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sexta-feira, maio 29, 2009

A historia de Vladimir( O Vlad, para os íntimos.)

Não pense em contos vampirescos pelo titulo acima, a idéia não é essa, mas tudo tem um inicio, e ontem eu compre a magnífica obra de Nelson Rodrigues – Elas Gostam de Apanhar, um verdadeiro achado, em primeira instancia as pessoas não entendem bem o titulo, e os afoitos de plantão já saem julgando com quatro pedras, a mim pobre leitor e a Nelson Rodrigues, e ambos somos inocentes, o titulo é chocante mas não fala o tempo todo de homens batendo em mulheres e coisas do gênero , é algo mais sutil que mero espancamento de mão fechada( isso se vê todo dia, que chega a ser banalizado),mas é um mergulho no sofrimento que mulheres e homens se expõe em função de suas obtusas emoções, quer chamemo-las de amor, paixão,ódio,amizade, a questão é que nenhuma de tais emoções é por assim dizer perfeita” e isso leva a naturais de problemas que podem ser contornados ou não, é claro, se valer a pena!
Mas parece que uma coisa termina por atrair a outra, aconteceu que encontrei um amigo hoje que não via a muito tempo, coisa de parceria de quartel, o Vlad(Vladimir), conversa vai e conversa vem, claro terminamos de falar de mulheres, e então historia surgiu, eu tinha tempo e instiguei-o a contar a bizarrice de seu passado,ele sorriu com cara de malicia e vomitou tranquilamente a sua bílis negra, como eu gosto de uma boa historia ali fiquei, disse Vlad:
-Bem nestes tempos ai me envolvi com uma mulher casada, eu não sou muito destas coisas, afinal sacanear alguém é foda, mas nos trabalhávamos no mesmo lugar,e você sabe quando mulher dá bola, vacila mesmo,qualquer homem sempre chega junto, afinal as vezes não passa de uma transa e deu passa rápido, por outro lado eu era casado também, e ai já viu o que começa errado, lógico é difícil de acertar, mas foi. Começamos a sair, tudo umas mil maravilhas, ela um mulherão, ela era muito alta (disse isso rindo...), mas paixão de inicio é sempre paixão de inicio, é o primeiro trago de uma bebida, é a perda da virgindade,o primeiro gozo,e a primeira vez de tudo é sempre diferente, assim começamos a ter um caso, o que antes era uma vez por semana virou três dias, depois cinco e por fim nos apaixonamos, lembro como se fosse hoje, creio que a pior merda que fiz na minha vida, mas azar, começamos a fazer planos de ficar juntos, casar, viver a vida para sempre e todas essas “besteiras” que acompanham relações de todas as pessoas. Ela se separou de um cara totalmente apático, sempre ausente em tudo, realmente tudo (isso explicava a traição dela...), e eu de uma mulher de era apaixonada por mim,mas maluca de ciúmes, assim procedemos.
Claro que no meio desse caminho teve disse me disse, as pessoas sabiam de nosso caso, imos pra longe, mas alguém sempre via, bem vida de amante não é fácil, você sabe NE?
Eu sorri e disse que sim, afinal para santo nunca servi, e Vlad segue:
- Casamos, quer dizer passamos a morar juntos e essas coisas, foi tudo com grande dificuldade, mas era o que queríamos, ao menos que pensávamos que queríamos, tínhamos grana, você sabe eu trabalho em uma multinacional e ela um arquiteta de renome, tudo tinha que dar certo, a gente sempre faz o possível para que tudo dee certo, eu fiz, mas eu sou de um temperamento difícil você sabe ( sim eu sabia, no quartel ele era um tipo violento, sempre envolvido em briga , teve diversas detenções por causa disso, gostava de boxe e fazia os outros de vitima, um sparre), então fomos morar juntos.
Os primeiro anos uma beleza, mas logo veio o enfado, com cinco anos de relação, comecei a sair com outras, e a beber mais, e creio que isso foi o aditivo para o fim, ela me enchia o saco com razão as vezes, mas com cinco anos, nem sexo com ela era interessante, acabei dando a idéia de - repente colocar outra mulher na jogada sexual, mas ai não rolou, por fim começaram as intermináveis brigas, todos os dias, um verdadeiro inferno em casa, bem ,tudo foi ficando pior, possivelmente por culpa minha também, e isso foi até um dia que discutimos um pouco mais forte, e ela me deu um tapa na cara, é claro deu tudo errado, perdi a cabeça e ai engrosse pesado com ela, bom ai já era tarde demais acabei machucando-a no braço e com aquilo foi o fim!
Perguntei a ele se arrependia da situação ?
-Não, de forma alguma, pelas coisas que ela me disse, pela maneira que tudo aconteceu, não teria volta,ela mereceu, eu a quebraria novamente!(disse com orgulho)
Na verdade eu não concordava com Vlad, mas considerando seu temperamento, e a situação, a passionalidade,e a violência verbal, realmente não haveria outro caminho.
Ele rindo, ainda lembrava, que imaginava que ela fosse prestar queixa, mas nada, a cumplicidade na violência existia, em outras palavras ela sabia que havia merecido, apenas nos separamos e tudo ficou assim.
Ele seguiu dizendo:
-Eu já estou com outra, realmente não sei se vai durar, mas estou com a ela a dois anos então isso deve ser um bom sinal, e tem mais, ela é muito brava, se eu marcar quem apanha sou eu.. gargalhou ao dizer isso.
Eu me sentia inebriado com aquela pérola de viver tão real, tanta paixão acumulada, um Marques de Sade inconsciente, em agonia com suas paixões vulcânicas, em uma gangorra de amor e ódio, medo e culpa, sacrifício e redenção, tudo em busca do prazer inatingível da alma, olhava para Vlad, e embora sua risada fosse sonora, havia algo que se exprimia dentro de si que não era assim tão feliz.
E eu com o Nelson Rodrigues na mão, Elas Gostam de Apanhar, ali estava justamente na vida real, egresso da paginas, pois essa idolatria da dor, é latente no humano, tentamos encontrar felicidade sem nesga, mas isso em termos relativos a nossa vida aqui é impossível.
Me despedi de Vlad, ele sorriu e se foi, e também me fui.

Paz profunda, aos que sabem interpretar.

Luis Fabiano.

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