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quarta-feira, dezembro 16, 2009


Natal em família.

Mais um natal, fatal. As vezes não gosto muito de pensar a respeito, memórias terríveis por momentos me atormentam.Porão dos pensamentos.Mas gosto de pensar que já fui criança, e fui inocente algum momento qualquer da minha vida,apagado no tempo.
Chorava com medo de Papai Noel, e outros tantos bonecos mascarados, um autentico cagãozinho,ranhento...
Era bom, ficava horas tentando imaginar o Papai Noel descendo com saco de presentes, pelo telhado, pelos lados da casa, deixando brinquedos no meu quarto.Mas como? Eu acreditava mesmo nisso.
Quantas vezes eu abri meus olhos, me deparei com embrulhos, ainda hoje lembro que eles pareciam brilhar. Era tudo sorrisos, gritaria e emoção. Uma fantasia, repleta de felicidade.
Pensando nisso agora me emocionei. Nostalgia de quem vê o tempo passar. Ficando melhor ou pior, não sei.
Sempre era típico, na noite do dia vinte e quatro de dezembro, nos anos setenta ,oitenta e noventa, a família toda reunia-se, sempre a volta de minha vó. Matriarca como chamavam. Era uma situação deveras estranha no meu entender.
Todos passam desunidos e envolvidos em seus clãs,seus problemas, falando mal uns dos outros pelas costas. Até hoje é assim.Eram tios, tias, primos, meu pai, minha irmã,mãe.
Aquela noite de vinte e quatro, as pessoas se juntavam sempre.
Eu era muito criança, mas lembro bem. A vó fazia as preces e um pequeno discurso, falando do natal, do momento que significava. Todos em silencio mais ou menos respeitoso.
Era meia noite, foguetes espocavam no céu, ela tentando o pai nosso, ave maria. Eu achava engraçado. Todos continham o riso, porque não dava pra ouvir nada, nem prece, nem discurso e nem nada.
O tempo passou. E foi ficando cada um para o seu lado, sem união fajuta, sem prece, sem discurso, sem nada. Pessoas vão sendo levadas pelo tempo, por motivos dos mais diversos, as coisas vão perdendo o significado.
Ou será que nunca existiram?Não creio.
Minha mãe dizia ante minha revolta adolescente:
-É importante se reunir, nem que seja para brigar. É um momento só, e passa rápido.
É passa rápido mesmo.
Naqueles dias eu estava envolvido demais com a verdade. Descobrir a verdade e expô-la custe o que custar. É extremamente idiota isso. Quem disse, que se quer viver tudo em base de verdade?
Porra nenhuma. Fui descobrindo com o tempo que, muitas das nossas fantasias são essenciais para viver, para ser feliz, para ter paz, para entender o outro e para ser bom.
Se fossemos viver para pura verdade integralmente. A falta de encanto, imaginação e criatividade, iriam nos aniquilar.Não somos almas tão iluminadas assim.
Só fui entender isso agora.
Hoje, ninguém mais se reúne, ficam todos “tristes”, saudosistas, pensando como era bom antes. Rir junto, abraçar-se, desejar feliz natal, mesmo que fosse só por aquele momento. A vida vale pelos seus momentos, verdadeiros ou fantasiosos. Que importância vai ter isso? Somos humanos demais.
Hoje minha vó, a matriarca esta doente, meu pai não esta mais presente fisicamente. E é assim mesmo, para que tudo valha a pena, é preciso fazer com vontade, alguma abdicação de si mesmo.
Não esse o espírito de natal ? Um momento de exercitar a boa vontade, a esperança,a fraternidade?
Gostaria de me reencontrar criança, abrindo aqueles presentes, presentes que brilhavam, o papai Noel trouxe não sei por onde!
Uma gostosa fantasia de criança, que nos sensibiliza, embala um pouco a nossa melhor parte, a parte que esquecemos totalmente quando não é Natal, e as mesas não estão tão fartas. Quando tudo cai num mar de coisas comuns.

Abrace hoje e rapidamente, porque não existe um talvez...amanhã.
Luis Fabiano.

2 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns Fabiano,noto que vens amadurecendo rapidamente tua maneira de escrever.Muito bom, foi sincero,agudo e cativante.

Paulistana.

Unknown disse...

Maravilhooooooooooooso...
ao final deste texto me fez lembrar tantas coiiisa!!
e inclusive uma musica...
Amanha... será um lindo dia, da mais pura alegria que se possa imaginar..
Amanha....
Manooooooooo Te amooooooooo

Natali