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sábado, agosto 18, 2012



Navalhadas Curtas: Nem nome, nem onde  ou por que...

Algumas dores explodem como uma espinha infamada. Assim, inesperadas. É foda.
Eu terminava de comer minha torrada, depois de um daqueles fudidos da vida. A lancheira estava meio vazia e meio cheia... Então os olhos dela, a desconhecida, eles se nublam e começou a chorar como uma criança querendo um afago.

Confesso se fosse um homem nem olharia... Mas toda lagrima sempre oculta algo. Então em um gesto incomum, tive vontade de falar com ela:

-Oi desculpa aí... Mas o que houve? Fala aí... Talvez faça bem apenas falar...

Ela tentando se controla.

-Não moço, melhor não... eu não...
-Isso, tu não me conhece. Então isso não é perfeito? Então eu posso julgar a situação sem carga emocional, não to envolvido, não tenho nada haver...
Então ela chorou com mais vontade... A abracei pelo ombro. Deixei a crise passar.

-É... Talvez tenhas razão. Vou ser direta: eu tô grávida. Eu amo muito o cara que to namorando...
-Bacana... E?
-Bem, ele deixou bem claro desde o inicio pra mim, que não queria filhos... Não queria de forma alguma nem em pensamento... Eu aceitei, e me cuidei muito, mas sei lá... alguma coisa deu errado com o anticoncepcional...e agora é isso.

-Falaste pro cara?
-Sim, ele me disse que já havia avisado... Então que eu precisava fazer uma escolha... Bem, ele falou com muita tranquilidade, calmo, sereno e com um sentimento...  Estamos juntos já há cinco anos...

-Bom, e aí? Tu tá a fim de ter esse filho? Ou tens condições de resolver isso de boa, e ficar com o cara tranquilamente?
-Quando eu penso em perder o Jorjão, tenho vontade de tirar na hora... Sem dó ou dor. 

Mas aí penso no futuro... Sabe, e se depois de algum tempo, ele me deixar?? Entende?
-Porra... mas quem controla o futuro? Tá ligada? Tens que pensar agora, resolver agora a coisa, no presente, amanha foda-se, é outro dia. A felicidade garota, não mora no amanhã... É hoje ou nunca...

Os olhos dela brilharam... Não sorriu apenas em silencio deglutindo os dentes de uma serra afiada. Fiquei ali em silencio também. Aquilo foi só. Então depois de uns nove minutos, ela levanta, me da um abraço e diz: Valeu.

Luís Fabiano

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