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segunda-feira, abril 30, 2007

Aroma

... o progresso significa superprodução, significa a necessidade conseguir as novidades eternas, significa rivalidade , significa guerra.E o progresso mecânico significa mais especialização e padronização de trabalho, significa uma queda da iniciativa, significa despersonalizados , feitos para o mundo, significa a atrofia das faculdades criadoras , significa mais intelectualismo, e um apagar progressivo de todos os elementos vitais e fundamentais da natureza humana ,significa tédio e agitação, significa enfim uma espécie de loucura individual que não pode ter outro resultado senão a revolução social.
-Mas somente por sua própria destruição.Quando a humanidade for destruída, está claro que não haverá mais problemas.Mas isto me parece triste.
A raiz do mal esta na psicologia individual; de maneira que é por aí, pela psicologia individual, que seria preciso começar.O primeiro passo seria fazer que as pessoas vivesse de uma maneira dupla, em dois compartimentos. Num dos compartimentos, como trabalhadores industrializados, no outro, como seres humanos. Como idiotas, como maquinas, durante oito horas dentro das 24;e como verdadeiros seres humanos o resto do tempo.
-Elas já na fazem isto?
-Esta claro que não. Os homens vivem como idiotas, como maquinas , todo tempo, tanto nas horas de trabalho como nas horas de folga. Como idiotas e como maquinas, mas imaginando que vivem como seres humanos civilizados, mesmo como deuses. O primeiro passo a dar é faze-los reconhecer que eles são idiotas e maquinas durante as hora de trabalho.”Sendo a nossa civilização o que é”, eis o que será preciso dizer-lhes,”vocês devem passar oito horas das 24 como uma espécie de intermediário entre um imbecil e uma maquina de coser.É muito desagradável,eu sei.É humilhante, é repugnante.Ma aí está...Você tem de fazer isso; de outra maneira, todas a estrutura do mundo se fará em pedaços e nós morreremos de fome.Eis por que é preciso que façam esse trabalho bestamente e mecanicamente; e que passem as horas de lazer como homens e mulheres verdadeiros e completos.Não misturem as duas vidas;mantenham os compartimentos bem estanques entre elas.O importa acima de tudo e é a vida autenticamente humana das horas de folga.O resto não passa de uma necessidade sórdida que é preciso satisfazer.E não esqueçam nunca que ela é efetivamente sórdida e - a não ser por permitir que vocês se alimentem e conservem intacta a sociedade - absolutamente sem importância, sem a menor relação com a verdadeira vida humana.Não se deixem enganar pelos patifes cheios de unção que falam da santidade do trabalho e dos serviço cristão que os homens de negócios prestam aos seus semelhantes.Tudo isso são mentiras.O trabalho de vocês não passa de uma tarefa repugnante e desagradável, mas que infelizmente é necessário por causa da loucura de nossos antepassados.Eles acumularam uma montanha de lixo, e é preciso que vocês fiquem a trabalhar dia e noite com suas pás procurando remover o monturo , de medo que o fedor dele os envenene e mate;é preciso que vocês trabalhem para respirar, maldizendo a memória daqueles insensatos que lhes deixaram todo esse trabalho ignóbil por fazer.Mas não procurem entregar-se-lhe de coração, fingindo que esse sujo trabalho mecânico é uma necessidade nobre.Não é verdade; e o único resultado que vocês obterão dizendo isso e crendo nisso será abaixar a nossa humanidade ao nível dessa necessidade infecta.Se vocês acreditam nos negócios, na política como serviço e na santidade do trabalho, vocês se transformarão simplesmente em idiotas mecanizados durante 24 horas,das 24 horas que tem um dia.
Reconheçam que é um trabalho infecto, tapem o nariz, dediquem-se a ele durante oito horas e depois concentrem-se em si mesmos para ser, nas horas de folga,entes humanos verdadeiros.Seres humanos verdadeiros e completos.Não leitores de jornais nem amadores de jazz, nem maníacos por televisão.Os industriais que fornecem ás massas divertimentos padronizados e fabricados em série fazem o possível para torna-los,nas horas de lazer, os mesmos imbecis mecânicos que vocês são durante as horas de trabalho.Mas não permitam isso.É preciso fazerem o esforço necessário para serem humanos.É preciso convencer a todos que de a magnífica civilização não passa dum mau cheiro, e de que a vida verdadeira, a que significa alguma coisa,não pode ser vivida senão fora dela.Será preciso muito, muito tempo para que uma vida decente e o cheiro social se possam conciliar.Talvez sejam mesmo inconciliáveis.É o que ainda está para se ver...Seja como for, por ora é necessário atacar as imundícies de rijo, suportar o cheiro estoicamente ,e, nos intervalos, tratar de levar uma vida verdadeiramente humana."

O contraponto - Aldous Huxley.

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