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segunda-feira, abril 02, 2007

Só a dor é real

Não pense que é coisa de pessoa amargurada pela existência, repleta de culpa, mágoas, dores que ficaram para trás, nada traumas psicológicos ou psiquiátricos, não, nada disso, aos que gostam tanto de realidade que o mundo apresenta eis o que em essência a vida nos proporciona, a crua visão, não maldosa ou condicionada a elementos passados, se tua dor te transtorna agora, certamente ela não é passado, é real e seco presente.
Temos uma tendência patológica, sutil, e é a causa da nossa tragédia intima, que a capacidade de maquiar a verdade, ludibriarmos nós mesmos, afirmando psicoticamente que tudo está bem, que tudo está normal, ou então fazemos o processo de fuga, mas no fundo bem no fundo amigo, Dor.Você não tem suas dores?Se fores humano, certamente tens, certamente já martelaste o próprio dedo, ou rasgaste as dobras do coração ou ainda laceraste tua alma.
Os fugidios momentos de alegria que temos, breves, rápidos as vezes intensos e na grande maioria ilusórios, se vão, passam, mas nossa companheira real verdadeira de todos os dias é a dor. Não que isso seja uma imposição, mas sim puro resultado de nós mesmos, da maneira como vivemos ou como conduzimos a nossa vida. Questão de lógica e prática, alguém que não se conhece bem, não me refiro a manifestações exteriores, periféricas, é por isso mesmo um engodo, um auto-engano, sujeito a mudar de idéia, a qualquer momento a perder seus ideais no minuto seguinte, frágeis como cristais, suas raízes são superficiais demais, não há onde agarrar-se.E é nisso que a grande maioria de nós se agarra, ao frágil, ao simples porque isso nos distrai da realidade profunda, que gravar raízes profundas em si mesmo é doloroso, é mergulho solitário, asfixiante, desconforto de ver-se o que exatamente se é.E a grande maioria de nós não é a maior parte das vezes, o que se presume.
Dor, dor real.
Sou feliz e estou muito tranqüilo ao te dizer isto, vivo em certa paz relativa, entendo a paz como um estado de conquista, que não vem do espaço, mas do universo interno, visão e integração de nossa realidade última, beleza e sacrifício, dor de entender, alegria de viver.
Perda e ganho, peso e leveza, dicotomia de nossa vida, sem sacrifício? Nada. Fácil? Nada. De presente?Absolutamente nada, o respiro é a alegria esquiva, breve.Passou.
Mas talvez a tua vida seja diferente de tudo isso, sabes muito bem que nada é absoluto e tudo é um continuo vir a ser, talvez você tenha escolhido olhar a paisagem, lá fora, tudo é mais interessante lá, dá mais entretenimento lá, vá lá...eles estão te esperando.
Talvez você prefira algo mais poético, e docinho.

Fabiano.

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