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segunda-feira, abril 09, 2007

A via sacra-chata !

Neste exato momento eu vi a algumas horas atrás, mais exatamente na Cohab Tablada, a famosa paixão de Cristo encenada na rua, meu Deus, creio que foi o maior exemplo de blasfêmia que já assisti, contraditório não? Mas não se engane. Pois bem, os atores se esforçando para representar o drama do calvário, isto eu acho nobre, afinal é arte e portanto tem sua beleza seu inspirador significado,merecendo meu respeito irrepreensível.
Mas lamento sinceramente, o povo, o público, por um momento eu tive a impressão de estar em Jerusalém na dantesca cena da Crucificação real, por ali estava o mesmo povo, onde o sofrimento de poucos se misturavam ao deboche da maioria, a mesma ironia e desrespeito pela dor alheia, o mesmo povo ignorante o mesmo povo que certamente o crucificaria novamente (é claro se ele fizesse alguns milagrezinhos talvez podemos conversar meu irmão), enquanto Jesus arrastava cenicamente sua cruz, risadas, maconha, gritaria de adultos e adolescentes, mulheres rebolando(nada contra o rebolado,mas meio fora de contexto),outros trazendo bebidas nas mãos e até bêbados(nada contra, mas onde é o bar mesmo?).Uma encenação feita para ninguém, não havia publico, havia um imenso vazio de presenças.O que esperar não?Afinal diversão para o povo e gratuita.
Lembrei-me de Cristo dizendo, não dai vossas pérolas aos porcos, sede prudentes como a serpentes, ali só haviam porcos em grande quantidade, o Mestre sem dúvida foi um homem insuperável, notável, compreendendo o que compreendia, fazendo o que fazia e ainda aturava esse povo?
Não é problema cultural pensaram os mais apressadinhos, é questão seleção, o povo gosta de carnaval e futebol ou qualquer coisa que seja semelhante a isto, para o povo as coisas ou são carnaval ou futebol, e se não é, nos damos um jeito para que até uma crucificação fiquei aí meio parecendo um carro alegórico, ou quem sabe um abre-alas, disso a grande maioria de nós entendemos, é quanto tudo vira samba que a orquestração de nossa vida se desafina e como sempre, já não reconhecemos mais nada, tudo vira um borrão, grotesco,disforme, uma obra erguida ao vulgar.

Fabiano, um elogio aos porcos.

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