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terça-feira, dezembro 29, 2009


Idéias e um motor.

Gosto de dirigir na madrugada, a esmo, sem destino. Apenas eu, o carro e sons fugitivos da noite. Não preciso musica.
Ver as poucas pessoas que circulam, errantes, nas sombras,a espreita talvez.A caça de algo.
O motor não altera-se, mesmo ronco sereno,ando na mesma velocidade,devagar. Ele sussurra ao meu pensar.Uma estabilidade,serenidade que muitas vezes me escapa.Existe paz neste momento, estar em paz faz acordar fantasmas.
Quem não os tem?
Minha paz é assim. Não reclamo, isso me mantém afiado, rijo, forte o suficiente para suportar golpes.Uma ereção que não acaba.
Quando fiz a quinta marcha, lembrei deste período no ano passado. Dias difíceis. Sempre estes dias que antecedem meu aniversario, não são muito bons .Normal.
O motor ronca suave.
Lembro, que neste mesmo período já procurava uma saída. Existem coisas que nos incomodam, não damos muita importância. Sou deste estilo, deixo a vida conduzir solitária. Só tomo alguma decisão quando tudo se torna impossível, intragável. Então, cago, vomito naturalmente tudo. Sem arrependimentos.
Alias é a maneira mais certa de saber-se que não se vai arrepender. Leve tudo ao limite, deixe explodir. Não tenho nenhum arrependimento na vida, nem das coisas boas que fiz e nem das más . Fiz tudo de coração.
Por momentos, para solucionar algo complexo, procuro outro problema. De tal intensidade que me obrigue a tomar decisão.Jogo comigo mesmo. É como um escravo acorrentado, amputa os próprios membros pra tirar as correntes.
Em nome disso, já tive todas as intenções.
Houve momento que quis ter um filho. Tentei com muitas. Mas nunca aconteceu. Chequei a pensar que minha porra era ruim. Não era.Simplesmente não ocorria.
Mistérios, de Deus?Não sei. Mas que Ele fazia enquanto eu enchia aquelas belas bocetas de porra?
Paro numa sinaleira, carro em ponto morto. Uma puta rebola na esquina, mostra o rabo, tenta seduzir com aquelas coxas de fora, de mini-saia. Não gostei dela. Parecia destruída demais, bêbada , drogada, fudida de toda as maneiras.
Um bagaço humano, encharcada da porra do mundo. Vira-se pra mim e sorri. Acena com a cabeça. Apenas balanço a cabeça. Não dá. Gosto de putas, mas não assim. Talvez se eu tivesse em desespero. Em tempos de guerra, qualquer buraco é trincheira.
O sinal abre, arranco devagar. Quero voltar a harmonia do motor. Me tranqüiliza, como uma prece.Não rezo muito,faço, acredito.
As ruas vão ficando mais desertas. Meus pensamentos mais vagos.Hoje eu não queria putas, bebidas ou dar uma foda. Não . Queria apenas deixar minhas idéias correrem serenas, em quinta marcha. Lembrar e esquecer.
Tava ficando cansado, era melhor me recolher para a caverna.
Chego em casa, desligo o carro. Silencio profundo.
Quase choro.

A paz é o ponto morto.
Luis Fabiano.

Um comentário:

Anônimo disse...

Cara, isso parece uma depressão das brabas hein!!
Credo.