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sexta-feira, março 30, 2012



Desenterrando um pouco de alma

Nem tudo é pior as vezes...
Naquela noite, nos alimentamos dos restos que fomos...
Uma relação traumática... violenta e dolorosa
Entre espadas afiadas e golpes baixos...
Sublimamos o lixo de nossas vidas
Não esperava nada demais afinal
Ex-mulher... ex-namorada
Ex-amante... ex- sei lá mais o que...
Gosto de colecionar títulos estranhos...

Marcamos um encontro então...
E ela estava linda como nunca esteve
Com uma barriga proeminente...
Filho de outro...
Não importa
Um vestido negro... tetas explodindo
E rosto quase angelical
Uma cadela suavizada por anjos

Hoje não haveria bebidas ou aditivos...
Excessos ou loucuras numa noite de devaneios insanos
Seriamos como selvagens tentando semear asas
Não sei como chamar isso...
Uma certa luz baixou sobre nós
E nos amamos como nunca havíamos feito vivendo juntos...
No desejo para além do simples desejo
Com suavidade, lentamente, ternamente...
Permeados por filigranas

Por um breve instante me senti...
Alguém como emoções de verdade...
Quando sua barriga pesava sobre mim
E nossas almas volitavam...
Fazíamos um movimento tênue
Movimento quase sem movimento...
A aranha amarrando sua teia...
A borboleta desdobrando suas asas...
O vento soprando o pólen

Aquilo foi um ponto final
Abraçando a dignidade esvoaçante
Salvaguardando fiapos de humanidade em nós
Creio o final mais belo de toda a minha vida...
Quando um sentimento se extingue em si
Abandonando a tudo... deixando o bálsamo
Silencioso de sua doce presença
Vivi tudo isso
Como se jamais tivesse existido
Um sonho talvez...
O espirito que vagava no deserto
E ambos já não éramos mais os mesmos.

Luís Fabiano.


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