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terça-feira, abril 03, 2007

O que morre ontem

Ontem se foi , passou, deixou em mim marcas que não se apagam jamais, marcas fundas que ontem ainda doíam, ontem morreu e levou parte de mim, daquilo que em si eu não era. Ontem já não diz tanto, ontem é um grito surdo que ecoa no vazio de minha alma, ontem drama, dor e laminas, mas hoje silencio e calma.
Ontem um brilho que ofuscou o melhor de mim, o hoje a realidade intrínseca daquilo que é, nem tão doce e nem muito amargo mas pouco de ambos. Hoje sorriu, mas ontem gargalhava estridente silvado de mísseis. Ontem embriaguez, verdade e mentira, hoje sobriedade e um deserto quente e frio, ontem minhas emoções mais tenras , minhas palavras mais duras, minha maldade doce, hoje o melhor de mim, alma e espírito transubstanciado, purificado, morto e vivo ao mesmo tempo.
Ontem tudo, abundancia, fartura, excesso de bem e letal, hoje sopro criador, mundo e estrelas vivas, intensas e sutis.Ontem corpo, lassidão,doença e raiva incontida, hoje corpo, dor, beleza e carinho.Ontem uma guerra emocional e passional, hoje silencio, quietude e armistício de almas.
Ontem tinhas o melhor e o pior em uma mesma taça, hoje o pior em mim morreu, sobrou o que é belo, simples e algo bom.
Ontem a lua, um mundo, hoje sem sonhos, pés firmes e cravados no solo e pensamentos que devassam o universo.
Mas ontem não importa mais, amanhã não existe nada, hoje sim neste segundo neste tão pequeno e atômico espaço, aqui encerra-se tudo que sou, perfume de minha alma e as vezes pestilência de meu espírito, tudo isso convive em mim em uníssono, as amarras foram partidas, liberdade enfim.

Fabiano.

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