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segunda-feira, setembro 19, 2011




Andróginos

Ela vem anoitecendo lentamente
Bebendo da minha umidade
Deslizando nos silêncios da paixão
Serpente lubrificada nos canos da ternura
Escorregando dentro e fora

Ele suavemente
Contorcendo-se em aspirações sem imagem
Virando e revirando afagos e carinhos
No frisson das partes que se enrijecem
Roçam ,amolecem, abrem e se fecham

Vamos nos entregando cumplices de um crime calado
Suspiros e sonhos que desenham ondas enternecidas luxúria
Sussurros de segredos benditos e malditos
Confissões, preces e rogos a Deus e o Diabo
Voz sem voz
Suplícios sem dor
Sacrifícios de agonizantes lágrimas sorridentes
Sorrisos errantes de putas e putos que se encontram
Os pelos quentes que se atritam com fome e sede
Enquanto corpos se tornam almas
Capturadas na verdade nua
De entendimentos subjacentes

Agora somos a ponta incerta da vida
Onde fim e começo perdem a distinção
Entrelaçados ao nó da volúpia
Desejo único
A gozada celestial enquanto anjos cagam bênçãos
O mar já não faz mais distinções

Homem ou mulher desaparecem no breu
No calor molhado da neblina de fogo
Para além da fronteira de quem é quem
Bundas, pau, xoxota, bocas, pelos e axilas
Misturam-se ao tempo que escorre
Os beijos que não terminam
Almas sorvendo a baba de Deus
Entre estrelas sem asas
No voo sem volta do trapezista.

Luís Fabiano.

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