Pesquisar este blog

quarta-feira, março 30, 2011


Humanidade



Circulo errante pelas ruas de Pelotas
Meu passo leve
Cadeias que abrem e fecham
Em tardes embaçadas
Passo pela praça Coronel Pedro Osório
Sinto-me não fazendo parte daqui
Um infecto purulento
Dinossauro de agonias
Ao longe
Adolescentes riem vazios
Meninas trocam beijos sem saber por quê
Às vezes é bom sentir-se a parte de tudo
Não sei o que esperar deles todos
Que merda de futuro darão
Ao fudido planeta em busca da androgenia
Tento achar tudo muito normal
Cães de rua, lixo nas esquinas, uma morte aqui e ali
Violência sem sentido
A chuva radioativa e peixes envenenados
Nossa indiferença cancerosa
E o horror sem gosto ou arte a que tudo se propõe
Tento olhar com alento
Arranho minhas duvidas
Para que a ponta da alma apareça
Dizer com um hausto de esperança
-melhores tempos virão
Sei que não
Todos sabem
Na praça putas raquíticas disputam clientes carcomidos
Peças de um quebra cabeça sem forma
Um chapéu amassado no canto
Meu passo é lento
Meu coração cansado
Minha voz grave e rouca
Abraço o vento
Sinto-me só como as estrelas
Sorte que ela esta por ali
Enquanto anjos jogam pôquer
Apostando suas asas
Eu me agarro a seus pentelhos grandes
Fiapos de minha esperança
Desespero e paz.
Nem te amo ou amor
Apenas silencio.

Luís Fabiano.

Nenhum comentário: