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terça-feira, janeiro 29, 2013



- Vidas Perfeitas -

Ele entrou sorridente
A filha dele também sorria
E as testemunhas florescendo agonia muda
Ele seguia sorrindo em seu terno alinhado
Num mundo sólido
Intocável, incomunicável e frio

Eu roía um pedaço de carne
Eu via como um peixe pelo lado de fora do aquário
Não gosto de mundos perfeitos
Em filas que se alinham, e dores que se acumulam
Somos assim...
Pagamos uns pelos, outros nas horas erradas
Sonatas errantes afiando destinos
Erguendo o véu de sombras

O sorriso agora parecia uma claque
Ele sorria... Diante da vida e da morte
Eu pensava coisas, o mundo vai acabar, filho da puta?
Ele sorria
Toda a merda vai voltar para dentro do teu cu, numa implosão retal?
Ele sorria
Faremos uma nona sinfonia, diante do corpo adoecido?
Sorriso

Como um tecido que não toca a pele
Como a alma que não toca o corpo
Como o vento que nos abraça
Como a distancia invisível que se chega a cada entardecer
Como você, pensando em todos que não conhece

Termino de roer meu pedaço de carne
Tenho vontade de ir embora
Quero ser o cara de dobra a esquina
Quero que anjos de vidro falem
Quero que um fio me salve
Devassando a mim
Como um espelho trincado
Desejo paz... A quem a paz foi roubada
Que emerja dos rodapés o carinho tênue de benditas esperanças
A ponto que afaga a costa.


Luís Fabiano.


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