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quinta-feira, fevereiro 19, 2009



Um canalha:Dois Olhares...

Todos temos uma historia, muitas vezes a historia é marcada por situações complexas, doutras por simplicidades, com o perpassar do tempo vamos entendendo que nada, e nenhuma circunstancia é de todo absoluto, por vezes por dentro de um ato vil existem particularidades que não são vis, estranho pensar assim e por assim dizer quase justifica tudo... Por vezes e muitas vezes, o ente humano tem comportamento bestial, e isso não é novidade alguma, no entanto raramente conseguimos um bom discernimento capaz de separar o joio do trigo, ficamos envolvidos mais pela revolta, e isso não deixa de ser uma forma de estupidez, pessoas revoltadas são estúpidas, apenas não se dão conta disso, porque para isso é preciso pensar...quem envolvido e passional, consegue pensar? Nelson é um grande amigo, pessoa respeitada e de bons princípios (em primeiro momento, todos tempos bons princípios, não temos é em verdade bons finais...), casado a um bom tempo,prefiro não mencionar tempo porque isso é sempre relativo, bom pai, bom trabalhador, bom amigo, (reunia tantas qualidades em uma pessoa só, que dava a impressão de quase não ser humano de verdade...), nada trai a qualidade de uma pessoa, que não seja seus excessos, em uma conversa informal entre “lubrificantes” da mente e nacos de carne tostada, o papo fluiu, comentávamos sobre as relações que tivemos ao longo da vida, afirmando as longas “cagadas” que fizemos na vida, e talvez hoje a pálida vontade de acertar, remediar...entre risos...ai Nelson disparou: -Sabes, eu tenho outra mulher a mais ou menos uns quinze anos...e te digo que não sinto culpa alguma a respeito disso - Eu sorri, porque nada disso é choque para mim, não defendo e nem tão pouco acuso, sabemos as fragilidades de cada um...- Ele seguiu em tom de confissão, e eu um padre bêbado em meu confessionário: -Pois é, quando a minha filha mais nova nasceu, minha esposa morreu por assim dizer na intimidade(tinha nada haver com o fato de ela ter ficado horrível...ela perdeu o tesão...), é não queria mais transar...em primeiro momento tentei relevar, achando que era um processo passageiro, mas o tempo revelou que ela não tinha muito interesse por sexo...bem antes ela não transava como uma louca,nunca me surpreendeu na cama,era o básico papai e mamãe, em nosso casamento tudo era mais ou menos regulado, uma transa uma vez por semana...em dias diferentes.. e não passava disso e acabou, te confesso que eu queria mais, muito mais, fiz o que pude, estimulei, conversei, convidei para sair, jantar, roupas novas, flores, carinhos, sex shop etc..e nada, dei-me conta que ela não era muito dada a sexo mesmo, que eu poderia fazer? Fiquei por assim dizer “contido” e com o saco intumescido, até uma vez ou outra dei uma “mãozinha”, e revivi a minha juventude, sabes como é, no banho, esvazia o saco, mas não é a mesma coisa. Eu ria e concordava afinal não se pode comparar sexo com masturbação (embora algumas masturbações sejam melhores que algumas parceiras sexuais, minha experiência me ensinou isso, as vezes a tua melhor parceira é a tua mão...)era o mesmo que comparar uma volta em fusca e uma volta em uma Ferrari, não há comparação. Então Nelson tomou mais um gole na cerveja, e segui sua dramática historia. -É claro que não andava procurando mulher por aí, nunca considerei a traição uma coisa legal, mas toda regra tem exceção, um dia abri os olhos para a Marilda, minha secretária, uma bela mulher separada, do alto dos seus trinta e cinco anos, morena cabelos longos, seios meio flácidos, mas com belas pernas, um dia ficamos conversando no escritório e nem vimos a tempo passar, foi bom conversar com ela, e conversamos mais vezes, até que tornou-se um hábito,do hábito a amizade, e da amizade para cama, mas estranho que ambos não tínhamos a intenção da traição, mas era bom papo, bebidas e carência, sim ambos estávamos carentes e famintos, não me refiro apenas a sexo, mas de atenção, de carinho, de olhar, de falar e de ser ouvido, esse foi o nosso afrodisíaco. Ela tinha qualidades espetaculares, mas por outro lado pensava, minha esposa era uma mulher que tinha outras tantas qualidades raras, apenas não era afeita a sexo (existem mulheres e homens que são apáticos neste aspecto, cada um tem seus motivos, tento respeitar, mas qual a solução objetiva para tal problema?), elas se completavam a distancia, cada uma em seu mundo, como se houvessem sido separadas no nascimento...Não sei se é justo, mas não estou disposto a abrir mão de nenhuma, este triangulo informal torna a minha vida feliz, torna a vida de minha secretária feliz, e torna a vida de minha família feliz. Questionei Nelson: Mas Nelson, a esposa oficial sabe disso tudo? Nelson, olhou para cima como se buscasse inspiração das estrelas, tomou mais um gole de cerveja sorriu sem graça e disse: Sabe de forma informal, ela aceitou a outra, porque eu digo sempre, que vou falar com Marilda, que vou beber com a Marilda, ela apenas diz: A sim...tá bom, bom passeio. Fica claro que ela sabe, mas tal assunto é como um tumulo egípcio,um tabu fechado a sete chaves, nunca tocamos, todos temos noção da ilusão que vivemos, e o quanto ela é doce, e além do mais, como diz o bom filosofo: Não deixemos que a verdade atrapalhe uma boa historia. Nelson era um bígamo assumido, e embora não fosse a coisa ideal e perfeita que todos de alguma forma idealizamos para nossa vida, ele sentia-se feliz e creio que no final isso que é importante, a família estava feliz porque o pai e o esposo estavam ali presentes, Marilda estava feliz porque não mais estava sozinha, tinha os braços e os carinhos de Nelson, e Nelson estava feliz porque tinha o respeito de ambas, a fidelidade de ambas, o carinho de ambas, a alma de uma e o corpo da outra. Isto soa quase como um conto de fadas moderno, plefinificado de felicidade, bem, mas quem diz que a felicidade anda em linha reta? Gostaríamos que assim fosse, mas...circunstancias tão especiais sempre nos levam a compensar o que no falta ao corpo e na alma. Abrimos mais uma cerveja...e trocamos de assunto.


Luís Fabiano.
Paz e luz em teu caminho.

Um comentário:

Anônimo disse...

Sim é difícil entender certas coisas, ainda mais quando se é vítima, mas o tempo nos mostra tambem que por vezes nós temos culpa de tudo o que ocorre.
Este texto faz pensar que nem sempre vítima é assim tão vítima, é desagradável mas verdadeiro.

Michele.