dia cansou-se de tudo isso, das provocações, das brigas, das evangélicas, das carolas e de um dia para outro desapareceu como se nunca tivesse existido, deixando literalmente um imenso vazio ( tal qual uma vagina recém penetrada fica entre aberta a espera...vazia...) todos sentiram a falta do pau de Zeca Piroca, pois sendo um bode expiatório da insanidade alheia, agora não mais teriam o membro sobre o qual chorar suas próprias mazelas, tudo fica reduzido a uma estranha saudade, que não interpretamos assim, o certo era que Zeca tinha um membro imenso, mais certo ainda que tal membro, na forma de uma idolatria censurada e quase divinizada, não sairia dos corações e mentes de todos aqueles que maldiziam o pau de Zeca Piroca, soa realmente estranho pensar que um pau, possa entrar no coração, uma vez que sua principal manifestação seja entrar em tantos lugares, tão mais agradáveis , não?

Por vezes o destino é realmente estranho, a dor que sentimos é falta da dor que causamos a outrem, nossa maneira camuflada de dizer, que mesmo a contragosto as pessoas exercem, papeis importantes em nossa vida, um nada, um desconhecido ainda que não entendamos, tem sua contribuição.

ps: ao fazer este texto lembrei de uma ótima conversa que tive uma profissional do amor, não que ela tivesse me prestando o serviço na hora deste papo, mas aquelas conversas que vem de um lugar desconhecido e que não levam a lugar nenhum, Jussara me contava que conhecia a habilidade de um homem na cama por coisas exteriores que ele trazia consigo, claro que comecei a rir e fiquei me questionando a respeito da minha desenvoltura, deixei para lá, enquanto ela me narrava:
-Se o sujeito tiver um carro grande e muito possante, já sei que é fraquíssimo de cama, se o cara usar uma gravata larga e que passe seriedade é outro muito fraco de cama, já sei disso a pratica me levou a esta perfeição - dizia isso mascando chiclete e fazendo bolinhas, seguiu falando:
-Agora se o cara chega com aquele jeito de quem não que nada, meio com jeito de Zé-ruela, já sei que estes fazem valer o dinheiro, dão um cansaço, dão aquela arregaçada que fico sem sentar normalmente uns dois dias.
Sinceramente não sei em que fui enquadrado, bem tem coisas que é melhor nem saber.



Paz e luz em teu caminho.

Luís Fabiano.

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