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segunda-feira, novembro 09, 2009



Vedete sem palco.

Tempo amigo fiel e ingrato com seu brando carinho ajuda a fechar tantas feridas, cava a memória nos fazendo evocar lagrimas e sorrisos, momentos de relevância profunda e a saudade do que em algum instante foi banal, puxa que saudade.
No semblante sulcado de Olivia, olhar brilhante e o pensamento como um dossel sem fim, as lembranças fazem bem e são castigos também, via-se linda em palco iluminado, usando poucas roupas, cantava,dançava era admirada por todos, os homens desejavam-lhe o corpo, promessas sem fim de amor eterno, flores e tantos sorrisos fáceis, o som do aplauso.
A vida era uma eterna festa, um imenso palco sem fronteiras,era uma personagem constante, afagavam-lhe o corpo, mas nunca quiseram a sua alma. Achava uma lástima.
O brilho do palco da uma impressão de eternidade como o amor, sabe, como um sonho feito visível, imaginemos nossos sonhos mais queridos, tornando-se realidade? Queria ter sido mãe, mas Deus havia negado isso, talvez ele não goste dos artistas que se exibam assim? Sorriu sem graça, mas sabia que não era assim, pensava: gosto de brigar com Deus as vezes, ele talvez preste mais atenção em mim.Pirraça de criança.
Seu pensamento derivava: tudo que se tem é um instante, o segundo de eternidade que faz toda a diferença, a beleza da vida esta em saber mergulhar neste tempo tão curto e extrair-lhe o melhor, nosso melhor.
O cigarro ia consumindo-se em silencio, deixando uma cinza entre seus dedos.
Arrependimentos?
Não, de forma alguma, fui estrela linda, brilhei pelo tempo que uma estrela brilha, encanta, enamora, inspira tantos amores e carinhos, e nos enche de esperança em uma longa noite escura.
Olivia, agora via a vida pela aquela janela, os movimentos eram mais difíceis, olhar se corpo assim, dava-lhe enfado e alguma indignação, tinha que ser assim?
Tempo, tempo.
Sorria como uma criança,quando se passa por muitas coisas na vida, tudo se compensa em si, e não há revolta.
A memória seguia se curso,barco sem destino certo.
Aquele homem a queria como esposa, era muito feio lembrava,dizia que não tinha muito dinheiro, mas sabia que ela era o amor de sua vida, pelo seu olhar, Olivia riu muito dele, era debochada e irônica nesta época, afinal tinha todos os pretendentes que quisera, todos , mas porque lembrava-se do feio agora?Saudade do banal quem sabe.
Talvez por sua fidelidade.
Ao final de seus últimos espetáculos, teria que disputar com as mais jovens, cheias de curvas e de sorriso fácil, sentira-se ridícula, era melhor deixar os palcos,era o momento, os fãs já não mais levavam flores ao camarim,i a sendo esquecida como um móvel usado que não combina mais com a casa.
Naquela noite despiu-se diante do espelho, queria ver a verdade nua, sentiu vergonha de si, os seios flácidos já não eram mais os mesmos, ela já não era mais a mesma.
Alguém bate a porta.
O pensamento errante segue desatenta ao som da batida, aquele dia havia sido o mais triste de sua vida, o divorcio do palco, um amor que acaba, uma pequena mala de lembranças velhas com as roupas de cena, quando estava a porta de saída olhou para trás, um ultimo olhar, um adeus. Lagrimas abundantes.
Alguém bate a porta novamente, insiste.
Era melhor parar de pensar tudo aquilo, já passou o tempo já passou.
Levantou-se com dificuldade e abriu a porta, ali diante de um buquê de rosas as mais lindas que já viu, estava ele, o olhar era o mesmo e sorrindo disse:
-Vim visitar a artista que ainda hoje embala meus sonhos, como você continua linda.

Paz e esperança profunda.
Luis Fabiano.

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