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segunda-feira, novembro 16, 2009


Entre pétalas e lábios.

As flores a deixavam molhada, não tinha como não ceder aos caprichos de seu homem. Não prestava e ela sempre soube disso, mas agora não fazia mais diferença, o tempo se encarrega de transformar convivências em intimidades informais, casamento sem cerimônia.
Ramon um autêntico amante latino, quando a queria, ele a tinha,com ou sem flores.
Rosa havia tido todos os homens que queria, era linda, elegante e educada, mas por estes mistérios inexplicáveis do amor, tinha uma predileção por Ramon, gostava nele tudo, o cheiro, aquela barba por fazer, o olhar de cafajeste e suas irritações e grosserias.
Entendia como seu charme,o homem com jeito de mau e coração grande.
Mas quando amava, era insuperável. Entre carinhos, afagos, beijos, nunca faltava uns palavrões, cabelos puxados e essa coisa que caracteriza uma boa pegada, entre um carinho e outro, um tapa fazia bem, mais que bem!
Tentava em vão não sentir ciúmes, sabia que Ramon tinha outras, tudo que queria era ser a única, mas como ?
Não era possível, ele não era domável, selvagem e sua beleza era essa sua liberdade. Ao entardecer gostava do por do sol, fazia poemas e beijava quem tivesse sido a felizarda que estivesse ali, com ele compartilhando a luz de um dia que acaba.
Belo pela liberdade.
Foi assim que Rosa Consuelo entendeu o amor, o seu amor por Ramon. É claro que uma vez pensou em encontrar um marido bom, amável e casar-se na igreja, queria tudo certinho. Mas o sonho foi se dissipando, Ramon apareceu a seduziu(não era vitima,deixou-se...)e adentrou seu coração para nunca mais sair.
Desde de então vive brigando consigo mesma,sofreu muito por não entender aquele homem,espontaneamente ela o amou, terna e profundamente.Era só seu em um platonismo fiel.
Depois, ela o viu nos braços de outra, e outra, e mais outra. Sentia asco de si, uma putinha nos braços de um libertino, vago e podre! Dizia todos os xingamentos que conhecia, vociferava sutilezas dignas de rameiras. Ramon ouvia, mas não ouvia, tinha ar indiferente ou sorria.
Mil promessas Rosa fez, de nunca mais tocar nele novamente.
Tudo em vão. Bastava Ramon olhar, aquele olhar canastrão, Rosa sentia-se molhada, tenra, úmida e querendo...
Não havia quem não falasse mal de Ramon, diziam a boca pequena, ele era o capeta, seduzia as mulheres, e todas caiam apaixonadas. Mas logo isso se tornaria besteira, era visto na rua, bêbado, falando com a língua grossa sendo consolado pelos cães que lambiam a sua cara. Chacota do povo.
Com o tempo Rosa foi perdendo as pétalas, o tempo nunca é generoso com ninguém, e de tanto pensar, de tanto doer, entendeu seu drama. É assim, quando entendemos o que se passa conosco ganhamos a liberdade.
Amaria Ramon para sempre, não tinha como ser diferente, mas já não queria aprisiona-lo mais, o amaria como ele é, o amaria por ela mesma, tudo que Ramon lhe desse era lucro pleno, e como um pássaro que jamais conheceu a grades, ali entre seus braços ele se alimentava e ganhava o céu.
Grandioso é quem aprendeu a amar, sem querer nada, apenas amar.

Luis Fabiano.

Um comentário:

Anônimo disse...

Chega-se a conclusão que só é possível amar por sí mesmo, um amor verdadeiramente livre e independente da fragilidade o ser amado.
Lindo isso Fabiano, mas raro demais, quase não existe.

Rosa.