Pesquisar este blog

sexta-feira, dezembro 18, 2009



Vida de verdade, de mentira, de verdade.

Realmente não sei. Talvez esteja desaprendendo com o tempo, um grande amigo me diz isso sempre. Enterrando memórias de coisas boas e dores lancinantes,já não perturbam mais, como cores que vão desbotando com o tempo.
E ao final, você já não sabe bem, se era amarelo ou marrom.
Deitei com lembranças pesadas na cabeça,não programei, era cansaço talvez. As inúmeras perdas que tive, alguns ganhos, as lágrimas que não chorei.
Não gosto de choro de tristeza, prefiro emoção mais nobre. Opto por endurecer o máximo, acostumei com isso, hoje nada mais dói. Não machuca, machucar nada.
Adormeci com a televisão ligada, sempre faço isso.Os sonhos não foram bons, algo tentava me cegar,atingir meus olhos.Não tive medo, defendia-me daqueles punhais afiados que vinham contra mim, me laceravam as mãos,braços, mas não os olhos.
Acordei sobressaltado.
Não passava de um sonho besta. Maldito inconsciente tentando dizer alguma merda que fatalmente ocorre nas minhas entranhas, na vida. Não fiquei especulando muito, certamente vou entender daqui algum dia. O tempo sempre clareia tudo, não importa. Não é esperança idiota, mas uma noite nunca dura pra sempre, o amanhecer vem.
Levantei-me, fui dar uma bela e longa mijada, no escuro, ouvido sons da madrugada.
Bebi água e voltei pra cama. Os tais pensamentos voltaram, como um tóxico querendo me asfixiar. Não queria pensar e pensava.
Deixei o pensamento correr. E como se fosse um estado na mente, fui percebendo que muitas felicidades e tristezas que passaram em minha vida, não foram de verdade. Não quero entrar no conceito de verdade. O pensamento era abissal, fiquei mareado.
Comecei a não gostar do rumo daquilo, disse pra mim mesmo: para com isso, porque a verdade é uma interpretação, um entendimento mental/emocional.Tentei levar na lógica.
Mas era isso. As pessoas que convivi, não pareciam ser de verdade. Pareciam personagens feitos de papel, de cera algum material artificial.
Mas porque isso? Coisas da memória é claro, pensamento ficaram amarrotados por longo tempo, nada ou ninguém constituíram alguma importância. Nada perdurou.Cinzas de uma cremação.
Como meu sonho não perdurara. Comecei a delirar. Lembrei do filme Matrix.
Era só que faltava eu acordar numa tigela de gosma, dar-me conta que passei os trinta e poucos anos de minha vida dormindo ? Que péssima maneira de acordar. Porra, toda as fodas que eu dei, teriam sido holográficas?Virtuais?Nenhuma gozada de verdade?Não pode ser.
Comecei a rir sozinho. Era um pensamento errante. Se isso fosse verdade, ai realmente as pessoas iam entender o que é estar fudido.
Vivemos para decifrar o que é real em nós e nos outros, nos experimentamos o tempo todo, projetamos emoções para além de nós, na esperança que essa emoção encontre eco. As vezes encontra, as vezes não.
Para sair daquele drama mental, achei que precisava sentir um pouco de dor física. Eu que são tão seco, tava delirando entre a realidade, e qualquer outra coisa. Peguei uma chave no escuro, comecei a enfiar na minha mão, forte, realmente para doer, e aí ?Ta doendo suficiente? É real ?Ta sentindo cara?Nada.
Sentia sim. Mas iria passar, pois as dores passam sempre, ainda que tu morras um pouco com isso. Soltei a chave, pensei comigo:quer saber? Vou dormir, chega de pensamentos errantes, dores inúteis, passados falsos. Minha realidade é o sono agora.
Adormeci, não sonhei com nada, as vezes é melhor assim.

Paz errante.
Luis Fabiano.

Nenhum comentário: