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quarta-feira, agosto 29, 2012





Violeta espinhos de couro – morte sempre a espreita

Faça um acordo com o diabo, e um dia terás de entregar a tua alma. Não sei quantas vezes eu fiz isso, venho esperando a cobrança pra qualquer dia. Minha canalhice extrema é pensar que na maioria das vezes as coisas são apenas troca. Você me dá isso, eu lhe dou aquilo. Seja como for a alma ou preço sempre esta embutido.

Quando conheci Violeta, uma boa pessoa, amiga e terna como uma puta alada jogando flores no deserto, diante de um coro de camelos tristes e sedentos. Então fizemos um trato daqueles, fudidos de ser cumprido: tudo será apenas sexo, nada mais que sexo, tu satisfaz minhas fantasias e eu as tuas e ponto, se entrar emoção acabou, fim de papo! De acordo?

-Tudo bem baby.

Isso é mais ou menos como uma queda de braço com o destino, lidamos com forças ocultas, que os ser humano não domina. Emoção é um terreno inóspito, o qual não se tem manual de instalação ou remoção. Sentia-me tranquilo como se tivesse rezado. Violeta era uma buceta apenas, uma buceta louca, que topava qualquer negócio, que me pediria qualquer coisa, mas acordo é acordo, e bêbado eu topei.

Ela começaria a brincadeira. Primeiro as damas, as putas e as mães. Três dias passaram em absoluto silencio. Então ela me liga:
-Fabiano, aqui em casa a meia noite hoje.
-Violeta... E precisa algo...

Mas ela não deixou eu terminar a frase e desligou. Ri sozinho, cada uma. Me vesti sem pressa, pra tudo sou uma lesma. Arrasto-me em trilhos de cuspe, de mais a mais eu não estava com vontade de nada aquele dia. Isso acontece as vezes, então é preciso o milagre de fazer o pau subir sem vontade. É possível fazer, o tempo ensina as artimanhas, você precisa convencer o teu corpo que você quer trepar...  O corpo é uma máquina comandada pela mente, a mente mente pra nós, o corpo acredita em tudo que a mente engendra, infelizmente a maioria as pessoas nutre péssimas ideias.

Violeta mora em uma casa discreta. Minha historia com ela meio antiga. Estudamos juntos, mas época era evangélica, tinha cabelos compridos com o véu da virgem, era contida e andava com uma bíblia na mão, vivia falando de Jesus e salvação, condenava os colegas em tudo. Eu a detestava, como não gosto de religiosos que esperam a salvação gratuita. Será que eles não sabem que tudo tem um preço? Porra, ainda bem que algumas pessoas melhoram com o tempo. Depois me perdi de Violeta. Vim a encontra-la no Bar Liberdade. Agora a nova versão, muito melhorada. Peitos grandes, cabelo curto, morena e cara de safada. Isso é tudo me agrada. Gosto de mulheres safadas, que vomitem palavrões, que gemem alto e gritem insanidades sujas sem economias. Tipo raro de achar. Tudo é tão comportado que me da nojo.

Toquei a campainha, então ela abre a porta, usando um roupão negro de um tecido que parecia seda densa. Maquiagem preta, olhos fundos e tisnados. A casa estava sem luzes, estava  iluminado por velas perfumadas, bonito aquele visual.

-Fabiano, passe ao quarto da dor, agora!
-Hã?
-Cala boca escravo de merda, passe ao quarto da dor, agora!

Senti o clima, me fudi. Quando olhei novamente pra ela, o roupão negro havia caído e estava vestida com roupa de couro negro, ajustada espremendo a sua barriga. Gostei de ver a produção. Entrei no quarto da dor. Era um quartinho grande, que ela havia preparado pra tortura. Sentia-me mergulhado na idade média. De onde ela teria tirado aquelas merdas? Cavaletes negros, uma mesa pra aprisionamento com tiras de couro nas extremidades. Quem ficasse amarrado ali... Tava ferrado. Não senti medo, mas pensava que o preço que iria cobrar por aquilo eu que iria passar, seria muito caro. Não era vingança, mas a colocaria a coisa num nível de dificuldade alto, as lagrimas poderiam ser um bom retorno.

-Tire a roupa escravo sujo... Tira tudo agora!!

Lembrei-me da Violeta evangélica... Morta possivelmente. Tirei a roupa, então no canto do quarto um poste de metal polido com tiras de couro para mãos e tornozelos. Com um chicote de couro ela me bateu uma vez e em seguida me afivelou ao poste. Você já teve em uma posição destas? Agora era tarde demais.

Então ela começou a me bater devagar até se tornar frenética, desferindo pancadas em minhas costas, pernas, bunda, batendo com muita força. Mantive o silencio. Sou assim com todas as minhas dores, as internas eu sufoco como se matasse o próprio mal. Dizem que faz mal isso, foda-se, cada um tem seu estilo.

Violeta ia batendo, aguentei firme, ela tirou a parte de cima um sutiã de couro e apertava os bicos dos seios com as unhas. Senti vergões em minhas costas, inchados, então ela parou repentinamente. Eu respirava forte, tive a impressão que sangrava nas costas. Que merda. Veio esfregar os seios em minhas costas sangrentas... Masturbava-se por cima da calcinha de couro, gritando, uivando como um animal. Eu ainda estava em silencio. Fantasia maluca essa, mas trato é trato. Seja como for, ela fez tudo sozinha... Gozou sozinha se esfregando em minhas costas. Era isso, então? Acho que não sou um bom escravo. Para finalizar ela mijou em minhas costas.

Terminado isso, disse:
-Não vou te soltar mais escravo... Estás condenado a morrer aí... Ta fudido Fabiano.

As pessoas precisam morrer de alguma forma, se a natureza não te fode, alguma coisa ao longo da estrada te pega, é fatal. As palavras dela não pareciam verdadeiras. Então Violeta sentou-se a minha frente, acendeu um cigarro e ficou me encarando.

-És um tipo duro então, né escravo?
-Não.
-Tu és uma bixinha do caralho filho da puta... (gargalhava) eu vou te fazer sofrer seu merda...
-Tudo bem.
-Mas por hoje tá bom, eu já gozei então que tu se foda...

Não me dei conta que havia passado duas horas daquilo, me desconectei do tempo. A vida é um jogo duro, natureza, pessoas, trabalho, prazer ou dor. Eu a achava uma idiota depois disso. Mas vi que o ego dela estava satisfeito, e acho muitos chamam de felicidade... Felicidade é um produto feito de resultado, ou você entra em harmonia com tudo a tua volta ou entra em total desarmonia com tudo a tua volta. Seja o ponto errante luminoso espalhando fragmentos... um disseminador lunar rebuscado de sonhos, as vezes da certo. 
Não há receita perfeita.

Violeta me soltou, e voltou ser a doce Violeta de sempre, calma. O personagem foi embora como um espirito que desincorpora. Vesti-me com calma.

Mas havia ficado algo inquieto em mim... Uma chama ocultada nas brasas ainda é uma chama. Ela me abraça com carinho e afabilidade numa cortesia cúmplice de um crime. O tigre é um animal que ataca silenciosamente por emboscada, ele nunca se expõe até o momento certo de matar a presa.

Quando estávamos na porta, nos despedindo, entre sorrisos felizes e promessas para as próximas coisas que faríamos, dei tchau, ela fechou a porta. Então bati a porta novamente... Dizendo que havia esquecido o isqueiro... Violeta abre a porta, e a agarro pelo pescoço... E vou apertando, apertando, apertando, asfixiando lentamente... vi seu olhos ficando congestos, lagrimas saindo, estranho eu não tinha vontade de soltar... Ela batia com os bracinhos em mim... Ela foi apagando como uma lanterna fraca... Então soltei, na hora certa. Comecei a rir... Ela encostada-se à porta também tentava rir... Tossindo e se babando toda.
Boa noite Violeta.


Luís Fabiano.


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