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sexta-feira, agosto 06, 2010


Pau de Ouro.

Estou longe de ser um perito na arte do amor sexual. Como tudo em mim, é meio errante, fica ao sabor do luar. Filosofia de cama é ótima, quando tudo funciona. Estávamos sentados na nela, enquanto eu enrolava minha broxada natural. O membro flácido, como uma lombriga morta, gosmenta e sugada. Asas de chumbo ao solo.
Tem vezes que o dia bom. Bebidas demais, trabalho demais e desculpas de menos. E foda-se, já era sua transada. Ela com cara de quero mais, tentava ressuscitar o morto, fez respiração boca a boca, mas nada.
Os homens sempre se preocupam em ser viris demais, naquele dia eu não esquentei. Tinha alguma coisa errada ali. Mas não achava que fosse comigo. Carolina, uma amiga de foda, só era intima por causa do sexo. Não era exatamente meu padrão de mulher. Eu já havia dito a ela. Achava limpinha demais. Tem um cheiro de sabonete em todos os cantos do corpo. Perfume em excesso e onde estaria a alma dela?
Talvez esse fosse o problema. Minhas maiores broxadas foram com mulheres limpinhas demais. Certinhas demais. Normais demais. Sou primitivo e brutal, preciso de cheiros naturais. Mesmo depois de uma mijada, sua xoxota tinha cheiro de perfume. Carol não tinha cheiro de mulher. E achava o máximo.
Somos amigos e tínhamos esta parceria sexual e nada mais. Formalidade demais. Gosto de relações assim. Depois daquele dia, decidimos botar um ponto final na jogada. Sexo precisa química, muita química. Ela é um stradivarius, e o máximo que sei tocar é um pandeiro. Fui embora daquele apartamento sufocante.
Dei um abraço e desejei que ficasse em paz. Carol estava com uma carinha triste. Talvez com um orgasmo entalado. Teria de resolver com seus dedinhos mágicos.
Chego em casa as três da manhã. A uma hora destas tem se a impressão que a noite acabou. Pensei comigo: Deite-se Fabiano, durma tranquilamente, amanha pela manhã, masturbe-se devagar e tudo estará certo, vida nova.
Rí de mim mesmo. Nunca ninguém ou nada me consola. Tenho que me virar sozinho mesmo. Sempre é assim. Não tinha outros problemas pra resolver, nem agonias inquietantes. Vou tentando me libertar todo os dias, pouco a pouco. A liberdade é a capacidade que você tem de da liberdade, as pessoas e as coisas ao mundo a sua volta.
Você abre um cadeado, e suas asas ganham as alturas. Emoções que se aprisionam, medos que enclausuram e você a procura da chave o tempo todo. Em você mesmo. Você é o berço da dor e o mar ondulante da felicidade. Conceitos simples e desafiadores, somente na porrada vamos entendendo isso.
Sempre desligo o celular quando chego em casa. Esqueci-me. O telefone celular brilha, olho. Uma outra amiga. Esta de mais tempo. Mais experiente, mas frustrada, mais carente, mais louca, mais hot crazy! Atendi, ela seria meu anjo:
-Fale Helena...
-Nossa, que voz em gatão? Tua voz da madrugada, sempre sugere que não prestas...
-Não diga? As três e meia da manha, pouca coisa não é pecaminosa na vida...
-Ual, estas com o humor ótimo, to vendo...to animada.
Eu com humor ótimo? As pessoas realmente não sabem nada de minha vida. Ninguém sabe nada da vida de ninguém, é tudo uma idéia vaporosa.
-Legal Lena, e então ?
-Vem pra cá vem, vem...acabei de chegar de um jogo de cartas, tenho boa bebida e estou sem sutiã...que tal?
-Lena você esta em depressão? É bipolar? Estas feliz demais. Gente feliz demais, tem alguma coisa errada, você não acha?
-Que nada. Você vem ou não vem?
-Tudo bem, me dá quinze minutos, para eu retocar o blush!
Ela gargalha no telefone, como uma galinha que cacareja, e desliga.
Não sabia se era a coisa certa a fazer. Mas Lena parecia estar bem, antes de amanhecer eu iria embora. Geralmente quando acorda pela manha, esta depressiva. Ela tem os motivos dela, os filhos, parecem que foram paridos por outra mãe. Não a visitam, nem ligam. O ex marido, arrumou uma mulher vinte anos mais nova que ela. E ela pirou um pouco. Agora ficamos nisso.
Sei que ela tem um, dois ou três caras que ficam com ela também. Então somos quarto. Mas ela tem me chamado com alguma frequência. Gosto dela por muitos motivos. Entre eles, ela sempre me dá bons textos.
Quando cheguei no apartamento de Lena, todas as luzes estavam acesas, o som estava ligado, com um daqueles forrós que detesto. Era a festa de uma solitária. Mas ela estava exatamente como disse que estava. As tetinhas murchas soltas. Estava um pouco alta.Ela tomou o anti-depressivo com vodka. Não façam isso em casa. Falava como uma matraca:
-Fabianooooo vem pra festa...vem....
-Já estou aqui Lena...
Ela me abraça e nos beijamos. Esta com cheiro de vodka e cigarro. Na hora meu cajado ergue-se. Era isso. Lena tinha cheiro de devassidão. Os instintos gritavam nela. Era meio destrambelhada, mas foda-se, iria salvar minha noite.
Nos beijamos, mais e mais, arrancamos as roupas. Trepamos ali mesmo na sala com as cortinas abertas. Meti fundo, ela gemia como uma gata, aos uivos. Você já ouviu um gato no telhado? Fizemos uma gritaria infernal. Não sei como alguém não falou nada. Tudo certo.
Gozamos, ela deitou-se ao meu lado. Havia se tranquilizado, parecia um passarinho, bem quietinha. Apenas abraçada.
Do nada ela pergunta sussurrando:
-Fabiano, quantas mulheres te querem?
-Que? Que eu saiba nenhuma. Talvez somente as que não me conhecem. Não sou exatamente um dom juan, nem tenho grana, nem sou bonito e não sou o pai da foda...
-Mentira tua.
-Não tenho problema em mentir.
-Deves ter várias que te querem...
-Pare com isso, eu não sirvo para coisas profundas.
Ela ergue-se um pouco pega meu pau na mão. Fica olhando. Fico esperando qual será a próxima maluquice. Não quero falar de mim, e nem dos problemas dela. Se ela começar, vou embora, minha prática predileta.
O membro fica rijo novamente, ela o beija demoradamente e diz:
-Não é um grande pau, mas é de ouro. É de ouro
Não pude conter o riso. Nunca tinham me falado isso. Tudo que escutei em minha vida foram coisas contrarias isso. Elogios praticamente não existem minha vida, e quando tem raramente acredito. Agora o pau valia alguma coisa.

Luís Fabiano.

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