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segunda-feira, abril 09, 2007

A burra paixão

Naquele dia a cena era dantesca, um quadro dramático onde estão envolvidas as pessoalidades, a dor, o sangue, suor e sofrimento agudo, nosso personagem ao alto de uma cruz, pregado, massacrado, espinhado e cuspido, entre ladrões e bandidos, e sem dúvida a maior das dores da alma, a profunda ignorância , ignorância esta que transcende emoções nobres ou mesquinhas, assim morreu ali, como um cão, um verme o maior e desprezado amor o qual o mundo até hoje ainda não está habilitado a ter.
A paixão dele é ter amado e perdoado seus agressores, e não para salvar ninguém, porque é de bom senso nobre fazer isso, pois quando dois odeiam isto certamente não tem fim. Jamais esqueceremos aquele dia, aquele entardecer, pela nossa própria culpa de até hoje, ainda que nos lavemos nossa almas em orações ou mergulhemos no mar da Galiléia a dor persiste pois a mesma ignorância ainda está aqui, neste momento, te acompanha, agora talvez mais sofisticada, agora nossa agressão é algo disfarçada, irônica, mas a sua essência é idêntica.
Se ele estive entre nós agora certamente não o crucificaríamos, não, ele seria alvejado por um tiro a longa distancia, ou mesmo um carro bomba em um atentado terrorista,ou qualquer destas modernas mortes, pois passados mais de dois mil anos a sua Verdade ainda não foi compreendida em um milímetro, antes sim distorcida, modificada ao bel prazer de interesses egoísticos que no fundo são tão antigos como o próprio homem.
O conhecimento, a verdade do amais uns aos outros, amai a Deus sobre todas as coisas, é frio demais para fazer efeito em emoções que são tão primitivas, quentes e vibrantes no homem, em uma soma de ignorância, burrice e sofrimento.
Estais disposto a amar?Ainda que eu te bata, cuspa, urine,fira,chicotei, arraste teus filhos pelas ruas, te faça sofrer toda sorte de desgraças? Me amas agora? Vais me amar? Salvo raríssimas exceções.
Ainda não entendemos essencialmente nada, Jesus foi apenas um marco para mudar o nosso calendário, o Cristo ainda não nasceu efetivamente em nosso coração, ainda não entendemos o sentido de amar sem interesse, apenas por amor ao amor, desprendido, grande como o próprio Universo, não aprendemos que o próximo precisa de mim, que eu sou o herdeiro do Cosmo, que possuo uma beleza que transcende as estrelas, que Cristo vive em mim, que a Cruz esta vazia, o sepulcro foi abandonado, que Ele sorri para mim, e com carinho diz, vem, ergue-te e anda, abre teus olhos internos e me vê, eu estou em ti e em todos.


Dedicado a sexta-feira dita santa, onde bebemos vinho e comemos o peixe entre risadas, em nome de Sua morte e que na manhã seguinte Ele continuará morto.
Um fraternal abraço e cuidado com as espinhas.

Fabiano.

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