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sábado, dezembro 26, 2009



Antes, durante e depois do Natal.

Toda vez que se planeja algo, com muito afinco, a tentação de que algo não saia exatamente assim é grande. As vezes os tais erros se convertem em acertos,ou em coisas piores.Não tem importância mesmo.Acontece como tem que acontecer.
A minha família tentou reunir todo mundo. Esforço repleto de erro. Não dá certo. Não tem espírito de natal que redima a ignorância de todos nós. Não me irritei.Todos dão desculpas esfarrapadas, mas a verdade que outros interesses movem as ausências.Os tais interesses, esses sim são capazes de me irritar.Mas não hoje.
Não ficamos tristes. Talvez quiséssemos rememorar coisas passadas. Tornar a vestir aquela camiseta que usávamos quanto tínhamos cinco anos? Besteira, o passado as vezes berra demais.Chega de discussões.
Na noite de natal fomos para casa de uma tia. Minha vó estava lá, do alto dos seus oitenta e oito anos. Tempo demais se pensarmos bem. Olhava pra ela, não lembrava mais aquela que um dia conduzia os destinos da família. Com autoridade. A matriarca, como ainda a chamam.
Sentada naquela cadeira macia, não entendendo muita coisa que esta acontecendo. Falava pouco, as vezes coisas desconexas.E sorria muito, aquele sorriso algo inocente.Talvez realmente tornemos a ser crianças com o tempo.
Reunidos, os que podiam estar. Pensava comigo, enquanto via meu tio conduzindo o churrasco.
Porque eu quero isso agora ? Querer espírito familiar, eu que sou tão distante, frio e indiferente ao que me cerca. Um alienado informal. Aprendi a dar e levar porradas quando é preciso.Hoje pensava com espírito de natal.
É deve ser a porra do espírito de natal.
Preferi não pensar mais nisso. Poderia me irritar,mandar o natal, ano novo e o caralho a puta que pariu. Mas não Fabiano, é preciso controlar-se. Ficar tranqüilo, educado. É, só podia ser o espírito de natal.
Foram boas aquelas horas.Clima leve, lembramos de coisas boas.Lembramos do meu pai.É isso, o tempo passa e você passa a pegar mais leve com todos.Não era espírito de natal, eu realmente estou diferente.Mas não santo.Santo nem pensar.
Comemos o churrasco tradicional, carne e salada. Coisa muito boa. Cerveja, estava bom mesmo.
Então minha tia nos reuniu todos, a volta de minha vó. Na família é tradicional fazer umas orações neste dia, para o menino Jesus, para ele nos proteger das merdas que nós fazemos. Alguém precisa olhar por nós.
A volta de minha vó, cada um falava algo, do que esperava neste natal. Minha tia estende para mim longo texto, diz quase solene:
-Vou dar o texto para quem tem a voz mais linda dentre nós.
Eu ri. Só poderia ser o espírito de natal mesmo. Não tenho perfil de nada lindo em mim. Tudo é cru e de gosto forte. Proximidade a mim, não é uma coisa muito boa. O tempo já me ensinou isso.
O texto era longo, falava de Jesus, da presença dele em nossas vidas. Longo demais, cansativo.
Mas tudo bem. Acabou.Nos abraçamos todos, feliz natal.
Voltamos ao passado, minha vó não disse nada, apenas sorria.
Foi um bom natal.

Entre a paz e as pazes.
Luis Fabiano.

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